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00.02《☆》

II. Reunião familiar

  – Eu não acredito no que meus olhos estão vendo! Meu Deus, é a Evangeline. – a primeira a se manifestar foi Allison Hargreeves que correu para abraçar a irmã que não vira a muito tempo. – Que saudade, Evan.

– Também senti sua falta, Alli. – disse Evan, retribuindo o abraço apertado da irmã. Ela realmente sentiu falta da sua outra mãe.

– Desculpe interromper esse momento meloso de vocês duas, mas ainda estamos aqui, sabe. – disse Diego se referindo a si mesmo e a Luther e Klaus ao seu lado.

  O olhar do gigante recaiu sobre a irmã distante.

– Diego, por favor. – repreendeu Luther, desconfortável com o olhar que sua irmã examinava o seu novo corpo. Ele tinha que afastar esses pensamentos da cabeça antes que ela descobrisse a verdade.

– É bom ver você também, Diego. E o que aconteceu com seu braço? – Evan se desvencilhou de Allison e foi até Diego.

– Uma longa história, irmãzinha.

– Certo. – disse Evan, desconfiada. O seu irmão era um imã para problemas e isso não era novidade. – E você, Klaus? Continua se drogando?

– Evinha, meu amor, por que você não vai pro seu quarto descansar, hein? – desconversou Klaus, pondo os braços em volta dos ombros da irmã. – Deve ter sido uma viagem longa e cansativa, creio que seja melhor você ir descansar. O que você acha, hein?

“Acho que você está tentando me enrolar.”

– Só se você me contar tudo depois. Fechado?

– Fechado, amorzinho. – respondeu Klaus, alheio a presença de seus outros irmãos.

– O Luther vai junto. – completou Diego, de supetão.

– O que? – exclamou Luther, surpreso e um pouco apreensivo.

  A troca de olhares entre Luther, Diego, Klaus e Allison não passou despercebida por Evan. Havia algo de errado acontecendo e eles não queriam contar para ela.

– Certo – disse Luther, por fim indo ao encontro de Evan. – Vamos, Eve?


  O velho corredor que ligava os quartos das crianças ainda era o mesmo, não mudara nada, nem mesmo a escada que o ligava ao andar de cima onde havia os quartos de Evangeline, N°9, Vanya, Cinco e Ben .
  O primeiro quarto era o de Evan. O pequeno cômodo ainda estava do mesmo jeito que deixara, com as paredes repletas de pôsteres de suas bandas favoritas e algumas páginas de revistas em que aparecera junto aos irmãos, a única diferença era a cama arrumada já que Evan nunca arrumava a cama, na verdade, ela mal dormia no próprio quarto.
  Sua mãe já havia perdido a conta de quantas vezes teve que tirá-la do quarto de Luther ou de Allison antes que Reginald percebesse. Bons tempos que não voltam mais.

– Você perdeu o funeral.

– E isso importa? – respondeu Evan, com desdém.

– Ele era o nosso pai, Eve.

– Não, Luther. Não – interrompeu Evan. – Ele não era o meu pai, ele podia ser o seu, mas não era o meu. Você foi o meu pai, Luther. A vida toda foi você, não ele.

– Eve, me escuta – pediu Luther, meio hesitante. – O papai...

– Chega, Luther. Por favor, não vamos nos estressar por causa das merdas do velho, pode ser?

– Claro, Eve. – suspirou Luther olhando uma foto antiga dos irmãos. – Você vai precisar de ajuda?

– Não, obrigada. – respondeu Evan, envergonhada pela forma que tratara o irmão favorito, mas ele tinha que entender que Reginald falhara com ela e com os demais.

– Certo – retirou-se Luther, visivelmente desconcertado. Não era o que espera de sua irmã. – Até mais, Eve.

– Luther, espera.

– O que foi, Eve?

– Só não fuja do assunto, ok? – começou Evan, escolhendo as palavras certas. – O que aconteceu depois daquela missão em Marte? Você sumiu.

– Eu estive na Lua por quatro anos, Eve.

– Eu sei, mas... E antes?

“Merda”

– Saia da minha cabeça! – exigiu Luther, nervoso. Era a primeira vez que Evan invadia a mente do irmão sem permissão. – Agora!

– Luther, por favor, me conta. Eu vou entender, eu juro.

– Chega desse assunto, Eve. – pediu Luther, por fim. – Vejo você mais tarde.

  O gigante saiu porta a fora sem dar mais explicações, o que deixou Evan transtornada.

– LUTHER! – gritou Evan, mas já era tarde.



  Alheia ao caos que estava a sua casa naquele exato momento, Evangeline se deixava levar pela música que seu subconsciente entoava para acalmá-la, era como se fosse um anti-depressivo natural que seu corpo liberava quando se sentia “carregado”.
  O estresse dos últimos dias que antecederam a sua volta para casa e seu medo constante de reencontrar N°9, havia deixado a mente de Evan sobrecarregada ao ponto de perder o controle sobre suas ações e seus poderes, o que não ajudava em nada no seu novo trabalho como garçonete num restaurante familiar no centro da cidade onde escolheu se esconder de tudo e de todos que conheciam o seu passado.



Quarta, 8:15 am (...novamente)


– Ei, calma aí – disse Klaus para Luther. – Nós todos morremos lutando contra essa coisa da primeira vez. Tá lembrado?

– Nós o que? – a voz assustada de Evangeline chamou a atenção de todos no bar. – Klaus? Luther? Alguém vai me explicar ou terei que usar meus poderes em vocês?

– Não será preciso, Evan – disse Diego, sem rodeios. – De acordo com as informações que Cinco nos deu, o mundo vai acabar em três dias e nós – apontou para os outros presentes na sala. – Vamos impedi-lo.

– Espera. O Cinco? O número Cinco voltou? – indagou Evan, incrédula. O seu cérebro ainda tentava processar as informações dadas pelo irmão.

– Sim, ele voltou. – afirmou Allison ao lado de Luther.

– Bem que você falou que era uma longa história, Diego.

– Agora, irmãzinha – começou Klaus. – Você vai nos ajudar ou não?

– Conte comigo, irmãozinho. – respondeu Evan, sem hesitar.

– Voltando ao assunto principal – recapitulou Diego. – Surpreendente o Klaus tem razão. Que vantagens temos agora?

Diego mal acabara de falar quando um portão se abriu sobre o balcão e de dentro saiu Cinco com uma maleta estranha.

– Meu Deus! – exclamou Allison se afastando do balcão.

– Aí. – reclamou o menino Cinco sobre a maleta estranha.

– Gente – disse Klaus, jogado sobre um sofá perto do balcão onde Cinco estava. – Eu ainda tô chapado ou vocês também estão vendo?

– Cinco, onde você estava? – indagou Luther ajudando Cinco a se levantar do chão com a ajuda de Allison.

– Tá tudo bem? – perguntou Allison.

– Quem fez isso? – completou Luther.

– Irrelevante – respondeu Cinco, ainda atordoado. O menor pegara o copo de café que Allison tinha a mão e o virou num gole só deixando seus irmãos a espera de mais explicações.

– Então, o apocalipse é em três dias – disse Cinco. Seu olhar estava estranho, quase feroz. – A única chance de salvar o mundo somos, bem, nós.

– A Umbrella Academy. – concluiu Luther.

– É – confirmou Cinco. – Mas comigo, é óbvio. Então se vocês não deixarem suas picuinhas de lado e caírem na real, estamos ferrados.

– Eu não senti falta disso. – cochichou Evan.

– E daí se o papai nos enlouqueceu – continuou Cinco. – Vamos deixar isso definir a gente? Não. Para termos uma chance de ver a próxima semana, eu voltei com uma pista – ergueu um pedaço se papel. – Eu sei quem é o responsável pelo apocalipse.

  Allison estendeu a mão para Cinco de imediato. Ela era a que mais estava curiosa em relação a isso.
  Juntando-se em volta de Allison, os demais ansiavam em saber quem era o filho da mãe que causaria o fim do mundo.

– Nós temos que deter esse cara.

– Harold Jenkins. – leu Allison.

– Quem é esse tal de Harold Jenkins?

Fim do 00.02

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