Capítulo 8
Nove verões depois
— Bean Uí Eira, não sei quantas vezes já dissemos isso, mas irei repetir assim mesmo: é perigoso irmos para a floresta sem um guerreiro nos acompanhando. É muito perigoso!
— O perigo só existe dentro da cabeça de vocês.
Eira não entendia o porquê ainda fazia seus passeios na companhia daquelas três garotas mais velhas...
Não, ela sabia...
Sua mãe insistira, ou melhor, a obrigara a andar com as garotas da aldeia, que fizesse amizades, que fosse convincente para ela e o pai também, possibilitando assim que ele permitisse as idas dela até a orla da floresta colher flores e frutos selvagens. Ela ia comportada no início, mas depois se afastava explorando a floresta e voltando antes do sol sumir. Graças a esses passeios ela descobriu vários lugares interessantes, como esse para onde estava levando suas companheiras: uma clareira que ficava próxima do rio onde podiam ser encontradas diversas flores e pedrinhas coloridas.
Quando falou do lugar as três ficaram curiosas para conhecer, mas no instante em que entraram na floresta começaram a agir como três filhotes assustados. E imaginar que Eira era a menor e mais nova das quatro. Marg, a mais velha, filha do ferreiro, com seus cabelos dourados trançados, rente a cabeça e as outras duas, Alani e Tawni, filhas do cuidador dos cavalos, possuíam os cabelos da cor da terra e os usavam soltos. Medrosas, como se animais ferozes fossem aparecer e devorá-las. Eira balançou a cabeça sorrindo ao imaginar algo assim.
— Não é verdade Bean Uí Eira, disseram haver animais perigosos aqui.
— Então não precisam se preocupar, pois eu sempre tenho uma companhia para me proteger. — no mesmo instante um enorme lobo branco surgiu por entre as árvores indo ao encontro de Eira, fazendo com que as três garotas gritassem de medo e terror. — Tenham calma! Ghatha Bháin não vai machucar vocês.
O lobo que Eira havia ganho de Liam havia ficado enorme; sua cabeça passava da cintura dela, chegando quase ao seu ombro, seu pelo era extremamente branco, como a neve e seus olhos eram dourados como o sol. Apesar de ser considerado uma fera perigosa, Ghatha permanecia no forte mesmo após ter crescido, tudo porque ninguém entendia como ele não atacava nenhuma pessoa do forte e vivia o tempo todo ao lado de Eira. O povo da aldeia procurava o Eolaí para pedir-lhe que o mandasse embora do forte, mas Eira ameaçava-o dizendo que iria embora com seu lobo, então o mesmo permanecia ao lado de sua dona, como uma sombra, às vezes a vista de todos, outras vezes, escondido, aparecendo quando sabia que ela precisava dele, como agora ao ser mencionado como proteção contra quem ou o que existisse na floresta.
— Agora parem de reclamar, pois já estamos chegando perto da clareira do rio e, antes que percebam, estaremos voltando ao forte.
Elas andaram por mais algum tempo entre as árvores até chegarem à beira do rio onde uma ampla área cercada de árvores abrigava uma enorme variedade de plantas e pedras de diversos tamanhos e cores. Enquanto Ghatha se deitava na grama para ficar observando tudo, as garotas andavam pela área encantadas com as flores que levariam para suas famílias. Infelizmente Eira só podia as levar para sua mãe, pois seu pai sempre se sentia ruim perto de uma flor, muitas vezes a druidesa da aldeia era chamada para cuidar dele. Por isso, para ele, ela colhia pequenas pedras de formato e cor estranhos que aparecia perto do rio.
Quando se encontrava em um lugar assim, de paz, Eira costuma ficar recordando os dias felizes que aconteceram nos verões passados. O retorno de seus irmãos era o que de melhor tinha acontecido. Cada um deles havia voltado diferente de certa maneira. Lógico, viver sobre treino constante em um lugar diferente e, principalmente bem longe da família era muito difícil, eles diziam quando perguntado. Kesley foi o primeiro a retornar dois verões depois que Liam havia partido; tendo a responsabilidade como herdeiro do Eolaí foi o que teve sempre o treino mais difícil e rigoroso, pois além de aprender a lutar ele tinha que aprender sobre como cuidar do forte; os deveres, as necessidades que ele um dia teria para com o povo quanto deste para com ele. Quando ele partiu Eira tinha apenas um verão e não se lembrava muito dele, nessa época seus outros irmãos que lhe diziam como ele era: triste e solitário, andando sempre à sombra do pai e nunca tendo tempo para se divertir; uma coisa que Eira estava tentando mudar desde o dia que ele chegou, mas por ser bem mais velho ela não conseguia muita coisa, às vezes ela podia ver um leve sorriso em seu rosto, mas quando seu pai aparecia, ele logo retornava a ficar sério. Depois foi a vez de Ryan que, diferente de seu irmão mais velho ele voltou, como as mulheres costumavam chamá-lo às escondidas, muito libertino. Quando Eira lhes perguntou o que isso significava, elas se benziam e diziam ser uma coisa muito impura para seus doces e inocentes ouvidos, como depois disso ela ficou com vergonha de perguntar a sua mãe o que significava, ainda estava sem saber o que era um libertino.
Em seguida foi o Sean a retornar. Esse é com quem Eira mais se preocupava, pois infelizmente ele sofreu um acidente enquanto treinava no clã perdendo um dos braços e não podendo andar direito por conta de um ferimento em uma das pernas. Por mais que ela insistisse, ele teimava em ficar no quarto, em cima da cama desde o dia que chegou a cinco verões atrás quando ela mesmo partiu para o templo dos Tuatha Dé Danann para um aprendizado que ela havia pedido aos pais, e havia voltado antes do inverno chegar, encontrando assim seus outros três irmãos em casa: Flynn, Aion e Jamie que haviam se tornado mais sérios do que antes. Nenhum dos três havia sofrido algum tipo de ferimento grave no corpo, e Eira sempre agradecia a Deusa por isso, mas parecia agora que ela era a única a sentir felicidade dentro daquela casa, pois seus irmãos sempre estavam com o olhar ausente, como se pensassem ou lembrassem das coisas que aconteceram em seus anos de treinamento.
Quando se lembrava disso, ela pensava em sua amiga. Pensava se Liam também voltaria diferente ou não. Provavelmente sim, ela também havia mudado um pouco. Com os quatro verões que passou no templo dos Tuatha Dé Danann, ela aprendeu muita coisa e esse aprendizado a modificou de um jeito bem diferente do que houve com os irmãos, fazendo-a perceber melhor as coisas ao seu redor.
Com o pensamento tão distante, Eira não percebeu o agitamento de Ghatha, usando seu feroz rosnado, nem o surgimento de um enorme cavalo por entre as árvores; o cavaleiro trajando um conjunto de kilt todo em preto parecia ameaçador montado naquele cavalo. Após dar a volta na clareira, o cavalo avançou na direção da Bean Uí Eira que tentou se erguer do chão, mas estava presa pelo manto não conseguindo se afastar quando ele se aproximou e ficou em suas patas traseiras, se afastando logo em seguida com seu cavaleiro tentando acalmá-lo.
— Bean Uí Eira! — gritou Marg, vindo correndo ao seu encontro e ajudando-a se levantar — Venha, minha senhora, vamos sair daqui.
— Eira? — perguntou o estranho cavaleiro, que ela não podia ver quem era porque Alani e Tawni estavam na sua frente como se quisessem lhe proteger.
— Bean Uí Eira para você, estranho! Tenha respeito. — Marg respondeu levando Eira para longe do cavaleiro, com as outras duas garotas.
— Esperem, por favor! — gritou enquanto descia do cavalo — Eira sou eu, Liam!
Nesse momento o mundo parou para Eira. Tantos verões de espera e a pessoa que vivia em seus pensamentos e em seu coração durante todo esse tempo finalmente estava de volta. Devagar ela virou para ver aquela que tanto esperava. Liam havia saltado do cavalo e a olhava fixamente. Eira analisou-a, tentando vê a sua Liam. Ela estava alta, claro, sempre fora bem mais alta que ela e das outras crianças; seus cabelos negros ainda eram curtos e levemente enrolados. Seu corpo estava mais desenvolvido e, trajando aquele conjunto de kilt, ela realmente poderia ser confundida com um homem. Seu rosto estava mais sério, apesar de um leve sorriso brincar em seus lábios; o que ela não gostou foi a presença de uma fina cicatriz que ia abaixo do seu olho esquerdo até bem perto do seu queixo.
Eira soltou-se de suas companheiras e caminhou devagar até parar na frente dela, nunca deixando de olhar seu rosto, que tocou levemente, com medo que ainda pudesse machucá-la.
— Você se feriu... — disse, não sabendo como encontrou voz, tamanha era sua emoção.
— Não acredito! — sorriu-lhe — Com todas as coisas que sonhei você me dizendo quando nos encontrássemos, se preocupa logo com minha cicatriz?
— Liam...
— Sim, sou eu mo bheag. Eu voltei como prometi, para você.
— LIAM! — gritou abraçando-a. Praticamente se jogando em cima da guerreira, sua visão logo ficou embargada pelas lágrimas — Você voltou! Voltou e estar aqui comigo!
— Sim, Eira, eu voltei para estar contigo para sempre!
Naquele momento, para as duas, não importava que houvesse alguém as vendo, pois era como se só elas existissem no mundo.
Liam se afastou um pouco, mas segurou Eira pelo rosto, secando suas lágrimas. Ela estava tão linda! Seu revolto cabelo vermelho estava mais escuro e aparentemente bem mais comprido, mas ficava difícil saber com todas aquelas tranças que usava. Seu rosto havia amadurecido, mas só um pouco; ela ainda conservava a delicadeza e a inocência que Liam tanto gostava nela. Estava mais alta, porém, ainda não alcançava seus ombros, assim era pequena e precisaria sempre de sua proteção. Ela era, e para sempre seria, a sua pequena fada!
— Eu senti tanto sua falta, Eira.
— Eu também senti a sua, Liam, não tinha uma só noite em que eu não olhasse as estrelas esperando que estivesse olhando também.
— Algumas vezes sim, eu as olhava — disfarçou, pois não podia contar-lhe que, por estar exausta e às vezes muito machucada, não fazia outra coisa senão cair no chão e dormir, quando recebia um tempo para descansar.
— Mas você se machucou — ela disse passando o dedo na cicatriz da guerreira.
— Sim, mas teria sido pior se não fosse pelo Myrkur.
— Myrkur?
— É. Acredito que se não fosse por ele, eu estaria sem meu pescoço e não apenas com uma cicatriz como lembrança do meu erro.
— O que ele fez?
— Ele me alertou!
Aquela cicatriz faria com que Liam nunca esquecesse o que aconteceu naquele dia.
Desde quando chegou ao clã dos Ó Mellans e que disseram que ela era uma menina, os aprendizes de lá a importunavam e os treinadores faziam com o seu treino fosse mais rigoroso e difícil do que o dos outros, pois lá eles não aceitavam que as mulheres pudessem treinar; elas eram consideradas seres fracos e inferiores. Mas ela não se importava com a dificuldade, pois a deixava mais forte e melhor a cada dia. Há três verões atrás os rapazes estavam brincando de duelar quando ela passou levando Myrkur consigo em direção da floresta, para treinar sozinha. Eles a viram e começaram a lhe dizer ofensas. Por fim, um deles disse que ela nunca conseguiria vencer nenhum deles em uma luta justa.
— Posso vencer qualquer um de vocês mais rápido do que um falcão caça sua presa.
— Impossível! — exclamou um deles — Aposto, pelo menos que um de nós você nunca conseguiria vencer.
— Só um?
— Sim, só um, pois não conseguirás vencer Whelan.
— Vamos ver então. — respondeu ela soltando a rédea de Myrkur e retirando a espada da bainha.
No momento que Liam viu quem era Whelan, a primeira coisa que pensou é porque não havia um jeito de se desfazer algo que já fez, e, principalmente porque não aprendia a ficar de boca fechada. Ele era muito mais alto que ela, parecia quase uma montanha de tão grande que era. Tinha os cabelos longos e quase tão escuros quanto os dela, e várias cicatrizes lhe marcavam o rosto, outrora talvez até belo. Portava uma espada praticamente do tamanho da sua perna que assim como seus braços pareciam dois enormes troncos de árvores, e de tão confiante nas suas habilidades, não portava um escudo como proteção. Ele devia estar treinando ali antes dela mais nunca o havia visto. Antes mesmo que ela pudesse pensar em algo, ele a atacou, porém, por ser menor e mais leve, era mais rápida que ele e conseguiu se desviar a tempo. Os outros gritavam para que Whelan acabasse o mais rápido possível com a luta e fizesse aquela mulher ir procurar logo voltar para casa para o colo da mamãe.
Se eles imaginavam que isso faria com que Liam ficasse com medo, estavam muito enganados, porque apenas a deixava com raiva: nunca desistiria de ser uma guerreira para sua Bean Uí bheag. Eira estava esperando o seu retorno sim, mas ela a faria do jeito certo. O problema era que ele atacava colocando muita força no golpe, e a espada que Liam usava era diferente da que estava acostumada, pois esta era a espada padrão, mais utilizada por homens do que por mulheres.
Liam, depois de um tempo tentando bloquear os golpes de Whelan, percebeu como deveria atacá-lo: depois que ele desferia o golpe, demorava um pouco para erguer novamente a espada, nesse tempo ela tinha que ser rápida o suficiente para conseguir distraí-lo e fazer com que ele caísse. E assim ela fez, entre cada golpe que ele dava, ela desferia vários outros chegando alguns até a lhe cortar a pele. Depois de um tempo lutando desse jeito, Whelan já bastante ferido e cansado, e Liam sem nenhum ferimento e tentando de todas as formas permanecer em pé por conta do cansaço, ele perdeu a espada em um golpe bloqueado por ela e caiu. Liam se aproximou dele, colocou a ponta da espada em seu pescoço e olhou para os outros.
— Espero que isso sirva de lição para vocês: nós mulheres conseguimos fazer o que os homens fazem, até muito melhor que vocês.
Dizendo isso, virou-se e foi andando na direção de Myrkur, porém este se ergueu nas duas patas traseiras e ficou relinchando para ela. Percebendo seu desespero ela virou rapidamente para trás, mas não rápida o suficiente para desviar totalmente de uma espada. Por pouco ela não perdia seu olho esquerdo, mas a ponta da espada passou pelo seu rosto, ferindo-a do olho ao queixo. A dor foi intensa, mas mesmo assim ela não se abalou, quando levantou a vista, colocando a mão sobre o ferimento, viu que quem desferira o golpe não foi Whelan, que ainda jazia caído no mesmo lugar. Fora aquele que lhe propusera o desafio, aquela maldita aposta, que ela conseguiu lembrar ser chamado Felan.
— Não sei o que fez, nem como, mas não vou admitir que você consiga sair viva depois do que fez ao meu irmão.
"Irmão?" era o que estava sendo escutado por todo o campo, pois não tinha como eles serem irmãos, tão diferentes um do outro. Enquanto Whelan era uma montanha, Felan podia ser comparado a uma pequena muda de árvore. Nem os cabelos, nem as feições dos dois eram parecidas, pois Felan tinha os cabelos da cor da terra e seu rosto, talvez por não possuir nenhuma marca, era considerado muito bonito.
— Você disse... — ela falava com dificuldade devido à dor que sentia — Disse que eu teria que derrotar pelo menos ele, e foi o que fiz... Não tem porque você agir desse jeito e tentar me apunhalar pelas costas. Não tem honra nisso.
Todos ficaram em silêncio observando os dois. Mas quando Felan tornou a erguer a espada para desferir outro golpe, uma mão segurou a sua o impedindo.
— Pare Felan! — disse Benen, um dos guerreiros que os treinava — Liam estar certa, e todos aqui, eu presumo, concordam que foi uma luta justa e honrada, e que, apesar de ser uma mulher, ela provou tanto para vocês quanto para nós, guerreiros mais experientes, que possui a capacidade e a força para se tornar uma guerreira em seu clã.
Todos ali presentes ficaram apenas olhando por um tempo, mas depois começaram a concordar com Benen e dois dos aprendizes que antes a ofendera, se desculparam com ela e a levaram para que um curandeiro tratasse do seu ferimento. Depois desse dia, o comportamento deles em relação a ela passou a ser diferente e começaram a tratá-la com mais respeito e admiração.
— Fico feliz por ele ter te protegido e te trazer de volta para mim.
— Agora me lembrei e entendi o porquê dele ter ficado incontrolável quando chegamos.
— Como assim?
— Quando chegamos perto das primeiras casas, disse-lhe que estávamos de volta e que estava ansiosa para vê-la. No mesmo instante ele começou a correr aleatoriamente pelo pátio e por mais que eu puxasse as rédeas ele não parava, até que voltou para a floresta. Se não fosse estranho e impossível, acreditaria que ele se lembrou de que lhe pediu, para me trazer de volta para você. Não sei como ele conseguiu entendê-la, mas fez exatamente o que pediu; estava te procurando para poder me entregar a ti.
Eira ficou um tempo olhando para Liam, depois sorriu e se afastou indo até onde Myrkur estava e o abraçou pelo pescoço.
— Obrigada por cuidar dela e por tê-la trazido de volta e, como resposta obteve alguns relinchos — Eu sei. Obrigada!
— O que você sabe Eira? — Liam perguntou aproximando-se dos dois.
— Nada não! — sorriu-lhe — Imagino que esteja cansada e ansiosa para rever seus pais.
— Sim, senti muito a falta deles, principalmente minha mãe. Ela será outra a se escandalizar com minha cicatriz. A propósito, eu tenho um irmão ou uma irmã?
— Na realidade você tem duas irmãs.
— Duas?
— Sim, Alessa teve a primeira logo após você ter ido para o treinamento. Três verões depois nasceu sua segunda irmã!
— Nossa! Eu imagino quantas outras surpresas eu terei.
— Muitas! — respondeu com um grande sorriso — Deixa eu te apresentar minhas companhias. Marg é a filha do ferreiro, você deve se lembrar dela.
— Sim, uma garotinha quieta que se sentava em um banco na porta da ferraria e brincava com uns pássaros de bronze que o ferreiro costumava fazer para as crianças — disse olhando para a moça que estava com o rosto todo vermelho.
— E aquelas duas são Alani e Tawni, filhas do cuidador dos cavalos.
— Não lembro de vocês.
— Costumávamos ficar mais em casa ajudando nossa mãe do que andando pelo forte. — disse Alani. — Só depois que crescemos um pouco que o Eolaí falou com nossos pais é que nos permitiram conversar com as outras crianças e fazer companhia a Bean Uí Eira.
— E aquele ali com cara de mau tentando decidir se você é amiga ou inimiga é o Ghatha Bháin.
— Espere! Não acredito que tenha ficado com ele por todos esses anos.
— Fiquei sim. Ele sempre esteve comigo.
— E como o povo do forte reagiu a isso?
— Eu ameacei meu pai de ir embora com ele para a floresta caso o expulsassem. Ele acabou permitindo sua permanência, não sei se foi pelo que eu disse ou por ele ver que Ghatha não atacava ninguém e estava sempre do meu lado.
— E como você faz com a comida para ele?
— Ele sai sozinho do forte, vem comer na floresta depois volta.
— Isso é realmente inacreditável! Só você Eira para conseguir algo assim.
— Eu sei! — ela se virou para o lobo — Venha aqui Ghatha, e pare de ficar rosnando. Eu não te contei que foi a Liam quem te salvou e te trouxe para mim? Então, essa aqui é a Liam.
O lobo olhou para Eira e depois para Liam e, com um andar cheio de dúvidas ele se aproximou dela, cheirando a mão que lhe era estendida.
— Ele vai se acostumar com você, é só questão de tempo. Agora vamos voltar!
Depois disso todos saíram da floresta e se separaram ao entrarem no forte, Liam e Eira, de mãos dadas, caminharam até a casa da família de Liam, onde foram recebidas com gritos de alegria de Alessa.
Glossário:
O Tuatha Dé Danann - o povo da deusa Danu, também são conhecidos pelo nome anterior Tuath Dé ou "tribo dos deuses". Os Tuatha Dé Danann constituem um panteão cujos atributos apareceram em várias formas em todo o mundo celta.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro