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Capítulo 44

Bocejei enquanto esperava o trânsito se mexer. Já faz algum tempo que eu e Seth estamos presos no carro, voltando para casa depois de toda aquela confusão que eu arrumei ao simplesmente decidir ir confrontar a minha mãe.

- Você não dormiu? – perguntou, levantando o olhar do meu celular onde ele estava procurando uma rota alternativa que também não estivesse engarrafada. Hoje o dia tá uma merda.

- Feito pedra – respondi. – Você sabe disso...

Seth sorriu, zombeteiro. Ele literalmente se filmou tentando me acordar. E ele afirma com categoria que já estava tentando há algum tempo antes de ter a ideia de filmar. De acordo com ele, eu nunca acreditaria que eu estava com um sono tão pesado que ele precisou de quase cinco minutos para me fazer despertar.

- Você estava fofa – riu, me arrancando um grunhido. – É sério. Eu realmente te acho linda dormindo. Ou em qualquer outra situação – deu de ombros, voltando a atenção para o aparelho. – Parece que essa rota aqui tá menos pior – virou pra mim, para que eu pudesse analisar o GPS. – Pelo menos o tempo indicado pra gente chegar afirma isso – deu de ombros. Confirmei com a cabeça e ele reajustou a rota. – Você não me disse pra onde a gente vai final de semana.

Sorri sem graça. Eu nem sequer pensei nisso. E amanhã já é quinta...

- Você tinha sugerido uma pequena viagem, certo? – comentou. Voltei minha atenção para seu rosto. – Eu meio que pensei em uma coisa, mas não sei se é clichê demais...

- Seth – revirei os olhos. – Eu te levei pra ver o sol nascer quando a gente ficou a primeira vez. Quer coisa mais clichê do que isso? – sorri, incentivando-o a continuar.

- Um final de semana em um chalé é tão clichê quanto... – observei o sorrisinho que nascia em seus lábios.

- Tá bom. Você tem um ponto... – rimos. – Eu gostei da ideia. De verdade. É meio que o tipo de coisa que eu gosto e acho que vai ser uma experiência interessante.

- Claro, nada melhor do que nos enfiarmos no meio do nada, ou no meio do mato, durante o final de semana – revirou os olhos.

- Preciso te lembrar que a ideia foi sua?... – bufei. – Além do mais, não é diferente do que a gente fez quando eu peguei o carro e saí dirigindo. O dia que a gente teve que se hospedar naquele hotel. E eu não sei se você se recorda, mas a gente voltou lá – franzi o cenho pra ele.

- Me lembro. Eu posso dizer que a ideia de ir para um chalé foi mais ou menos tirada daí. Eu sei que você gosta desse tipo de coisa. A ideia também não me desagrada. Fora que eu não consigo ver nada além de benefícios em ficar sozinho com você em uma casa isolada – sorriu, malicioso, e eu senti meu rosto esquentar levemente. Como se a gente já não se aproveitasse do fato que a gente mora juntos...

- E lá você vai querer realizar os outros suprassumos dos clichês românticos? Piquenique, ver o sol nascer e se pôr, jantar romântico à luz de velas... – fui citando os que eu lembrava. A gente já fez maioria desses...

- Ótimas ideias – sorriu e eu dei de ombros.

- Eu não vou me opor. Não é como se alguma dessas ideias fosse me incomodar.

- Ótimo. Vou tentar organizar isso enquanto a gente observa a traseira daquele carro por mais algumas horas.

- O lugar é maior do que eu pensei – Seth comentou, depois de destrancar a porta e a gente entrar. Embora eu tenha dito que a ideia não me incomoda, eu ainda não acredito que a gente realmente veio para um chalé pra passar o final de semana.

- Eu gostei. E graças a tudo o que é mais sagrado a gente não vai precisar ajeitar nada. Eu tô exausta.

- Está? – Seth sorriu, malicioso, se aproximando. Suas mãos se apoiaram na minha cintura e seu corpo se prensou contra o meu, ainda na porta de entrada. Seus lábios foram, vorazes, para o meu pescoço, me causando um arrepio gostoso quando seus dentes roçaram minha pele. – Tem certeza? – sussurrou, mordendo de leve o lóbulo da minha orelha. Fiz o melhor que eu pude pra suprimir o gemido agarrado na minha garganta.

Levei minhas mãos ao zíper do seu casaco, tentando me livrar da peça, enquanto o beijava apressada. Seth se afastou e o retirou junto com a camisa, jogando-os sobre o corrimão da escada e me ergueu em seguida. Enrosquei minhas pernas ao redor da sua cintura quando ele levou suas mãos aos meus cabelos, segurando com cuidado para não me machucar.

Seth me apoiou de novo na parede, dessa vez me arrancando um gemido baixo quando sugou a pele do meu pescoço. Enrosquei meus dedos nos cabelos da sua nuca, trazendo-o para mais perto, querendo sentir mais dos seus lábios contra a minha pele.

Ele subiu a mão sob minha blusa, apertando meu seio, me fazendo arfar. Beijei seu pescoço de maneira agressiva, sentindo sua respiração acelerar pouco a pouco. Sua mão subiu, tentando se livrar do tecido que o impedia de me tocar com mais liberdade, então o ajudei a tirar a peça, fazendo o mesmo com o sutiã em seguida.

Apertei seus ombros quando sua língua roçou meu mamilo, sugando minha pele, forçando minhas costas contra a parede. Gemi, incapaz de conter o som de escapar por causa dos seus toques.

Seth se afastou da parede e foi andando até onde eu supus ser o quarto, abrindo a porta com tanto cuidado que me deu a impressão de que era quase um floreio.

Arqueei a sobrancelha quando vi a cama com pétalas de rosas e as velas iluminando o ambiente. Seth sorriu, parecendo se divertir com a minha reação.

- Se era pra ser meloso, eu queria que fosse a experiência completa – soltei uma risada baixa e apoiei minha testa à dele antes de voltar a beijá-lo. O aroma das flores invadiu minhas narinas quando Seth me deitou na cama.

- Eu gostei – assumi, com um sorriso torto, fazendo seus olhos brilharem.

Nossa noite foi longa enquanto nos perdíamos um no outro, aproveitando cada toque, cada gemido e cada sensação.

- Eu fiquei sabendo que tem umas cabanas assombradas por aqui – Seth comentou, enquanto a gente caminhava calmamente pela trilha. – Quer explorar de noite?

Não consegui conter a gargalhada, o que me rendeu um olhar de indignação e mágoa por parte dele.

- Você quer explorar algo assombrado à noite? Você tá bem, Seth? – ri mais um pouco e sua expressão se fechou completamente numa carranca. Ahh, acho que eu peguei pesado.

- A gente estaria junto, então não seria tão ruim... E qualquer eventualidade, eu te uso como proteção, já que você não tem medo.

- Haha – revirei os olhos. – Eu estou mais do que disposta a explorar o lugar de noite, ainda mais que aqui tem uma atmosfera macabra – olhei para Seth e sorri de um jeito malicioso e maldoso. – Mas eu não sei se você aguenta. Eu tenho medo que até um bicho se mexendo em uma árvore seja o suficiente pra te fazer ter um troço...

- Obrigado pelo voto de confiança, Sam. Eu fico muito lisonjeado com tudo isso – franziu as sobrancelhas e apertou minha mão de leve.

- Nah. Eu tô só implicando com você. Eu acho que precisaria de mais do que um macaco balançando um galho pra te assustar... Talvez um gambá correndo perto da gente no chão seja o suficiente – ri quando ele praticamente rosnou, indignado.

- Não te chamo pra fazer mais nada. Nunca mais – bufou e desviou o olhar.

Parei de andar e impedi que ele continuasse andando, já que a gente tá com as mãos entrelaçadas. Sorri gentilmente.

- Foi mal. Eu vou parar de pegar no seu pé. Eu gostaria sim de olhar o lugar de noite. Mas eu não quero invadir os chalés. Isso é meio que crime...

- Os que estão abandonados - os que dizem que são assombrados porque aconteceram tragédias ali dentro - estão abertos e pode entrar. E, bom, como a gente tá sozinho, eu não imagino que a gente seria pego de qualquer forma – sorriu, maroto. O que aconteceu com o Seth?

- Espero que você não tenha nenhuma ideia estranha de transar em nenhum deles – ele chegou a abrir a boca, mas eu interrompi. – É sério. Não vai rolar.

Seth deu de ombros.

- Você cedeu na cachoeira... – sorriu malicioso.

- Eu sei. Mas aqui não vai rolar. Embora eu tenho quase certeza que você tá só brincando.

- Claro. A ideia nem tinha se passado na minha cabeça. Pode ser perigoso de várias maneiras... Fora que o lugar tá todo cheio de poeira... Não consigo imaginar o quão legal seria nós dois suados encostando nas coisas – fez uma careta. Acabei tendo a mesma reação ao imaginar a sensação super "agradável" na minha pele.

Voltamos a andar, seguindo a trilha que levaria para outra parte que também tinha chalés, mas que está abandonada há décadas, por mal gerenciamento.

- Me lembra de novo por que a gente tá fazendo essa trilha agora se você ia sugerir da gente fazer isso de noite? – questionei, observando a quantidade absurda de raízes de árvores no meio do caminho, o que faria a gente ter que andar com muito cuidado.

- A ideia foi sua.

- Eu sei...

- Eu só pensei nessa outra parte enquanto a gente já estava aqui – deu de ombros.

- Certo – revirei os olhos. – Sem condições da gente fazer isso de noite. Pelo menos pra ver os que já estão fechados há mais tempo. Vai acabar com um de nós dois com o pé quebrado. Tô passando essa experiência... Eu já quebrei coisa demais no meu corpo pra adicionar mais um pra lista...

- O que mais você já quebrou além do nariz e do pulso? – me fitou, parecendo ao mesmo tempo intrigado e temeroso em saber.

- Hmmm – ponderei. – Eu já desloquei o ombro, o motivo você pode imaginar – percebi os olhos de Seth endurecerem, mas foi a única reação que ele teve. – Bom, mais ou menos... Eu estava protegendo a minha mãe, na verdade – dei de ombros. – Eu já quebrei um dedo jogando, porque eu e um colega fomos pra cima da bola e nenhum dos dois percebeu a presença do outro... Também desloquei a patela fazendo exatamente a mesma coisa – ri com o olhar espantado dele. – No início eu não prestava atenção ao meu entorno. Depois eu passei a ter quase um sexto sentido pra isso, de tanto que eu me machucava ou machucava os outros.

- Você é realmente...

- Uma idiota, eu sei – ri de novo e Seth balançou a cabeça negativamente, ainda incrédulo. – Acho que foram só essas vezes...

- "Só" essas vezes... – repetiu. – Embora me alivie saber que não houveram mais, ainda mais por causa do seu pai.

- Ele tendia a não causar esse tipo de machucado, porque era algo difícil de explicar na emergência. Ele fazia de um jeito que eu não precisasse ir pro hospital – o rosto de Seth estava cheio de dor e isso era algo que eu não estava aguentando ver.

- Isso é... horrível – sorri um pouquinho, olhando pro chão.

- Eu sei. Não tem nada o que eu possa fazer sobre além de aceitar e agradecer que acabou.

- Eu sei que eu já te disse isso antes, mas você é forte, Sam. Muito mais forte do que você se dá crédito e do que percebe – deslizou seu dedão pela minha mão, me causando um arrepio.

- Geralmente eu não penso nessas coisas. É melhor evitar, sabe? Eu simplesmente deixei tudo isso para trás, assim como muitos outros assuntos. É quase a mesma coisa que fugir, mas eu me sinto melhor fazendo isso.

- Ninguém pode te julgar por "fugir". Embora eu não acho que isso seja fugir. Lidar com tudo o tempo todo é difícil e é doloroso, fora que é algo que você não precisa fazer e nem deveria ter que fazer – sorriu para mim, e eu acabei acompanhando. – Você é uma mulher forte. E aguentou coisas demais e por tempo demais.

- Obrigada, Seth.

Continuamos em silêncio, até avistarmos a primeira cabana.

- Tá em melhor estado do que eu pensei – Seth comentou, apertando o passo pra poder chegar perto mais rápido. Só soltei sua mão e o deixei ser feliz.

- Você esperava uma ruína? Ou buracos enormes feitos por cupins? – sorri um pouco. – Aliás, cuidado aonde pisa. A parte do cupim pode ser verdade e pode ser bem perigoso. É melhor tomar cuidado.

- Eu não sei o que eu estava esperando, na verdade – admitiu. – Mas confesso que algo bem menos... perfeito? – completou, em dúvida. – Sei lá, elas estão tão lindas quanto a que a gente tá. Até o verniz parece idêntico.

- Talvez tenha alguém cuidando delas, sabe, patrimônio histórico ou algo do tipo...

- Isso aqui é antigo o suficiente pra ser considerado patrimônio histórico? Aliás, que história? – debochou. Revirei os olhos enquanto me aproximava, testando a maçaneta da porta, pra ver se estava destrancada. Sorri satisfeita quando ela abriu, um rangido seguindo o movimento da madeira.

