Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 42

Olhei para o relógio no canto inferior do monitor pela milésima vez nos cinco minutos que se passaram. Suspirei, me sentindo inquieta e incomodada porque não conseguia me focar no trabalho, o que tá me rendendo outro dia de hora extra.

Me afastei, me recostando na cadeira, olhando para o teto enquanto soltava a respiração pesada, quase bufando.

- Está tudo bem? Você devia descansar, você parece estressada – meu colega falou, parando ao meu lado. Ele provavelmente levantou pra furtar café da copa... de novo... Seu rosto abatido revela muito do porquê ele bebe tanto café...

Virei meu rosto pra ele, tentando controlar minha expressão impaciente, para ele não achar que eu estou sendo grosseira com ele, sendo que a parada não tem nada a ver com a sua presença ou sua pergunta.

- Eu tô bem, obrigada. É só uma enxaqueca chata que não me deixa há alguns dias – menti. Eu preferia que fosse a enxaqueca. Não que minha cabeça não esteja realmente doendo, mas a causa eu sei muito bem qual é... E sei como resolver também... Eu só não quero ter que me dopar pra isso.

- Eu só vim te avisar que o big boss pediu pra falar com você. Ele não parece irritado, então acho que você tá segura – soltou uma risadinha e eu acompanhei, me levantando da cadeira.

A verdade é que Robert é quase um monge de tão calmo... É só você não conseguir realmente tirar ele do sério... Só aí que as coisas ficam realmente feias...

Parei em frente à porta e dei duas leves batidas e esperei ser autorizada a entrar, o fazendo quando ouvi a voz grave do outro lado.

- Sente-se – ordenou, enquanto digitava apressado no computador. Obedeci, sem me questionar ou falar nada, e esperei. Quando ele finalmente terminou, ele se voltou para mim, sério. – Eu preciso saber se você tá com algum problema.

Hesitei. É uma pergunta direta e invasiva, e isso pra dizer no mínimo.

- Problemas? Em que sentido?... – perguntei, tentando me situar. O que ele acha que eu vou fazer?, abrir meu coração e falar sobre minha vida pessoal?...

- Desculpa, eu deveria ter sido mais claro. Eu não estou me referindo à sua vida pessoal. Eu quero saber se você está tendo algum problema aqui. O motivo você já sabe...

Tentei não parecer uma idiota ao quase escancarar a boca, então tudo o que eu fiz foi abrir e fechar a mesma, como se tentasse responder, mas sem sucesso.

- Não, senhor. Não tive nenhum problema aqui por causa disso – afirmei. – Ou por qualquer outro motivo, na verdade. Todos me tratam muito bem.

- Então você tá com problemas em casa – não foi uma pergunta. Bom, não que eu vá confirmar se ele tá certo ou não, de qualquer maneira. – Você anda estressada e seu trabalho vem sofrendo por causa disso – tentei me defender, mas Robert levantou a mão, pedindo para eu continuar escutando em silêncio. – Os seus problemas particulares e o que você faz do lado de fora das portas desse prédio não são da minha conta. Mas o seu desempenho aqui dentro é. Eu estou vendo você quase definhar a cada dia que passa e estou preocupado. Não me entenda errado. Eu não estou preocupado com o seu serviço, até porque você faz questão de ficar até terminar tudo o que precisa.

- Então eu não entendo... – falei, a frase escapando, porque a minha incredulidade foi mais forte do que o meu bom senso.

O homem suspirou e se recostou na cadeira, me analisando.

- Seu desempenho caiu, é fato, mas você continua fazendo o seu trabalho com perfeição e disso eu não tenho como reclamar. E como eu falei: os seus problemas particulares não são da minha conta. Mas se você tiver um colapso aqui dentro, a partir desse momento, vai passar a ser. Estou tentando evitar que isso ocorra.

Desviei o olhar. Odeio ser chamada a atenção. Ainda mais por algo que eu não tenho exatamente controle.

- Esfria a cabeça. Resolva seus problemas. Se precisar de uma folga ou alguma coisa do tipo para isso, não hesite em me avisar, seja lá qual for a hora. Eu só peço para você duas coisas: não suma sem motivos e não faça nenhuma besteira aqui dentro da qual você e eu vamos nos arrepender no futuro.

Confirmei com a cabeça.

- E use o próximo feriado prolongado para fazer alguma coisa. Aqui não estará em funcionamento e você vai ter a semana toda livre. Espero que tenha resolvido seja lá o que está te incomodando até lá, mas caso contrário, eu espero que você não volte essa pilha de nervos – confirmei novamente, sem saber se ele quer me ajudar ou se quer só me dar bronca. – Agora vá para a casa. Já está tarde – tentei protestar, dizer que ainda não terminei, entretanto, seu olhar quase me atravessou e eu me calei instantaneamente. – Vá para casa. E durma. Você tá precisando - ordenou.

Me levantei quando ele desviou o olhar para o telefone, que tocou praticamente no segundo que ele terminou de falar. Robert fez um gesto com a mão livre, quase me enxotando da sala. Não esperei outra deixa, então saí de lá rapidamente.

Voltei para o meu computador, salvei o que eu precisava, organizei tudo o que eu precisaria mexer no dia seguinte e o desliguei. Fui para o vestiário, peguei minha bolsa no armário e saí do prédio poucos minutos depois.

Entrei no carro e tirei os scarpin, jogando-os na frente do banco do carona, obviamente preferindo dirigir descalça do que com o salto, e saí imaginando o quão pesadas minhas olheiras estão para ele conseguir nota-las sob toda a maquiagem que eu estou usando... Ou talvez seja só realmente a minha expressão abatida de cansaço.

A questão é que eu não estou conseguindo dormir. Desde que minha mãe me deu a notícia de que meu pai voltou, minhas noites viraram malditas prisões. São pesadelos sem fim. Eu já vivi e revivi todas as experiências que ele me proporcionou. Cada. Uma. Delas.

E é claro que quando eu acordo, existe a preocupação e o medo constante do que ele pode fazer. Tanto comigo como com mamãe. Suspirei. Lembrar dela agora me traz um misto de sentimentos que eu preferia não sentir. A verdade é que ela vem me ignorando e mantendo afastada. Ela simplesmente não atende quando eu ligo e me retorna ou entra em contato comigo muito raramente. A maioria das vezes ela também ignora as minhas mensagens. Mas o que mais me preocupa é ela se recusar terminantemente a fazer chamadas de vídeo. Eu sei que ele não chegou a fazer alguma coisa física com ela – pelo menos não ainda -, mas ao perder o contato visual, eu não consigo precisar o quanto ela tá escondendo de mim e isso é o que tá mais pesando e me desestruturando. É simplesmente a droga de uma preocupação e uma inquietação da qual eu não consigo me livrar.

A ligação de hoje, depois de mais de duas semanas desde o último contato, só serviu para piorar tudo. Sua voz estava estranha e eu senti sua inquietação...

Parei o carro em frente a nossa casa e apoiei a testa no volante, sem vontade de sair daqui de dentro. Não que eu esteja evitando o Seth. Muito pelo contrário. Seth tem sido ótimo e, sem ele, eu não consigo nem imaginar quantas crises eu já teria tido. Eu só não aguento ver a preocupação em seu olhar. E nem o jeito cuidadoso com o qual ele tem falado comigo, como se eu fosse uma boneca de porcelana.

Suspirei e peguei minha bolsa no banco traseiro, sentindo a sensação de que tem algo faltando, e saí, dando de cara com Seth na cozinha.

- Boa noite – falei, sem conseguir conter o sorriso que brotava em meus lábios. Pelo menos um pequeno alívio.

- Boa noite, Sam – se aproximou, me dando um abraço. Envolvi sua cintura com meus braços e apoiei meu rosto em seu ombro, me lembrando, tarde demais, que eu o sujaria com a maquiagem. Bom, agora já era. Me aconcheguei melhor, meu nariz roçando levemente a pele do seu pescoço, me fazendo inalar seu perfume. – Posso te fazer uma pergunta? – sussurrou, sem se afastar.

- Humm? – fechei os olhos, exausta. A vontade era de dormir aqui mesmo...

- Por que você tá descalça? – afastei meu rosto no mesmo instante, perplexa, e então ri.

- Eu sabia que estava esquecendo alguma coisa – Seth riu também. – Eu tirei o salto pra poder dirigir.

- E esqueceu de colocar de novo – dei de ombros. – Nem o chão gelado foi capaz de te lembrar? Como é possível?!

- Cansaço, eu acho. Meu chefe praticamente me expulsou hoje – contei. Seth se afastou e eu sentei à mesa, pra gente poder jantar. Eu devia buscar algo pra eu poder calçar, mas só a ideia de subir pro quarto pra isso já faz eu pensar que é trabalho demais. – Aparentemente eu vou ficar aquela semana toda do feriado em casa.

- Isso é ótimo! Pelo menos vai poder dormir – meu sorriso falhou por alguns instantes, mas consegui mantê-lo, embora eu saiba que Seth percebeu. – Você precisa dormir...

- Eu sei – e eu quero. Suspirei. – Dorme comigo hoje? – trinquei o maxilar, odiando o fato da minha voz ter tremido.

- Claro, Sam – sorriu e levou sua mão ao meu rosto, acariciando minha bochecha. Esperei que ele se inclinasse para me beijar, porém tudo o que Seth fez foi sorrir, travesso. O puxei para mim, só me sentindo satisfeita quando senti sua língua sobre a minha. – Você pretende jantar ou vai continuar me atacando? – provocou, mas acabou por colar sua boca à minha novamente, sua mão direita apertando um pouco a minha cintura.

- Não é uma decisão difícil – respondi num sussurro.

- Sim, e eu sei muito bem qual seria sua escolha, então, antes que a gente vá mais longe do que só beijos, eu vou te impedir – ri, revirando os olhos.

- Obrigada por estragar o clima.

- Não por isso – piscou um olho para mim, divertido.

Me levantei pra poder colocar minha comida, deixando meus pensamentos vagarem. Talvez eu convide Lucy pra fazer alguma coisa durante o final de semana... Ou talvez eu procure alguma coisa pra poder distrair a minha cabeça dessa inquietação.

- Seth? – ele se virou pra mim, curioso. – Você ainda tá agarrado com aquele trabalho? – ele soltou um gemido frustrado e essa foi toda a resposta que eu precisei. Acenei com a cabeça e voltei minha atenção para o que eu estava fazendo.

- Vai precisar de mim pra alguma coisa? Eu dou um jeito de encaixar – sorri, achando lindo o esforço.

- Bom, era só algo pra gente distrair. Eu pensei que a gente poderia sair. Sei lá, cinema, uma pequena viagem. Alguma coisa desse tipo. Eu estou precisando tirar algumas coisas da minha cabeça e eu não estou conseguindo...

Ele me olhou, compreensivo, sabendo muito bem ao que eu me referia. Eu já atingi o meu limite e não foi hoje. Seth tem me ajudado, mas não é difícil de perceber que eu não estou bem e que eu tô muito preocupada com tudo isso.

- Você tem falado com a sua mãe? – neguei com a cabeça.

- Ela tá me afastando. É sutil, mas eu percebi mesmo assim.

- Descansa um pouco, Sam. Você tá precisando disso. Deixa que eu faço a limpeza aqui embaixo. Sobe, toma banho e se deita. Eu vou pro seu quarto quando terminar tudo.

Neguei com a cabeça.

- Eu vou te esperar. Melhor: vou te ajudar – eu não precisei dizer que eu não quero ficar sozinha. A coisa toda deve estar bem nítida na minha voz quebradiça e na expressão do meu rosto.

Lavamos a louça em silêncio e depois subimos. Seth insistiu para que eu tomasse banho primeiro e ficou me esperando, me dando o tempo e a privacidade para que eu me reestabelecesse sozinha.

Depois do meu banho, Seth entrou e saiu do banheiro rapidamente, afirmando que já tinha tomado banho depois de chegar das aulas.

Fiquei deitada com os braços cruzados atrás da cabeça, encarando o teto. Eu deveria estar com sono, e eu até estava, mas no momento em que eu encostei na cama, tudo isso foi embora. Provavelmente porque eu sei que eu vou ter pesadelos essa noite de novo.

- Você ainda tá preocupada? – ele sussurrou, se virando na minha direção, ficando deitado de lado na cama. Não desviei meu olhar e nem me movi.

- Sim. A sensação de que ela tá me escondendo mais alguma coisa não me deixa e isso tá tornando tudo pior.

- Você acha que ele pode estar ameaçando ela? – balancei a cabeça negativamente.

- Não faz o feitio dele. Ele não ameaça e nem avisa. Ele simplesmente faz o que quer fazer.

Seth deixou um som de compreensão escapar e eu pude sentir que isso meio que o alarmou também. É difícil lidar e saber aonde você está quando as coisas simplesmente acontecem de surpresa.

- Se quiser conversar ou alguma coisa, eu vou te ouvir – virei meu rosto para ele, sorrindo, mesmo sabendo que ele não é capaz de enxergar no quarto escuro.

- Obrigada. Eu acho que eu vou tentar dormir. Eu preciso de algumas horas para descansar.

- Ah, espera, eu esqueci de perguntar o que você queria fazer no final de semana. Você só comentou, mas a gente não confirmou nada. Eu estarei ao seu dispor – soltei uma risadinha, a leve malícia no seu tom de voz me divertindo.

- Vou pensar sobre isso e te falo. Nesse momento, eu quero que você durma – me virei, também ficando de frente para ele, deslizando minha mão pela lateral do seu rosto. – Você também tá precisando.

Seth deu de ombros, sem se abalar.

- A gente tem até sexta pra resolver isso – senti seu sorriso graças ao meu toque em seu rosto. – Boa noite, Sam – ele se inclinou para me beijar e depois me aninhou em seus braços.

Acordei me sentindo alarmada, como se eu tivesse levado um choque. Senti meu corpo dormente e meus olhos lacrimejarem, mas não tive tempo de impedir que as lágrimas escorressem pelo meu rosto. Olhei para o lado e percebi que Seth não tinha acordado, o que é bom. Eu não gosto que ele me veja nesse estado.

Me levantei da cama e fui até o banheiro, jogando um pouco de água gelada no rosto e na nuca. Abri o armário de remédios e hesitei, em dúvida se tomava ou não a droga. Eu não me sinto à beira de uma crise, mas a urgência de resolver tudo isso hoje me faz achar uma ótima ideia me dopar.

Encostei-me na bancada da pia, tentada a pegar o carro e ir de encontro à minha mãe colocar tudo isso à limpo, sem conseguir mais me desligar da sensação ruim que me corrói desde aquele dia. Não é justo eu ficar no escuro e ela sofrer toda a pressão sozinha.

Saí do quarto e peguei meu celular. Liguei para ela, mas é claro que ela não me atendeu. Bom, hoje definitivamente não vai rolar. Eu insisti. Insisti até que ela me atendesse. E depois insisti até ela aceitar que a gente precisa conversar. Pessoalmente.

Voltei pro quarto e peguei minha mochila e comecei a retirar os materiais da faculdade de dentro, me sobressaltando quando escutei a voz de Seth.

- A sua mãe não tinha pedido pra você não ir? – Seth perguntou, se sentando ao meu lado. Tentei não me focar em como ele sabia a minha intenção...

- Eu sei, mas eu estou com uma sensação ruim – olhei pra ele rapidamente e depois averti os olhos dos seus, não aguentando a preocupação que ele demonstrava.

- E você ir lá não é pior? – eu sei que ele tá tentando entender e me ajudar ao mesmo tempo, mas a minha cabeça tá focada em outra coisa agora e essas perguntas todas estão começando a me irritar.

- Eu não vou chegar perto da casa dela – respondi. – Eu falei com a minha mãe e pedi pra ela se encontrar comigo em qualquer lugar que ela julgue seguro, mas eu não consigo tirar da minha cabeça que ela tá escondendo alguma coisa, e eu só vou ter certeza disso quando eu olhar pra ela, na minha frente – enfiei mais algumas coisas dentro da mochila que eu preparava e então me levantei, mas Seth me impediu de me afastar muito, segurando meu braço.

Olhei pra ele, curiosa e irritada.

- Se acalma. Não vai assim num rompante de raiva e medo. É perigoso pra você também e eu nem estou falando só dele. Você tá sem condição alguma de dirigir. E tá de noite – fiz força pra puxar meu braço, mas ele não me soltou. – Sam – eu vi a preocupação nos seus olhos. E o receio. Suspirei.

- E o que você quer que eu faça? – parei de fazer força contra e só esperei.

Já faz, simplesmente, muito tempo desde que minha mãe me falou que meu pai voltou e, desde então, eu vivo nessa apreensão toda. E nada realmente se resolveu de lá pra cá.

- Primeiro eu preciso que você realmente se acalme e pense com clareza. Você não é impulsiva assim e isso já é um sinal bem claro de que tem alguma coisa errada – respirei fundo e fechei os olhos. Ele tá certo. Com cuidado, Seth me puxou e me sentou no seu colo e abraçou a minha cintura. – Eu te levo, não se preocupe com essa parte, mas eu preciso que você realmente se acalme ou você vai ter uma crise dentro do carro. Eu não estou falando pra você não confiar na sua intuição ou nos seus instintos e nem pedindo pra você deixar pra lá, eu só não quero que você saia por aí desse jeito – me apertou levemente com seus braços, sua mão roçando a pele das minhas costas, sob minha blusa.

Mordi meu lábio inferior e respirei fundo mais uma vez. Eu preciso me acalmar de verdade. Até esse momento eu não tinha percebido o quão perto de uma crise eu estou, mas agora, graças ao jeito que estamos sentados, eu consigo sentir-me tremer através do corpo de Seth.

- Ok – apoiei minha testa no ombro dele, usando seu cheiro e seu calor pra me estabilizar.

- O que aconteceu? O que aconteceu pra você ter esse rompante?

- A voz dela – murmurei. – Ela me ligou hoje, mas tinha alguma coisa diferente. Eu fiquei com a sensação de que tem alguma coisa fora do lugar.

- E como estava o rosto dela enquanto vocês conversavam? – perguntou.

- Não foi por vídeo. Desde aquele dia, de forma sutil, ela não tem feito chamadas de vídeo. É só ligação normal – Seth suspirou, parecendo finalmente compreender um pouco do que eu estava falando.

- Nesse caso então eu realmente entendo o seu lado. Eu acho que eu estaria na mesma situação. Provavelmente eu já teria ido atrás da minha mãe há mais tempo. Eu não imagino o inferno que você esteve passando tentando se segurar pra se manter longe e fazer o que ela pediu estando preocupada desse jeito. Você aguentou por tempo até demais, Sam.

- Eu não sei como eu aguentei até agora – admiti. – Talvez a quantidade de trabalhos para entregar na faculdade e o pouco tempo que eu tenho pra realmente pensar enquanto eu estou trabalhando tenham ajudado...

- Mas graças a isso, seus sonos viraram prisões – prendi a respiração. – Você achou que eu não tinha percebido? Que você agora tem pesadelos todas as noites... E que não tem dormido nada bem? Aliás, que tem evitado dormir à todo custo...

- Eu esperava que não tivesse... – suspirei. – Como você sabe?

- Eu não sei se você vai querer saber a resposta... – eu provavelmente não quero mesmo.

- Me conta? – pedi, olhando fundo em seus olhos. Se eu estiver demonstrando tanta insegurança para ele quanto eu estou sentindo nesse momento...

Seth suspirou e deu um beijo na minha bochecha.

- Às vezes eu te ouço do meu quarto – desviou o olhar e eu percebi que ele não queria falar sobre isso. Ele não queria que eu ficasse sabendo sobre isso. – Às vezes você grita... – hesitou - ou chora... Muitas vezes eu vou para o seu quarto e fico com você na cama, tentando te acalmar. Geralmente parece que só de eu estar ali te ajuda. E como você não acorda e também não tem tido crises, eu acho que eu ajudo de alguma maneira... Pelo menos é o que eu tento me convencer...

- Desculpa – sussurrei, o abraçando com força.

- Desculpa? Por quê? – soou confuso.

- Por ser essa bagunça...

- Eu não sei do que você tá falando – sorriu minimamente. – Você não é uma bagunça, Sam. E mesmo que eu achasse isso, não muda o fato que eu te amo e estou ao seu lado pra qualquer situação.

Me deixei sorrir um pouco. Seth e a incrível capacidade dele de me acalmar.

- Tá se sentindo melhor agora? – me perguntou depois de alguns instantes de silêncio. Confirmei com a cabeça. – Então vamos.

- Obrigada, Seth. De verdade. Principalmente por não tentar me impedir.

- Eu não posso julgar a sua preocupação. Muito menos te pedir pra não ir. Seria cruel demais com você não escutar o que você está me dizendo e ignorar tudo isso... Mas eu quero te pedir um favor – me fitou.

- Que favor?

- Faz café pra mim enquanto eu ajeito uma mochila pra mim também? – acabei soltando uma risada, finalmente me sentindo mais leve, parte daquele peso da preocupação me abandonando.

- Faço – sorri e Seth encostou sua boca à minha num beijo calmo.

- Eu já volto – me levantei do seu colo e fui pra cozinha enquanto ele ia para o quarto dele.

Preparei o café para ele e acabei preparando pra mim também. Não que eu acho que vai mudar alguma coisa, já que eu não estou com o mínimo sono, mas pode ser que a cafeína me ajude de algum outro jeito.

- Estou pronto – disse atrás de mim, pegando a garrafa térmica de cima da bancada. – Sua mãe realmente aceitou se encontrar com você?

- Sim. Depois de muita insistência da minha parte.

- E aonde vai ser? A gente vai chegar lá quase ao amanhecer, você sabe, não é? – acho que mais ou menos perto da hora dela chegar do trabalho, então a gente não vai atrapalhar ela...

- Sim, eu ponderei sobre isso. Acho que foi de fato a única coisa que eu estava pensando – admiti, meio envergonhada pelo surto que eu quase tive.

- Você entrou em contato com o seu chefe?

- Sim. Eu falei com ele enquanto você estava no quarto. Eu avisei que surgiu uma emergência e perguntei se poderia me afastar do trabalho por alguns dias, e que compensaria de alguma forma mais tarde. Ele disse que eu posso ficar afastada até por uma semana – dei de ombros.

Eu não sei qual foi a maior surpresa: ele me responder quase uma hora da manhã, ou ele ser tão solícito... Chega a ser quase irônico eu precisar pedir isso pra ele, ainda mais se eu pensar na conversa que a gente teve hoje...

Seth soltou um resmungo abafado, atraindo minha atenção.

- Você tá com ciúmes do meu chefe?... – perguntei, me divertindo. Pensei no senhor de meia idade, quase achando graça da ideia.

- Não?... – a afirmação saiu mais parecendo uma pergunta.

- Fala sério, Seth – revirei os olhos.

- Nah, estou só sendo dramático. Já faz muito tempo que eu percebi que eu não preciso ter ciúmes de você porque eu confio em você de olhos vendados – sorri.

- Você ficou com ciúmes do Bryan... – evidenciei, só pra implicar.

- Eu não diria ciúmes. Eu diria mais que o jeito que ele te olha me incomodou...

- Aham – revirei os olhos. – Só por que ele é gato? – tive que segurar a risada quando Seth me olhou completamente indignado, mas pude ver que ele também prendia um sorriso.

- Eu só não fico chateado contigo porque você tá certa... Ele é realmente muito bonito... – desviou os olhos da estrada e piscou pra mim, sorrindo de canto.

- É claro que estou – dei de ombros. – Eu tenho bom gosto.

- Isso quer dizer que eu sou gato? – disse, divertido.

- Ah, com certeza. Mas essa não seria a palavra que eu usaria para te descrever e nem é a primeira palavra que eu penso quando penso em você – ponderei.

- Se importa em compartilhar? Eu fiquei curioso...

- Eu devia ter pensado nessa parte quando falei aquilo... – murmurei pra mim mesma.

Seth me olhou com carinha de filhote abandonado.

- Você ainda tem vergonha de mim? Não é como se a gente estivesse namorando há um mês... – fez beicinho. Droga, por que ele tem que fazer essa carinha que dá vontade de apertar?

Me inclinei para sussurrar em seu ouvido, como se tivesse mais alguém dentro do carro e eu não quisesse que essa pessoa ouvisse.

Seth soltou um grunhido abafado e eu soltei uma risadinha.

- Então eu sou gostoso? E sexy? – sorriu de forma maliciosa. Eu sabia que ele faria isso se eu contasse...

- Pra mim, sem sombra de dúvidas – dei de ombros. Seth bocejou e eu me senti culpada por ter colocado ele nessa situação, sendo que ele nem sequer descansou ainda. – Você quer trocar comigo? Você não dormiu e eu já estou mais calma. Descansa um pouco.

- Eu estou sem sono – arqueei a sobrancelha. – Quer dizer, eu não estou com tanto sono a ponto de conseguir dormir, entende? – eu não precisei de mais de um olhar rápido para ele para entender as entrelinhas: eu estou preocupado demais com você pra conseguir dormir.

Confirmei com a cabeça e desviei minha atenção para a estrada deserta, ficando em silêncio.

Mamãe me abraçou após abrir a porta do quarto do hotel onde ela está hospedada, forçando um sorriso.

Ver a expressão dela, seu sorriso forçado e seu semblante exausto quase me desestruturou. Eu não esperei que ela estivesse escondendo tanto de mim. Mas está. Sempre esteve, pelo visto.

Seth hesitou na porta, do lado de fora, parecendo não se sentir confortável em entrar e ouvir seja lá o que a gente tenha para conversar. Mamãe se virou pra ele e o puxou gentilmente para dentro e negou com a cabeça.

- Sentem-se – instruiu. – Eu só preciso de alguns minutos.

- Pra formular outra desculpa? – perguntei, irritada. – Eu estou cansada desses jogos. Eu não sou mais uma criança e tenho direito de saber o que está acontecendo. O que está acontecendo de verdade – falei. – O que ele faz me afeta também!

Ela desviou o olhar e suspirou. Eu sei que eu tenho o direito de me sentir irritada, mas é realmente necessário explodir assim com ela? Infelizmente, eu sei que eu vou me sentir culpada mais tarde por causa disso.

Seth segurou minha mão, atraindo minha atenção para ele. Seus olhos pediam gentilmente para que eu pensasse antes de falar, e que a escutasse antes de mais nada. Seu dedo traçou um padrão aleatório em minha mão, num carinho.

- Desculpa – pedi e me sentei ao lado de Seth na cama, apertando sua mão quando ela se virou pra nós dois, seu rosto ainda mais abatido.

- Eu não queria te preocupar mais. Eu me questionei muito se eu fiz o certo em te avisar sobre a volta dele. Eu cheguei à conclusão que eu não fiz. Você estava bem e sua vida estava seguindo um bom ritmo. Agora você está muito parecida ao que costumava ser quando ele estava em casa e isso era tudo o que eu menos queria. Eu não tinha o direito de te afetar e nem de estragar sua vida.

- Eu não estou igual – me defendi. – Nem de perto.

- Não? Então vai me dizer que não está tendo pesadelos? Ou que não se sente acuada ao sair na rua? Ou que quando algum homem mais velho, minimamente parecido com ele para perto de você, que você não tem falta de ar?, ou que não sente vontade de sair de perto? – puxou uma cadeira e se sentou à nossa frente. Desviei o olhar, sentindo minha boca seca e minha garganta se fechar com um bolo que eu não conseguia me livrar.

Desviei o olhar quando ela me avaliou e Seth virou o rosto em minha direção, parecendo ainda mais alarmado. Ele não sabia que eu tinha esses sintomas antes e eu fiz o melhor que eu pude em esconder isso dele até agora.

- Não estou – afirmei.

- Eu vou acreditar quando você conseguir dizer isso olhando nos meus olhos – retrucou. – Eu te conheço e sei pelo o que ele te fez passar. E eu sei tudo o que isso causou à você e tudo o que isso te custou.

- O contrário também é verdade, sabia? – falei, levantando meu olhar, sentindo toda a irritação que eu tentava conter começar a sair do controle. – Ou você acha que eu não sei que você está se escondendo de mim também? Que tá cortando contato comigo para eu não notar que você não tá bem? – mordi o lábio inferior antes que eu falasse algo desnecessário, estremecendo quando a carne rompeu, o gosto de ferro invadindo minha boca.

- Você pode me culpar por me preocupar com você? – suspirou, cansada. – Por não querer que você viva em crises novamente, ou que precise fazer sessões e mais sessões com o psicólogo enquanto seu desempenho na escola e no trabalho caem e seu namoro se afunda novamente? – apertei a mão de Seth com força, suas palavras me atingindo de um jeito que não era a intenção dela, mas não doendo menos por causa disso. – Olha, eu não quis dizer isso desse jeito e você sabe – se retratou, percebendo meu olhar magoado. Mamãe sabe que o meu namoro com o Jack ainda é um assunto sensível, porque, por mais que a gente tenha se ajeitado e tenhamos conseguido seguir em frente do jeito certo agora, eu sempre vou me culpar por tudo o que deu errado.

