• Família Bakugou •
Meu Deus, peço perdão pela demora em atualizar essa fanfic. Eu não vi o tempo passar e também acabei ficando com bloqueio para escrever esse capítulo, mas finalmente consegui!
Nem sei se alguém ainda vai ler isso, mas desejo uma boa leitura a quem for!
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› Bakugou Katsuki ‹
• Segundo Sábado
Uma semana havia passado desde a primeira visita, os dias prosseguiram agitados para os dois delinquentes, que não perdiam a oportunidade de se meter em brigas acirradas, por vezes chegando a preocupar Kirishima. Insistente como é, Eijirou sempre consegue convencer os namorados a deixarem-no tratar seus ferimentos, o que é algo surpreendente vindo de Bakugou, já que o mesmo é orgulhoso o suficiente para recusar cuidados o tempo inteiro.
A energia positiva que rondava a mente de Eijirou desde a visita permaneceu e ele se sentia mais leve, como se tivesse tirado um grande peso das costas. Esconder algo de alguém, principalmente de pessoas que ele ama, como suas mães, não era algo possível para ele, então ter mostrado seus dois amados às suas progenitoras e contado a verdade sobre o que vinha ocorrendo na escola foi benéfico, libertador.
No entanto, a visita agora seria na casa de Katsuki. Optaram por realizar uma visita no almoço, pois Bakugou julgou como um horário mais apropriado, além de garantir mais tempo a ser passado na casa. Ao que tudo indicava, o loiro estava calmo quanto a visita, mas Mitsuki e Masaru conheciam bem seu filho para saberem que lá no fundo ele alimentava uma ansiedade absurda em relação a visita.
●●●
O sol do meio dia está intenso, e o calor que este emana cai sobre a dupla; Tetsutetsu e Kirishima. O suor escorria de suas faces, não só pelo calor intenso, como por conta do nervosismo que ficava cada vez mais evidente em ambas as faces.
Estavam na frente da casa dos Bakugou, chegaram juntos e ficaram aliviados por tal, mas a dificuldade veio quando houve a descoberta mútua de que nenhum estava afim de bater na porta, ansiosos demais com que reação poderia ser disposta à eles quando os pais do loiro vissem-os.
Eles ficam parados por minutos, longos minutos, apenas encarando a porta com a ansiedade os consumindo, inseguros de como a reação seria. As pessoas tendem a repudiar completamente relacionamentos poligâmicos e isso os assusta ao extremo.
Por fim, Kirishima respirou fundo, fechando o punho e tomando coragem, caso contrário, não sairiam dali. Não deveriam temer o que estava por vir, nem hesitar. Tinham que ser firmes, mesmo que o medo existisse, ceder a ele não era uma opção inteligente.
Portanto, ele apertou a campainha e aguardou ao lado do platinado, que o encarava com certa admiração estampada em seus olhos; foi uma atitude muito máscula, ao seu ver.
Os segundos que se sucedem são curtos até que alguém abra a porta, e quem o faz é uma mulher de cabelos loiros e orbes rubras, extremamente parecida com Katsuki. Eles a observam com certa curiosidade por conta da aparência que se iguala tanto a do namorado, mas logo tratam de dizer alguma coisa para que nenhum silêncio desconfortável tome o lugar.
— B-boa tarde senhora, nós somos os namorados do Katsuki. — Tetsutetsu é formal em suas palavras e sua voz falha em um primeiro momento, mas ele consegue informar tudo que deveria, vendo os olhos da mulher se arregalarem em surpresa. — Eu me chamo Tetsutetsu Tetsutetsu.
— Me chamo Kirishima Eijirou, é um prazer... — o ruivo diz, curvando-se educadamente e olhando para os olhos escarlates que transmitiram aquele sentimento de surpresa e descrença.
— Namorados? Os dois? — a mulher, enfim, pergunta, ainda transparecendo estar confusa e apenas vê os dois rapazes assentirem em silêncio.
Em seguida, ela não diz mais nada, parecendo estar pensativa, absorvendo a informação que acabara de receber, mas não tarda a abrir passagem e indicar, educadamente, para que eles entrassem na casa. Ambos, platinado e ruivo, o fazem, ainda mais temerosos com a reação estranha da mulher mais velha.
Quando a porta é fechada, a voz de Mitsuki se faz presente novamente, dessa vez, chamando por um certo loiro irritadiço que prontamente vai bufando até a entrada da casa, resmungando palavras de baixo calão pelo grito da progenitora.
— O que foi, caralho? — ele diz ao chegar, mas sua expressão emburrada suaviza de imediato ao olhar para os dois rapazes ao lado de sua progenitora; as expressões em suas faces não estão muito boas isso o deixa alarmado, imaginando se a mulher os disse algo e já se preparando para ser direto.
No entanto, Mitsuki é mais rápida em seu posicionamento.
— Dois namorados, Katsuki? — ela questiona e há um tom indecifrável em sua voz, nenhum deles sabe dizer que sentimento que a mulher expressa ao entoar assim, mas o pensamento de estar sendo julgado já chega à mente de Kirishima, fazendo-o se arrepender amargamente de ter tocado aquela campainha.
Tetsutetsu, que está ao seu lado, toca seu ombro com suavidade, sussurrando palavras calmas em seu ouvido para que ele não cedesse às suas próprias suposições logo de cara, almejando no fundo de seu ser que aquela não fosse a verdade também.
— Isso aí, velha. Surpresa? — o loiro declara, mantendo a calma em seu olhar, tentando desafiá-la mentalmente a dizer algo ofensivo para seus dois namorados em prol de seu próprio ponto de vista.
Todos aguardam a resposta com certa ansiedade, e já estavam quase aceitando de que seria negativa, mas a quebra de expectativa que vem a seguir, choca o trisal de uma forma absurda.
— Mas é claro! Agora esse dia só ficou melhor! — a mais velha proclama, sua voz expressando toda sua alegria com a confirmação do filho. — Meu Deus, mas como é possível duas pessoas que parecem tão amáveis aguentarem meu filho? — ela se vira para os dois recém chegados que permaneciam espantados com sua reação, totalmente incrédulos com a empolgação que a mulher esbanjava. — E já digo logo que é pra nunca mais me chamarem de senhora, viram? Me chame de Mitsuki, meus amores! — seu sorriso é notável pelos rapazes, que se vêem afetados diante de tanto positividade e sorriem em conjunto, concordando com o que ela propôs.
— Tem que me difamar mesmo, velha?! — o loiro se vê indignado com a forma que a Bakugou mais velha lhe descreve.
— É claro, olha a falta de respeito que você tem comigo, pirralho. — ela briga com ele, quase dando um tapa em sua cabeça pela ousadia, mas logo retorna a olhar para os dois genros, sorrindo. — O almoço já está na mesa, vamos.
E todos logo seguem a mulher. Kirishima e Tetsutetsu aliviados e felizes, Katsuki compartilhando do mesmo alívio, mas ainda bufando com raiva pela humilhação que passou na frente dos dois.
●●●
— Você já sabia? — Bakugou questiona indignado ao ter a informação de que seu progenitor já tinha conhecimento sobre o fato de ter dois namorados.
— Não exatamente, eu tinha ideia de que estava aprontando algo e já fiz minhas suposições. — ele responde polidamente, olhando para os dois convidados sentados ao lado do loiro — Vocês dois são bem parecidos, que interessante. — ele comenta enquanto ajeita os óculos e leva um garfo à carne em seu prato.
— Verdade, e o mais incrível de tudo é que é realmente uma coincidência... — Kirishima diz, rindo e colocando um pedaço de carne na boca, apreciando aquele gosto delicioso e suculento. Ele realmente ama carne.
Eles prolongaram esse assunto por mais algum tempo, com ambos namorados de Katsuki se dando muito bem com seus pais. A felicidade nos rostos de cada um é evidente e isso faz o peito do delinquente loiro aquecer de uma forma gostosa, quem o visse assim juraria estar delirando, mas era a realidade; quando se tratava dos dois amados, Bakugou tinha dificuldades para conter sua felicidade.
Mais conversas surgem entre seus progenitores e namorados, sobre gostos, passatempos, notas e outros assuntos. Katsuki se mantém em silêncio, apenas respondendo quando é chamado – na maioria das vezes, soltando resmungos com os comentários da mãe, que o constrangia na frente dos outros dois –, mas os olhos do loiro de fios espetados arregalaram ao ouvir um comentário de Masaru:
— Agora que eu pensei, vocês não contaram sobre como ficaram próximos do Katsuki. — a voz do maior é calma, ele se demonstra curioso com aquilo.
— Ah, verdade... — Tetsutetsu sente sua face começando a esquentar, ele leva uma mão à nuca e coça um pouco envergonhado, olhando discretamente para o loiro ao seu lado.
Katsuki está quase pegando fogo de tanta vergonha; ele lembrava de quando se aproximaram muito bem e adorava essa memória, mas a vergonha também era muito presente. Eijirou observa a troca de olhares risonho, sabendo exatamente sobre como foi a aproximação dos outros dois namorados, pois estes já lhe contaram.
Tetsu foi quem teve a ideia de tomar um pouco de coragem e contar como foi o tal dia. Não era nada demais, mas sabia que Katsuki ficava todo envergonhado pela forma boiola que agiu, então compartilhar aquilo com os pais dele não lhe parecia má ideia.
— Bem... eu posso contar, Kat? — mesmo tendo tomado aquela decisão, ele queria ter certeza de que não incomodaria o namorado de verdade, encarando-o nos olhos para ter certeza da verdade.
Bakugou o encara com o cenho franzido, as bochechas vermelhas pela vergonha que sentia de si mesmo, mas ao ver a expectativa nos olhos alheios ele não pôde resistir, acenando de forma positiva para o platinado e xingando-o mentalmente.
No próximo sábado ele certamente se vingaria.
Ainda com um brilho enorme em seu olhar, a face levemente corada e um sorriso de dentes pontiagudos tomando sua face, Tetsutetsu começa:
— Certo, então...
"Era uma tarde de quarta-feira, as aulas principais já haviam terminado e, no momento, apenas ocorriam aulas de reforço. Mas ambos, Katsuki e Tetsutetsu, ainda estavam na escola; não para aula de reforço – pois Bakugou alegava não precisar dessa futilidade e Tetsutetsu simplesmente tinha preguiça de ir –, mas sim porque previamente eles arranjaram confusão com um grupo de rapazes mais velhos que tentavam colocar medo nos alunos mais novos.
E, bem, ambos não gostaram muito da ideia e desafiaram os malditos do grupo, uma briga feia foi causada nos fundos da escola, tendo até mesmo plateia.
No fim, eles ganharam; os idiotas não tinham experiência nenhuma em brigar e achavam que, por estarem em maior número, teriam vantagem contra os dois. Katsuki e Tetsu saíram com alguns arranhões aqui e ali, mas nada que fosse tão preocupante, ao contrário dos garotos, que foram insistentes demais e acabaram se fodendo muito.
Não demorou muito até alguns professores começarem a chegar para intervir na situação.
E o que a dupla fez? Obviamente, eles fugiram dos adultos, não querendo lidar com nenhuma punição no momento e foram para o esconderijo que tinham; o terraço. A porta geralmente ficava trancada, mas Katsuki tinha seus meios para abri-la, portanto, sentaram no chão gelado ofegantes depois de tanta correria, rindo um pouco da briga que ganharam de lavada.
— Cara, eles conseguiram ser mais burros que você, ferroso de merda. — Bakugou comenta, deitando-se no chão e relembrando os movimentos amadores que os idiotas realizavam durante a luta.
— Ei, eu não sou burro! — o platinado demonstra-se ofendido, apesar de saber que é brincadeira, mas decide implicar um pouco com o loiro, cruzando os braços e resmungando.
— Porra, não leva a sério, idiota. — ele se levanta. — O jeito que você é burro é diferente...
— Diferente como?
— Diferente a ponto de eu gostar. — ele deixa escapar.
E Bakugou só percebe o quão estranha sua fala soa quando olha para a face corada do platinado.
— Você gosta, é?
Katsuki engole em seco, já começando a sentir sua face esquentando por ter exposto um pouco de seus verdadeiros sentimentos. Não queria arriscar perder alguém tão compreensivo e divertido como Tetsutetsu por aquilo.
— É, é... como amigos, sabe?
— Ué, era pra ter outro sentido? — a pergunta certeira faz o loiro gelar. Puta merda, talvez ele tivesse se entregado agora. Ele não conseguiu responder essa última pergunta, já pensando em como poderia se explicar. — Katsuki?
Silêncio, apenas isso que perdura no local.
A expressão do prateado começa a ficar ruim; uma preocupação perdura nela pela falta de resposta.
— Ei, cara-
— Foi mal.
É a única coisa que diz para logo depois virar sua face para o lado.
— Pelo que? Cara, eu não tô entenden-
— Talvez eu não goste de você só como amigo.
Tetsutetsu arqueia as sobrancelhas, ficando com os olhos arregalados diante da informação nova. Ele percebe o rubor queimando a face de Katsuki e isso é simplesmente tão... fofo. Por quê?
Ele não tinha se tocado até o exato momento de que sentia o mesmo por Bakugou. Foi como se tudo se encaixasse agora, a sensação gostosa que sentia no peito ao ver os sorrisos de Katsuki, as palavras "sexy" invadindo sua mente ao ver o loiro lutando com toda sua vontade, sendo másculo ao extremo... puta merda.
— Tá.
É isso que ele consegue dizer diante daquela resposta reveladora, mas isto faz Katsuki ficar um pouco indignado ao ponto de virar a face novamente para o lado apenas para questionar o que aquilo significava.
— "Tá" o que, caralh-
E quando ele percebe, seus lábios estão contra os do prateado, que pegou-o de surpresa com um beijo inexperiente, mas cheio de vontade. Ele acaba deixando que as confusões acerca daquele ósculo se dissipassem, deixando-se levar e retribuindo na mesma intensidade. Não há muita harmonia no beijo por ser algo novo aos dois, mas era bom e confortável.
Quando ambos separam seus lábios, ofegantes e em busca de oxigênio, Katsuki olha profundamente naquelas íris cinzentas, ainda confuso se havia sido retribuído ou não.
No entanto, ao ver o sorriso recheado de alegria que tomou a face alheia, ele teve certeza de que aquilo foi uma prova de que os sentimentos eram recíprocos."
— Foi o Katsuki que admitiu primeiro? — Mitsuki questiona, um tanto quanto surpresa e indignada com a atitude do filho. — Pirralho, é você mesmo?
— Sou eu sim, velha de merda. — ele rosna, cruzando os braços e virando a cara toda vermelha.
Eijirou, Tetsutetsu e Masaru riem da interação, o mais velho dos três também comentando sobre o fato daquilo ser surpreendente vindo de Bakugou. O platinado um pouco constrangido pela exposição que teve na história que contou, mas orgulhoso com ela. Era memorável e o deixava muito feliz lembrar daquele momento.
Mais alguns comentários são feitos sobre a história que acabou de ser contada até que a loira parece se lembrar de algo e encara Eijirou.
— E você, meu anjo, como foi que descobriu gostar desse moleque demoníaco aqui? — ela aponta para o loiro que bufa frustrado e já começa a se envergonhar novamente; ambas histórias tinham algo que estraga sua imagem de "valentão", isso era inevitável.
— Ah, bem, se o Suki não se importar, eu posso contar...
— Ele que lute, eu tô curiosa demais para saber como mais uma pessoa conseguiu domar essa fera, então pode contar, tá bem? — ela sorri de forma angelical para o ruivo, apenas no aguardo de suas palavras.
— Tsc, minha dignidade já foi pro ralo mesmo, não tem problema contar, cabelo de merda. — ele ignora a progenitora e comunica ao rapaz de fios rubros, sorrindo um pouco pelo que planejava. — Mas vai ter volta, se prepare.
— Que dignidade? — a Bakugou mais velha provoca.
— Começa, cabelo de merda.
Mitsuki começa a rir do desvio de assunto, sendo acompanhada por Kirishima, que logo dá início a história.
"Era de manhã, horário de aula – que eram extremamente chatas, por sinal. –, Tetsutetsu e Kirishima estavam quase sendo abatidos pelo sono por conta da voz do professor, que certamente faria muito sucesso caso fizesse vídeos de ASMR. Enquanto isso, Bakugou estava atento a aula, ao mesmo tempo em que parecia furioso com algo; a forma grosseira que escrevia as coisas no caderno deixava isso evidente e atraia olhares de medo dos demais estudantes.
Kirishima e Tetsu, apesar de estarem quase dormindo, também perceberam essa aura irritada que o rapaz transmitia e não deixaram de se preocupar.
Quando o intervalo chega, o loiro começa a se levantar de forma apressada, mas é parado pela dupla; Tetsu sendo aquele que mais perguntava as coisas.
— Kat, você tá bem?
Aquele apelido combinava muito com os dois aos olhos de Kirishima. Quando passou a andar com eles, percebeu que eles tinham uma intimidade... invejável. Se sentia mal pela inveja a qual era submetido, mas seus desejos eram inegáveis, apesar de impossíveis – ou quase.
— Tô ótimo. — ele fala de forma mais seca e bufa irritado, resmungando algo inaudível.
— Vamos, me conta, vai. — o prateado entoa enquanto começa a passar seu braço ao redor da cintura de Katsuki.
Kirishima ficou um pouco desconfortável, mas nada que se sentisse no direito de reclamar. Os dois provavelmente namoravam... idai? Nada que fosse da sua conta...
— Sai, ferroso. — ele rosna, se desfazendo do contato irritado, vendo a expressão magoada do platinado e se sentindo mal, murmurando um pedido de desculpas baixo e começando a andar rápido para algum lugar.
Tetsu e Kirishima ficam confusos o observando se afastar. O platinado está tristonho com a recusa e Eijirou se sente mal por ele, pelos dois na verdade, tanto que o ruivo solta um suspiro e decide tomar uma decisão.
— Deve ser só um dia difícil, vou tentar conversar com ele, apesar de eu ter um pouco de medo...
— Medo? Ah, cara, o Kat jamais te machucaria, não precisa ter medo. — o platinado lhe assegura, colocando uma mão em seu ombro.
— Eu espero que sim. — o ruivo ri, querendo confiar nas palavras do platinado. — Se eu descobrir o que aconteceu, eu te falo.
— Boa sorte, ele geralmente não conta pra ninguém... — Tetsu diz, ainda triste por ter sido recusado, como se o loiro não confiasse em si o suficiente.
E Kirishima estava indo lá, perguntar ao cara com quem andava namorando – ele imaginava – o que estava acontecendo.
...
Eijirou chega no último lugar que imaginava que Katsuki poderia estar: o terraço. O intervalo já havia acabado e a essa altura, esse era o último lugar que o loiro poderia estar, visto que ele não apareceu pela sala e nem estava no refeitório, pátio, biblioteca ou qualquer outro lugar da escola.
Sabia que ali era um lugar para onde o loiro fugia quando queria ficar sozinho, então já imaginou que seria difícil convencê-lo a abrir a porta; apesar dele necessitar disso rápido, já que alguns monitores já rondavam os corredores checando se havia algum aluno fora de sala.
Sentiu um alívio percorrer seu corpo ao tentar abrir a porta do terraço e notar estar destrancada, olhando para o lado e já avistando o loiro sentado no chão, com as pernas cruzadas e uma cara emburrada que tornou-se surpresa ao ver o ruivo ali. Eijirou engole em seco com aquele olhar penetrante sobre ele, querendo não pensar que o delinquente poderia se irritar por ter sua paz perturbada, andando hesitante e se sentando ao lado deste, cruzando os dedos enquanto imaginava alguma pergunta.
— Ei Bakugou... — ele chama pelo loiro, sua voz quase falhando com a encarada que recebeu, indicando-o para prosseguir. — A aula já começou...
— ʼTô pouco me fodendo ʼpra aula.
A rispidez do ruivo fez Eijirou estremecer; não queria irritá-lo.
— O Tetsu ʼtá preocupado...
— E? — tentou parecer indiferente.
— Ele não é seu namorado? Não acha que deveria conversar com ele, já que são próximos? Talvez você se sinta melhor e...
— Tsc, cala boca, cabelo de merda.
Kirishima engoliu suas palavras ao ser interrompido, franzindo o cenho com o apelido maldoso e arrumando os próprios fios, como se quisesse fazê-los parecerem melhores. Geralmente tinha vergonha de seu próprio cabelo, por ser meio longo – mesmo que ele goste assim.
Bakugou se mantém atento à cena que causou, mordendo os lábios e sentindo certo peso no peito; ambos passavam algum tempo juntos e o loiro vinha percebendo que Eijirou não gostava quando sua aparência era mencionada, principalmente de forma negativa.
Um pequeno silêncio toma aquele lugar, apenas o barulho dos ventos sendo ouvido pela dupla, ambos sentados no chão amargurados, mas Katsuki logo decide dar um fim naquilo; talvez ser rude demais não houvesse sido melhor opção, e ao menos naquele momento, ele se dispôs a voltar atrás.
— Foi mal. — ele tem dificuldade em admitir, mas no fim, consegue soltar as palavras que pareciam ter ficado presas em sua língua.
Eijirou se surpreende, arqueando as sobrancelhas e dando uma boa olhada naquelas feições, constatando que não havia um pingo de brincadeira nas palavras do loiro. Um sorriso despreocupado aparece em seus lábios e ele não tarda a responder:
— Tudo bem, eu não deveria ficar me intrometendo assim...
— Não, você ʼtá certo... tsc, não acredito que ʼtô falando isso.
Eijirou ri de seus resmungos, se sentindo mais relaxado..
— Mas o Ferroso não precisa lidar com os meus problemas também. Foi só uma briguinha besta que eu tive com minha velha...
— Não parece tão besta assim. — Kirishima pontua — Digo, estamos aqui, matando aula porque você ʼtá irritado, então...
— ʼTá, pode parar de jogar na cara — um sorriso faceiro surge nos lábios alheios.
— Pode falar disso comigo, se quiser. — o ruivo propõe. — Você me ajudou naquele dia onde eu estava, sabe... em uma situação não muito boa, então eu gostaria de devolver o favor.
E com aquela oportunidade surgindo para o loiro, ele ponderou, planejando muito recusar aquela ajuda, olhando para aquelas orbes rubis tão lindas e hipnotizantes... aquele "popularzinho" estúpido era bondoso demais. Sentia repulsa, agora, de si mesmo ao pensar que o odiava apenas por chamar atenção.
Seus pensamentos ficaram rondando aquele mesmo assunto com frequência, a perceptível mudanças de sentimentos ao longo do tempo em que passou com o ruivo tornavam-se ainda mais evidentes... mas aquilo era problemático, afinal, Bakugou já amava alguém... seria errado caso amasse duas ao mesmo tempo, não é?
— Tsc, como eu fui começar a gostar de você também? — ele pensou alto e apenas ao ouvir sua própria voz, percebeu o que falou, tampando a boca como se fosse adiantar algo e olhando em pânico para Kirishima.
— Você o que...?
— Merda.
— Bakugou...
— Merda...
— Me responde, Bakugou, eu ouvi isso certo...?
Sem conter seus impulsos, o loiro puxou o mais novo para um beijo apressado, como se buscasse por uma confirmação de reciprocidade. E tinha, o ruivo correspondeu ao maldito beijo.
O que aquilo significava?
— Acho que isso é errado... — Kirishima comentou em um tom triste após eles se separarem.
— É errado pra caralho. — Katsuki afirmou, amargurado. — Foi mal, agi por impulso... eu vou falar com o Ferroso sobre isso, não vou ser filho da puta assim...
Kirishima sorri, meio triste, sabendo agora do que se tratavam os sentimentos que vinham surgindo acerca daqueles dois... puta merda, eles eram iguais para os dois e não apenas em relação a Katsuki...
— Não precisa me contar, eu vi. — eles ouvem a voz do prateado soar no lugar, a porta sendo fechada logo depois.
Katsuki sentiu seu coração acelerar em níveis absurdos, o pânico se instaurando em seu peito com a presença justamente da pessoa que acidentalmente traiu ali. Bem, ele iria contar de qualquer forma, mas iria se preparar mentalmente antes... mas agora... puta merda, estava acabado.
— T-Tetsu? — Eijirou chama, arregalando os olhos — Eu...
— Calma, Eiji, que medo é esse? Parece até que viu uma assombração. — ele ri, despreocupado, se aproximando do loiro e se agachando em sua frente. — Kat...
— Pode fazer que merda quiser comigo, eu mereço. — ele já diz, se sentindo nojento pelo ato impulsivo.
Ambos, platinado e ruivo, ficam apreensivos com as palavras do outro delinquente. Tetsutetsu respira fundo, levando uma mão até o queixo do namorado e o erguendo para olhar nos olhos dele. As lágrimas que ele continha eram quase imperceptíveis, mas estavam lá; Bakugou se sentia nojento e desprezível.
— Kat, tá tudo bem!
— Eu acabei de beijar outro cara na sua frente, como caralhos isso é "bem"?
— Sobre isso... eu me senti um pouco mal com isso, mas eu confio em você e sei o quanto é impulsivo, Kat. — ele responde o loiro e sorri confiante, beijando a nuca de Bakugou de forma atrevida, querendo tirar aquela feição séria dele. — E talvez eu também... quero perguntar algo ʼpro Eiji...
— O quê? — o ruivo questiona ao ouvir seu nome, ele observava a cena com um misto de felicidade e... inveja, talvez.
— Você gosta de algum de nós?
Eijirou engole em seco, o chão agora parecendo extremamente interessante.
— Diz, por favor...
No fim, ele respira fundo e decide que vai contar, por mais inacreditável que fosse parecer.
— Sei que é estranho, mas eu... gosto dos dois. — sussurrou, envergonhado.
— Problema resolvido, então! — o platinado parece suspirar aliviado, enquanto puxa o ruivo para um abraço junto ao namorado — Eu meio que... também gosto de você mais do que deveria, assim como gosto do Kat. — admitiu um pouco envergonhado.
Ambos só entenderam momentos depois, quando a fixa caiu e logo tomaram um tempo para decidir o que fariam com aquela situação, acabando por entrarem em um consenso: talvez devessem começar um relacionamento a três."
— Pirralho tá impulsivo demais pro meu gosto. — Mistuki comenta, olhando para o loiro com certa desaprovação, vendo-o revirar os olhos e gritar.
— Foda-se velha, deu tudo certo no final, isso que importa. — ele vira a cara, planejando ignorar os próximos comentários da mãe.
— Deu certo porque seus dois namorados são perfeitos, isso sim.
Os três mais calmos da mesa riem da interação acerca da história que foi contada, Kirishima e Tetsutetsu agradecendo pelo elogio que fora feito a eles e Masaru pedindo para que a esposa não atormentasse tanto o filho assim. O clima estava bom e todos já haviam terminado de comer.
Mais comentários são feitos sobre a história, o que gera várias risadas e broncas de Mitsuki ao Katsuki. Os assuntos fluem novamente enquanto a mulher loira está conversando com os dois namorados de Katsuki com o loiro ao lado.
— Ah, me lembrei de algo! — a progenitora do loiro diz, uma expressão surpresa estampada em sua face. Ela logo sorri faceira com a ideia que passa sua mente e risinhos são ouvidos. Bakugou já tem ideia do que se trata e já se declara fortemente contra a ideia. — Pirralho, meus futuros genros têm o direito de conhecer o namorado dele por completo, não acha? Agora me sigam para ver que esse garoto raivoso também já foi uma criança inocente e feliz.
— Vai se foder, velha...
— Me respeita, moleque, senão vai apanhar de cinto na frente dos teus machos. Não quer isso, né?
Katsuki resmunga enfurecido pela ameaça, cruzando os braços e deixando eles prosseguirem. Seria humilhante? Seria, obviamente, mas agora já era tarde.
Ele acompanha a progenitora, junto dos dois rapazes que pareciam estar rindo até agora da situação anterior e resmunga ao longo do caminho até seu quarto.
Quando entram no cômodo, platinado e ruivo se surpreendem com as action figures de um certo herói de quadrinhos – All Might – na estante ao lado da cama, olhando para Katsuki e vendo-o queimar de vergonha, como se aquilo fosse algo extremamente humilhante. Mitsuki ri com essa vergonha toda por algo tão bobo e bagunça os fios loiros, vendo os outros dois explorarem o quarto animados de certa forma, lembrando-se de algo importante e pegando seu celular.
— Querem vê-lo fantasiado de All Might? Ele era uma gracinha! Nem parece que se tornou isso aí. — ela aponta para o filho, provocando-o e recebendo um olhar enfurecido como resposta. A dupla acena positivamente de uma forma animada, ansiosos para ver seu namorado quando era pequeno — Certo, anjos, vou buscar o álbum de fotos para vocês verem esse idiota quando ainda era fofo e depois eu procuro pelos vídeos! — a mulher declara animada e vai novamente até seu quarto, entregando três álbuns cheios de fotos para os dois.
Katsuki ficou de braços cruzados, resmungando pela ousadia de sua velha em lhe envergonhar, ainda mais com os namorados concordando com tudo isso, sorridentes.
Bem, se eles estavam felizes vendo-o quando era um moleque, não seria tão ruim assim...
●●●
E lá estavam os três sentados no sofá, um do lado do outro. Katsuki tentava parecer indiferente enquanto os outros dois viam cada foto que continha naquele álbum, fazendo comentários acerca do quão fofo Bakugou era quando criança, principalmente quando usava aquela fantasia. A pior parte já havia passado; Mitsuki mostrou um vídeo de quando ele orgulhosamente usava a maldita fantasia, imaginando ser um herói. Isso foi o cúmulo da vergonha para o loiro e este ficou quieto, sentindo sua face toda queimar; era humilhante de certa forma, mas os sorrisos nas faces de ambos namorados conseguiam ficar acima de tudo isso e era o que importava.
— Não tem nada para se envergonhar aqui, Kat, você era adorável e isso é um fato. — Tetsutetsu explica e passa um braço ao redor da cintura de Bakugou, puxando-o para mais perto. O sorriso contente perdurando em seus lábios.
— Pois é, Suki. Parecia até um anjinho... — Eijirou elogia, não conseguindo conter seu sorriso ao ver mais fotos. Seus olhos brilhavam com certo ânimo.
— Tsc, parem, seus idiotas... — quanto mais eles o elogiavam, mais ele sentia a vergonha o tomando, suas bochechas adquirindo um tom mais avermelhado e o sorriso tendo de ser contido em seus lábios enquanto ele busca a esconder seu rosto no ombro de Tetsu, que começava a rir da situação.
Mais algumas horas passaram depois desse momento, onde Kirishima e Tetsutetsu aproveitaram para conversar bastante com os pais do loiro. Não demorou muito para que o trisal subisse até o quarto de Katsuki; os dois mais curiosos observando o lugar uma outra vez com certa admiração por estar tão arrumado. Não esperavam um quarto tão impecável do loiro, mas foi uma característica que gostaram de descobrir sobre seu namorado.
Inicialmente, ambos platinado e ruivo iriam embora no meio da tarde, mas acabaram por irem mais tarde, querendo aproveitar o máximo possível na casa do namorado.
Eijirou e Tetsutetsu estavam felizes em serem aceitos pelos progenitores do loiro e Katsuki também estava agradecido por nenhum escândalo ter vindo, principalmente por parte de sua mãe, pois ele defenderia seus namorados sem nem pensar duas vezes.
No fim, a visita foi benéfica ao ruivo e deu-lhe mais confiança sobre aceitação. Ao platinado, o deixou um pouco apreensivo, pois seu pai sequer sabia que ele namorava homens, quanto mais dois deles, imaginando que seria melhor se não houvesse uma visita e ficando indeciso. Para Katsuki, foi vergonhoso e certamente gostaria de se enterrar no chão durante aqueles vídeos humilhantes seus, mas mostrar um pouco de seu passado aos amados não foi realmente uma má ideia.
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Bem, espero que apesar da demora, o capítulo esteja bom. Tentarei trazer o próximo logo, mas como sempre, não prometo nada.
Obrigado a todos que leram e pela paciência que tiveram aguardando essa fic atualizar! ^^
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