Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

ALVORECER ❅03❅

As botas de Jin tocaram o interior do fliperama. Ele trouxe mais um casaco sobre os ombros e admirou a paisagem. Branco. Estava nevando novamente, estalactites à luz do luar pendiam dos galhos dos abetos. 

O inverno de Reverie durava o ano inteiro. Não havia vivalma à vista. O que ele fazia ali?

Passava pouco das dez da noite. Ele tinha chegado ao fliperama pois não havia conseguido dormir. Andara sobre a neve em meio a uma névoa de irritação, as pernas guiadas por uma força misteriosa. Flagrou-se cantarolando uma canção natalina antiga. Talvez tenha voltado ali porque sabia que teria a companhia de Taehyung para jogar conversa fora. Mas nem seu amigo estava por perto.

Agora, ele estava sozinho. E ansioso pelo Baile da noite seguinte. 

Maldita hora que decidiu seguir as ideias de Taehyung, porque agora a ansiedade estava lhe corroendo.

Ele correu os olhos pelo fliperama. Aquele lugar era sua vida, nostálgico e repleto de memórias de sua infância, mas seu início como dono oficial fora empolgante de certa forma. O resplendor de ter acabado de atingir a maioridade nunca fora tão intenso, levando em consideração que suas responsabilidades vinham antes disso.

Agora estava vazio, mas continuava repleto da energia das pessoas que ali frequentavam todos os dias. Aquilo o fazia ansiar por novas tentativas todas as manhãs. 

Começou a cantarolar novamente. Uma canção que sua mãe lhe ensinara, e mesmo depois de tanto tempo ele se lembrava. 

— Dessa vez você vai perder — disse uma voz desconhecida. 

Jin virou-se. Notou um movimento nos sinos da porta e aproximou-se para espiar pela janela. Lá fora, dois rapazes brincavam de guerra de bolas de neve, mirando um contra o outro.

Os dois riram e caminharam em direção ao fliperama. Jin ajeitou o casaco e deslizou os dedos pelo cabelo, e tentando não parecer tão desanimado ensaiou um sorriso.

Os dois abriram a porta e retiraram os casacos pesados.

— Boa noite. — O rapaz mais baixo disse, sorridente.

— Oi — disse Jin, estendendo as mãos para pegar os casacos. 

O rapaz de cabelos pretos e cachecol vermelho inclinou a cabeça. 

— Está aberto? Podemos voltar amanhã. 

Ya! Está sim — disse o outro rapaz, livrando-se das luvas. — Não viu a placa? — Apontou em direção a porta.

O rapaz mais alto revirou os olhos.

— Quatro fichas, por favor — pediu ele.

Jin assentiu e foi em direção ao caixa. O rapaz havia posto uma nota de cinco pratas sobre o balcão e Jin contou as moedas para devolver-lhe o troco. Assim que entregou as fichas, os dois dispararam em direção a uma máquina de jogos. 

Não deu tempo de curtir a disputa porque Taehyung chegou; barulhento e risonho. 

— Que coincidência você por aqui — disse Jin.

— Ah, é? — perguntou Taehyung. — Eu trouxe taquitos — disse ele, atirando um pacotinho embrulhado em papel alumínio para ele. — Lembra-se de quando eu fiquei louco por um food truck que vendia tacos? Eu chegava a sonhar com eles. — Ele abriu o próprio embrulho e devorou o taquito em duas mordidas. — Muito bom. — Seus olhos foram atraídos pelas risadas dos dois rapazes no canto. — Quem são?

Jin deu de ombros.

— Eu não sei.

— Nossa. E você está mal humorado desse jeito por quê? — questionou Taehyung, depois assentiu. — Bem, acho que isso vai ajudá-lo.

Jin sempre odiara o modo com que Taehyung sempre tentava arranjar uma solução para tudo. Porém, quando o amigo não o fazia, ele sentia falta.

Taehyung tirou dos bolsos dois convites para o baile e os colocou sobre o balcão. 

— Nossa, me ajudou muito... — murmurou Jin, observando as letras cursivas que formavam o nome da cidade. — Só vou porque já comprei o smoking.

— É o suficiente para mim. — Taehyung pegou o taquito que Jin não comera e o devorou. — Tipo, nós vamos e se você não estiver confortável nós voltamos para casa.

Jin olhou novamente para os dois rapazes que continuavam numa disputa acirrada.

— Talvez eu possa suportar uma noite. 

— Todos nós merecemos um pouco de diversão. Eu sei que você odeia sair da sua zona de conforto, mas é só uma noite. — disse Taehyung. — Você precisa relaxar.

— Ah, essa é boa. — Jin massageou a nuca. — Eu tenho sofrido de insônia e isso tira todo o meu ânimo. 

— Isso é estresse, você pode superar — argumentou Taehyung. — E o baile vai ter várias garotas, pode ser que seja disso que você precisa. 

As palavras de Taehyung fizeram Jin sorrir.

— Tipo aquela no brechó? — indagou Jin.

Taehyung riu. Um farfalhar de botões e risadas preencheu o fliperama e então os dois rapazes aproximaram-se de Jin. 

— Obrigado por isso, cara — disse o rapaz mais alto. Os olhos escuros estavam brilhantes e ele sempre os voltava para Jin. — Isso aqui é legal.

— Obrigado — disse Jin, forçando um sorriso. — Podem vir sempre, se quiserem. 

— Pode apostar — disse o outro, dando uma risada. Ele tinha as bochechas coradas e os lábios cheios de uma coloração vermelha, usava um belo par de sapatos pretos e gorro de lã cinza que combinava com a cor de seus cabelos. — Boa noite e até breve.

Taehyung acenou para os rapazes e abriu a porta para que eles pudessem sair. Depois, desembrulhou um segundo taquito.

— Não acha que deveríamos ir para  casa também?

— É, eu não vou ter mais clientes por hoje, não é mesmo? — disparou Jin. — Você pode passar a noite na minha casa, se quiser. — Ele viu Taehyung sorrir e fazer uma dancinha. — Você já pode parar de fazer isso.

Buzinas dispararam e pneus guincharam quando Jin e Taehyung atravessaram a rua em passos apressados sem olhar para os lados, como sempre diziam um ao outro para não fazer. Observaram o ônibus se afastando, depois caminharam os três quilômetros até a casa de Jin, os casacos pesados quase tocando a neve. Caminharam apressados pela estrada de abetos, de onde viam o monte Glória, e foi o suficiente para Taehyung reclamar de cansaço. 

— Vamos com calma — pediu ele, apoiando-se contra o ombro de Jin. — Eu estou cansado.

Jin balançou a cabeça. 

— Sabe que essa estrada é perigosa, V — avisou Jin, agarrando a manga do casaco do amigo para que ele andasse mais rápido. 

Taehyung arregalou os olhos.

— O quê?! — gritou. — Por quê? O que tem aqui? — Taehyung olhou assustado para ambos os lados da rua e grunhiu ao ver somente abetos e neve. — Meu pai dizia que Krampus se escondia entre as árvores. Será que é verdade?

Jin riu.

— Sempre achei que ele viesse nas semanas que antecedem o Natal  — disse Jin, chutando um amontoado de neve. — E que espécie de pai diz isso para o próprio filho?

Taehyung torceu os lábios e se encolheu quando um ruído veio das árvores. 

— Ele dizia que Krampus levava de Reverie os garotos maus — disse ele, abraçando o próprio corpo ao sentir uma brisa gelada. — Jin-hyung, eu sou um bom garoto.

Jin ergueu somente uma sobrancelha. A lenda de Krampus era muito comum em Reverie, alguns o temiam e outros o cultuavam. Jin não entendia muito bem, mas se ele realmente existisse e levasse de Reverie as crianças más, por que ele fora um garoto tão bom quando pequeno?

Ele gostava de imaginar o vasto mundo grandioso que existia além dali. Gostava de imaginar que um dia viveria livre de toda aquela neve.

— É apenas um mito — disse Jin, rindo da expressão assustada de Taehyung —, ele não existe.

Taehyung assentiu, embora seu olhar continuasse apavorado.

Os dois caminharam por mais um tempo em silêncio, passando pelo hotel da cidade que não recebia visitantes e pelo pequeno café que servia — na maioria das vezes —, leite vencido. Depois, chegaram aos trilhos do trem e finalmente à rua que levava direto à casa de Jin.

Taehyung cantarolou alguma coisa, puxou o gorro até as orelhas para protegê-las e correu para andar sobre os trilhos.

— Será que o trem está vindo? — perguntou, olhando para as duas direções. Taehyung se ajoelhou e inclinou o corpo para baixo, aproximando a orelha direita dos trilhos para que pudesse ouvi-lo se movimentando. — Você pega um trem que vai te levar para longe mas você não tem certeza para onde vai. — murmurou, fechando os olhos. — Eu sonho em sair de Reverie.

Jin suspirou.

— Eu também — revelou ele —, todos os dias.

— Será que existe um lugar onde não tenha tanta neve? — Taehyung quis saber. Ele limpou a neve de suas calças e de seu casaco. — Será que é tão longe daqui?

— Eu não sei, V — disse Jin com um suspiro. — Agora vamos, está tarde demais para ficar perambulando por aí.

Pela estrada, cantarolando uma canção natalina, os dois riram alto. Taehyung era bom com canções e tinha uma belíssima voz e Jin sempre sabia onde encaixar seus melismas com perfeição, de modo que ficasse sintonizado com a tonalidade vocal de seu amigo. Os dois cantavam para afastar os males da alma.

Jin preferia pensar que cantar era como gritar para fora os seus sentimentos, seus medos e desejos de forma melodiosa e agradável. E mesmo que só fizesse isso como passatempo em karaokês não podia negar o alívio que sentia em seu ser.

Poucos metros do portão de sua casa, um ruído chamou-lhes a atenção. Taehyung se escondeu atrás de Jin e espiava as árvores por cima do ombro do amigo.

— Será que é o Krampus? — sussurrou Taehyung. 

Jin balançou a cabeça e continuou com os olhos fixos na direção de onde vinha o ruído. Um farfalhar alto de folhas fez seu coração disparar e então, algo se moveu para fora.

Uma raposa. Um animal comum em Reverie. Os dois rapazes suspiraram aliviados. 

— Ufa! Não foi dessa vez, Krampus — disse Taehyung, erguendo os polegares para a raposa. — Ela é tão fofa.

A raposa mostrou-lhe os dentes e agiu de maneira hostil, um comportamento incomum já que em sua maioria elas costumavam ser tranquilas e até mesmo dóceis. 

— Ela deve estar mau humorada — disse Jin, vendo como a raposa parecia agressiva com eles. — Vamos entrar logo.

Lá dentro, Jin livrou-se de seus casacos e de suas botas. Desabou no sofá e fechou os olhos, desejando desaparecer. Taehyung sentou ao seu lado e suspirou alto, como se quisesse alguma coisa.

— Estou com fome — anunciou, batucando os dedos no joelho.

Jin soltou uma gargalhada. Os dois permaneceram sentados um ao lado do outro por tempo suficiente para que o tédio começasse a bater. Vasculharam a geladeira em busca de qualquer coisa para comer, beberam vinho em frente a lareira que Taehyung havia insistido em acender, alegando estar morrendo de frio.

Talvez, pelo efeito do vinho os dois estavam com as bochechas coradas e sentindo-se um pouco mais aquecidos. Era uma sensação boa descobrir que nem tudo é desagradável e gelado, e que há possibilidade de se sentir quente e aconchegado. 

Jin queria que aquele calor em seu corpo durasse para sempre. Mas o para sempre para quem viveu a vida toda sob a neve, parecia algo terrivelmente assustador, porém instigante. Se pudesse escolher como seriam os últimos dias de sua vida, com toda certeza seria em qualquer lugar longe de Reverie.

E que fosse quente. Porque era disso que ele precisava; calor. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro