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Capítulo II - A Estalagem

25 de dezembro de 1808
Toledo, Espanha

A luz da vela na mesa da taverna bruxuleava sobre os pratos de Luna e Santiago. O pão e a sopa estavam quentes e o copo de sangria fazia ambos descerem bem. Neste Natal, não haveria o leitão doado pelos fazendeiros do entorno do monastério. Não haveria vinho da adega da igreja para os aquecer. Não haveria a benção do Padre Gómez, nem o doce turrón feito pelas noviças. Neste Natal, só haveria esses pequenos agrados, conseguidos graças à boa vontade do dono da taverna, e a sombra das recordações do passado, tanto de vida quanto de morte.

Fazia poucos dias desde a fuga do monastério, contudo, enquanto comiam em silêncio, parecia que meses os separavam daquela assustadora noite.

Santiago havia arranjado um emprego na taverna, ajudando na cozinha e servindo mesas em troca de um quarto na estalagem que ficava no andar superior, ao passo que Luna cuidava dos feridos que chegavam diariamente ao hospital de campanha, que havia sido montado a três quilômetros dali. Também conseguiram algumas roupas, ofertadas por caridosos voluntários que ajudavam no hospital.

Os franceses não haviam retornado. Tinham avançado, obstinados, no seu propósito de conquista e abandonaram a cidade, assim como os corpos mortos, mutilados e estuprados de seus cidadãos.

Por mais que ainda se sentisse diariamente desolada em ver o rastro de destruição das tropas francesas e de sede de vingança dos espanhóis, era reconfortante observar como o povo tinha a capacidade de se unir em um momento tão difícil. Eles se ajudavam, cada um ofertando sua melhor habilidade; todos em prol de reerguer o local que chamavam de lar.

Lar. A palavra fez Luna pensar na casa que tinha ficado no fundo da sua memória. O local de onde seu pai a arrancara e onde ele dissera que ela não era mais bem-vinda. "Deus saberá te educar. Eu lavo as minhas mãos e te entrego às d'Ele", essa foi a última coisa que ele falou antes de empurrá-la para fora da carroça e entregá-la aos cuidados do Padre Gómez e das freiras no monastério.

Depois do ataque francês, Luna pensou em ir com Santiago para lá; no entanto, se buscavam abrigo, aquele não seria o lugar mais indicado. De todos os sentimentos que associava àquela casa, segurança nunca fora um deles.

Ela encarou Santiago, percebendo que não falavam há alguns minutos. O pedaço de pão que ele segurava dentro do prato da sopa estava encharcado, com o líquido já tocando os seus dedos, todavia ele parecia perdido em pensamento.

— Você não está com fome?

Santiago levantou a cabeça como se despertasse de um sonho. Seus lábios se curvaram em um sorriso sem dentes que não alcançou seus olhos.

— Desculpe-me, estava distraído.

Ele levou o pão até a boca e engoliu quase sem mastigar. Depois arrastou o prato para Luna.

— Acho que estou cansado demais para comer.

Luna já estava terminando seu prato e aceitou a oferta dele. Realmente parecia cansado e ela desejava poder fazer algo para que ele se sentisse melhor.

— Sinto que devemos ser gratos mesmo em meio a essa guerra. É Natal e estamos vivos, juntos e seguros. Sei que a situação ainda não é a ideal, mas eu não consigo pensar em mais ninguém com quem quisesse estar nesta noite.

O sorriso seguinte de Santiago foi sincero. Ele arrastou a mão sobre a de Luna e deu um leve aperto.

— Nunca consegui comemorar um Natal, Luna. Minha enfermidade não me permitia. Estar aqui ao seu lado, sem a sentença de morte que caía sobre a minha cabeça, é sem dúvida motivo para celebração.

Ela comeu em silêncio enquanto ele a observava sem soltar a sua mão. Por uma noite, se permitiram a calma que havia nos seus gestos, a paz que queria entrar nos seus corações. Não tinham um plano para o futuro, entretanto tinham um ao outro e, naquela noite, isso bastava.

***

8 de janeiro de 1809
Toledo, Espanha

Luna sentiu o sol no rosto, antes de abrir os olhos. O feixe de luz que entrava pelas brechas da janela de madeira fora o suficiente para despertá-la. Ela estava sozinha no pequeno quarto da estalagem. As últimas semanas tinham transcorrido dessa maneira: Santiago sempre se levantava antes do dia nascer e sempre retornava assim que ela acordava. Era questão de tempo até a porta do quarto abrir, revelando a figura dele com uma caneca de bronze com café e um pedaço de pão. Se sentia uma dívida por ela tê-lo salvado da enfermaria em chamas, ou se queria se sentir ativo depois de anos convalescente, Luna não sabia. Contudo, a verdade era que ela gostava desse simples ritual. Aquilo dava a ela uma sensação de rotina, de vida tranquila, de paz.