- Sei lá, Seth. Foi uma sugestão. Para de ser chato e vem comigo – peguei o celular no bolso do short e liguei a lanterna, não querendo arriscar pisar em alguma coisa. – Cuidado com as teias de aranha – alertei.

Ele confirmou e também pegou o celular, me ajudando a iluminar o chão enquanto explorava o lugar, admirado. Foquei meu olhar em seu rosto por alguns instantes, perdida na descoberta de mais uma coisa da qual ele gostava. É incrível e essa sensação nunca me cansa.

Seth deu um pulo pro lado quando um rato passou ao seu lado, e me olhou com os olhos meio arregalados e meio irritado enquanto eu ria.

- Eu avisei pra ter cuidado – tentei dizer, sentindo minha barriga doer.

- Você é uma pessoa horrível, sabia? Eu só me assustei. Eu não tenho medo de rato... – fez um beicinho.

- Ah, eu sei. E eu nem sequer disse isso. É só que você se assustou pra valer e a sua expressão foi impagável... – ri mais, ao me lembrar da cena. Como eu queria estar filmando pra poder assistir isso em loop!

- E você não tem medo de nada? – arqueou uma sobrancelha.

- Eu não diria medo, mas eu tenho receio de cobras. O motivo é bem óbvio. Mas cobras obviamente não venenosas não me dão um nervoso tão grande – admiti com um sorriso.

- Vou me lembrar disso... E espero que a gente não encontre nenhuma por aqui...

- Também espero... – voltamos a andar pelo lugar. Seth resolveu ficar no primeiro andar enquanto eu subia, cuidadosamente, as escadas para o segundo, meu coração falhando uma batida a cada estalo que um degrau dava sob meu peso.

Dei de cara com uma daquelas bonecas de porcelana largada no corredor, em frente a uma porta entreaberta. O ser humano que colocou isso aqui já não sabe mais o que é ter alma. Maldito troço bizarro...

Balancei a cabeça e fui andando até a porta. Me abaixei e tirei a boneca do meio, colocando-a encostada na parede, provavelmente colaborando pro próximo susto que alguém teria ao entrar aqui, vendo-a sentada daquele jeito, e entrei no cômodo.

Olhei em volta, ainda parada na porta. O local tá bem iluminado graças à janela e ao sol que tá muito bem posicionado, então era possível ver com bastante clareza o que tinha ali dentro.

- Bu! – Seth falou, perto do meu ouvido, enquanto suas mãos agarravam minha cintura do nada. Senti meu corpo estremecer, a surpresa quase me fazendo pular. Ele soltou uma gargalhada tão alta que eu saí até de perto, vendo o engraçadinho se encostar no batente da porta em busca de apoio.

- Obrigada por me tirar alguns anos de vida – falei, irritada. Eu odeio tomar susto. – Por favor, não faz de novo...

- Sam, você fica tão fofa quando se assusta. Por muito pouco você não deu um grito – voltou a rir, passando as mãos no rosto, secando as lágrimas. Bufei, mas não me dignei a responder. A minha vontade no momento foi de jogar o celular nele, mas graças à entidade da boneca protetora de quartos abandonados, eu já me acalmei o suficiente pra não fazer isso.

- Vou me lembrar disso – sorri maldosa e dei um passo em sua direção, já que eu praticamente fui parar no meio do cômodo. – E vou ficar muito feliz em te dar o troco em algum momento... – sussurrei perto do seu ouvido e ele parou de rir na hora. Segurei o riso. Eu não vou me vingar e a raiva já passou por completo. É só a minha reação natural quando me assustam. Eu não sou infantil a ponto de realmente me incomodar com essas coisas por tanto tempo, ainda mais a ponto de formular o troco.

- Lembra que você me ama – seu sorriso tremeu quando eu me afastei, ainda fingindo estar irritada.

- Pensasse nisso antes de me assustar – alarguei meu sorriso e então o beijei. Seth ficou tão sem reação que sequer me correspondeu, então acabou sendo só um longo selinho. Dei dois tapinhas em sua bochecha, de um jeito debochado. – Bom menino.

- Você ainda me mata do coração fazendo essas coisas... – soltou a respiração. – Você não tá irritada? – passei o dedo por seu rosto, ainda o sentindo úmido pelas lágrimas de riso.

- Nah. Eu fiquei na hora, mas já passou.

- Eu ainda não estou confiando nessa sua calma toda...

- Seth – revirei os olhos. – Se eu quisesse ou fosse fazer alguma coisa com você, você sabe que eu falaria ou faria isso na hora...

- Tecnicamente você falou – sorriu, nervoso.

- Não vou fazer nada – assegurei. – Além do mais, eu preciso de você inteiro e disposto para mais tarde – sorri maliciosa. Seus olhos brilharam com aquele brilho selvagem que eu tanto amo.

- Prometo te recompensar da melhor maneira que eu conseguir – desceu as mãos da minha cintura para a minha bunda, apertando o local e ao mesmo tempo me puxando para mais perto. Levei minha mão direita aos cabelos da sua nuca enquanto a esquerda permanecia parcialmente em seu rosto e seu pescoço.

Senti o membro de Seth pressionar contra meu corpo, então me afastei com um suspiro de frustração. Eu vou acabar fazendo uma loucura e algo muito estúpido se a gente continuar com isso. E eu nem sequer posso dizer que eu vou me arrepender depois.

Entendendo a minha linha de pensamento, Seth sorriu e concordou, se afastando um pouco mais.

- Melhor a gente continuar, né? – concordei, pensando em todos os motivos do porquê seria uma péssima ideia transar aqui.

Saímos e fomos explorar o segundo chalé, mas a porta estava trancada. Embora tivesse uma janela enorme e o vidro estivesse quebrado a ponto de não ter absolutamente nada na moldura, eu preferi não invadir.

Andamos mais um pouco em volta, avistamos alguns animais, eu me assustei pra valer com uma cobra, entramos em mais duas cabanas que tinha por ali, e depois voltamos para a trilha, antes que começasse a escurecer.

- Você ainda vai querer explorar de noite? – perguntei, me sentindo cansada de tanto andar pra lá e pra cá.

- Você não quer? – me fitou, parecendo ponderar. Dei de ombros.

- Quero. Mas se você não quisesse porque também tá cansado, ou simplesmente tivesse mudado de ideia, eu não ia me importar.

Ele sorriu.

- Você tá com medo? – deixei uma risada baixa escapar. – É sério?... Eu estava só implicando.

- Eu nem confirmei nada – arqueei uma sobrancelha. – Mas não, não estou. Se muito, você pode dizer que eu estou ansiosa.

- Ótimo. Então vamos comer alguma coisa, descansar um pouco, e voltamos mais tarde – confirmei com um aceno. – Que horas você acha melhor? De noite ou de madrugada? – sorriu.

Soltei uma risada leve enquanto destrancava a porta do chalé. O Seth tá ainda mais empolgado do que eu.

- Quer escolher? – ofereci.

- De madrugada – confirmei.

- Imaginei que seria isso – Seth se jogou na cama e me puxou consigo, me fazendo cair por cima do seu corpo. – Meu deus, Seth – falei. – Quer se machucar?

- Nah. Eu tô bem. Foi tudo minimamente calculado – beijou meu pescoço enquanto tirava os tênis, pra poder se ajeitar melhor na cama. – Vamos assistir um filme enquanto esperamos ficar mais tarde.

- Como se eu fosse conseguir escapar de você – ironizei, já que ele já tinha me agarrado pela cintura e enfiado a perna esquerda entre as minhas.

- Como se você quisesse – sussurrou no meu ouvido, me causando um arrepio. – Viu?

- Convencido – revirei os olhos. – Me deixa pelo menos tirar o tênis.

- Você teria a audácia de dizer que eu tô errado? Sendo absolutamente sincera, claro. Falar que eu tô errado você vai falar, só por orgulho – colocou os braços dobrados sob a cabeça enquanto eu voltava pra beirada da cama pra me livrar dos meus sapatos.

- Você não tá errado – virei meu rosto pra olhar pra ele, sorrindo ao perceber que Seth tinha um sorriso bobo nos lábios. Aproveitei e me levantei pra pegar o controle remoto. Quando retornei pra cama, deitei meu rosto no peito de Seth, escutando as batidas aceleradas do seu coração.

Ele rodeou meu corpo com seus braços e beijou minha cabeça. Liguei a televisão e procurei qualquer filme que tinha acabado de começar ou que começaria em breve.

Fechei os olhos enquanto pensava na rotina que se instalou pouco à pouco na minha vida. É fato que eu nunca fui o tipo de pessoa que tinha uma vida movimentada e que estava em uma atividade diferente a cada semana, mas agora até o que eu faço de diferente parece que já faz parte da minha rotina... Suspirei.

- Preocupada? – Seth sussurrou. Abri os olhos e levantei a cabeça pra poder fita-lo.

- Não. Só pensando na rotina, no dia a dia, essas coisas...

- Isso te incomoda? Não ter variação de atividades? Embora a gente não tenha realmente tempo pra fazer algo diferente... – falou cabisbaixo.

Neguei com a cabeça.

- Na verdade, eu estava pensando mais pelo lado de que, mesmo o que a gente faz de diferente, acaba sendo sempre igual – Seth deixou um "ahhh" baixinho escapar, parecendo finalmente compreender o que eu queria dizer.

- E o que te fez pensar nisso agora, de todos os momentos?

- Lucy – ele arqueou a sobrancelha, confuso. – Tô pensando em chamar ela pra fazer alguma coisa algum dia desses. Daí eu percebi que nossa rotina é geralmente essa e, bom... O resto você já sabe.

- Não mudou muita coisa de quando a gente estudava juntos – sorriu minimamente, debochado.

- Obrigada – revirei os olhos. – Eu sei que não. Talvez essa seja a questão toda – dei de ombros.

- Não pensa demais nisso. Liga pra ela e chama ela pra comer uma pizza ou sei lá. Vocês precisam ter mais contato e estão se vendo muito pouco.

- Você também não deveria se preocupar com isso? – arqueei uma sobrancelha. – Ela também é sua amiga.

Seth coçou a lateral da cabeça, procurando as palavras.

- Nossa relação meio que funciona desse jeito... – tentou. – Funciona melhor desse jeito – se corrigiu quando viu que eu não entendi. – Não me entenda mal: eu gosto da Lucy e gosto da companhia dela. Só que a gente implica demais um com o outro quando você não tá olhando e a gente precisa de um tempo separados pra se recuperar dos traumas e refazer nosso estoque de ofensas carinhosas um com o outro – ri.

- Não vou questionar. Só vou aceitar que vocês dois são assim.

- Acho que é mais fácil – riu e beijou minha testa. – Manda mensagem pra ela agora, antes que você esqueça.

Confirmei com um aceno. Me sentei na cama pra poder alcançar meu celular. Desbloqueei o aparelho e digitei rapidamente pra ela, perguntando se ela queria fazer algo semana que vem e Lucy não demorou a responder dizendo que seria uma boa... e praticamente me intimando a ir pra casa dela ao invés do contrário.

Eu nem sequer pensei em reclamar. Diferente do que a gente tinha combinado antes, todas as vezes que a gente combinou alguma coisa, ela quem sempre foi até a nossa casa, e sem jamais reclamar. É o mínimo que eu devo a ela.

- Parece que semana que vem eu sou dela – Seth franziu as sobrancelhas, parecendo não muito feliz. – O que?

- Estou amaldiçoando o projeto da faculdade que eu tenho que fazer e que provavelmente vai me ocupar por toda a semana seguinte, assim como no final de semana... – praticamente gemeu. – Por que ser adulto é tão ruim? Sinto falta da irresponsabilidade de ser uma criança ou um adolescente com tudo pago pelos pais... – arqueei uma sobrancelha. – Ei! Eu tô usando do dinheiro que eu tinha guardado! Não precisa lembrar que eu não tô trabalhando ainda, caramba!

- Calma, é brincadeira. Por enquanto não tá pesando – dei de ombros.

- Eu vou resolver isso quando a gente voltar... Vou falar com o meu amigo sobre aquela oportunidade... – garantiu. Sorri um pouco e me estiquei pra poder alcançar sua boca, beijando-o calmamente.

Seth passou a mão delicadamente na minha bochecha. Quando desfiz o contato voltei a me deitar em seu peito, focando minha atenção na televisão.

Ficamos ali deitados até ser bem tarde. Tarde o suficiente pra eu pensar que ele tinha desistido da ideia de exploração, mas em algum momento ele me chamou e se levantou da cama, recolocando os sapatos.

Sorri diante sua empolgação.

Seth foi andando na frente, me olhando de vez em quando pra ter certeza de que eu ainda o seguia ou pra se certificar de que ele não se empolgou demais e simplesmente me deixou pra trás. Já eu fazia o meu melhor pra acompanha-lo sem tirá-lo da bolha. Mas isso não durou muito... Quando ele ouviu o primeiro barulho relativamente suspeito, que provavelmente foi eu pisando em alguma coisa sem querer, ele voltou praticamente correndo para o meu lado e agarrou minha mão.

- Tudo bem? – questionei, tentando não rir, só porque eu sei que ele vai ficar chateado achando que eu tô debochando dele, quando na verdade eu só achei fofo.

- Claro. Eu só não queria te deixar pra trás... Não foi legal da minha parte sair assim e te largar daquele jeito – forçou um sorriso.

- Aham – ironizei. Eu não sou de ferro, caramba! Deslizei meu dedo na sua mão, para assegurar que estava tudo bem e sorri para ele. Seth suspirou e sorriu de novo, dessa vez de maneira bem mais natural. – Mais calmo? – perguntei baixinho.

- Sim, obrigado.

Voltamos a andar, atravessando a parte que tinham algumas árvores que meio que marcava uma divisão entre a área na qual a gente estava com a área que ficavam alguns dos chalés que a gente ia bisbilhotar.

Passamos algumas horas ali, olhando toda a área - e confesso que foi difícil me segurar pra não assustar o Seth em nenhum dos momentos de distração dele.

- Vamos voltar – disse por fim, brincando com a chave que dava acesso à porta do nosso chalé. Dei de ombros, indiferente.

- Acho que já olhamos tudo o que tinha pra olhar – respondi por fim, então começamos a voltar. – Ahh, cuidado com... – não tive tempo de terminar a frase quando, por puro reflexo, puxei a camisa de Seth pra trás, fazendo com que ele quase caísse sobre mim. – Você tá bem?

Ele confirmou com a cabeça, fitando a pequena depressão no caminho pelo qual a gente seguia. Se ele pisasse ali, com certeza a madeira iria ceder e não seria legal.

- Você me assustou – se voltou para mim com os olhos meio arregalados. Soltei uma risada fraca.

- Eu me assustei – admiti. – Cuidado aonde pisa. Receber cuidados médicos por aqui vai ser complicado.

- Você já acampou, Sam? – questionou.

- Algumas vezes... Por quê? – fitei-o rapidamente, confusa.

- Porque você parece em casa aqui – sorriu um pouco. – Como um animalzinho em seu habitat – soltei uma gargalhada.

- Obrigada, Seth. Me sinto muito lisonjeada pelo meu namorado dizer essas coisas. Sério. Até aquece o meu coração – revirei os olhos enquanto ele ria. – Eu acampava de vez em quando, sim. Geralmente pra ficar longe de casa por alguns dias e ter algo no que focar minha mente. Por vezes, só pegar o carro e sair dirigindo e achar um lugar me dava muito tempo livre pra pensar... Geralmente eu não queria pensar. Eu queria esquecer – Seth destrancou a porta e eu me sentei no sofá que tinha ali. Depois de trancar a porta e retirar os sapatos, ele se sentou ao meu lado.

- Eu não consigo imaginar o quão infernal devia ser pra você pra você ter que chegar e esse extremo – ele alisou meu rosto, seus olhos adquirindo um brilho tristonho.

- Era a maneira que eu tinha de lidar com tudo – dei de ombros. – As surras, as brigas, meu namoro que estava se despedaçando na frente dos meus olhos... Tinham algumas coisas que me faziam agir quase no modo automático. Eu buscava esse auxílio quando precisava me livrar um pouco do peso de tudo aquilo.

- Sempre me surpreende o quão incrível você é, sabia? – me beijou, apertando minha mão com carinho. – Eu provavelmente não teria aguentado passar por tudo isso... – sorri e desviei o olhar, suspirando. – Você já... – Seth se calou, o que me fez levantar o olhar novamente para seu rosto. Por algum motivo, eu já sei a pergunta que ele quer fazer e não consegue.

- Diga as palavras – pedi. – Eu quero que você as sinta, junto com a minha resposta.

Seth engoliu em seco, mas fez o que eu pedi, sussurrando:

- Você já tentou se matar?

Fiquei em silêncio. A única coisa era o meu olhar sustentando o seu. E eu o mantive até eu não aguentar mais o que seus olhos refletiam dos meus.

Me recostei no sofá e neguei com a cabeça.

- Nunca cheguei a tentar. Mas estaria mentindo se dissesse que nunca pensei em fazer isso... – apertei sua mão por reflexo ao me lembrar de algo.

- Me conta? – perguntou baixinho, deslizando o dedo sobre minha pele em padrões desconexos.

- Teve uma vez. Mas não foi de propósito. Eu tomei alguns comprimidos a mais do meu remédio, talvez dois ou três. Minha intenção era somente apagar. Eu só queria dormir. Fazia dias que eu não dormia com medo das surras, porque a última tinha acontecido de madrugada, depois do meu pai chegar em casa e me acordar só pra me bater... – senti que Seth queria desviar o olhar, mas ele não o fez. Fiquei feliz por ele não o fazer. – A medicação era algo novo pra mim e no meu organismo e eu não levei em consideração o risco e a estupidez que seria fazer isso. Eu acordei no hospital, dois dias depois...

- Desculpa, Sam. A minha curiosidade sempre causa dor em você. Eu não queria que você se lembrasse dessas coisas.

Sorri um pouquinho.

- Não tem porque se culpar, Seth. Não é como se você soubesse... Além do mais, eu sempre escolho continuar e te contar. E como eu falei antes: não é como se eu me esquecesse dessas coisas...

- Eu realmente não sei... Mas eu deveria imaginar. Não é difícil saber o que pode resultar essas conversas – suspirei.

- Provavelmente eu já te falei isso antes, mas eu não sou uma boneca de porcelana e não quero ser tratada como uma. Por favor, Seth, não converse comigo cheio de dedos. Isso é a pior coisa que você pode fazer comigo. Eu não quero sua pena. Não é para bancar a vítima que eu te conto o meu passado... Eu conto essas coisas porque eu acho importante que você saiba e porque eu te amo e confio em você. Não me faça me arrepender dessas decisões.

- Desculpa – me abraçou forte, me apertando com seus braços contra seu corpo, e eu relaxei pouco a pouco. – Eu não quis dizer dessa forma. Mas eu me preocupo. E eu não quero que você passe pelas experiências dos pesadelos toda vez que a minha curiosidade falar mais alto.

- E sobre o que, supostamente, a gente vai conversar? – pensei em falar mais coisas. Evidenciar que isso é exatamente o que eu pedi pra ele não fazer... mas desisti. Me afastei do seu abraço e me levantei. – Esquece então – dei de ombros. – Estou indo dormir. Boa noite – comecei a me afastar. Tirei a blusa e o sutiã enquanto ia andando para o banheiro pra poder tomar um banho rápido antes de deitar. Terminei de me despir depois de me trancar dentro do cômodo.

Quando retornei, não foi surpresa ver que Seth não estava em lugar nenhum. Ele provavelmente tá sentado do lado de fora, pensando no porquê eu fiquei chateada. Geralmente é o que ele faz quando a gente "discute". E ele só vai voltar quando entender o que aconteceu. Ou quando achar que eu estou normal o suficiente pra perguntar diretamente pra mim.

Andei até a porta e encostei no ombro dele, que olhava para o céu, pensativo.

- Tá frio – eu disse por fim. – Volta pra dentro.

- Você ainda tá chateada? – abri a boca e a fechei, hesitante. – Eu prefiro que você seja direta comigo, Sam – pediu, gentil.

- Eu só não quero que você me trate de um jeito diferente. Ou que tenha medo de conversar comigo. O meu passado não vai desaparecer se a gente não falar sobre ele.

Seth confirmou com a cabeça e se inclinou, passando os braços ao redor da minha cintura, capturando meus lábios com os seus em um beijo profundo.

- Prometo que não faço de novo. O tema me abalou, só isso. Não foi de propósito.

- Tudo bem, Seth. Deixa pra lá – enrosquei meus dedos nos cabelos da sua nuca e o puxei para outro beijo. – Vou te esperar na cama. Ainda quer terminar aquela série?

- Claro – sorriu de canto. – Me dá só alguns minutos.

Confirmei com um aceno e o deixei se afastar.

- Ah, Seth, só mais uma coisa: – ele parou com a mão na maçaneta da porta do banheiro e se virou para mim, curioso. – Enquanto eu estou com você, os pesadelos não me abalam.



E aí, meu povo, como foi de final de ano? O meu foi recheado de traumas e música ruim kkkkk, mas eu sobrevivi!

Sem muito o que falar por aqui ainda, além, claro, de agradecer à marca de quase 5k de leituras e de 1k de estrelinhas <3 sério, vocês são fodas demais!!!!! - desculpa o relaxo de atrasar tanto pra fazer isso, eu sou uma péssima pessoa pra essas coisas kkkrying

É isso, gente. Espero que tenham gostado e até o próximo <3

Fran

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