Dia 06 • Trilha sonora
ACHO QUE DAVA PARA COLOCAR COMO trilha sonora — isso se fosse uma cena de um filme — Fancy¹ no momento exato em que eu e a Emily entramos na escola arrasando nas roupas e no estilo com as nossas saias curtas cheias de prega e blusas de mangas compridas e gola alta. Wap² e ou Dangerous Woman³ também combinaria.
Bem, alguns curiosos devem estar se perguntando como eu estava desse jeito sendo que no dia anterior eu estava triste e acabada… Retornemos pro dia de ontem.
Cheguei na casa da Stephanie e desci do carro da Emily às pressas. Não dei tempo a ela de despedir-se de mim, pois logo que o Matthew abriu a porta, eu entrei e corri até ao quarto e fiz o que queria. Gritei.
Gritei para caramba. Gritei tão alto que o Sr. Rupert reclamou alto da sua casa.
— Sabia que não está sozinha no quarto, Molly? — Stephanie indagou quando olhei para o espelho. Ela enrugou o rosto parecendo preocupada e prosseguiu: -— O que houve com você? Parece que um camião passou por cima de você?
— Pior. O camião passou por cima do meu coração — sentei-me em frente ao espelho e deixei a bolsa ao lado da guarda-joias. — O Parker hoje foi tão insensível de uma forma que eu pensei que ele não fosse mais ser na vida.
— Você conhece o rapaz. É o jeito dele — Stephanie disse. — Mas não vai ficar nesse clima de tristeza por causa dele, não é?
— Mas ele não é o rapaz da minha vida? — Eu resmunguei e Stephanie teve uma pequena crise de tosse. — O que se passa, Steph?
— Nada! — Ela se recompôs rapidamente. Alisou os cabelos e por um momento invejei a facilidade de ela ficar bonita de uma maneira rápida. — Er… você conseguiu aguentar a pressão do dia, não é? Então não fique dessa forma, afinal não é todo momento que se morre e volta pra vida numas férias extras de trinta dias.
— Urgh! Isso não teve piada.
—Sua sem-graça — Stephanie mostrou-me a língua e eu ri. — Agora vá pra baixo e abre uma garrafa de vinho pra nós as duas. Mas tome cuidado, ninguém pode ver-te.
— Você bebe vinho? — Quis saber curiosa. Steph fez um sinal para eu fala baixo com a mão direita e riu. — Isso é novidade, Jane Walker.
— Ei! Todo mundo tem segredos na vida — ela disse. — E nem vale mentir pra mim que eu acompanhei-te esse todo tempo. E os teus são mais cabeludos que os meus.
-— Ah, tá. Sei — ela olhou para mim com um sorriso maroto e eu retribui.
— Você é divertida, Steph.
— Eu sei disso.
Revirei os meus olhos e sai de socapa até a cozinha e enchi uma taça com o vinho tinto mais escuro que encontrei na estante de vinhos. Como a Steph ia beber? Dei de ombros e consegui voltar para o quarto sem darem por mim.
— Não trouxe outra taça pra você porque…
— Nem precisava. Fizeste bem em não trazer, pois a tua taça também será a minha.
— Isso é estranho. E engraçado.
— Talvez. Mas não te esqueças miúda, foco na missão, ainda tens vinte e quatro dias.
Então foi assim que bebi vinho com o meu cupido rindo e comentando sobre o meu domingo.
*
Voltando aonde estávamos, eu e Emily estávamos mais do que firme em conseguir realizar a missão principal do calendário e tínhamos certezas que a missão desse dia iria me levar direto pro cantinho de amigos do Parker.
Eu me inscrevi como voluntária do time do futebol e a função dos voluntários era organizar as bolas, dar suporte ao treinador e ao seu assistente com algumas táticas de jogo e também babá do time: dar garrafas de água gelada durante e após o treino, organizar as suas chuteiras nos vestiários antes do jogo e algumas outras parvoíces. Facto que não me surpreende por ser a única que se inscreveu, ninguém quer ser babá de marmanjos.
— Imagina o cheiro de suor nos vestiários, Urgh! Dá até náuseas só de pensar — eu disse a Emily, quando estávamos a atravessar o corredor que dava acesso ao estádio da escola.
— Só pra veres os sacrifícios que fazem-se por amor — Emily falou.
O dia estava ensolarado até demais, mas os rapazes já estavam dando voltas no campo descamisados e um mais bonito que o outro. Afinal não foi má ideia ter me inscrito. Tinha um rapaz novo entre eles, que eu não tinha visto nunca nos jogos, mas para mim era familiar.
Tinha os cabelos ruivos ondulados até os ombros que eram largos pra caramba e os braços bem firmes e enormes. O seu peitoral também bem esbelto, com gominhos na sua barriga bem definidos. Wap era a trilha sonora dele, não a minha.
Aquilo era um Deus grego perdido na terra, os seus olhos brilhando e o seu sorriso de canto derretendo o meu coração. Mas algo dizia que eu já o conhecia.
— Quem é esse ruivinho? — Perguntei para a minha amiga que sorria atenta ao celular.
Emily olhou para mim e ergueu a sobrancelha. Indiquei com o dedo o rapaz e ela fez uma expressão do tipo: Ah! Ele!
— É o teu primeiro beijo, Molly. Você esqueceu-se do Timmy?
Espera ai… Aquele era o Timmy? O nerd de óculos Harry Potter e viciado em anime? Não poderia ser ele. Ele era magro como se fosse o cosplay masculino da Olivia Palito em tempo inteiro e o seu cabelo era curto e desorganizado.
— Como ele ficou assim tão bonito? E meu Deus, ele ficou gostoso também — Eu estava incrédula.
— Ginásio, cabeleiro, e muitos estudos sobre outfits no Tik Tok e ah! Eu ajudei-o com isso. Ele estava cansado de ser vaiado pelas pessoas e agora ele é venerado — Emily respondeu. — Agora podes dizer que beijaste um dos rapazes mais gatos da escola toda.
E beijei mesmo.
Era ainda no meu primeiro ano do ensino medio quando as coisas com o Parker começaram e meio que eu me apaixonei por ele sem querer. De facto não foi mau, e as pessoas só começaram a socializar comigo após as várias suposições sobre um possível namoro entre nós os dois.
Numa noite, eu e Emily estávamos maratonando One Piece a pedido dela e eu meio que comecei a me interessar pela série. Estávamos no meio de uma luta no anime quando entrou uma mensagem de um numero desconhecido no meu celular.
Era uma foto do Parker com a Morley, uma garota negra muito bonita de cabelos cacheados que estudava comigo. Ela representava muitas das minhas inseguranças, pois diferente dela, eu não tinha muitas curvas ou lábios incrivelmente carnudos. Aquilo doeu-me imenso que paramos de assistir a série para eu chorar em paz e Emily foi no andar de baixo, levou dos potes enormes de sorvete e chorou comigo durante a noite toda.
No dia seguinte tinha uma festa de arromba que era assunto de todos na escola e ia ser na casa do Trainor. E eu decidi que ia me vingar dele, só ainda não sabia como.
Vesti-me de modo que ele fosse arrepender-se da miúda que ele traiu mesmo nem estando a namorar com ela.
A saia branca curta com muitas pregas foi sugestão da Emily. Vesti uma blusa da mesma cor de gola alta e sem mangas que terminava acima do umbigo e coloquei minhas luvas de renda preta que tinha comprado quando fui a França nas férias.
Tirei uma foto e coloquei no story’s do Instagram e eu já me sentia uma mini influencer pois já tinha mais de cinquenta mil seguidores na rede social e na escola me veneravam.
Calcei as minhas botas pretas de cano alto e passei o meu melhor perfume. Queria ver se a Morley me superaria naquela festa.
Cheguei na festa já atraindo muito olhares como de costume e eu sabia que muitos já esperavam a minha presença pelos inúmeros gostei que a minha foto recebeu.
Emily não foi comigo pois tinha uma festa de cosplayer e até me convidou, mas naquela noite não me apetecia rir das piadas sem graca dos nerd’s da informática, mas sim destruir o coração dos gostosos do futebol.
Estava cheirando a maconha e suor, e muitos já se pegavam como se fosse o último dia das suas vidas. Tinha uma bola de espelho que refletia muito na sala enorme da casa do Trainor e varias luzes de natal penduradas na escada, no sofá e até na enorme TV que tinha.
Muitos me serviam copos de ponche, outros até diziam que eram sumos ‘normais’, mas da maneira que eu já os conhecia, sabia que se eu aceitasse um daqueles copos, além de me entregar as loucuras das drogas que eles colocavam ai, eu ia entregar a minha virgindade.
Cacei o Parker por toda a casa, algo que estava a ser meio impossível, já que muitos queriam me elogiar, tirar uma foto comigo ou fazer uma pergunta inusitada sobre a nova coleção da minha mãe ou quem seria a capa da revista MACKENZIE naquele semestre.
Quando encontrei o Parker senti uma pontada no meu peito, mas ignorei e limpei a garganta.
Ele estava sem camisa, apenas de calções de banho com os seus amigos do time de futebol perto da piscina grande e retangular do Trainor. Me aproximei dele, sentindo uma lufada de ar bater contra o meu rosto e eu murmurei por não ter levado nenhum casaco.
A música estava estrondosamente alta, dava para sentir o chão tremer e o meu cabelo ondulado esvoaça sem a minha permissão.
— Molly, ainda bem que vieste — Parker disse, abrindo os seus braços para abraçar-me.
Ele mantinha o seu sorriso perfeito no rosto, mas eu não deixaria isso atrapalhar o que eu ia fazer naquela noite.
— Molly ou Morley? — Eu indaguei, fazendo o seu sorriso desmanchar-se numa careta estranha.
— Espera ai, Molly, não é o que você está pensando…
— O que eu estou pensando? — Interrompi-o. — Ah, em beijar o meu namorado.
Olhei pro lado e puxei o primeiro rapaz que eu encontrei pela gola e o beijei. Ele não correspondeu, mas pude escutar muitos gritos de festejo ao nosso lado.
Quando parei o beijo e vi de quem se tratava, quase tive um ataque de coração. Aquilo foi suicídio social.
Era um magricela alto com sardas e cabelo ruivo todo emaranhado, óculos de grau parecidos com os do Harry Potter e um aparelho ortodôntico. Ele até que era meio bonitinho, mas estava vestindo uma camisa azul com gravata borboleta laranja e calcas da mesma cor. Que em sua porra sã consciência vestir-se-ia daquela forma?
— Que show, Molly. Você está de parabéns — Parker mostrou-me um sorriso falso e bateu as palmas. — Mas o Timmy não é o teu namorado.
— Quem disse que não, é? Nós nos amamos muito, não é, amorzinho? — Apertei a sua mão e supliquei com o olhar, mas ele sorriu nervoso.
— O Timmy não gosta de você — Parker declarou.
— Como você pode ter tanta certeza? — Cruzei os braços, incrédula.
— Porque o Timmy é gay. Seria mais fácil ele estar apaixonado por mim do que por você – Parker cuspiu as palavras e foi-se embora zangado.
Eu fuzilei o Timmy com o olhar e ele assentiu que era gay.
Eu também fui embora furiosa, ouvindo alguns risinhos atrás de mim.
Quando as voltas acabaram, Timmy olhou pra nós ainda limpando o suor com uma toalha branca e começou a caminhar em nossa direção com um sorriso balançando nos seus lábios.
— Oi, meninas. O que vos traz aqui? — O ruivo perguntou, colocando as mãos na cintura.
— Eu vim acompanhar a minha prima, a Stephanie — Emily apontou pra mim com um sorriso enorme. _ Ela é a nova voluntária do time.
— Uau, Steph, não sabia que você gostava de futebol — Timmy parecia mesmo espantado. E por que ele chamou-me de Steph? — E o pessoal do clube do livro? Estao todos bem?
— Como assim, pessoal do clube do livro? — Emily perguntou ao rapaz.
— Eu fazia parte do clube do livro que a Steph está. Mas, para não ser ‘suicídio social’, tive que sair de lá. Mas, qual foi a razão de você ser voluntária?
— Hum, bem, quero ajudar? — Eu sorri nervosa e ele riu.
— Sempre pensando nos outros. Ei pessoal! — Timmy gritou, chamando atenção dos outros meninos do time. — A aposta está ganha. O Parker tem que dar dez voltas de cueca pelo campo!
Começou um alvoroço estranho no estádio e eu puxei o Timmy pelo braço.
— Que tipo de aposta é essa? — Eu quis saber.
— O Parker apostou com o resto do time que se entrasse alguém como voluntário, ele ia dar dez voltas de cueca no campo.
— Mas isso não é um pouco demais? — Enfatizei a minha questão e ele comprimiu os olhos e deu de ombros.
— O Jasper fez rolamentos no chão pelado, quando apostaram que eu ia entrar na equipa. Isso é moleza e vai ser divertido ver o Thompson provar do seu veneno — o ruivo riu.
O treinador nem fez questão de parar com aquela idiotice e apoiou os outros meninos quando começaram a ordenar o Parker a cumprir com sua promessa.
O meu loirinho sorriu nervoso e tirou a camisete branca e o seu calções verde que usava sempre nos treinos.
Posicionou-se na linha de partida, com as mãos na cintura, bem no cós da sua cueca branca e suspirou alto. E em pouco tempo já estava dando as voltas.
O único problema era que o campo estava enlameado pela chuva que caiu durante o final-de-semana inteiro e estava cobrindo as suas pernas torneadas de massa castanha.
— Espera ai, o Parker não está com problemas nas pernas? — Eu perguntei para a Emily e a mesma assentiu. — Isso é uma loucura!
— Cuidado para não sujar a bundinha, princesinha Parker — gritou um dos rapazes, criando risinhos dos seus amigos.
Parker suava imenso, e o seu rosto contorcia-se cada vez mais que ele pisoteava o chão com força na sua corrida.
— Acho que você vai precisar disto para iniciar os teus serviços de voluntária — Emily entregou-me uma garrafa de água que tirou da sua mochila.
— Você realmente pensou em tudo — eu disse a ela, que sorriu para mim.
—Nem por isso. O dia está muito quente e preferi comprar água no refeitório antes de vir aqui.
Assenti e continuei a assistir ao sofrimento do meu ex-namorado.
Estava prestes à chegar a linha de chegada, quando caiu no chão, gritando alto de dor e eu fui a correr até onde ele estava.
Agachei-me, sem me importar com a lama que cobria os meus All Star e toquei-lhe o rosto. Ele estava vermelho e de olhos fechados. Não tardou para os seus colegas da equipa formarem uma roda em volta de nós.
— Eu disse que isso era uma idiotice, lábios cor-de-morango – murmurei, despejando a água gelada no seu rosto.
Parker contorceu o rosto e esforçou-se a abrir os seus olhos, mas voltou a fecha-los, gemendo mais uma vez de dor.
— Molly? — Ele chamou-me, abrindo novamente os olhos.
Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha e mordi o meu polegar, sentindo alguns dedos tremelicarem.
— Molly? — Eu repeti e ele olhou para mim incrédulo.
— Ah! Menina da bolada — esforçou-se a rir. — É que a minha namorada, a Molly é que me chamava desta forma.
Eu ri de nervosismo e ajudei-o a levantar-se.
— É que eles são muito vermelhos — tentei justificar-me, assim que ele ficou em pé.
Ele sorriu para mim e com ajuda dos colegas foi levado até a bancada do treinador. Emily veio até onde eu estava e deu-me outra garrafa de água.
— Tinhas duas? — Perguntei-lhe, abrindo a garrafa as pressas.
— Aquela era tua. Esta é minha — disse ela.
Bebi a água tentando manter a calma, enquanto os meus olhos ainda estavam fixos no loirinho, que agora estava ser feito uma massagem na perna com o enfermeiro da escola e pelos gritos não tão altos, também estava a ser ralhado pelo mesmo.
— Lábios cor-de-morango — eu murmurei e Emily olhou-me confusa.
— O que foi isso? — Minha amiga quis saber.
— Eu chamei-o assim sem querer e ele chamou-me de Molly.
— Você sabe o que a Stephanie disse — a miúda de cabelo azul disse. — Ninguém pode saber quem você é, Molly.
— Mas ele é o rapaz da minha vida – eu contestei, virando-me em direção ao seu rosto. — Tem o total direito de saber a verdade.
Emily revirou os olhos e guardou o celular na sua mochila.
— O treinador está vindo, falamos depois, Molly.
Emily virou-se e foi até as bancadas.
O treinador estava caminhando em nossa direção, com a sua barriguinha saliente bem destacada e agora tinha um bigode branco enorme. Os seus fios de cabelo longos estavam grisalhos, o seu rosto marcado por rugas e os lábios carnudos. A sua pele negra brilhava no sol e era fantástico alguém na idade dele ter uma pele tão bonita.
— Stephanie! Stephanie! — Ele gritou para a Emily.
— Eu sou a Stephanie! — Gritei atrás dele.
Ele virou-se e olhou para mim com um sorriso nervoso.
— Desculpa, é que você não me parecia muito esse tipo de miúdas interessadas em desporto.
Eu revirei os meus olhos.
— Uau, essa jogada foi realmente boa. Onde aprendeu essas táticas, menina Walker? — O treinador perguntou-me, faltando dez minutos pro treino terminar.
— Em filmes de futebol americano — ri e ele também gargalhou.
O treinador levantou-se e foi falar com os jogadores. Parker olhou para mim sorrindo e eu também sorri para ele.
— Obrigado por me salvar, miúda da bolada — ele disse, aproximando-se de mim no banco.
— Bem, se você parar de me chamar dessa forma, até que eu recebo os teus agradecimentos — brinquei.
— Está bem. Eu paro. Como te chamas mesmo? — Parker quis saber.
— Stephanie. Stephanie Walker — respondi e ele assentiu.
— Podes dar-me o teu número? Gostei da tua prestação com as jogadas, acho que podemos fazer muita coisa boa juntos.
— C-claro! – Exclamei, tirando o celular as pressas da mochila. Abri o celular e entrei no contato da Steph. — Tome.
Entreguei o celular a ele feliz e ele digitou o seu número. Devolveu-me o celular e eu salvei o seu número. O meu coração estava dando pulinhos de alegria e eu quase imitei-o.
— Stephanie, muito obrigado pela tua ajuda — o treinador disse, voltando ao seu lugar. — Se possível, podes ir colocar essas garrafas de água no vestiário deles antes do treino acabar?
— Claro, treinador — eu disse e levei a caixa de água que estava no chão aos meus braços.
O sol estava me matando e a caixa estava pesada, mas eu tinha que conseguir levá-la até ao vestiário.
Quando lá cheguei, meu Deus! Quis estar constipada para não sentir o insuportável odor de suor que estava impregnado em todos os cantos, menos na entrada do banheiro, onde cheirava a sabonete de cerejeiras.
Coloquei em todo o banco garrafas de água com base no número de jogadores.
— Você está levando a sério este assunto de voluntária — Timmy comentou e eu olhei para ele, que estava vestindo uma camiseta cinza, calça de ganga azul-escuro e tinha com ele uma pasta de guitarra nos ombros.
— Temo que este seja o primeiro e ultimo dia. É interessante e ao mesmo tempo cansativo — ele riu e eu também gargalhei.
— Isso faz de ti uma miúda forte. Não é fácil suportar o time e o treinador e ainda por cima passar duas horas de tempo com ele a contar-te a história do senhor Miau.
— Ah, ele conta isto pra todos? — Indaguei, lembrando-me dele tagarelando sobre o seu gato siamense traquinas. Timmy assentiu e eu rolei os olhos sorrindo. — Você toca?
— Sim, desde os doze anos que eu tenho a Miranda — ele disse e eu assenti.
— Nunca teve interesse em tocar com uma banda? — Perguntei-lhe, tendo uma ideia mirabolante na minha mente.
— Claro, mas não conheço nenhuma e cá na escola não querem mais saber de banda escolar.
— Então venha comigo, você pode ser uma boa peça-chave — sorri.
— Está fora de questão termos outro integrante na banda! — Dylan resmungou, depois de eu apresentar a ideia a eles.
— A banda é apenas tua? – Eu quis saber furiosa e ele estalou a língua na boca.
— Tsc, tsc, tsc. A banda está ótima e nós nem conhecemos ele — revidou o meu irmão e eu quis voar para o seu pescoço e esgana-lo. Aquela ideia era realmente boa.
— Bem, a Steph tem razão, a banda não é apenas tua — Greg disse, olhando para nós sorrindo. — E ele tem cara de mandar bem na guitarra.
— Vamos ouvir o que ele pode fazer, Dylan — Luke falou.
— Está bem, vamos ouvi-lo — Dylan cedeu e eu pulei de felicidade.
Eu e Emily sentamos no capô do carro que estava coberto por um lençol branco e os rapazes sentaram no chão.
Timothee posicionou-se no centro da garagem e começou um solo de guitarra de Gimme! Gimme! Gimme! Da banda ABBA. E porra, ele tocava super bem a sua guitarra, como se estivéssemos num show maravilhoso de instrumentais apenas. Por um momento senti a sua mudança de música e em alguns instantes ele estava tocando Bones dos Imagine Dragons.
Eu e Emily começamos a cantar a música e o Gregory juntou-se a nós, numa cantoria desordenada, mas estávamos nos divertindo com aquilo. O único que parecia não estar a gostar de toda aquela atenção no ruivinho era o Dylan.
— Uau, uau, uau! — Luke exclamou, levantando-se do chão. — Esse cara tem que ficar aqui na banda!
— Timmy você é muito bom na guitarra, meu. Sequiseres, já estás na banda — Gregory disse.
— Eu quero! — Ele exclamou alegre. — Prometo dar tudo de mim pela banda.
— Mas acho que falta mais uma aprovação — Emily disse, olhando pro Dylan.
— E ai, Dylan? Estou na banda ou não?
Todos nós o encaramos, esperando a sua opinião. Ele levantou-se, aproximou-se do Timothee e o abraçou.
— Bem-vindo a ratoeira, Timmy — Dylan sorriu e nós gritamos de felicidade.
— Vamos aplaudir a Stephanie, por ter trazido essa galinha de ovos de ouro para nós! — Greg falou, com os olhos fixos em mim. Abri um sorriso para ele, que retribuiu o gesto.
Aplaudiram e Emily abraçou-me de lado.
— Valeu a pena, seres voluntária — disse-me no ouvido e eu ri.
— Eu e o Parker trocamos números de celular — falei pra ela.
— Isso é bom, miúda!
— E mais, eu acho que ele está interessado em mim.
— Bem, esperemos que realmente seja isso.
Sorri para a minha amiga e a abracei.
-— Obrigada. Por esse apoio que me tens dado — disse-lhe e consegui ouvir a sua risada.
— Você sabe que eu faria mais do que isso por ti.
Emily foi ter com o Luke e eu continuei sentada no capô do carro, sorrindo de felicidade ao ver o Dylan todo contente, mostrando as composições da banda ao novo ratinho ruivo da banda.
— Acho que devo-te um pedido de desculpas — Greg disse, sentando-se ao meu lado.
— Já estou habituada com esse estilo de conversas que temos – zombei e ele riu. — Mas e ai? Gostou do Timothee?
— Amei. Ele era o quarto rato que essa academia precisava — ri. — Ele toca como um antigo rockeiro dos anos oitenta.
— E olha que eu nem sabia que ele tocava bem, mas pelo tempo que ele diz que toca, deduzi que poderia ser uma boa inovação para a vossa banda.
— Como você conheceu-o?
— Bem, ele estava no clube do livro. Foi dai que o conheci — menti.
Mas de uma forma ou outra poderia não ser mentira, já que a Stephanie o conheceu desta forma.
Gregory saltou do capô e parou na minha frente com um sorriso de canto no seu rosto. Segurou as minhas mãos e por impulso também saltei do capô.
— Tenho uma surpresa para você — ele sussurrou no meu ouvido.
Ri pelas cócegas que senti.
— Que surpresa?
Ele exprimiu os olhos, fingindo estar a pensar e deu de ombros, rindo.
— Se eu contar agora, não será surpresa. Apenas venha comigo.
De mãos dadas, segui Gregory para dentro da sua casa e novamente estávamos naquela cozinha estilosa da sua casa. Estava cheirando a chocolate e só então percebi que tinha uma bandeja de forno com vários cupcakes bem decorados.
— Surpresa! — Ele gritou, fazendo um movimento estranho com as mãos.
Ri, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha e me aproximei do balcão onde tinha as maravilhas mais bem cheirosas do mundo.
— Foi você quem fez? — Perguntei e ele afirmou com a cabeça, levando um bolo até a sua boca.
— Mentira! Deixa-me provar _ levei um cupcakes com cobertura de chantilly até a boca e meu Deus! Que explosão de sabores na minha boca.
O chocolate estava saboroso, a massa bem cozida, daquelas que você come num restaurante cinco estrelas Michelin.
— Você é o novo Gordon Ramsay! Isto é maravilhoso — lambi os meus lábios. — Como você aprendeu a cozinhar tão bem, Shrek? — Quis saber e ele riu.
— A minha mãe nem sempre está em casa, por isso tive que aprender a me virar desde cedo. Falam que a prática leva a perfeição.
— Você fez eles apenas para mim, não é? — Brinquei.
— Pensei que poderíamos comer com os outros. Mas sim, fiz especialmente para você, como pedido de desculpas.
— Está bem, vamos levar para eles, mas sabes, se não tiveres sorte na escola, podes criar um programa em que cozinhas enquanto tocas Pop Punk e rock e a tua primeira convidada poderia ser a Olivia Rodrigo! — Eu sugeri a ele.
— Até que não é uma ideia, Rainha do Gelo – Gregory falou entre risadas.
Levamos a bandeja até a garagem e um garrafão de vidro com limonada e sentamos todos no gramado de frente, rindo e comentando sobre a queda do Dylan ao tentar dançar Beat It de Michael Jackson no momento em que eu e o Greg estávamos na cozinha.
— Vocês tinham que ver como foi aquela queda! — Luke disse, dando pausas para respirar de tanto rir e a Emily já derramava lágrimas de tanto gargalhar. — Cara, aquilo ia viralizar mais do que a Steph quando levou com a bola no rosto.
— Temos uma famosa entre nós! — Timmy olhou para mim rindo e eu também ri com eles.
— Ei! Não estava nos planos viralizar daquela forma — contestei, fazendo um bico com os lábios.
— A Steph tem razão. Nem sempre os gatos caem em pé — Dylan concordou, escondendo as risadas com as suas mãos.
Olhei para Emily e sorri para ela.
— Dia quatro? — Ela perguntou-me alegre.
— Feito — respondi na mesma alegria.
Notas do Sérgio:
Oi pessoal! Tudo bom? No capítulo anterior não teve notas do Sérgio que era para fanficarem mesmo sobre aquele assunto bem tristonho, mas logo viram que sou rápido a mudar as emoções dessa história, né? Kakaka
E o Timmy e o beijo inusitado? Kkk eu ri mt sério e espero que tenham gostado da sua adição na banda, no mais, me alegre com o seu voto e comentários
Vemo-nos no próximo capítulo 💗
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