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00.03《☆》

III. Investigando

  – Espera aí – começou Allison. – Eu sou a única aqui que não acredita nesse história?

– Somos duas então – confirmou Evan, ainda confusa. Essa história de fim do mundo estava mexendo com a cabeça dela, na verdade, aquele lugar mexia muito com a cabeça dela.

– Como é que você sabe tudo sobre... qual é o nome dele mesmo?

– Harold Jenkins – respondeu Cinco, impaciente. – Sabe aqueles delinquentes mascarados que invadiram a casa?

– Que delinquentes? – indagou Evan a ninguém específico.

– Ah, é – disse Klaus. – Eu acho que eu me lembro desses caras.

– É, aqueles delinquentes que atacaram a gente enquanto você enchia a cara. – disse Diego, com sarcasmo.

“Puta merda. Eu tô mais perdida que cego no meio de um tiroteio.”

– É, aqueles – continuou Cinco. – Eles foram enviados pela Temps Aeternails para impedir que eu voltasse e evitasse o fim da vida na Terra.

– A Temps o que? – perguntou Allison. Essa historia ficava maluca a cada minuto.

– Meus antigos empregadores. – explicou Cinco. – Eles monitoram o tempo e o espaço para garantir o que tiver que acontecer, aconteça. Acreditam que o apocalipse vai chegar em três dias, então eu fui para a sede da comissão e interceptei uma mensagem para aqueles delinquentes: proteger Harold Jenkins. Então, ele deve ser o responsável pelo apocalipse.

  O silêncio naquela sala era assustador e ao mesmo tempo enloquecedor. As mentes dos Hargreeves era como um grande trânsito caótico: cheios de duvidas, questionamentos e incertezas. A cabeça de Evangeline estava a ponto se explodir com o barulho ensurdecedor das mentes inquietas dos irmãos.

“Por favor, parem”

  Mas o efeito foi justamente o contrário. Diego, Allison e Luther começaram a falar ao mesmo tempo.
  Era em momentos como esse que ela odiava os poderes que tinha.

– Você tem noção que esse papo não faz sentido? – questionou Allison.

– Sabe o que mais não faz sentido? – rebateu Cinco. – Eu tenho aparência de um menino de 13 anos, Klaus fala com os mortos, Evangeline lê pensamentos, Luther acha que engana todo mundo com esse sobretudo. Nada sobre a gente faz sentido, sempre foi assim.

– Eu acho que ele tem razão. – disse Klaus. O seu estado era deplorável e bastande preocupante para Evan que estava ao seu lado.

– Concordo com Klaus. – disse Evan.

– A gente não escolheu essa vida, a gente só vive, pelo menos por mais três dias. – completou Cinco.

– Na última vez que tentamos impedir, todos nós morremos. Por que dessa vez vai ser diferente? Por que eu não devia voltar para minha filha?

– Porque eu tô aqui agora. Nós temos o nome do homem que é responsável, vocês teriam a chance de salvar a vida de bilhões de pessoas, incluindo a Claire.

– Sabe o nome dela?

– Sei e gostaria de viver para conhece-lá.

– Tá bom – disse Allison, por fim. Ela havia sido vencida. – Vamos pegar esse imbecil.

– Me convenceu no Jareld Jenkins. – exclamou Diego.

– Harold Jenkins – corrigiu Cinco.

– Tanto faz, a gente já perdeu duas pessoas, não vou perder mais ninguém. – respondeu Diego prestes a sair da sala.

– Luther? – perguntou Cinco.

– É, vocês podem ir. Vou ficar e dar uma olhada nos arquivos do papai, eu ainda acho que isso tem haver com o fato dele ter me mandando para Lua.

– É sério? Agora você quer fazer o fim do mundo sobre você e o papai? – indagou Diego.

– Não – rebateu Luther. – Atenção as ameaças, foi o que ele me disse. Acho que isso é uma coincidência? Tudo isso deve estar conectado de alguma jeito.

– Não. Nós temos que ficar juntos – contra disse Allison. Evan tinha esperanças que Alli e Luther ainda pudessem ficar juntos.

– Não temos tempo para isso – afirmou Cinco.

– Tá bom, vamos. Eu sei como podemos achar esse imbecil, Klaus vem comigo.

  De forma sofrida e com a ajuda de Evan, Klaus conseguiu se manter de pé. Seu corpo estava sofrendo e isso era evidente.

– Olha...é melhor não. Eu acho que...eu acho que vou passar, eu não tô me sentindo muito bem. – saiu curvando-se de dor.

– Eu cuido dele – prometeu Evan seguindo o irmão. – Boa sorte com as buscas.


– Klaus, espera por mim! – gritou Evan no topo da escada. – Para onde você está indo, Zé droguinha?

– Evinha, agora não, por favor. – respondeu Klaus ainda se curvando de dor.

– Lembre-se que foi você que pediu. – disse Evan antes de projetar a voz de Reginald na cabeça do irmão.

“Número Quatro!”

– Mas que merda, Evangeline – gritou Klaus. Mesmo depois de morto, a voz do velho ainda o assustava. – Agora entendo o porquê do Luther ter ficado tão zangado com você.

– Desculpe – suspirou Evan, cabisbaixa. Pensar no que fizera com Luther ainda era algo que ela não conseguia se perdoar. – Onde estamos?

– No sótão.

– Por quê?

– Você faz muitas perguntas, Evinha.



  O antigo cômodo repleto de quinquilharias tinha de tudo: de móveis velhos a objetos quebrados e outras coisas, além de ser cheio de casas de aranhas e pó por todos os lados.
  O porquê das pessoas gostarem daquela lugar era um mistério, mas poderia muito bem arriscar que era pela calmaria do lugar já que era pouco movimentado.

– Então? Por onde vamos começar? – comecei.

– O que você quer saber? – pontuou Klaus, acomando-se de forma desajeitada no parapeito da janela. –   Bom, o velho morreu, o Cinco voltou do “futuro”, Alison se separou...

– Fiquei sabendo. – o interrompi.

– ... o Diego perdeu o emprego e o Luther... bem, o Luther.

– É complicado. – dissemos em uníssono.

– Humpf – riu Evan, mudando de assunto. – Você ainda fala com o Ben?

– Constantemente – confirmou Klaus, revirando os olhos. – Céus, ele é um pé no saco. Sempre me mandado fazer algo do tipo: “Klaus faça isso”, “Klaus não faça isso”, “Por que você não tenta começar o dia com ovos e um copo de suco?”, “Encare a mulher, Klaus” e blá, blá, blá.

– Agora não sei se sinto pena dele ou de você.

– De mim, é claro. – rebateu Klaus. – Mas agora, vamos falar de você.

– Não, por favor. Não. – suplicou Evan. Mas era tarde demais, o interrogatório já havia começado.

– Vou começar – anunciou Klaus, se endireitando e logo pigarreou. – Por onde você andou?

– Austrália.

– Hmm praias. Boa escolha, Evinha. – aquilo estava mais parecendo uma investigação federal do que uma simples conversa entre irmãos antes do fim do mundo. – O que você fazia lá?

– Era garçonete num restaurante familiar.

– Se o velho estivesse aqui, ele ficaria tão decepcionado com você, N°8. – ditou Klaus com um falsa tom de repreensão.

– Você acha mesmo que ele se importava comigo ou com qualquer um de nós?

– Claro que não! – afirmou. – O velho não gostava da gente, ele só queria que fossemos perfeitos igual ao Luther.

– Discordo.

– É como dizem: cada louco com sua loucura. – deu de ombros.

– Klaus? – chamou Evan, meio hesitante. Não era um assunto fácil. – Você teve notícias da N°9?

– Credo, Evinha! – exclamou Klaus, horrorizado. – Você ainda pensa nesse demônio? Troca o disco.

– Como se fosse fácil. – suspirou Evan. – Ela foi o meu primeiro amor e talvez o último se essa história de apocalipse for verdadeira.

– Evangeline, eu te peço. Esquece ela, pelo seu bem, amorzinho.

– Eu não posso prometer nada, Klaus. Mas eu posso tentar.

– Era isso que eu queria ver. – frisou Klaus. – Atitude!

– Você não presta. – constatou Evan, rindo.

– E você não vive sem mim. – completou Klaus. – Enfim, vou atrás do Luther.

– Você já está se sentido melhor? – indagou Evan.

– Mas é claro! – afirmou. – Só foi um mal estar momentâneo. – prosseguiu. – E você vem comigo atrás do Luther?

– É melhor não.

– Certo. – retirou se Klaus. – Qualquer coisa, estaremos lá embaixo.

– Ok.

“Sou a última pessoa que o Luther vai querer ver hoje, irmão.”


Fim do 00.03

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