Santiago entrou correndo e trancou a porta atrás de si. Pálido e sem ao menos piscar, ele parecia estar olhando através de Luna e não para ela. Não trazia nenhuma comida ou bebida.

Ela se levantou imediatamente, passando por cima dos lençóis que cobriam a cama de palha que Santiago havia montado para si aos pés de Luna.

— O que houve, Santiago? São os franceses? Eles voltaram?

Ela tocou nos ombros do rapaz tentando trazê-lo de volta para a realidade. Absorto em pensamento, ele chacoalhou a cabeça antes de finalmente enxergá-la.

— Não, não. Está tudo bem. Acalme-se, Luna. — Ele a abraçou. — Perdoe-me por te assustar. Está tudo bem.

— Não, Santiago, não está. Conte-me. O que aconteceu?

Ele a soltou e ficou observando sua face por um tempo, como se estivesse tentando colocar em ordem as palavras que deveria dizer.

— Eu não sei. Acho que não estou bem. Eu vi... Eu...

— Você viu o quê?

— Na taverna, lá embaixo. Um soldado espanhol me pediu sangria, mas...

— Fale, por Deus, Santiago! Fale!

— Ele era igual a mim.

Luna virou levemente a cabeça para o lado tentando compreender a frase que ouvira.

— Igual como?

— Igual a quem eu sou agora, Luna. Temos a mesma altura praticamente, nossos olhos, cor de nossos cabelos, contornos do rosto.

— Você o conhece?

— Reconheço apenas seu rosto; vejo todos os dias quando me olho no espelho.

— Como isso é possível?

— Não sei, Luna. Mas estou lhe dizendo, somos iguais. Parecemos ter até a mesma idade.

Luna não teve tempo de fazer mais perguntas. O barulho de batidas na porta atrás de Santiago veio contido, ainda que forte. Três batidas. Três segundos em que tanto ela quanto ele prenderam a respiração.

Santiago? É você?

A voz do outro lado da porta era grave e rouca.

— É ele. — disse Santiago, proferindo as palavras tão baixo que Luna as entendeu mais por ler seus lábios do que por ouvi-las. — Eu não disse o meu nome; como ele sabe?

— Só temos um jeito de descobrir.

Luna passou por Santiago e estendeu a mão na direção da maçaneta.

— Não! — Santiago esbravejou segurando o seu pulso. — Não conheço esse homem, não quero arriscar a sua segurança.

Luna se desvencilhou e acariciou a face de Santiago.

— Está tudo bem. Estou com você; venha. — Ela estendeu a mão e segurou Santiago. — Vamos abrir juntos.

Ele passou na frente, tentando usar o seu corpo como escudo para o de Luna. Abriu a porta e deu dois passos para trás, fazendo com que a jovem caminhasse também.

Aquilo era realmente impressionante. Ele era exatamente como Santiago. Talvez o queixo fosse um pouco mais quadrado e o cabelo estava curto, entretanto, fora essas pequenas diferenças, eles eram idênticos.

O homem abriu um sorriso farto. Seus olhos brilhavam vendo Santiago, que não se movia. Nas suas mãos, seu quepe rodava entre os dedos, deixando claro que estava nervoso.

— Eu achei... Achei que você estava morto.

— Quem é o senhor? Como sabe o meu nome?

— Chamo-me Alejandro Torres. E eu o conheço desde antes de você vir a este mundo.

— Como o senhor me conhece?

— María Rosario não falou de mim?

— Quem?

A cada resposta que Alejandro dava, Santiago parecia mais confuso. Luna continuava atrás dele, segurando sua mão e olhando de soslaio para o gêmeo, sem proferir uma única palavra. Ele ainda não tinha passado do batente da porta. Mantinha a distância, ainda que sua voz viesse em tom de súplica, como se quisesse se aproximar por meio de suas palavras. No entanto, a resistência de Santiago o deixava rijo, emitindo o claro sinal de que não queria que aquele estranho entrasse.

— Você não conhece María? — Alejandro estava tão confuso quanto Santiago, que respondeu que não apenas com um movimento de cabeça. — María Rosario é a sua mãe.

Santiago permaneceu calado. Sua mão apertou mais a de Luna. Pelas conversas que haviam tido nas últimas três semanas, Santiago era órfão. Fora abandonado na capela do monastério quando era um bebê e cuidado pelas freiras na enfermaria durante toda a sua vida. Ele não sabia nada sobre o seu passado, apenas que sempre fora uma criança muito doente.

— Eu não tenho mãe.

As quatro palavras saíram duras da garganta de Santiago. Alejandro estava invadindo seu passado, o que fazia com que ele se retraísse ao se sentir exposto. Apesar de ter se aberto naturalmente com Luna nas conversas que tiveram naquela estalagem, ele era um rapaz reservado. Entretanto, ali estava aquele estranho, que era o seu reflexo vivo, trazendo informações sobre sua vida que ele desconhecia. Pela força com que sua mão estava sendo apertada, Luna sabia que aquilo era demais para ele.

— O que foi que ela fez com você, Santiago?

— Eu não tenho mãe. — repetiu, sem saber como responder ao desconsolo na face daquele estranho.

— Você teve uma mãe. Seu nome era María Rosario. — Alejandro engoliu com dificuldade antes de continuar. O brilho no seu olhar denunciava que estava lacrimejando. — E eu a amava.

***

Alejandro os guiou até uma mesa perto da entrada da taverna. Sentou-se no lado direito, aguardando que Santiago e Luna se sentassem à sua frente.

A mão de Luna chegava a doer. Suada e pressionada, não havia tido um segundo de descanso desde que abriram a porta de suas vidas para aquele homem. Contudo, a verdade era que ela não se importava. Se aquilo pudesse acalmar o fardo que se instalava no peito de Santiago, jamais impediria seu toque.

— Preciso saber de tudo, Santiago. O que você se lembra da sua infância? Quem cuidou de você? Quando você... — Ele olhou para Luna. — Talvez fosse melhor ela não estar presente.

A forma como ele a olhou, sem se dirigir diretamente a ela, irritou Luna. Antes que percebesse, o seu cenho já estava contraído em uma expressão clara de desgosto.

— Ela sabe de tudo da minha vida. O que você quiser falar para mim, pode ser falado para ela.

Alejandro inspirou em sinal de derrota.

— Está bem. Então conte-me sobre sua vida.

Por um átimo, ele cogitou não dizer nada. Seu espelho era um homem direto em excesso, beirando a rude. Não inspirava confiança alguma. Porém, sua vida não tinha sido nada de mais e ele parecia ter respostas que Santiago gostaria de descobrir.

Ele contou, de forma breve e resumida, sua vida no monastério e sua doença. Não entrou em detalhes, mas disse que Luna o ajudara a se curar e que agora estavam ali. Alejandro não era o único que podia ser direto.

— Ela o ajudou a se curar? Como?

— Luna cuidava dos doentes na enfermaria.

— Santiago, tomar sopa e ser lavado não é o suficiente para curar isso. Quando você bebeu?

— Bebi? Bebi o quê?

Alejandro olhou em volta, antes de proferir a sua resposta. Diminuiu o volume de sua voz até quase não sair som algum.

— Sangue.

O choque de suas palavras pegou tanto Luna quanto Santiago de surpresa. Nesses últimos dias, eles falaram bastante sobre a cura milagrosa de Santiago, contudo providência divina parecia ser realmente a única possibilidade. Aquela afirmação de Alejandro, de que sangue era a razão, foi um estalo para ambos.

— O francês. — disse Santiago, ao mesmo tempo em que seu cérebro chegava à conclusão que ele queria evitar.

— Que francês?

— Eu e Luna fomos atacados. Caiu sangue de um soldado francês na minha boca quando Luna o matou.

— Você matou um soldado? — Alejandro disse, virando-se para Luna. Ela assentiu em silêncio. Ele manteve um semblante surpreso antes de se voltar novamente para Santiago. — Se isso é verdade, então você estava certo no fim das contas. Ela, de fato, o ajudou a se curar.

Luna tentava assimilar o que Alejandro revelava. Uma doença curada pela ingestão de sangue. Com um efeito tão imediato que só poderia ser divino. Ela nunca tinha ouvido falar de algo assim.

— Que enfermidade é essa? Ele está curado mesmo? É definitivo ou há chance de recaída?

Alejandro virou-se para Luna como se tivesse acabado de perceber a sua presença.

— Não tem como ser mais definitivo do que isso. Agora é só continuar se alimentando e a morte nunca mais poderá tocá-lo.

— Nunca mais? — indagou Luna, sem conseguir esconder o alívio de ouvir aquelas palavras.

— Nunca mais.

— Alimentar-me de quê?

A voz de Santiago trazia uma rouquidão que Luna jamais ouvira.

— Você sabe de quê.

— Sangue. — falou Luna, usando o mesmo tom de voz que Alejandro ao proferir a mesma palavra alguns instantes antes. Ele meneou em afirmação.

— Deus! Eu sou um demônio. — exclamou Santiago, sem conseguir esconder seu temor.

— Não. Você é um vampiro.

— O que é isso? — questionou Luna.

— É uma pessoa que precisa de sangue e que poderá viver para sempre. Só isso, Santiago. — respondeu Alejandro. — Não se trata de anjos ou demônios. Você apenas possui uma condição peculiar. Nada além disso.

— Peculiar... — murmurou Santiago. De alguma forma, aquela afirmação era pior do que podia imaginar. Por instinto, ele afrouxou a mão que apertava com tanto ímpeto segundos antes.

Luna sentiu a raiva que atravessou o corpo de Santiago, assim como o nervosismo da mão que tremia junto à sua. Ela não podia deixar que ele fosse dominado por aquilo, ao menos não enquanto não tinham todas as respostas.

— Como o senhor sabe tanto sobre essa condição?

— Porque é hereditário, senhorita. Eu também tenho.

— Isso significa que é passado através das gerações de uma família. — Ela analisou o rosto de Alejandro. — Você é da família de Santiago?

A atendente trouxe uma jarra de sangria, fazendo com que todos instintivamente parassem de falar e colocassem os corpos mais eretos, demonstrando desconforto. Luna não sabia quando a bebida havia sido pedida, mas, pela forma como Alejandro agradeceu, ele fora o responsável.

O soldado olhava o líquido frutado que virava em seu copo sem se importar em voltar seu rosto para encará-la.

— Sou o pai dele.

***

A porta bateu com uma força descomunal com o impacto do pé de Santiago. Seu chute expressava toda a frustação e a raiva que estava sentindo. Luna sentou-se na beirada da cama e ficou estudando o jovem. Aquele rapaz tão lindo e tão amaldiçoado. Depois de tudo o que sofrera ao longo de toda a sua vida, depois de quase morrer nas mãos dos soldados franceses, agora ele se deparava com mais uma provação em seu caminho.

— Não é possível, Luna. As coisas que esse homem disse... Como pode ser meu pai se não aparenta ser nem um ano mais velho do que eu? Ele surge com o meu rosto, vendendo fábulas sobre vampiros e vida eterna, e espera que eu acredite nisso?

— Sente-se aqui, Santiago. — Luna apoiou a mão na cama para indicar que ele ficasse ao seu lado.

Desde que ouvira a palavra "vampiro", Santiago havia se mantido distante. Ele olhou para o espaço na cama e relutou. Depois de uma expiração profunda, se rendeu e foi até ela.

— Você não me deixa vê-lo comendo. — disse Luna.

Santiago se remexeu na cama, com o rosto estático voltado para a sua frente, evitando o escrutínio da jovem ao seu lado.

— Não fique assim, Santiago. Por favor, fale comigo. Todos os dias você traz o café apenas para mim, depois eu só o vejo na hora do jantar, quando sobe com somente um prato de comida aqui para o quarto. Eu achava que você estava apenas cuidando de mim, mas percebo agora que não tivemos nenhuma refeição juntos em que você também comia desde o Natal. Por quê?

— Porque a fome que eu tenho não passa com comida. — As palavras saíam sussurradas. Ele estava envergonhado. — Comi nos nossos primeiros dias aqui, mas não me sentia bem. Achei que pudesse ser algum mal-estar temporário, no entanto percebi que não precisava comer, pelo menos não o que nos é ofertado aqui. Nenhum grão é capaz de matar a minha fome.

— Você está se sentindo fraco?

— Um pouco. Mas sei que não adianta comer, Luna. Eu apenas sei.

Ela assentiu.

— Por que você não me contou?

— Não queria que se preocupasse mais comigo. Eu finalmente estava bem. Não queria... Eu precisava estar bem. — Ele mexia uma mão na outra de forma quase obsessiva. Focava apenas nesse movimento enquanto falava, quase como se conversasse consigo mesmo.

— Santiago, eu preciso que você confie em mim.

Ele se virou assustado para ela.

— Eu confio a minha vida a você, Luna. Por favor, não pense que foi por isso que não lhe contei.

— Eu sei, eu sei. — Ela segurou as mãos inquietas e as apertou contra o seu peito. — Não me refiro a isso, Santiago. — Ela parou para se preparar, com medo da reação que suas palavras receberiam. — Vou fazer um teste com você e preciso que você me deixe fazê-lo.

— Teste? Que teste?

Luna se levantou, decidida. Caminhou até a cômoda que ficava na frente dos dois e abriu a primeira gaveta. Quando a luz do sol irradiou sobre o metal da tesoura em suas mãos, Santiago se levantou sobressaltado.

— O que você está fazendo?

— Está tudo bem, Santiago. Confie em mim, por favor.

— Não, Luna. Não faça isso.

— Precisamos saber se sangue vai resolver a sua fome. E eu tenho de sobra. — Ela tentou sorrir para tirar o peso do que pedia a Santiago, todavia sua solicitação não foi bem recebida.

— Não! Eu já disse que não!

Lágrimas caíam dos seus olhos enquanto ele andava para trás, na direção da janela, tentando se afastar da terrível cena que se desenrolava à sua frente.

Luna correu na direção dele, escondendo a tesoura atrás de si e levando sua mão livre até o rosto de Santiago. Tentava secar a água salgada que trazia tanto pesar para aquele rosto tão lindo.

— Por favor, por favor. — Ela sentiu suas próprias lágrimas tentando furar a barreira que havia construído dentro de si. Tinha que ser forte por ele. Tinha que ser forte para ele. — Escute, por favor! Você está sofrendo, é óbvio. Deixe-me fazer isso por você. Eu não me importo.

— Mas eu me importo! Luna, eu não quero machucá-la.

— Você não vai.

— Como pode ter certeza? Se eu tiver um demônio que anseia sangue dentro de mim, quem diz que vou conseguir parar?

— Eu digo! Eu conheço você. Eu... — Luna abraçou Santiago; seus lábios a poucos centímetros de sua orelha. — Eu amo você.

Ele parou de se mexer na mesma hora. Ela o amava? Como era possível? Depois de tudo que ouvira de Alejandro, depois de saber que ele teria que conviver com uma sede de sangue eterna, como ela poderia amá-lo?

— Você não pode me amar. Eu sou um monstro, Luna.

— Não, meu amor. — Ela levou sua boca na direção da dele e o beijou suavemente. — Você é a melhor coisa que já me aconteceu.

Entre lágrimas e dor, Santiago apertou forte a cintura de Luna, trazendo-a para si em um beijo caloroso. Massageou sua língua com intensidade, deixando aquele momento representar toda a paixão que ardia dentro dele.

— Eu a amo, Luna. Eu a amo tanto.

A tesoura caiu no chão quando ela levou a outra mão até a nuca de Santiago. Ele havia sido tão respeitoso nessas semanas que passaram juntos. Seus beijos eram castos e sensíveis, mas não aquele. Aquele era vigoroso, aquele era fogo. Ela retribuía, sentindo como se precisasse daqueles lábios para levar ar até seus pulmões. Ela precisava dele, do seu corpo, da sua alma.

— Luna...

Sem se tolherem mais, sem pensarem mais, os dois caíram sobre a cama e deixaram seus corpos dizerem tudo aquilo que mais queriam expressar.

***

Santiago acariciava as costas nuas de Luna enquanto ela, virada de bruços, o observava. A noite já havia caído lá fora e a luz da lamparina refletia nos olhos do rapaz, iluminando e absorvendo Luna ao mesmo tempo. Ela podia passar a vida inteira só vendo o seu amado, mas algo importante exigia a sua atenção imediata.

— Santiago...

— Eu sei. — ele a interrompeu. — Eu sei o que você quer. E a amo ainda mais por isso. Só me dê mais um minuto. Um minuto a mais antes de eu perder você para sempre.

— Do que você está falando? — Ela se apoiou sobre os cotovelos, arqueando as costas, na tentativa de encontrar sinais em seu rosto do que estaria passando pela sua cabeça.

— O que você quer que eu faça... Sinto que não haverá volta, Luna. Você me verá de uma forma diferente. Temo que nosso amor não vá suportar.

Ela se sentou, ignorando sua nudez e segurando o rosto de Santiago entre as mãos.

— Olhe bem para mim. Preciso que você entenda o quanto eu o amo. Não há nada que aconteça que vá mudar isso. Eu sou sua, Santiago. Para sempre.

— Para sempre pode ser muito tempo. Especialmente para um vampiro.

— Então é melhor você se acostumar com a ideia logo.

O riso leve de Luna quase o fez se esquecer do que viria a seguir. Depois de beijar seus lábios intensamente, Luna se levantou e pegou a tesoura no chão do quarto. Retornou para a cama com uma expectativa palpável.

— Pronto?

— Não... Mas, por favor, continue.

Ela abriu a tesoura e segurou uma das lâminas, apoiando a ponta afiada na parte macia da outra palma. Seu rosto se contorceu um pouco quando empurrou a tesoura contra a sua pele, conseguindo abrir uma ferida de alguns centímetros e trazendo o sangue para a superfície.

— Beba, Santiago. — disse, ofertando sua mão.

Ele a encarava com uma feição séria e impetuosa enquanto descia até encostar os lábios no líquido espesso que fluía de sua amada.

A dor ficou mais intensa à medida que ele o sugava, contudo, de alguma maneira, aquilo não a machucava. Vê-lo observando-a tão ferozmente enquanto puxava seu sangue para si trazia um prazer que ela não esperava. Eles estavam sem roupa, haviam acabado de fazer amor e, mesmo assim, aquele momento parecia ter mais intimidade do que todos os outros juntos.

Demorou alguns minutos até que ele a soltasse. No entanto, assim que o fez, a abraçou e a beijou. Aquela mulher havia deixado que ele se alimentasse dela. Para alguém que nunca se sentira querido, o ato que acabou de presenciar havia sido a maior prova de amor.

— Diga-me que ainda me ama. Diga que vai ficar comigo mesmo depois disso. Diga-me, Luna.

— Não sei se é possível, Santiago, mas acho que o amo mais.

Ele pegou o lençol que estava entre eles e rasgou a ponta. Usou o tecido para fazer uma atadura na mão ferida de Luna e beijou em cima do nó.

— Como você está se sentindo? Saciado?

— Sim. De fome, sim.

Seus lábios se curvaram em um meio sorriso convidativo. Luna riu e o empurrou de volta para a cama, de onde só sairiam quando o sol trouxesse um novo dia.

***

Alejandro os aguardava na mesma mesa em que se sentaram no dia anterior. Continuava vestido com a farda do exército espanhol, que, mesmo surrada, dava a ele ares de uma formalidade que não havia no seu discurso.

Distraída observando Alejandro, Luna esbarrou em um homem de casaca vermelha que vinha no sentido oposto.

— Perdão, senhorita.

Luna meneou, aceitando as desculpas, enquanto o homem seguia seu caminho para os fundos da taverna. Santiago a puxou para si, segurando forte a sua mão.

Alejandro se levantou quando eles chegaram perto e se sentou novamente assim que Luna assumiu seu lugar na mesa. Agora ele, com certeza, notava sua presença.

— Fiquei muito contente de receber o seu recado, Santiago.

— Eu não tinha certeza se o receberia. Não sabia se estava no assentamento.

— Que bom que deu tudo certo no fim.

Com a mão que estava livre, Santiago batucou de leve a mesa antes de voltar a falar.

— Peço desculpas por termos nos retirado tão rapidamente ontem. Espero que entenda.

— Certamente. É muito para assimilar.

— Mas já consegui assimilar um pouco. Eu acho.

— Estou vendo. — Alejandro deu um gole na cerveja que estava à sua frente. — Você está mais corado hoje.

O comentário não agradou a Santiago. Aquele homem sabia o que havia acontecido na noite anterior, sabia que ele havia bebido o sangue de Luna. Era como se adentrasse a intimidade dos dois sem ter sido convidado.

— Desculpe-me, não quero me intrometer. — afirmou Alejandro, percebendo a inquietação que havia provocado. — Apenas gostei de saber que acreditou em mim e que está se cuidando. Quero vê-lo bem, só isso.

— Agradeço a preocupação, no entanto agradeceria mais se contasse a parte da minha história que eu desconheço.

— Será um prazer. Gosto de me lembrar de María. Apesar de saber que ela não diria o mesmo se estivesse no meu lugar.

— Ela não amava o senhor?

— Amava sim, muito, até demais. Mas ela não lidou bem com o modo como eu fiquei depois da transformação.

— Você a conheceu antes de se transformar?

— Sim. Eu tinha quinze anos e ela já tinha dezoito. Eu estava mal, mas ela me ensinou o que fazer. Os pais dela eram vampiros, então ela nunca sofreu o que nós dois passamos. Quando ela me deu sangue e a vida entrou em mim pela primeira vez, fui ao céu. Era como se tudo fosse a primeira vez. Como se eu não tivesse realmente vivido até aquele momento. A partir de então, passei a cortejá-la. Fazíamos tudo juntos, inclusive nos alimentar. Ela possuía primos humanos que ajudavam a sua família nesse processo, mantendo um suprimento constante de sangue há gerações em troca de poderem usufruir da riqueza que seus pais haviam acumulado ao longo dos séculos. Eles tinham nome e não podiam arriscar serem descobertos, por isso tudo era muito familiar e secreto. Apesar de amá-la, eu era muito jovem e não queria me envolver naquele esquema regrado que eles seguiam. Eu queria explorar o mundo, tentar coisas novas e aproveitar a vida. Quando ela me contou que estava grávida, confesso que não reagi bem. Aquela era mais uma pressão em cima de mim. Mais uma coisa que me faria ter que seguir as suas regras. Foi nesse dia que ela me encontrou em uma taverna, tomando sangue de duas prostitutas enquanto elas... — Alejandro olhou para Luna e se calou. — Desculpe-me, senhorita.

Luna mexeu a cabeça em resposta, sem falar nada, incentivando-o a continuar.

— Eu fui um calhorda, admito. Na verdade, nunca neguei, muito menos naquela hora. Eu disse a María que eu era uma criança perdida, que não conhecia a vida e que estava me afogando. Pedi para ela me ajudar, mas ela me rechaçou. E com razão, claro. Mantive-me à distância, acompanhando sua gravidez por cartas que escrevia aos meus sogros. Então, chegou o dia do parto e María Rosario desapareceu. Nem seus pais, nem eu nunca mais a vimos. A única coisa que eu sabia era que ela queria que seu nome fosse Santiago. Não posso imaginar o que passou pela cabeça dela para renunciar a você. No entanto, pelo que seus pais me disseram, ela não estava bem nos últimos meses. Chorava todos os dias, se trancava no quarto e recusava sangue. Tentei falar com ela, mandei cartas, contudo nunca obtive resposta. María se fechou para mim. E eu tive que crescer, aprender a ser melhor ao passo que sofria em silêncio por ter perdido os meus dois grandes amores em uma mesma noite: sua mãe e você.

Santiago se recostou no seu assento, impactado pelas palavras de seu pai. Sua mãe enlouquecera ao perdê-lo e isso criou um efeito dominó que destruiu tudo em seu caminho, incluindo a chance de ele nascer na família ordenada e cheia de amor que Alejandro descrevera.

Seu pai passava o polegar na beirada da caneca de cerveja, encarando o recipiente com afinco.

— Eu nunca desisti de encontrá-la.

A frase se perdeu no ar de sua respiração pesada, mas Santiago a ouviu muito bem.

— Obrigado por me contar. — Santiago afirmou, sem emoção.

Alejandro saiu de seu devaneio e encarou o filho.

— Quando eu o vi aqui ontem, meu retrato em vida, eu sabia que você só podia ser meu filho perdido. Mesmo em meio a tanta destruição, agradecerei, em minhas preces, pela eclosão dessa guerra. Foi ela que me colocou no seu caminho. Sem ela, nenhum de nós dois estaria nesta taverna agora.

Santiago ignorou o comentário, mantendo-se incólume ao ser atingido pelo sentimentalismo de seu pai.

— Preciso lhe perguntar; por que somos tão parecidos? Entendo que pais e filhos muitas vezes o são, mas nesse caso até nossas idades parecem similares.

— Vampiros não envelhecem como os humanos. Apesar da feição extremamente jovem, eu tenho trinte e três anos. Muitos consideram a vida nômade por causa disso. Se você ficar muito tempo em um mesmo lugar, as pessoas começam a reparar que há algo estranho. Podem ficar com medo e acabar fazendo alguma tolice. No entanto, se não nos ferirem na cabeça, continuaremos vivos. Meus sogros tinham mais de cem anos e ainda aparentavam estar na casa dos vinte. É uma dádiva isso, Santiago. Não veja de nenhuma outra forma. É uma benção.

— Um milagre. — exclamou Luna. Ela virou para Santiago e acariciou seu braço. Ele estava bem e ficaria assim eternamente.

Alejandro voltou sua atenção para Luna.

— Aproveitem o tempo que terão juntos. Como alguém que teve que seguir a vida sem o seu amor, posso garantir que não será fácil, mas as memórias aliviam a dor.

Santiago absorveu em seu peito as palavras que seu pai proferiu.

— A que você está se referindo? — perguntou em um tom um pouco mais exaltado do que planejava.

— Ela é humana, Santiago. Por mais que viva uma longa vida, ainda será um grão de areia na imensidão da sua.

Luna engoliu em seco. Eles haviam acabado de começar a vida juntos, por isso não queria pensar sobre o fim. Aquilo estava tomando um rumo que não a agradava. E pela expressão de Santiago, tampouco a ele.

— Por que está fazendo isso?

— Isso o quê? — respondeu Alejandro ao filho.

— Não bastou destruir a vida de minha mãe e a minha infância, agora você também quer minar meu futuro? Criar um vão entre mim e Luna com suas palavras maliciosas? Posso lhe garantir, meu senhor, que não vai conseguir. Você pode ter defenestrado sua chance de felicidade ao se importar mais com o que tinha entre as pernas do que com o que tinha no centro do peito, mas eu não seguirei seus passos. Pode ter certeza.

Santiago puxou Luna para si e se levantou, deixando Alejandro sozinho e perplexo. Estava a alguns metros de distância da mesa quando ouviu uma explosão. E, então, tudo ficou escuro.

***

Luna demorou alguns segundos para recobrar a consciência. Seus ouvidos zumbiam e o ambiente estava todo nebuloso pela fumaça causada pela bala de canhão. Santiago, desfalecido ao seu lado, era o mais distante que ela conseguia enxergar. Abaixo de si, percebeu que o chão escorregava, impossibilitando que ela ganhasse estabilidade para se levantar. Luna olhou para suas mãos. O líquido viscoso que as englobava era vermelho. Tateou ao seu redor e sentiu algo macio. Puxou para si, arrependendo-se na mesma hora; era carne humana.

Ela jogou para longe a tira sanguinolenta e começou a empurrar Santiago para fazer com que despertasse. Ele se virou para Luna, sem compreender o que estava acontecendo. Imediatamente olhou para trás, na direção da mesa em que estavam sentados poucos minutos antes. O buraco na parede foi a primeira coisa a chamar a atenção de ambos. Logo depois, seus olhares abaixaram e perceberam os pedaços em volta deles — pedaços de Alejandro.

Santiago não conseguiu segurar o vômito. Deitado, entre o sangue e a carne de seu pai, o líquido vermelho jorrou dele sem cerimônias. O instinto de sobrevivência de Luna que os havia salvado no monastério ressurgiu. Ela segurou a mão de Santiago, que parecia em choque, e começou a se arrastar pelo chão. A bala de canhão era só o começo. Em breve, a infantaria iria chegar com as carabinas e eles seriam alvos fáceis. Precisavam sair dali o quanto antes.

Uma nova explosão à distância trouxe de forma brusca a audição de Luna de volta. Não havia mais dúvidas: os franceses estavam ali.

Talvez fosse um grupo solitário em busca de comida, talvez fosse uma tropa completa ou, quem sabe, alguma que acabara de sair de Madri e seguia a anterior em direção ao que acreditavam ser sua nova conquista; ela não tinha ideia. Só sabia que precisavam correr.

Afastando-se do cerne da explosão, foi mais fácil conseguir tração contra o chão para se levantarem. Luna e Santiago correram na direção da saída dos fundos da taverna. Não viam o caminho, mas já haviam passado por ele muitas vezes, o que tornou relativamente fácil encontrá-lo.

O ambiente de guerra que os aguardava tirou o ar dos pulmões de Luna. A visão que tivera semanas antes dos seus conhecidos mortos no monastério havia sido pavorosa, no entanto, ainda assim, não a havia preparado para aquilo. Se ao correr pela enfermaria e pelas catacumbas, Luna tinha conseguido encontrar força e vontade de viver, a cena que via apenas arrepiava a sua alma. A nuvem de fumaça e poeira irritava seus olhos e seu nariz, tornando impossível respirar sem cobrir o rosto e trazendo a noite para o meio do dia. O chão era uma lama de sangue e terra coberta por membros e corpos desfalecidos. Ainda não havia ocorrido uma nova explosão desde que tinham saído da taverna, mas ela sabia que ali seriam alvos fáceis.

Então, correram.

Mãos dadas, apertando forte. Eles só tinham um ao outro. Tudo que havia para trás era morte e destruição. À frente, incerteza e medo. Aquelas mãos dadas eram a única segurança.

Quando a fumaça finalmente se dispersou, foram impactados pela visão do Rio Tejo aos seus pés. Caminharam o rio acima, em silêncio, na esperança de encontrarem em sua encosta alguma maneira de atravessar. Luna não sabia nadar, contudo já tinha observado outras pessoas fazendo e acreditava que, no desespero, conseguiria. Porém, as baixas temperaturas de janeiro tornavam a ação impossível. Ela olhava para si, arrependida de não ter descido para a taverna com um agasalho a mais; as pessoas e a bebida deixavam o local quente, então não imaginou que fosse precisar. Já era a segunda vez que estava com frio e fugindo ao lado de Santiago e, apesar de não querer trocar sua companhia, sonhava com um ambiente menos hostil.

— Ali. — disse Santiago apontando para uma canoa abandonada na margem. Sua voz saiu áspera. Ainda não tinha falado desde a explosão e o vômito parecia ter arranhado a sua garganta.

Quando chegaram mais perto, entenderam o motivo do abandono: um buraco do tamanho de um punho atravessava o casco.

— O que vamos fazer? — questionou Luna, aflita.

Sem pensar muito, Santiago tirou seu casaco e o embolou, encaixando no buraco o melhor que pôde.

— Isso vai segurar?

— É só até a outra margem, vai segurar. — A extensão até o outro lado era um longo caminho, o que fazia a resposta de Santiago parecer mais uma prece do que uma certeza.

Ele ajudou Luna a entrar, sentando-a no assento perto da popa e correu pelo lado de fora para a proa, que estava engatada na terra. Santiago começou a empurrar a canoa, tentando ignorar o frio em seus dedos pelo contato com a madeira gelada. A embarcação cedeu e começou a flutuar sobre o rio. Ele pulou dentro, sentando-se na frente de Luna e levantando o remo que estava entre seus pés. Seu casaco já estava encharcado. Precisavam ser rápidos.

Luna também tirou seu casaco, bem mais fino que o de Santiago, enroscando-o e colocando por cima, na vã tentativa de desacelerar o processo de naufrágio que se desenrolava. Ao longe, novas explosões mostravam que aquela havia sido a decisão correta. Se continuassem subindo o Tejo, a chance de encontrarem soldados era grande. Precisavam atravessar e descer, talvez ir para Sevilha ou algum outro lugar ao sul que ainda não tivesse sido afetado pela guerra.

Mas, primeiro, atravessar.

A água roçava o meio de suas botas e encharcava a barra do vestido de Luna quando finalmente conseguiram chegar à outra margem. Ela se levantou rapidamente, sendo auxiliada por Santiago para conseguir sair. Sem seus casacos e com os pés molhados, o frio fazia com que ambos tremessem. A corrida que começariam agora teria que ser o suficiente para aquecê-los.

— Santiago!

O nome de Santiago foi gritado da outra beirada, chamando a atenção de ambos. Por um instante, mesmo tendo consciência de que era impossível que seu pai tivesse sobrevivido, ele torceu para ser Alejandro. Entretanto, não era.

Àquela distância, eles não conseguiam ver os detalhes de seu rosto, mas aquele homem tinha cabelos mais claros que os de Alejandro e usava vestes vermelhas. Luna se lembrava dele.

— Ele estava na taverna. Você o conhece? — questionou Luna.

Antes que ele fosse capaz de responder, outra explosão os alertou para o que estava em risco. Precisavam esquecer aquele estranho e sair dali.

Havia muito chão até o próximo porto seguro.

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