Capítulo 40 part 1
Seth POV
Senti meu corpo enrijecer. Tanto por medo pela Sam quanto por raiva.
Respirei fundo o mais discretamente que eu consegui.
Ver seus olhos tão cheios de terror me dói de um jeito que eu jamais achei que seria possível. E também me faz sentir totalmente impotente sobre a situação.
Com cuidado a puxei para um abraço apertado e ela escondeu seu rosto em meu pescoço.
- Fica comigo – pediu. – Pelo menos por hoje, não me deixa sozinha – sua voz falhou e eu a senti quase quebrar ao mesmo tempo em meus braços. – Eu tô com medo – admitiu num fio de voz. A apertei mais contra mim, tentando pelo menos tranquiliza-la um pouco com o gesto.
- Claro, Sam. Estarei aqui sempre que precisar.
- E por favor, eu não quero que a Lucy e o Matt saibam disso.
- Eu vou dizer que você não acordou muito bem, por causa da ressaca. Eles devem te deixar em paz assim.
- Obrigada.
Ficamos muito tempo dentro do quarto, em silêncio, e já faz algum tempo que ela parou de chorar também e que parece sonolenta, mas toda as vezes que seus olhos se fecharam por alguns instantes ela estremeceu e acordou assustada, então em determinado momento eu parei de deixa-la ressonar e a desperto discretamente com beijos e carícias.
- Você quer fazer alguma coisa? – sussurrei. – Pra tentar esquecer um pouco? A Lucy tinha nos chamado pra jogar vôlei ontem e eu acho que pra você, nesse momento, é uma boa ideia.
Sam concordou fracamente com a cabeça e se afastou de mim um pouco, mesmo parecendo absolutamente não querer fazer isso. Dei um sorriso pra tentar reassegurar a ela que está tudo bem e me inclinei para poder beijá-la.
Passei a língua por seus lábios, sentindo o gosto de suas lágrimas, e ela correspondeu, primeiro incerta e depois um pouco mais confiante.
- Eu preferia ficar aqui jogando vídeo game com você – disse e soltou uma risadinha. Sorri um pouco mais aliviado por ver que ela está se acalmando e está um pouco melhor.
- Se é o que você quer... – dei de ombros. – Eu mais do que topo – sorri. – Eu falo com eles dois sobre as mudanças de planos – a ajeitei na cama com cuidado para que eu pudesse me levantar. Me ajoelhei à sua frente. – Eu vou ter que me afastar só por alguns instantes, pra falar com as duas pedras que ainda estão desmaiadas no meu quarto – brinquei. – Eu volto logo.
Sam concordou, mas antes que eu pudesse terminar de me erguer ela segurou minha mão.
- Pensando bem, eu acho melhor a gente jogar vôlei mesmo – desviou o olhar.
- Tem mais alguma coisa que você não quer ou não pode me contar? – perguntei de maneira gentil, mascarando minha preocupação. Fez que não com a cabeça. – Então por que quer mudar? – me sentei ao seu lado, mas não a obriguei a olhar em minha direção.
- A Lucy parecia animada pra isso. E ela também disse que sentiu falta de jogar com a gente. Com todos nós. E eu não quero estragar isso por causa da minha situação de merda – respondeu por fim.
- Você deveria pensar mais em você nesses momentos. Essa é uma péssima hora pra você querer ser altruísta e pensar nos outros.
- Eu estou pensando em mim... Você disse que acha que jogar seria uma boa ideia e eu concordo. Isso deve me ajudar a tirar essa preocupação da minha cabeça por enquanto.
- Tudo bem – beijei sua testa e me levantei e dessa vez Sam não me impediu. – Eu volto em poucos minutos. Eu jogo água nos dois pra acordá-los mais rápido se preciso for, só pra você não ficar sozinha muito tempo.
- Obrigada – agradeceu novamente e sorriu um pouquinho.
Saí do quarto da Sam e fui até a porta do meu e dei algumas batidinhas. Por favor, que eu não os encontre pelados!
Abri a porta com cuidado, sendo atingido por aquele cheiro de álcool velho. Torci os lábios e coloquei a cabeça cuidadosamente pra dentro pra espiar. Nem sinal de roupas pelo cômodo pelo menos, o que eu posso considerar sorte.
A Lucy vai me odiar pelo resto da vida por isso, mas é agora ou nunca, e eu não quero deixar a Sam sozinha.
Empurrei a porta do quarto de uma vez, sabendo que ela se chocaria com o móvel na parede para a qual ela deveria abrir e sorri sarcástico quando os dois deram um pulo da cama, parecendo alarmados.
- Bom dia, meus queridos amigos. Dormiram bem? – Matt me olhou completamente perdido, já Lucy estava absolutamente revoltada.
- Tá maluco, Seth? Que porra! Por que fez isso? – começou a quase rosnar pra mim. Eu teria ficado com receio dela me tacar alguma coisa, como ela já fez antes, mas eu estou muito mais preocupado com a Samanta do que com os chiliques dela nesse momento... E não tem nada perto da minha cama para ela me arremessar, tirando o chinelo dela...
- Pra acordar vocês? – disse de forma sarcástica, como se fosse óbvio. – Dizem que se for de uma vez, dói menos, que nem arrancar esparadrapo de machucado...
- Eu não sou a porra de um machucado, seu filho da...
- Opa! – interrompi. – Tá, eu sei que você tá com raiva de mim, mas eu tenho meus motivos pra fazer isso, então se vocês dois puderem colaborar e voltarem a ser seres humanos o mais rápido possível eu agradeço... – resolvi parar de implicar com a Lucy antes que ela voe no meu pescoço. Me virei para Matt esperando ver ele semi adormecido como ele sempre fica depois de acordar, mas seu olhar perspicaz estava mais desperto do que nunca, me analisando minuciosamente. Merda! Eu fui descuidado.
Sem chamar a atenção da namorada, ele escreveu de forma discreta com a ponta do dedo sobre o cobertor "Sam?". Suspirei, mas não concordei e nem neguei. Eu não preciso. Ele já sabe que tem alguma coisa me preocupando e também já sabe que é sobre ela. Negar é inútil, mas pelo menos agora, Matt sendo quem é, vai aceitar essa resposta e não vai se meter além disso.
- Vocês queriam ir à quadra jogar, não é? Aos finais de semana é liberado aonde a Sam estuda, então ela sugeriu da gente ir pra lá, mas temos que ir logo, porque já está quase de tarde e lá fecha relativamente cedo.
O humor de Lucy pareceu dar uma melhorada quando eu expliquei o motivo da minha brutidão, já Matt só me olhou e confirmou com a cabeça.
Voltei para o quarto dela quase correndo, só para encontrá-la praticamente do mesmo jeito que a deixei quando saí. A única diferença é que agora ela olha para o céu ensolarado, pensativa.
- Os dois vão tomar banho e beber um pouco de café e aí a gente pode sair – parei à sua frente.
- Eu ouvi a Lucy te xingando daqui – virou o rosto pra mim e sorriu. – Fico feliz que você tenha sobrevivido. Eu me sentiria responsável se ela fizesse algo com você... – seus olhos vagaram do meu peito até meus olhos, e depois retornaram à minha boca e se prenderam ali.
Sem parecer se importar muito com o que eu falei que os dois estariam prontos em, no máximo, vinte minutos, ela me puxou para si, me fazendo ficar sobre seu colo novamente, porém a posição era diferente dessa vez, e sua intenção também.
Suas mãos se apoiaram em minhas coxas que ladeiam seus quadris na cama e seu característico sorriso malicioso tomou conta de seus lábios enquanto ela se inclinava para poder me beijar.
Deixei que ela fizesse o que queria, embora incerto se era uma escolha boa ou não. A verdade é que quando a Sam está sob um estado de estresse causado por situações pesadas como essas que ela viveu com o pai dela, o preconceito que sofreu ou até mesmo sobre o ex, ela acaba usando o sexo como válvula de escape. Já faz muito tempo que eu percebi isso e eu nunca consigo decidir se é realmente o melhor deixa-la realmente fazer o que quer ou se é mais saudável impedir, mas no fim eu acabo cedendo, porque parece ajuda-la de verdade.
Suas mãos subiram de minhas coxas até meus quadris e então ladearam meu tronco, subindo minha camisa para tirá-la em seguida.
Ela voltou a procurar meus lábios, um pouco mais voraz, mais exigente, e eu decidi parar de lutar contra ela quando senti que suas mãos ainda tremiam. Me inclinei, fazendo com que ela se deitasse na cama e me levantei para poder trancar a porta.
Tirei minha calça jeans e a deixei do lado da cama, por questões de praticidade na hora de nos vestir de novo e me voltei para o seu corpo, retirando seu short e sua peça íntima enquanto ela tirava a blusa e o sutiã.
Me ajoelhei sobre a cama e envolvi seu sexo com a mão e depois com o lábio, masturbando-a enquanto a explorava com a língua e a chupava. Um gemido rouco escapou por seus lábios entreabertos, fazendo meu próprio sexo pulsar em expectativa. Eu não queria que as coisas fossem assim, corridas, e nem pelo motivo que está acontecendo, e por mais que eu me sinta culpado, o meu corpo reage ao dela com muita facilidade.
Quando Sam chegou ao orgasmo eu me afastei e abri a gaveta da escrivaninha que ela usa pra estudar, sabendo que encontraria preservativos ali. Peguei um e abri a embalagem, vestindo-o rapidamente em mim, o que a fez parecer completamente insatisfeita. Soltei uma risadinha. Eu sei o quanto ela odeia correr as coisas, e o quanto ela odeia não "devolver o favor", mas hoje não é sobre nós e muito menos sobre mim. É sobre ela.
Suas mãos vagaram pelo meu corpo, suas unhas roçando minha pele tão de leve que me causavam arrepios de prazer. A puxei mais para o meio da cama comigo, e quando a penetrei ela mordeu meu pescoço de forma sensual, o que me arrancou um gemido grave.
Comecei a me mover, tentando me controlar para que a cama não fizesse nenhum barulho que nos denunciaria, mas isso se provou impossível.
- Pera, aqui não vai dar certo. Nossas camas são barulhentas demais – sussurrei apressado, me sentindo um criminoso. Me afastei e a puxei para sentar sobre mim depois que me sentei em sua cadeira de estudos. Mais um lugar maculado nessa casa, quase ri.
Num impulso causado pelo prazer, joguei minha cabeça pra trás quando ela se sentou sobre mim, me encaixando novamente, e começou a se mover, rebolando sobre mim. Gemi de novo. Sua respiração pesada em meu ouvido me enlouquecendo pouco à pouco.
Virei meu rosto em busca de seus lábios, a beijando desesperado, já começando a sentir o orgasmo se acumular em meu corpo.
Suas mãos apertaram meus ombros e ela gemeu sob minha boca, e eu senti seu gozo morno em meu peito e em minha barriga, escorrendo vagarosamente. Grunhi e a puxei contra meu membro, cessando os movimentos ao mesmo tempo em que eu ia mais fundo, e gozei em seguida.
Ela sorriu, parecendo satisfeita, e me beijou antes de se afastar. Sorri também e me levantei. Retirei o preservativo e o joguei na lixeira que tem ali, bem ciente de que eu, obviamente, não sairia com isso na mão só pra dar de cara com Matt e Lucy pela casa.
Peguei minha calça e minha boxer e as vesti, sorrindo malicioso enquanto observava Sam se vestindo também. Pra agilizar o processo, eu peguei seu sutiã de cima do colchão e ela só passou os braços pelas alças e eu fechei atrás enquanto ela ajeitava os seios na parte da frente. Andei até seu guarda roupas e joguei o top esportivo para que ela pegasse, sabendo que ela também colocaria a peça.
- Eu te sujei – disse ao se aproximar, olhando o caminho que dita "sujeira" tomava pelo meu torso. Passei meu dedo coletando tudo o que consegui e o levei à minha boca, sentindo seu gosto em minha língua e sorri. Me inclinei para beijá-la.
- Vamos ou eles vão suspeitar da nossa demora – falei por fim. – Eu só preciso ir ao banheiro antes para me limpar. Eu odeio ter que usar qualquer roupa com a sensação de lubrificante e goza no meu pau – ela riu.
- Ok, te espero lá embaixo.
- Ah, eu falei pra eles que você sugeriu da gente jogar na sua universidade, já que hoje é liberado pra acesso e pode levar amigos e foi o primeiro lugar que me veio à mente enquanto eu brincava com a minha vida provocando uma Lucy que tinha acabado de ser acordada.
- Perfeito. Era lá mesmo que eu pensei em leva-los quando Lucy comentou sobre isso ontem.
- Ótimo, fico feliz de ter conseguido acertar o lugar então – sorri.
Entrei no banheiro e peguei a toalhinha de rosto que estava cuidadosamente dobrada em uma das gavetas e a umedeci na pia, e depois passei em meu membro e em meu peito para retirar os resquícios dali também. Bem melhor. Aproveitei e também escovei meus dentes.
Desci as escadas vagarosamente, um pouco cansado pela noite mal dormida e pelo o que a gente acabou de aprontar lá no quarto. Avistei Sam sentada no sofá, parecendo distraída, e parei para observá-la por uns instantes, querendo ter certeza se ela tá pelo menos um pouquinho melhor. Me alivia perceber que sim.
- Vamos? – falei, sorrindo. Me aproximei e segurei sua mão na minha, entrelaçando nossos dedos, sem deixar de notar que ela tá um pouco gelada. Lucy e Matt já estavam terminando de beber seus cafés e acenaram pra nós dois, já que eles também nos escutaram.
- Vou indo na frente para o carro – Sam disse, mas eu não a soltei. Ela arqueou a sobrancelha pra mim. Sorri minimamente e passei meu dedão em sua mão numa carícia. Com um suspiro ela apenas assentiu e se aproximou mais de mim, colando seu corpo ao meu.
- Todos prontos? – sorri, um pouco mais animado agora, embora ainda preocupado demais com o que pode vim a acontecer no futuro se aquele lunático por um acaso encontrar a Sam... Ou pior: se ele fizer alguma coisa à ela.
- Você sabe que a gente só estava esperando vocês, não é? – Lucy disse, ácida, e seu olhar afiado veio diretamente para mim. Com um sorrisinho de canto ela se levantou e foi andando em direção à porta.
Olhei pra Sam, curioso.
- Parece que fomos descobertos – murmurei. – O que será que nos entregou?
- Acho que a gente não sabe ser furtivo – a garota deu de ombros. – Mas não é como se eu me importasse deles saberem – me olhou e sorriu, maliciosa. A intensidade de seu olhar brincava entre a preocupação, o medo, o divertimento e o prazer, o que gerava um estranho tom verde escuro. É a primeira vez que eu os vejo assim.
- Você quer que eu dirija? Você estava com uma ressaca terrível, não é?
- Não, tudo bem. Minha ressaca já passou... – ela desviou o olhar e eu entendi instantaneamente. O pânico gerado pela notícia foi tão forte que o organismo dela simplesmente ''esqueceu'' da ressaca...
- Tá. Bom, você vai chegar lá bem mais rápido do que eu de qualquer maneira – ri. – Você dirigindo me assusta.
- Eu dirijo normal – franziu o cenho pra mim, parecendo ofendida.
- Sam, você parece piloto de corrida ilegal de rua – olhei pra ela, franzindo as sobrancelhas pra sua risada. Risada essa que soou quase como uma declaração de culpa. – Você tá de sacanagem, né?
- Eu era uma adolescente entediada que buscava diversão em qualquer coisa. Eu fiz outras idiotices também – confirmou enquanto a gente entrava no carro e ela dava a partida.
- Só falta você me dizer que tem alguma tatuagem escondida e tinha uns dez piercings – ironizei.
- A parte da tatuagem é meio impossível, Seth – revirou os olhos. – Onde diabos eu esconderia uma tatuagem, se você já viu meu corpo todo? – me fitou rapidamente e eu dei de ombros.
- Eu sei, eu só queria implicar com você... – Sam voltou a olhar para a rua, um sorrisinho travesso nascendo em seus lábios. – Pera, você não negou sobre... – parei de falar. – Inacreditável! Aonde?
Ela riu prazerosamente, se divertindo com a minha reação.
- Eu não tinha dez, eu tinha três – me corrigiu. – Mas eu tirei. Hmmm... Eu acho que tirei no primeiro dia de aula do terceiro ano – levou a mão ao pescoço, parecendo tentar se lembrar. – Ou será que eu ainda usava quando a gente foi à sorveteria aquela primeira vez?... – murmurou. – Bom, eu não lembro mais – deu de ombros, mas continuou mexendo os lábios, falando datas e momentos, tentando se lembrar, nitidamente incomodada com a falta da memória.
Que insano. Eu nunca daria a Sam por esse tipo de garota. Bom, acho que, na verdade, eu não daria ela por nenhum dos tipos das coisas que ela fazia e, mesmo assim... Incrivelmente ela é, foi, tudo isso, e muito mais.
- Agora eu estou realmente curioso... Aonde eles ficavam? – voltei à conversa e a arrastei comigo. Sem chances dela não me contar isso. Eu preciso muito saber!
- Se eu te dissesse para adivinhar, aonde você diria que era?
- Sinceramente, Sam? Eu não tenho a menor ideia. Até cinco minutos atrás eu nem sequer tinha pensado na possibilidade de você se interessar por piercings ou coisas do tipo... – ela soltou uma risadinha.
- Tem tanta coisa ainda pra você descobrir, Seth...
- Como eu não estou indo à lugar nenhum, eu vou ter bastante tempo pra isso – sorri de canto e seu olhar se iluminou um pouquinho mais.
- Vou te dar uma dica: todos eram em locais bem comuns, mas não tão facilmente visíveis.
Tentei não imaginar ela com piercing nos seios, mas a imagem já tinha se fixado na minha cabeça e eu estou tendo muita dificuldade em me manter calmo, porque a visão era simplesmente sensual demais...
Pigarreei e Lucy deu uma risadinha.
- Acho que pela reação do Seth, ele já imagina onde dois ficavam – implicou e eu estalei a língua, mais sem graça do que qualquer outra coisa.
- Aonde? – Sam incitou com um olhar malicioso, querendo ver a merda feita mesmo.
Continuei em silêncio, pedindo internamente para eu estar errado, caso contrário, eu vou ter dificuldades de dormir imaginando isso de noite... Só de imaginar minha língua roçando sua pele e o metal morno... Quase gemi.
- Nos seios? – Lucy disse por mim, se divertindo um pouquinho.
Sam soltou uma risadinha e depois de alguns segundos fazendo suspense, confirmou.
Porra!
- Eu juro que não vou reclamar se você quiser colocar de novo... – deixei escapar, antes que eu percebesse o que eu estava falando. Desisti de controlar minha imaginação e minha ereção que resolveram se rebelar contra mim. Pelo menos, por enquanto, só ela pode ver.
- Vou pensar com carinho na proposta – respondeu e piscou um olho pra mim. – Vocês ainda precisam adivinhar o outro. E não, não era lá – cortou antes que Lucy falasse alguma coisa e a outra soltou uma risadinha.
- Quais são as alternativas de lugares comuns para se ter piercing, mas que ao mesmo tempo não é visível?
- Todos eram visíveis – Sam nos corrigiu. – Só dependia de quem estava olhando para mim – deu de ombros. Por algum motivo, eu sinto que tem alguma história do Jack por trás disso... Estreitei os olhos, dividido entre a curiosidade e o bom senso...
- Seu ex percebeu? – acabei cedendo o bom senso pela curiosidade. – Ou ele já sabia?
- Eu coloquei em segredo, só de onda – riu. – Ele notou os três no segundo que me viu... – me fitou de canto de olho, parecendo esperar algum tipo de reação vinda de mim. – E ele colocou um em solidariedade, no lábio, mas acabou tendo que tirar depois de uma cotovelada acidental no basquete...
Ela ficou em silêncio, esperando nosso palpite. Sinceramente? Eu nem sequer consigo imaginar. Tudo o que me vem à cabeça nesse momento são as porras dos piercings em seus seios!
- Era no nariz – respondeu por fim, quando nem eu nem Lucy falamos mais nada.
- Mas no nariz não é escondido... – Lucy contra argumentou, erguendo a sobrancelha.
- Porque não era na narina, era no septo... E eu deixava ele virado para dentro a maior parte do tempo – deu de ombros.
- Então por que você colocou, em primeiro lugar?! – eu e Lucy perguntamos ao mesmo tempo, arrancando uma risada dela.
- Eu deixava ele normal no início, mas eu fiquei com medo de acontecer a mesma coisa comigo enquanto jogava que aconteceu com o Jack, então eu o escondia pra poder praticar, jogar e essas coisas, e sempre esquecia de ajeitar depois, então em determinado momento eu só desisti e deixei do jeito que estava.
- Eu nem tenho palavras pra te descrever – falei, perplexo.
- Eu acho que me lembro... Eu tirei os do seio antes, realmente no primeiro dia de aula, até porque, caso contrário, a Lucy teria visto eles, e ela nunca soube. O do nariz era o meu preferido e eu tentei manter, e eu não lembro o que me fez tirar, mas acho que foi pela época que a gente já tinha se acertado... Depois que eu contei que sou uma mulher trans.
- Então demorou pra caramba!
- Um pouquinho, sim – sorriu parecendo uma criança.
- Você sente falta? Ou tem vontade de colocar de novo? – Lucy perguntou enquanto Sam estacionava o carro no estacionamento de alunos da universidade.
- Não sei. Eu já pensei sobre isso algumas vezes e, de vez em quando, realmente me dá vontade de recolocar, mas dificilmente eu faria sem ser no modo impulsivo, como foi da primeira vez também – deu de ombros. – Me esperem um minuto. Vou confirmar se o ginásio tá aberto e se a gente pode acessar – confirmamos com a cabeça e Sam foi andando rapidamente até a recepção enquanto cumprimentava algumas pessoas pelo caminho.
- Parece que todo mundo conhece ela... – Lucy comentou, impressionada. – Essa é realmente a primeira semana de aula?
Pensei sobre isso. Ela sempre disse que era popular em suas antigas escolas. E eu também nunca a vi sendo fechada com as pessoas na nossa antiga escola. Ela basicamente se dá bem com todo mundo até alguém fazer alguma coisa com ela...
Sam acenou de longe, fazendo sinal para a gente segui-la, então fomos andando em sua direção.
- Parece que o pessoal que joga pela universidade tá usando o ginásio pra treinar hoje...
- Ah – falei, meio decepcionado.
- Alguns caras do time são, por ironia, da minha sala, então eu acho que eu consigo invadir o treino deles – riu, se divertindo. – Claro, se o treinador não estiver lá. Me sigam que eu levo vocês até lá.
- Algum deles sabem que você joga? – Matt perguntou, olhando o lugar com atenção enquanto andava.
- Não. Eu nunca toquei no assunto. Alguns tentaram me convencer a entrar pro time sem nem saber que eu praticava e joguei vôlei a vida quase toda... Imagina se eu tivesse dito? – sacudiu a cabeça. – Ia ser um pandemônio.
- Agora não tem mais problemas? – perguntei. – Porque eles vão descobrir...
- As inscrições já encerraram e a norma daqui é bem rígida sobre entrar depois. Acho que nem se o time todo, junto com o treinador, assistente e todo o resto, se juntassem, conseguiriam fazer o diretor abrir uma exceção pra mim, então eu estou relativamente segura – falou. Ela pensou em tudo, percebi.
Sam parou na porta do ginásio e pediu para a gente esperar do lado de fora enquanto falava com o capitão.
Ela se aproximou de um cara moreno alto que estava fazendo exercícios de aquecimento. Parece que eles acabaram de chegar também.
Ele a olhou de um jeito estranho, o que me irritou um pouco. O cara tá quase babando. E ele nem disfarça!
- Parece que ele gosta dela – Lucy disse, sem malícia. Ela parecia mais surpresa do que inclinada a me provocar.
- Eu tô percebendo isso também – respondi, tentando não soar um maníaco ciumento.
Observei o jeito que Sam interagia com ele e sorri. É totalmente diferente do jeito que ela interage com os outros. É mais... reservado... e contido... Ela obviamente tinha traçado um limite para ele. Até o jeito que ela sorri enquanto conversa com ele é contido, para não ter espaços para um erro de interpretação.
Ele pareceu bem surpreso com alguma coisa que ela disse, e depois acenou positivamente com a cabeça, então ela se virou e pediu pra gente entrar. Nos aproximamos e eu percebi que o cara me olhava feio. Provavelmente eles já conversaram sobre mim e ele deve se sentir no direito de se sentir ofendido pela gente namorar e a sua paixonite ser platônica...
Paramos ao lado de Sam e ela nos apresentou ao capitão irritadinho, que se chama Bryan.
- Por que não nos disse que jogava? O time feminino estava precisando de suporte...
- Porque eu estou ocupada com as matérias e com o trabalho. Você sabe disso. Além do mais, eu não disputo mais. Agora é só esportivo.
- Você era tão ruim assim que teve que abandonar o esporte? – ele perguntou parecendo mais inocente do que provocativo, e eu senti que a Samanta se irritou pra valer com isso. Por mais que não pareça, ela é uma mulher extremamente orgulhosa.
- Mais ou menos isso – ela deu de ombros, mas seu sorriso dizia muito bem que ela ia trucidar ele.
- Como você quer dividir os times? Só os rapazes estão reunidos aqui hoje... Vai ficar meio desigual um monte de cueca contra duas mulheres, não?
- Nah, relaxa. A gente jogou algum tempo com times mistos no colégio. Se quiser, pode fazer nós quatro juntos e mais dois dos seus, o que acha? Ou quer misturar todo mundo?
- Eu quero misturar. Por que facilitar pra vocês quando eu posso atrapalhar ainda mais sua vida? – ela riu e deu de ombros. – Qual era sua posição?
- Levantadora – arqueou a sobrancelha quando ele soltou uma risadinha.
- Decide quem vai e quem fica. Eu decido os outros rapazes pra vocês com base nas posições disponíveis – ela acenou.
- Seth - sorriu de forma meio cruel, mas ele não pareceu entender o sorriso e todo o significado que ele tinha -, quer ficar comigo?
- Com certeza – sorri. Eu não estou a fim de sofrer as consequências com o outro time só porque ele a irritou. Eu prefiro a segurança e a estabilidade da parceria dela.
- Lucy e Matt podem ficar no outro time? Depois a gente reveza se quiserem.
- Ok – responderam.
- Seth é oposto e eu vou manter minha posição de levantadora – o tal Bryan pareceu meio confuso pelo modo que Sam falou, mas não contestou. Apenas se virou pros seus colegas de time, que já tinham terminado o aquecimento, e passou as instruções pra eles.
- Ah, vocês podem vim com tudo – Sam disse, nitidamente provocando, enquanto se afastava pra começar o aquecimento.
- É saudável iniciar uma disputa com eles? Você não sabe se eles são bons ou não...
- Relaxa, Seth. Desde quando você é medroso assim na hora de jogar? – bufei, meio ofendido.
- Eles são jogadores de universidade. Alguma coisa de especial eles têm... – ela deu de ombros, distraída com o aquecimento.
- Nem todo mundo entra no time por mérito – disse por fim.
- Ok, boazona, se a gente perder, a culpa é sua...
- Seth, eu estou acostumada a levantar pra você, tanto pelo tempo que a gente jogou junto no clube quando pelas tantas horas que a gente passava praticando sozinhos. E você sabe que eu me adapto bem. Enquanto você estiver furando a defesa, a gente vai fazer pontos. O que nos resta é confiar nos nossos outros jogadores – parou de se aquecer e me fitou, me dando um meio sorriso que me fez quase esquecer o lugar onde a gente tá e beijá-la aqui mesmo... – Aqui não – me repreendeu quando dei um passo em sua direção. Ri.
- Claro, vou me comportar, prometo. Eu não quero machucar o carinha ali – apontei ironicamente por cima do ombro pro capitão.
- Você percebeu? – riu, se divertindo.
- Como não notar? Ele quase baba quando te vê – franzi o cenho pro desdém dela.
- Ele já tentou me chamar pra sair, mas ele sabe que eu tenho namorado e que as chances de ele conseguir alguma coisa comigo são zero. Nós conversamos e desde então ele nunca mais tentou nada e me respeita e me trata como uma amiga – levantou o olhar pra mim de novo, desviando de Bryan, que organizava o resto do nosso time. – Não precisa ter ciúmes.
- Eu não estou com ciúmes – tentei me esquivar, mas tudo o que ela fez foi se esticar na ponta dos pés e me dar um selinho. – Tá bom, talvez um pouco – admiti. – Mas foi mais o jeito dele olhar pra você que me incomodou, como se, sei lá... você fosse um animal indefeso e ele um predador faminto – Sam riu e revirou os olhos.
- Você acha que eu sou um animalzinho indefeso? – brincou, sorrindo.
- Eu não, e eu sei que você não é. Mas ele parece pensar assim – dei de ombros.
- Não é a opinião dele sobre mim que me importa – me deu um olhar significativo e se afastou
Sorri, bobo. Eu sempre acabo me rendendo ao charme e à maneira dela de lidar com as coisas.
Ela e o capitão irritadinho tiraram a moeda e a gente começou com o saque. Ela deu um sorriso irônico pra ele e veio girando a bola nas mãos enquanto me fitava.
- Eu faço? Ou guardo a surpresa? – questionou quando passou por mim.
- Eu deixo ao seu critério – bem conhecendo ela, ela vai com tudo no saque e ainda vai mirar no capitão irritadinho só pra provar que ela é muito melhor do que o crédito que ele deu pra ela.
Olhei pra trás e espiei quantos passos ela estava dando e não contive o riso quando ela parou no nono. Yep, ela vai mirar nele...
Saí da posição e só fiquei em pé, normal, muito mais confiante do que eu deveria, mas quase certo de que o ponto seria nosso, por ele estar tão perto da rede e com certeza não estar esperando que o saque seja mirado em si.
O aluno fazendo papel de juiz apitou para que ela pudesse sacar. Ouvi os passos e o barulho da mão dela se chocando contra a bola... e só. Mas o consenso era: todos do outro time tirando Matt e Lucy estavam em choque.
- O que foi, Bryan? Você não disse que eu sou ruim? – provocou. – Eu posso fazer isso os 25 pontos se vocês não reagirem – deu de ombros com desdém, dessa vez parando em sete. Ela vai jogar no fundo, bem na quina.
- Você é uma sádica, sabia? – nós dois rimos. – O resto do pessoal quer jogar também!
- Tá, tá, só mais dois então, ok? – sorriu.
- Como você quiser.
Ela sacou novamente e, como eu previ, jogou bem no cantinho da quadra, e Matt não teve como levantar. O terceiro foi uma bomba normal, mirada entre a Lucy e o Matt, o que os fez hesitar, um com medo de bater no outro, e o terceiro ponto seguido de saque foi nosso.
E, como prometido, o quarto saque foi normal, jogado em cima da Lucy para que ela pudesse receber sem nenhum problema, a bola praticamente conduzida na sua manchete. Às vezes até eu me irrito com o quão perfeita ela pode ser jogando...
Sam observou os jogadores do outro lado enquanto eles passavam os dois toques restantes entre si para poder devolver, e depois observou os nossos próprios companheiros de time enquanto a bola voltava para o nosso lado.
Com cuidado, ela armou o levantamento pra mim em um lugar que ela sabia que não daria para ultrapassar, mas sabendo eu lá qual era a ideia genial dela, eu só comprei a ideia e fui com tudo. Quando eu pulei que vi a rede e o campo do outro lado, os dois armários que me bloqueavam e a bola em minha direção, eu entendi: ela só queria testar o tipo de defesa deles, basicamente se eles iriam ver primeiro para onde o toque iria, ou se iriam me bloquear logo de cara, por ser a "opção segura" dela. Usei o bloqueio para um rebote e, com a mesma calma fria e calculada, ela fez exatamente a mesma coisa.
Os dois do bloqueio se entreolharam e o resto do nosso time pareceu não curtir a ideia, mas jogando com ela pelo tempo que eu jogo, eu sei que tudo não passa de coleta de dados, mas dessa vez, ao invés de fazer o que ela queria, eu fintei por cima da defesa.
Sam estalou a língua e me encarou por alguns instantes, claramente irritada por eu ter atrapalhado seja lá o que ela estava tentando fazer. Sorri.
- Foi mal estragar sua brincadeira, mas se você ficar fazendo os jogadores de bobos pra poder analisar de um por um, eles vão ficar meio insatisfeitos – debochei enquanto dei um leve puxão de orelha ao mesmo tempo, trazendo-a de volta ao jogo.
Sam se limitou a concordar, ainda parecendo muito irritada comigo.
Dessa vez ela não me usou pro ataque, ao invés disso ela usou um dos caras daqui da universidade e pareceu bem satisfeita com o tempo de resposta e com o quão limpo foi seu corte.
Sorri e desisti de reprimi-la. É para o melhor assim. E pelo menos ela tá distraída e não tá pensando em seu pai ou está preocupada com a segurança da mãe...
O capitão irritadinho se aproximou da gente, oferecendo um isotônico.
- Por que não falou que jogava? – perguntou, quase acusatório.
- Você nunca perguntou – deu de ombros.
- Eu te convidei pro time!
- Exato. Me convidou pro time. Você não perguntou se eu sabia jogar. Você perguntou se eu queria jogar. E a minha resposta foi "não". E continua sendo não.
- Por que abandonou o esporte? – lancei um olhar na direção do moreno, não me importando se ele provavelmente é mais velho ou não que eu. Ele pareceu muito consciente da minha irritação e abaixou um pouco a atitude dele.
- Eu tive meus motivos. Nenhum deles vêm ao caso agora.
- Você é uma pessoa muito fechada. Deveria deixar as pessoas se aproximarem mais, sabia?
Ela suspirou e se sentou no chão e me puxou pra sentar ao seu lado quando sentiu que eu ia falar alguma coisa. Olhei rapidamente para o seu rosto e ele dizia claramente "por favor, não... eu consigo lidar com ele, não precisa brigar". Confirmei com a cabeça e aceitei a garrafinha de isotônico quase cheia que ela me oferecia.
- Tem certeza? – quis confirmar.
- Meu estômago tá embrulhando de novo. Não vai ser legal se eu passar mal aqui – sorriu. Dei de ombros e bebi a bebida toda de uma vez.
O capitão irritadinho nos observava, tentando saber se estava sendo ignorado, se ela iria dar uma resposta pra ele, ou se só era melhor ele sair daqui logo.
- Ser uma pessoa fechada e contar particularidades da minha vida são dois conceitos diferentes – Sam disse por fim, levantando o olhar para ele, sorrindo. – Todo mundo tem segredos. Eu não sou exceção. Eu tive sim meus motivos para fazer muita coisa, mas eles são meus motivos e eu não vejo a necessidade de compartilhar isso com ninguém. Insistir nisso é ser invasivo... – seu olhar adquiriu um brilho diferente enquanto ela falava a última parte de forma super séria: - E eu odeio gente invasiva – segurei sua mão e a apertei gentilmente. A mudança não foi só por ela se incomodar pela indiscrição dele. Se fosse um dia normal, isso sequer a incomodaria a ponto de uma resposta sequer atravessada. Sua irritação provém do que aconteceu mais cedo e das suas lembranças do passado.
Passei meu dedão em sua mão, tentando fazê-la se relembrar que precisava manter a calma e que o rapaz não tem culpa de nada.
Já o capitão irritadinho pareceu engolir em seco, pego completamente de surpresa com a mudança dela.
- Ainda quer jogar mais ou está com medo de ser massacrado? – provocou, nitidamente mais calma, e depois me fitou, sussurrando um "obrigada".
Passei a mão em sua cabeça, bagunçando seus cabelos, e depois me levantei, andando para longe. Ele parece querer falar alguma coisa com ela, mas não na minha frente. Me sentei ao lado de Lucy e Matt.
- Tem mais alguma ideia genial para hoje, Lucy? – perguntei.
- Meu plano inicial era embebedar a Sam e fazer ela passar vergonha – riu e eu sorri de canto, lembrando das brincadeiras bobas que a gente fez no quarto e do quão descontraída ela parecia. Pela primeira vez a Sam pareceu realmente uma adolescente, leve e livre. Eu quero poder ver mais desse lado dela, mas não por meio de bebidas.
Esse pensamento também me faz questionar o quanto ela teve que se privar quando era mais nova para o seu normal de hoje não ser o seu verdadeiro normal. Suspirei. Bom, eu não tenho a menor intenção de me meter nisso, porque eu sei que eu a machucaria demais e eu não quero isso.
- A gente tá morando numa cidade pequena agora. Não tem nada de interessante pra gente fazer a não ser ficar em casa assistindo televisão ou ir ao shopping.
- O que você e Sam fazem quando estão com tempo livre?
Dei de ombros.
- Lemos, vamos ao mercado, andamos por aí como um casalzinho de idosos apreciando a paisagem – ri da careta de Lucy. – Assistimos filmes ou séries, jogamos vídeo game, essas coisas.
- Cara, vocês são tão chatos! – resmungou.
- Se funciona pra gente assim, por que mexer no que tá dando certo? – perguntei, quase desafiador. – A Sam gosta de ficar em casa. Eu gosto de ficar em casa. Tá tudo no lugar certo.
- Sim, mas a questão é que você não era caseiro e eu não entendo de onde veio esse seu espírito zen...
- Lucy, você sabe que eu saía em busca de outra coisa. Eu não ia para festas porque eu queria ouvir a música ou conversar com a galera. Eu queria sexo. Só isso. E depois disso era cada um para o seu lado. Só perdeu a graça – dei de ombros. – Fora que eu não preciso desperdiçar meu tempo procurando outras garotas para isso. Eu estou com quem eu quero agora – revirei os olhos. – Pera... Você também não era de ficar em casa. Quer dizer que vocês saem todo final de semana? – arqueei a sobrancelha. Só de lembrar de como as boates eram lotadas já me dá até um arrepio... Mas nem a pau que eu sinto falta daquilo ali.
- Não todo final de semana, mas pelo menos a gente tem vida social – Matt soltou uma risada baixa.
- Agradeço pela parte que me toca – Sam disse, se aproximando. – Tem algo de errado em ser caseira?
- Nah. Eu já aceitei que vocês dois têm realmente a alma de dois velhos e que nasceram pra ficar juntos.
- Ficar em casa tem um número de praticidades que sair não tem – sorriu e apoiou seu braço no meu ombro, me usando de apoio. Desviei meu olhar para os seus seios que estavam bem perto de meu rosto e depois desci um pouco mais, encarando sua barriga, sentindo vontade de levantar sua blusa e mordê-la...
Desviei o olhar antes que eu faça alguma idiotice.
- Tipo?
Sam se limitou a uma risadinha e um sorriso malicioso.
Todos nós sabemos que ela tá muito mais implicando com a Lucy do que sendo literal, mas não dá pra negar que ficar em casa, ainda mais nesse sentido, tem realmente suas vantagens... Quantas vezes iniciamos sessões incríveis de sexo à troco de puro tédio? Ou enquanto a gente fazia alguma coisa e nos distraíamos muito um com o outro e, quando percebíamos, já estávamos no quarto... Ou na cozinha, ou na sala...
- Vamos voltar? Tá ficando tarde e eu quero dormir – Sam disse, me arrancando uma risadinha pelo seu jeito fofo.
- Eu dirijo na volta – falei pra ela, que me deu um sorriso agradecido. Lucy acenou com a cabeça e Matt pareceu tão agradecido de poder voltar quanto a Sam.
Sam se despediu das pessoas que estavam presentes enquanto passava por eles, indo em direção à saída do ginásio com a gente.
- Você é pior que política – Lucy disse, franzindo o cenho. – Como pode você conhecer tanta gente assim?
Ela riu.
- Acontece que um dos professores precisou de uma assistente para fazer algumas coisas e, é claro, todo mundo simplesmente sumiu... Infelizmente eu não tive a mesma sorte e fui "convidada" a ajudar...
- Eu não fiquei sabendo disso – falei. – Por que não simplesmente negou?
- Eu tentei, acredite – suspirou. – O professor foi tão insistente que eu simplesmente desisti, porque falar que eu não queria estava me estressando mais do que ajudar ele jamais iria – bufou, contrariada.
– É por isso que você tá chegando quase em cima da hora no trabalho todos os dias? – perguntei. Eu lembro que nos primeiros dias que isso aconteceu, Sam estava tão estressada e tão cansada que ela me contou sobre isso em umas três ocasiões diferentes... no mesmo dia...
- Sim... Aliás, eu pensei que eu tinha te contado – admitiu. – Foi mal... Eu acho que fiquei tão sobrecarregada que eu simplesmente esqueci – se desculpou.
- Nah. Não é como se eu não soubesse que teve algum tipo de mudança. Você me contou, só não exatamente da forma mais direta que tinha. De qualquer forma, eu sabia que tinha alguma coisa acontecendo – sorri.
- Você também nunca perguntou... – comentou e arqueou a sobrancelha pra mim.
- Eu já aprendi que tem coisas que não devem ser perguntadas pra você – ri. – Ainda mais que você estava tão estressada no dia... Eu tinha total certeza de que se eu perguntasse, com todas as palavras, o motivo de toda a sua raiva, você ia explodir de vez, então eu só te ouvi, e isso foi o suficiente pra eu saber o que aconteceu, pra eu me despreocupar, e pra você se aliviar um pouco.
- Obrigada.
Entramos no carro e Sam apagou em poucos minutos. Já Lucy e Matt pareciam disputar entre si em um jogo que eu não entendia nada do que estava acontecendo.
Quando estacionei o carro, Lucy tocou meu ombro para chamar minha atenção e murmurou:
- Não se esquece de acordar ela com um beijinho – riu, me deixando meio confuso, e saiu em seguida, abrindo a porta da frente e entrando em seguida com o namorado. Eu hein...
- Sam? – chamei baixinho e passei meus dedos em sua bochecha numa leve carícia. – A gente já chegou. Vamos. Ou você vai ficar com dor no pescoço – sorri quando ela apertou mais os olhos e me ignorou. Me lembrei da vez em que ela me acordou com a buzina no colégio... Se eu fosse uma pessoa vingativa, hoje seria o momento perfeito pra fazer isso... Mas só de pensar de fazer isso com ela, sabendo toda a natureza do seu cansaço e mais, sabendo os motivos de ela não ter conseguido descansar hoje... Isso seria muita maldade.
Passei meus dedos por trás de seu pescoço com cuidado, para caso ela acorde, não se sobressalte, e ajeitei sua cabeça no banco, e então me inclinei, depositando um beijo em sua testa. Sussurrei seu nome de novo bem perto de seu ouvido e dessa vez ela acordou, vagarosamente, e me fitou nos olhos.
- A gente já chegou – falei de forma carinhosa. – Toma um banho e descansa.
Sam inclinou o corpo pra frente e suspirou. Fiquei quieto, só observando. Espero que ela não estivesse tendo nenhum pesadelo... Infelizmente, eu não colocaria minha mão no fogo pela ideia inocente de que não aconteceu. Sua reação já é confirmação o suficiente.
- Você tá bem? – passei minha mão por suas costas e senti seu corpo estremecer. Não. Definitivamente não. Mas eu também não acho que ela vai falar que não está.
- É só cansaço – tentou sorrir, virando o rosto pra mim, disfarçando, provavelmente para não me preocupar mais, ou porque essa idiota acha que precisa suportar tudo sozinha... mas eu consigo ver o mesmo brilho de pavor em seus olhos.
Suspirei e saí do carro. Dei a volta até a porta do carona e abri. