
Prólogo
Seus olhos, seus lindos olhos misteriosos. Eu os vejo enquanto se aproxima, as voltas hipnóticas da fumaça proveniente do incenso, eu sinto quando ela invade o meu pulmão e deixa o meu corpo com o ar quente que escapa de minha boca a cada ofegar. Os passos lentos dele, enquanto desafrouxa a gravata, sem pressa, deixam-me ardendo feito fogo. Ele é calmo, eu sou desesperada, afoita, pressurosa. Eu quero tê-lo, senti-lo, eu quero as suas mãos quentes pelo meu corpo.
Escuto o ranger do estrado ao forçar dos seus joelhos sobre a cama, e num impulso súbito sinto minhas duas pernas serem puxadas de encontro ao seu abdômen. Ele não sabe como estremeço por dentro.
O seu tato pesado percorre minhas coxas. O hálito de conhaque embate em minha face, fecho os olhos.
— Não faz assim — suplico.
Ele sabe o quanto me provoca quando aproxima os lábios dos meus, mas não me toca. A luz parece mais fraca, ela se esvai gradativamente sobre sua face, a penumbra agora é o nosso abrigo. Ofego ao sentir que as batidas do meu coração desenfrearam. Deixo meus braços cederem e meu corpo pende, permito-me deitar completamente e apenas ouvir a voz afônica que me guia.
Escuto o tilintar da fivela do cinto sendo aberto e depois jogado ao chão, fecho os olhos e me permito imaginá-lo sobre mim, agarrando meus cabelos.
Suo frio, arranho o lençol como se o quisesse rasgar. Sinto o peso do seu corpo em cima do meu, a sua língua quente percorre a parte externa dos meus lábios e eu me controlo para não puxá-lo completamente, ele é a calmaria, não quero que se assuste com minha voracidade.
Por fim realiza meu desejo, me beija, me devora, me mata em vida. Abraço sua cintura com as minhas pernas desnudas e toco sua barba bem feita, findando o beijo com uma mordida sensual que mostra grande parte das minhas intenções.
— O que você quer? — ele sussurra.
— Eu quero você em mim!
Seguro em seus braços e o tombo ao meu lado. Subo sobre suas pernas, fazendo com que os seus olhos tenham uma visão completa do babydoll vermelho, e começo a desabotoar sua camisa, beijando o seu pescoço e sentindo seu toque cada vez mais forte em minhas pernas. Sua respiração está mais pesada, estou conseguindo o que eu quero... Enfim, o que eu desejo.
Mas algo está errado, algo me impede. A luz se apaga completamente e consigo leva o meu ar. Não posso respirar, minha garganta está fechada.
Caio sobre a cama e levo as mãos ao pescoço, numa tentativa falha de recuperar o meu ar. Aperto meus olhos com toda a força e os abro em seguida. Consigo me sentar, respirando com dificuldade e com o suor escorrendo pelo meu rosto.
Observo o cenário ao meu redor. O mesmo urso de pelúcia do dia dos namorados do ano passado, a mesma TV de tubo, a mesma janela que me permite ver apenas a fachada do McDonald’s.
Mais uma vez estava sonhando, fantasiando uma situação incabível. Como eu posso tirá-lo da minha cabeça?
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