Fiquei em silêncio, olhando meus pés, sem saber o que dizer. E sem saber mais o porquê de eu ter vindo aqui. Eu odeio me sentir perdida e confusa desse jeito. Me faz sentir aquela mesma criança assustada, que não entendia o porquê do pai a odiar, e que ao mesmo tempo morria de medo quando via a sombra de alguém se aproximando pela fresta da porta.

- Não seria melhor se a senhora fosse honesta e dissesse tudo o que está realmente te incomodando? – Seth se meteu pela primeira vez. – Eu sei que eu não tenho o direito de estar aqui e que não deveria estar envolvido no meio dessa conversa, que deveria ser particular de vocês duas, mas eu, assistindo e vivenciando de fora, estou vendo que vocês precisam ser mais sinceras umas com a outra.

- Não é por preferir mentir... quer dizer, por preferir omitir algo. Mas eu sei o que só citar o nome dele causa à Samanta. E eu preferia evitar isso. Eu devia ter evitado desde o princípio. Não era necessário ter contado que ele reapareceu.

- Eu estou bem, mãe. Eu não posso fingir que só existe perigo para mim. Ele fez mal à senhora também e não começou só depois que eu comecei a namorar.

Ela suspirou e passou a mão na lateral do pescoço.

- Eu estou cansada, Sam. Cansada dessa situação e cansada dele. Desde aquele dia em que eu te liguei, ele aparece na empresa todos os dias. E eu vou à delegacia quase todos os dias. Nada é resolvido. E ele não tenta nada. Ele só fica do lado de fora, ou na recepção. Ele me aborda às vezes para "conversar" quando eu estou saindo, mas ele ainda não disse o que quer de verdade. Tudo o que fala é que sente minha falta e quer recomeçar. Mas eu sei que não é só isso. E eu sinto que tem alguma coisa a ver com você. O jeito que ele me olha me faz ter medo de que, se ele te encontrar, ele vai fazer algo com você e só de pensar nisso... – sua voz falhou e eu me senti horrível. – Eu não queria que você viesse ou chegasse sequer perto porque ele pode estar me seguindo, ou me vigiando, e automaticamente você se colocaria em risco.

- E por que você não disse isso? Por que dificultar ainda mais o que já é difícil?! Se isolar e me preocupar não foi e nunca vai ser a melhor solução. Eu nunca poderia te virar as costas. A gente já passou por tanta coisa juntas por causa dele que não tem sentido ser diferente agora – me levantei, falando indignada.

- Eu queria poder resolver meus problemas sozinha. De quem você acha que puxou toda essa teimosia e essa cabeça dura? – riu um pouco e se levantou também. – Minha preocupação não vai diminuir enquanto aquele lunático não for preso. Ou pelo menos enquanto ele não resolver sumir de novo. De qualquer forma, eu não quero passar mais tempo pensando nele do que eu já estou sendo obrigada – tentei falar mais alguma coisa, mas ela me impediu. - Mas chega de tudo isso. Está tarde e eu estou cansada. Eu não vou mais esconder as coisas de você também, eu prometo. Eu vou lá embaixo providenciar outro quarto pra vocês poderem passar a madrugada, já que o meu só tem uma cama.

- Eu durmo no chão. Ou no sofá – Seth se adiantou. – Não precisa se incomodar.

- Nah, o que é isso. Além do mais, a cama daqui é maravilhosa... Vocês deveriam aproveitar – sorriu pra gente e saiu em seguida, me deixando quase pra morrer ali.

- Sua mãe sempre supera as expectativas – ele comentou, também meio envergonhado, me arrancando uma risada baixa.

- É o charme dela – Seth me puxou para sentar no colo dele, beijando meu pescoço.

- Está mais calma agora?

- Não exatamente. Pelo menos agora eu sei o que tá acontecendo. Mas eu estou preocupada porque ele tá encurralando ela.

- Por enquanto, enquanto ele não fez nada – Seth fez uma careta, irritado – a polícia não quer se meter. Só espero que eles não precisem de algo extremo para agirem dessa vez.

- Eu também espero... – deslizei minhas mãos por sua nuca, acariciando o local.

- Falar isso não ajuda de nada, mas: não fica assim. Eu estarei aqui sempre que precisar. Confia mais na sua mãe também – sorriu e eu concordei com a cabeça.

- Você tá certo. Acho que vou realmente tentar dar uma segurada e parar de surtar à cada dois minutos. Isso tá me prejudicando também.

- Eu queria saber uma coisa... – me olhou, parecendo mais sério. – Aquelas coisas que sua mãe disse... Realmente aconteceram? E estão acontecendo agora?

Senti vontade de desviar o olhar, de mudar de assunto, de fazer qualquer coisa, menos de ter que falar sobre isso.

- Eu preciso mesmo responder? – perguntei, baixo.

- Se não quiser ou se isso for muito incômodo pra você, não. Mas eu gostaria de saber.

Confirmei com a cabeça.

- Não é que seja incômodo... Eu só não gosto de me lembrar disso, e nem da sensação de viver com medo. Eu já comentei uma vez, mas eu acho que nunca me aprofundei no assunto... sobre eu ter medo do meu pai – Seth confirmou com a cabeça e esperou eu prosseguir. – No pior momento, aquele no qual ele praticamente estraçalhou meu pulso só pra eu não jogar, que foi quando eu comecei a desenvolver um tipo de fobia à presença dele... E qualquer coisa que me lembrava dele minimamente era gatilho o suficiente para despertar crises. Era sobre isso que ela estava falando. Foi assim também que eu comecei a ter crises de ansiedade e pânico. Eu tinha medo de sair e encontrar com ele na rua e só de pensar nisso eu começava a me sentir mal e, bom... daí só piorou – mordi o lábio inferior. – Eu só comecei a melhorar de tudo isso quando ele saiu de casa. Só aí que o psicólogo realmente começou a fazer alguma diferença. Antes disso os remédios só serviam pra me dopar. Enquanto eu não estivesse apagada pelo efeito de algum deles, eu estava sempre no pior estado possível.

- Desculpa – murmurou. – Por te fazer lembrar dessas coisas.

- Tá tudo bem – sorri minimamente. – Falar sobre elas com você parece me ajudar, mesmo que um pouco, então não precisa se sentir culpado. Além do mais, não é a coisa mais anormal do mundo querer saber.

Continuamos conversando – sentados um ao lado do outro, para evitar mais alguma alfinetada por parte da minha mãe -, até ela retornar e nos entregar a chave.

- Eu não tinha certeza se vocês ficariam mais de um dia, por toda a questão das aulas e do seu trabalho, Sam, mas se precisarem, é só falar na recepção e aumentar a estadia.

- Obrigado – Seth disse. – Vamos deixar a senhora descansar agora. Boa noite, dona Elbe.

- Boa noite, Seth. E boa noite também, Sam.

- Boa noite – me despedi e saímos do quarto. Olhei o número gravado no cartão magnético, percebendo que era três andares acima do que estávamos.

- Pelo menos, se a gente fizer barulho, ela não vai nos ouvir – Seth comentou, me fazendo passar a mão no rosto, tentando disfarçar que eu estava corando. Eu sei que ele falou isso só pra descontrair, mas mesmo assim...

- Vocês dois são demais... – chacoalhei a cabeça negativamente. – Eu não dou dez minutos pra você dormir – arqueei a sobrancelha.

- Existem prioridades na minha vida, sabia? – riu. – Eu nunca daria preferência para dormir, sendo que é algo que eu posso fazer depois.

- Justo - concordei. Não é como se eu pensasse diferente dele...

Abri a porta do quarto e coloquei minha mochila sobre o sofá, no canto.

- Você pode tomar banho primeiro – falei. Me sentei ao lado da mochila e peguei o controle, para ligar a televisão. – Eu não estou com pressa.

- Sem chance de você se juntar a mim, não é? – perguntou, tirando a camisa, depositando a peça no braço do sofá, ao meu lado.

- Eu não estou com pressa – repeti, cruzando as pernas e sorrindo de uma maneira contida.

Sorriu travesso, indo em direção ao banheiro.

- Se mudar de ideia e quiser se juntar a mim, a porta estará sempre aberta – e piscou para mim.

Sorri e fechei os olhos, me reclinando no sofá. Eu realmente achei que ele fosse tentar alguma coisa assim que entrássemos, mas devo admitir que ele está se comportando. Talvez Seth esteja mais cansado do que eu levei em consideração.

Senti Seth me erguer do sofá. Abri os olhos e percebi que ele me levava para o banheiro, um sorriso pervertido brincando em seus lábios. Ou talvez não...

- O que está fazendo? – perguntei, apesar de saber bastante bem as intenções dele. Acho que a parte do "está se comportando" foi apenas uma ilusão momentânea.

- Me senti sozinho no banho, então resolvi te trazer comigo. Prometo que não tento nada que você não queira – quase ri. Como se tivesse alguma coisa sequer perto desse sentido com Seth que eu não queira.

Me colocou dentro da banheira com muito cuidado para que ele não acabasse se desequilibrando e nós caíssemos, e depois entrou, sentando-se à minha frente.

Seth parecia esperar qualquer tipo de reação minha, uma negativa, para ser mais exata, como negação e talvez eu reclamar, e principalmente que eu me levantasse e fosse embora, apesar dele ter simplesmente me colocado na banheira de roupa e tudo.

Tirei minha blusa enquanto ele me encarava totalmente descrente. Levantei e tirei a calça e me sentei de novo, ainda de calcinha e sutiã. Segurei o riso quando sua expressão se contorceu. Não demorou muito para ele se inclinar em minha direção e me beijar de forma agressiva enquanto apertava minha cintura com sua mão. Ele realmente achou que eu fosse dar pra trás?

Contornei seu queixo vagarosamente com as pontas de meus dedos, seguindo até seu pescoço e descendo até encontrar um de seus mamilos. Rocei levemente o dedo curiosamente e senti sua mandíbula dar uma leve tremida. Sem conseguir me conter, deixei escapar um sorriso, que ele correspondeu com um grunhido e intensificou mais o beijo, exigindo minha atenção. Alisei sua barriga calmamente, voltando a subir, prendendo meus dedos em seus cabelos, puxando-o para mim.

Senti sua mão que estava em minha cintura subir até o fecho de meu sutiã e logo depois o tecido não estava mais em nenhum lugar que desse para ver. Seth se abaixou fazendo um caminho de beijos até o meu seio, passando sua língua vagarosamente na pele sensível, de forma sensual. Mordi os lábios para impedir que o gemido escapasse por eles. Puxei levemente os cabelos de sua nuca, trazendo seus lábios novamente aos meus.

O empurrei contra a superfície de cerâmica da banheira, fazendo Seth se apoiar enquanto eu deslizava a mão por seu sexo já rijo. Seus olhos ganharam uma tonalidade diferente por alguns segundos e eu perdi o contato visual quando ele fechou os olhos e pendeu a cabeça levemente para trás, soltando um grunhido sexy.

Observei cada movimento, cada gemido, cada detalhe em sua expressão enquanto o masturbava. Suas reações me diziam exatamente do que ele mais gostava. Não contive o sorriso malicioso que tomou conta dos meus lábios.

Senti seu sexo deslizar por minha mão e seu corpo tremer levemente. A cada movimento ele se descontrolava mais, até não aguentar mais se segurar e se derramar em minha mão, avançando sobre meus lábios de forma desejosa.

Sorri travessa quando Seth conseguiu abrir os olhos e me fitar. Sua respiração saía pesada e descompassada, ainda sob os efeitos do orgasmo.

Me inclinei para sussurrar em seu ouvido:

- Eu adoro sua expressão de prazer. É ainda melhor saber que fui eu quem a proporcionou.

- Você é injusta, Sam – me puxou para que eu sentasse em seu colo, distribuindo beijos por meus lábios, pescoço, seios e ombros enquanto suas mãos deslizavam por minha cintura e coxas.

- Sou? - mordi seu ombro quando senti sua mão em meu sexo, me tocando com leveza, me estimulando.

Com maestria ele alterou nossas posições, me apoiando na cerâmica morna, e mergulhou a cabeça na água. Estremeci quando senti sua língua em meu sexo. Suas mãos puxaram meus quadris para me ajeitar e tirar a calcinha que ainda o atrapalhava, dando melhor passagem para si.

Gemi um pouco mais alto quando senti sua língua percorrendo todo o meu sexo. Corei, enquanto tentava suprimir os gemidos cada vez mais frequentes. Puta que pariu, eu estou muito mais sensível do que o normal.

Seth se ergueu para poder tomar ar, o sorriso estampado no rosto, e mergulhou de novo, voltando sua atenção novamente à minha intimidade.

Com sua mão me masturbando e sua boca me estimulando eu não tinha mais quase controle algum sobre os gemidos que escapavam dos meus lábios. Tudo que eu conseguia fazer era abafá-los com minhas mãos.

Seth emergiu novamente, mas continuou me estimulando com sua mão. O puxei para mim novamente, beijando-o de forma sedenta. Gemi em seus lábios ao sentir o orgasmo começar a despertar em meu âmago, espalhando-se lentamente. Ele se afastou e sorriu, retornando sua atenção para meu sexo.

O orgasmo veio forte quando senti sua boca me envolvendo novamente. Estremeci conforme as ondas de prazer percorriam cada centímetro do meu corpo, em êxtase.

Seth fez um caminho de beijos até chegar aos meus lábios, me beijando gentilmente.

- Você prefere aqui ou no quarto? – perguntou, afastando-se poucos milímetros, seus lábios roçando os meus.

- Quarto? – meus sentidos ainda estavam um pouco desconexos devido ao orgasmo, mas a palavra me despertou levemente.

- Achei que você poderia querer seguir o conselho que recebemos – piscou um olho e se levantou, me pegando novamente em seu colo. Sacudiu a cabeça enquanto andava até o cômodo tirando um pouco do excesso de água que escorria por seu rosto enquanto molhava o quarto inteiro.

- Nós vamos ficar doentes – dei uma leve bronca. Confesso que essa não é minha preocupação nesse momento.

Seth se aproximou e me colocou no colchão macio, percorrendo as mãos por meu corpo enquanto me beijava de forma possessiva. Seu membro rijo roçando minha coxa me excitou novamente. Usei as mãos para acariciar seu corpo, sentindo seus músculos contraídos, o puxando para mim.

Envolvi minhas pernas em sua cintura, me sentindo impaciente. Sorrindo malicioso, entendendo o que eu queria, ele se posicionou, me beijando novamente, e me penetrou vagarosamente, gemendo contra a minha boca.

Beijei seu pescoço, sentindo sua respiração pesada em meus cabelos devido o esforço e as sensações que percorriam por seu corpo.

Ele se afastou para poder apoiar as mãos na cama para ter um maior controle. As estocadas eram lentas, embora precisas. Seth não parecia querer se apressar, preferindo curtir o momento, aproveitando para me provocar ao mesmo tempo.

Sua mão esquerda brincava com meus mamilos, me trazendo sensações que me deixavam cada vez mais quente, como se seus toques me incendiassem. Arranhei suas costas levemente, sensualmente.

Seth se desvencilhou de mim e se deitou, me puxando para o seu colo. Com as mãos impôs o ritmo conforme me penetrava. Apoiei as mãos em seu peito para poder me movimentar com mais facilidade, subindo e descendo os quadris. Me inclinei para poder beijá-lo, seu membro deslizando deliciosamente em mim me causava arrepios.

Senti o orgasmo começar a se espalhar pelo meu corpo. Gemi quando cheguei ao ápice, mas não cessei os movimentos, prolongando a sensação. Seth sorriu maliciosamente sob mim, me arrancando uma risada baixa e trêmula.

Ele se virou, me deitando na cama, de lado, e se posicionou atrás de mim. Levantou minha perna esquerda e me penetrou por trás vagarosamente, mantendo o ritmo lento enquanto eu me recuperava. Beijou meu pescoço passando a língua sensualmente por toda a extensão, distribuindo leves mordidas pelo local, me fazendo arfar. Seth segurou minha mão enquanto me penetrava. A posição não permitia que eu visse seu rosto, mas eu sabia que ele estava chegando ao limite e não aguentaria se segurar por muito mais tempo.

Sorri quando ele bufou em meu pescoço, me mordendo um pouco mais forte do que ele pretendia, não aguentando mais conter o orgasmo, gemeu em meu ouvido e me apertou em seus braços. Arfei, também sendo atingida por outro orgasmo. Estremeci em seus braços enquanto a sensação percorria pelo meu corpo.

Esperei alguns segundos até a sensação cessar e me virei para Seth que ainda tinha os olhos fechados e um leve sorriso nos lábios. Qualquer sinal de perversão tinha deixado seu rosto.

Ele me aconchegou em seus braços, beijando o topo de minha cabeça.

- Eu te amo – murmurei contra seu peito e ele me apertou mais em seus braços.

- Eu te amo, Sam – beijou minha bochecha e se sentou. – Mas precisamos tomar outro banho – riu levemente quando o encarei com a sobrancelha arqueada. Como se a gente tivesse sequer tomado o primeiro...

O puxei de volta para mim para poder beijá-lo de novo.

Depois do "outro" banho nos deitamos na cama, exaustos. Deitei minha cabeça no peito de Seth quando ele me abraçou, poucos segundos depois eu já estava adormecida e, pela primeira vez em alguns meses, eu não tive nenhum pesadelo.




Então tá aí: o presente de natal e ano novo parte 2 kkkk - embora esse não seja tão alegre assim :x

É isso, galera, não tenho mais nada pra comentar por aqui por agora. Espero que todos estejam bem e felizes <3

Beijos e até o próximo

Fran

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro