Capítulo 18
— O senhor mandou me chamar, daidí? — perguntou Liam, ao encontrar-se com Carrick que conversava com alguns guerreiros.
— Sim, Liam — ele respondeu se afastando dos outros. — Um de nossos batedores chegou a pouco tempo e nos informou que o exército inimigo já atravessou o rio e, provavelmente enquanto conversamos, devem estar se dirigindo ao vale para depois cruzarem a floresta. Logo eles estarão aqui.
— Assim tão rápido? Como eles estarão aqui? — Exclamou assustada. Por que não fomos avisados antes?
— Parece que os batedores foram mortos pelo caminho para assim não nos avisar com antecedência. Só um conseguiu escapar.
— Então foi bom que todas as pessoas do nosso clã foram enviadas a clãs aliados e até mesmo para regiões mais longínquas como o senhor fez com a mamãe, Elora e Genevra logo quando recebemos a primeira mensagem sobre aquele monstro estar se preparando para vir nos atacar.
— Se isso fosse meramente um ataque... — Carrick disse de modo triste e em voz mais baixa.
— O que quer dizer com isso daidí?
— Liam — começou após um suspirar, — pelo que nos foi informado o contingente desse exército é muito maior do que seria enviado para um simples ataque.
— Então eles querem nos destruir?
— Se aquele homem quisesse apenas nos submeter ao seu governo, não nos enviaria um exército tão grande quanto o batedor disse que estar vindo em nossa direção. Talvez ele pense que nosso clã seja uma ameaça a dominação dele. Pior! Se as informações estiverem certas, alguns inimigos nossos se aliaram a ele e tem guerreiros fazendo parte do exército. Realmente eles querem nos destruir. Pois se o alvo fosse apenas o forte, eles não viriam destruindo vilas e feudos pelo caminho.
— Não acredito que estejam matando pessoas inocentes!
— Para nós, são pessoas inocentes, mas para eles, são pessoas que podem reagir futuramente. São inimigos!
— E o que nós vamos fazer?
— Nós, guerreiros do clã, consagrados a Mórrígan, protegeremos essas terras, seu povo e nosso Eolaí!
— Me disseste que eu não sou uma guerreira do clã, então, por que me chamaste?
— Na realidade Liam — disse o Eolaí aproximando-se deles — fui eu quem pediu ao seu pai para lhe chamar.
— Vós, mo thiarna, poderia te mandado me chamar em vosso nome que eu viria.
— Sei disso, mas eu não sabia se você estava na companhia de Eira ou não, e não queria que minha filha soubesse dessa conversa antes dela chegar ao fim.
— E o que desejas de mim, mo thiarna?
— Tenho um pedido a lhe fazer, já que oficialmente não posso lhe dar uma ordem. Pois eu posso até lhe ordenar isso como soberano do clã que você reside, mas minha filha poderia lhe ordenar o contrário, e ela terá todo direito em fazer isso. Por isso, se for um pedido, feito a protetora e amiga da minha filha, não estaria sendo uma falta com seus deveres se decidisse não obedecer a ela nesse momento.
Por um momento Liam olhou para o Eolaí e depois para seu pai tentando entender tudo aquilo que estava sendo-lhe dito.
— O que querem que eu faça o que Bean Uí Eira não irá querer?
— Preciso que tire minha filha daqui. Quero que a leve para bem longe.
— Pensamos em você leva-la para onde sua mãe estar agora Liam.
— Por que acham que ela não irá querer isso?
— Tenho certeza de que ela irá querer permanecer aqui para ajudar. Se eu tivesse imaginado antes que eles iriam querer fazer uma guerra, eu a teria enviado antes, como seu pai fez com sua mãe e irmãs. Minha esposa ainda se encontra no templo dos Tuatha Dé Danann, mas enviei um mensageiro para que ela e as outras pessoas que estão lá achem um jeito de se protegerem lá ou em outro local, com a ajuda da Deusa.
— Então mo thiarna quer que eu tire a Bean Uí Eira daqui, mesmo contra a vontade dela, mesmo desobedecendo-a, pois ela irá me ordenar que eu não faça isso?
— É exatamente isso que estou lhe pedindo. Se minha filha é tão importante para você leve-a em segurança daqui para que ela não se machuque de alguma forma.
— A Bean Uí Eira é importante para mim, sim, não porque eu devo obediência a ela, mas por ser minha amiga. Eu farei o que me pede mo thiarna, porque a segurança dela sempre será minha prioridade, mesmo que me ordene ao contrário.
— Ótimo! Já mandei prepararem valises com alimentos, algumas ervas medicinais e outras coisas necessárias para uma viagem longa, e também já mandei que preparassem a montaria de vocês e Carrick vai leva-lo para a casa no meio da floresta. Preciso que vá até minha filha e a faça vestir algo leve e quente e coloque uma capa contra o frio. Seja rápida, quando terminar, traga-a aqui para podermos ir pela passagem secreta. Vocês precisam sair o mais rápido, antes que o dia termine.
— Como quiser mo thiarna. — respondeu com uma reverência e saindo do salão logo após.
Eira achava aquilo tudo muito confuso. Liam havia entrado em seu aposento e lhe disse que seu pai havia pedido para que ela trocasse de roupa. Assim, após todos os seus vestidos terem sido retirados do baú, de maneira bem desorganizada e até um pouco brusca, ela lhe disse que tirasse a roupa que estava usando deixando apenas a combinação e depois Liam lhe deu para vestir um vestido que a muito não via: era de corte simples e reto, feito num tecido na cor vinho que tinha a saia ampla e as mangas eram justas, por cima usava uma espécie de avental com frente e costas iguais feito em tecido branco grosso e um cinto o prendia na cintura. Ela o havia usado no inverno passado quando precisou ir ao templo dos Tuatha Dé Danann na morte da antiga druidesa. Apesar de ser bem leve era muito quente, coisa que não compreendia a necessidade, pois ainda estavam no final do verão.
Por mais que ela perguntasse para sua amiga o que estava acontecendo, ela apenas lhe dizia serem ordens de seu pai. Por fim, em vez de lhe calçar as sapatilhas ela lhe colocou suas botas. Durante toda a confusão que aconteceu em seu quarto, Ghatha permaneceu deitado em sua cama levantando apenas quando as duas saíram até o salão onde seu pai as esperava.
— Fez bem o que lhe disse Liam, agora melhor nos apressarmos.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — perguntou Eira olhando para as duas pessoas que estavam na sua frente.
— Prometo que responderei no caminho — disse o Eolaí andando até retirar a tapeçaria revelando a passagem secreta — Vamos, pois não temos muito tempo.
Liam entregou a capa, que também havia pegado dentro de seu baú, para Eira e pegou uma tocha, atravessando a passagem logo em seguida, depois Devin colocou Eira e Ghatha para seguirem ela pelo corredor.
— O que ocorre, m'iníon, é que o exército inimigo estar quase adentrando a nossa floresta.
— Então não é perigoso estarmos indo para lá?
— Por enquanto não, ainda é dia e nossos batedores estão a postos para qualquer problema.
— Estou tentando entender o significado de estarmos usando a passagem secreta, já que não há nenhuma complicação lá e os inimigos estão chegando para o ataque. Poderia me explicar?
— O problema é que não vamos ter apenas um ataque, m'iníon.
— Como assim?
— Eles vieram fazer uma guerra conosco. O contingente deles é enorme e já dizimaram muitas vilas e feudos no caminho.
— Impossível! Ele não pode criar uma guerra baseado apenas em não haver o casamento entre nós dois. Por que matariam inocentes por um motivo desses?
— Não sabemos qual é o motivo que o está levando a fazer essas coisas.
— Por que ele tem que fazer isso? Por que destruir vidas? Por que precisam dominar outros lugares ao invés de ficarem cuidando de suas vidas e da vida do seu povo em suas casas?
— Muitas pessoas possuem sede de poder m'iníon, pensam que dominar outros lugares, humilhar e submeter outros povos às suas vontades é sinônimo de grandeza.
— Não tem grandeza nenhuma em se fazer isso.
— Eu concordo com você Eira. — disse Liam após ficar o tempo todo em silêncio.
— Tem mais algumas coisas que não estou entendendo, como, por exemplo se vamos ser atacados, o senhor não deveria estar com os guerreiros? Acredito que eles precisam do Eolaí ao lado deles nesse momento.
— Você não precisa se preocupar com isso, pois Kesley estar cuidando de tudo. Os homens estão avisados, posicionados e comandados. — Explicou Devin tirando a tapeçaria que cobria a passagem que dava acesso à casa. Eles a atravessaram a passos rápidos até chegarem junto à porta de entrada que, ao ser aberta, mostrou um Carrick muito impaciente.
— Não deveriam ter demorado tanto. Não sabemos onde eles já estão para que elas se preocupem com o que pode acontecer no caminho.
Enquanto Carrick falava com eles e Liam lhe passava a tocha, Eira observou Myrkur que estava com um excesso de tecidos grossos em seu dorso por baixo da sela, e algumas valises que pareciam conter mantimentos já estavam ali pressas.
— Daidí — começou Eira virando-se para seu pai — o que está acontecendo aqui? Por que Myrkur está aqui com essas provisões e essas roupas que estou usando?
— M'iníon, pedi a Liam que tirasse você daqui e a levasse para um lugar seguro...
— Não! — ela exclamou se afastando do pai.
— É para a sua segurança, não pode ficar aqui. Se não tivesse voltado do templo nada disso seria necessário, estaria protegida lá junto da sua mãe. Isso não será um mero ataque por conta da aliança que não foi concretizada. Alguns dos nossos inimigos estão aliados a eles por isso estão vindo para realizar, com mais força, aquilo que vêm tentando nos últimos anos: nos destruir.
— Eu posso ficar e ajudar, sabe que posso fazer isso daidí! — dizia já com lágrimas nos olhos — Por favor, não me mande embora, posso proteger a todos se for necessário.
— Jamais te colocaria em risco, m'iníon. — Devin disse segurando o rosto de Eira em suas mãos — Se Danu lhe abençoou com tudo que sabe fazer há um motivo e esse motivo não é você ficando aqui para nos ajudar.
— Como o senhor pode era certeza disso?
— Desde o dia que soubemos dos seus poderes, eu e sua mãe ficamos com muito medo, admito isso. Mas, ao mesmo tempo eu sentia que tudo isso em você é para algo bem maior que nossa aldeia. Por isso você deve partir daqui. — Devin se sentiu mal por ter que mentir para sua filha, mas ele não podia lhe contar a verdade, nem a verdade sobre elas, muito menos a verdade sobre eles.
— Mas...
— É para seu bem! Liam a levará para a Gália onde a mãe e irmãs dela estão. Acho melhor vocês irem para lá do que para o templo dos Tuatha Dé Danann onde sua mãe está protegida. Se... — sua voz falhou, pois, suas emoções contidas faziam de tudo para saírem — quando essa guerra acabar, se você não tiver feito nenhuma descoberta para a importância que seus poderes têm, então eu a trarei de volta. Até lá, quero que fique em segurança, o mais longe possível daqui.
— Eu prefiro ficar aqui e ajudar do que tentar fazer uma grande descoberta, — ela falou se afastando das mãos de Devin — Eu posso ajudar daidí!
— Sei que pode, mas me ajudará mais ainda se estiver em um lugar a salvo.
— Bean Uí — disse Liam aproximando-se segurando delicadamente o braço dela — quanto mais demorarmos aqui, mais difícil será passarmos despercebidas por eles.
— NÃO! — Eira gritou soltando seu braço e se afastando de Liam — Eu não vou a lugar algum, a não ser de volta para o forte e ajudar na luta. Não irei abandonar meu pai muito menos meus irmãos!
— Eira — disse baixinho, se aproximando dela novamente — eu também não quero abandonar nem meu pai, nem meu irmão aqui, mas, para mim, sua segurança vem em primeiro lugar.
— Liam...
— Me desculpa! — ela disse ao pegar Eira pela cintura e erguer sobre seu ombro, para espanto dos dois homens que ali estavam.
— Me coloque no chão Liam! — gritava enquanto a guerreira andava na direção de Myrkur e a colocava sentada em seu dorso. — Não! Tire-me daqui, deixe-me descer!
Ao invés de cumprir o que sua amiga lhe dizia, Liam fez uma mesura para o Eloaí, colocou o pé no estribo e se impulsionou para cima, sentando-se atrás de uma Eira desesperada.
— Dê lembranças a sua mãe quando chegarem lá, — disse Carrick ao notar o modo como sua filha o olhava. Tal como seu pai, Liam também não sabia como se despedir e apenas o olhava.
— Tenha cuidado, daidí!
— Eu sempre tenho! — disse tentando sorrir com confiança, mas sabia que estava falhando em passar isso para sua filha — Que Danu as proteja na viagem.
— E que Mórrígan esteja com vocês na hora da batalha.
Após dizer isso ela incitou Myrkur a galopar e saiu em disparada pela floresta acompanhada de perto por Ghatha. O tempo todo em que se afastavam Eira gritava para seu pai, pedindo para ficar, mas quando já não podia mais vê-lo, ela começou a bater em Liam, chorando e reclamando com ela.
— Volte Liam! Por favor, volta!
— Pare de bater em mim, vai acabar machucando nós duas.
— Não me importo, só quero que você volte.
— Não vou voltar, não agora pelo menos. Quando tudo acabar seu pai disse que enviaria uma mensagem dizendo que poderemos voltar.
— Eu quero voltar agora! Não sei que ordens o meu pai deu, mas eu sou sua suserana. Então eu lhe ordeno que volte para o forte!
— Ele não me deu ordem nenhuma e você sabe que cumprirei qualquer coisa que me ordenares, exceto quando se refere a sua segurança. Nisso eu tenho que fazer o que é certo, mesmo lhe desobedecendo.
— Mas eu posso ajudar, posso salvar a todos!
— Mesmo que seu pai tivesse a mais absoluta certeza de que você poderia salvar a todos no forte, ainda assim ele jamais arriscaria sua vida pela vida de seus guerreiros. Assim como eu jamais vou colocar você em perigo. Eu te peço que entenda isso.
— Myrkur volte para o forte, eu te peço!
— Ele não vai fazer isso, pois sabe que não estará segura lá. Assim como eu, ele se preocupa contigo.
Sem ter mais como convencer nenhum dos dois a voltarem, Eira ficou em silêncio apenas chorando por saber que não iria proteger sua família. De repente gritos e barulhos de cascos de cavalo foram escutados e quando Liam olhou para trás, viu alguns soldados, bem como também alguns dos inimigos do clã as seguindo.
— Ótimo, seus gritos comigo, devem ter sido escutados do outro lado da floresta, chamando a atenção dos que estavam por perto.
— A culpa não seria minha se não houvesse me tirado do forte.
— Juro que um dia ainda vai me agradecer pelo que fiz! Mais rápido Myrkur!
Após um relincho como resposta, o garanhão negro começou a correr mais rápido colocando uma distância entre eles, mas os inimigos não desistiam e continuavam a persegui-las gritando ofensas e rogando pragas sobre elas. Num determinado ponto a floresta começou a ficar mais densa e a passagem por entre as árvores começou a ficar mais difícil devido ao tamanho de Myrkur, o que facilitou a aproximação dos outros. Liam pensou em pegar sua espada, mas não podia lutar contra eles com Eira sentada à sua frente, era muito arriscado; o único jeito realmente era tentar fugir a galope, mas para onde? Perdida em pensamentos a guerreira não notou a sombra de uma ave solitária, nem seus sons agudos. Mas Eira percebeu.
— Estou sendo uma completa inútil mesmo.
— Mo bheatha, não estamos precisando que você reclame consigo mesma neste exato momento.
— Não estou reclamando, só fiquei tão zangada com tudo que aconteceu, que esqueci completamente o que faço. Scáth tem razão — se abaixou para mais perto da orelha do cavalo — Myrkur, vamos para as raízes! Ghatha, siga-nos!
Tanto a guerreira quanto o garanhão, entenderam o que ela quis dizer com aquilo. No mesmo instante Myrkur mudou a direção entre as árvores e foi para o local que elas muito conheciam o mais rápido que conseguiam. Ao chegarem no início da orla da floresta de raízes, misteriosamente parecia que elas estavam facilitando a passagem delas e depois voltavam a se erguer até mais alto que antes fazendo com que vários cavalos ficassem presos e seus cavaleiros caíssem, mas alguns ainda conseguiram passar e continuavam a segui-las. Depois que elas atravessaram o rio que havia ali, Eira olhou para trás e fez um gesto com a mão como se puxasse algo, e a correnteza do rio ficou mais rápida, dificultando a passagem dos cavalos. Os que se aventuraram a tentar passar foram levados pelas águas, mas alguns perceberam que havia um ponto que tinha uma pedra no meio do rio; era difícil a passagem, mas os ajudou a chegar no outro lado e continuaram a segui-las.
Como nunca avançaram para o outro lado daquela clareira, tiveram uma grande surpresa: após atravessarem as árvores chegaram à borda de um despenhadeiro. Se Myrkur e Ghatha não tivessem atentado ao grito de Scáth todos teriam caído no meio das pedras pontiagudas que haviam lá em baixo. Empinando e parando completamente e quase jogando as duas fora da sela, Myrkur aguardou bufando a decisão delas.
— Ótimo! E agora Eira, o que vamos fazer? Temos perseguidores atrás de nós, tem árvores fechando dos dois lados, e não temos como seguir em frente.
— Então teremos que descer!
— Descer? Ficou louca? Não tem como descer por aqui!
— Confie em mim!
Eira fez alguns gestos com a mão de onde estavam na direção do precipício e a terra começou a tremer produzindo alguns sons estranhos. Mesmo assustada Liam olhou novamente para a borda do penhasco onde agora aparecia uma espécie de escada de pedras, que subia do fundo do precipício, formada por pedras largas que permitiriam a descida. Antes que pudesse ser dito qualquer coisa sobre aquilo os que ainda a perseguiam se aproximaram já com as espadas em punho e rindo, provavelmente pensando no que fariam com elas. Assim tão de perto, elas puderam ver que se tratavam daqueles soldados com deformações no corpo e asas nas costas. Ghatha começou a descer o despenhadeiro utilizando aquelas pedras e sem pensar duas vezes para fugir deles, Liam fez com que Myrkur começasse a descer atrás dele.
Quando os perseguidores se aproximaram do penhasco e viram como elas estavam descendo gritaram como sons de alegria, pois também podiam fazer aquilo e começaram a descer; porém, a um gesto das mãos de Eira, a escada foi se desfazendo com as pedras voltando a ser íngremes, pontiagudas e afiadas, e um a um que nelas se aventurara a prossegui-las encontrava a morte. Os soldados restantes ficaram muito assustados e fugiram de volta para a floresta, mas esta havia se fechado não havendo nenhum espaço para eles poderem passar a salvo. As raízes crescidas das árvores eram mortais. As mais finas, enrolavam-se nas pernas dos cavalos derrubando-os enquanto outras se enrolavam pelo corpo dos soldados e nem mesmo as pequenas asas permitiam voar, pois a copa das árvores estava tão densa que nem o céu era visto.
Quando Myrkur e Ghatha tocaram o solo, todas as pedras acima que haviam formado a escadaria, haviam voltado ao seu formato original e elas estivessem seguras e livres dos seus perseguidores. À distância, Liam olhou para aquele amontoado de pedras enormes de formato e tamanhos tão diferentes e olhou para Eira com admiração:
— Juro que a cada dia que passa você me surpreende com o que sabe fazer mo chroi.
— Eu mesma me surpreendo mo ghrá.
— É como se você fosse capaz de controlar tudo ao seu redor.
— Não sei se posso controlar tudo, como você diz, mas simplesmente sinto que, quando eu preciso fazer alguma coisa, eu consigo fazer, só não sei dizer como.
— Vamos descobrir um dia.
— Assim espero.
Com isso, Liam fez com que Myrkur retornasse a cavalgar seguindo pela margem do rio até que Ghatha encontrou uma espécie de abrigo no meio daquela floresta e, por ser seguro o bastante, elas passaram ali a primeira noite daquela jornada.
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