00.01《☆》
I. De volta ao lar
“Você precisa voltar”
A mensagem de Luther Hargreeves caiu feito uma bomba na pacata e quase inexistente vida de Evangeline Hargreeves, que um dia foi mundialmente conhecida como Trapaça, membro da prestigiada Umbrella Academy e posteriormente como cantora lírica do milênio pela Forbes, mas isso foi antes do estrondoso sucesso do livro de sua irmã que contara para o mundo os seus segredos mais íntimos e de seus irmãos também.
A partir daquele momento, toda a sua vida mudou para sempre: de uma estrela em acessão para uma simples moradora de uma pequena cidade litorânea na Austrália.
Essa era a vida da pequena Trapaça.
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A voz potente de Elvis Presley ressoava através dos fones conectados ao walkman que Evangeline carregava na cintura enquanto terminava de arrumar a mala para voltar para casa ou para o lugar onde crescera, por mais que odiasse o lugar, Evan não podia negar um pedido de seu irmão favorito mesmo que tenham ficado sete anos distantes, a saudade falou mais alto.
“ I'm leaving now, leaving now, leaving now
I’m gonna get back home somehow”
Revirando uma das últimas gavetas da estante, foi tão fácil encontra a única carta que recebera dos Hargreeves. Era da Vanya, a sua agora odiada irmã.
Evan ainda se sentia magoada com Vanya e não era para menos: Evan confiou nela, e Vanya a traiu contanto para todos os seus segredos mais íntimos e, principalmente, sobre sua relação com a N°9 e outras coisas que deram um fim a uma carreira promissora.
“Don't nobody tell me
Baby's been untrue
If she’s been unfaithful
I don't know what i'll do”
Falar ou até mesmo pensar na N°9 era difícil para ela e os demais que conheciam a história das duas. Reginald Hargreeves a educou para ser forte até mesmo impenetrável, mas era deplorável a forma que ela era controlada pela N°9, sempre mendigando um pouco de atenção e nenhum pingo de amor próprio ou vergonha na cara para se recompor, mas o tempo tratou disso.
Se N°9 era uma doença, Evangeline Hargreeves já estava vacinada.
✯
O ar imponente da fachada da mansão dos Hargreeves já foi algo muito importante e bastante movimentada, mas agora não passava de uma casa qualquer, sem qualquer tipo de glamour ou reconhecimento, nem mesmo o maldito emblema da Umbrella Academy tinha o mesmo valor de outrora, tudo graças a frieza de Reginald Hargreeves que não soube lidar com as diferenças dos filhos e nunca se importou com eles de verdade, e o tempo os levou para longe e os manteve afastados até hoje.
“The sound of the old train whistle
Makes me cry
Reminds me of that lonely feeling
When I said goodbye”
Ao adentrar o hall de entrada, a consciência de Evangeline foi inundada de lembranças de sua infância, como a vez em que ajudara Klaus quando o próprio caiu da escada e quebrara o maxilar. O seu irmão teve que passar oito semanas sem falar, o que foi uma bênção para seu outro irmão, Diego, já que Klaus adorava o atazanar. Foram as melhores oito semanas de suas vidas e ninguém podia negar.
Diante da única lembrança da existência de seu irmão Cinco, Evangeline relembrou a vez em que ajudara o seu irmão Diego com aquele probleminha dele:
“– É só pensar na palavra, Diego. Como a mamãe falou”
Foi o que dizera a ele e funcionou.
Aquela sala que se pudesse falar, falaria o quanto eles foram felizes e tristes ao mesmo tempo, falaria das brigas e das reconciliações, falaria dos laços que criaram e que caíram por Terra a muito tempo, e falaria do quão problemáticos eles haviam se tornado.
– Aí meu Deus, sou só eu ou mais alguém está vendo a pequena Evangeline Hargreeves aqui? – A voz Klaus Hargreeves além de chamar a atenção de seus outros irmãos, fez com que a mente de Evangeline voltasse ao tempo atual.
– Olá, irmãos.
Fim do 00.01
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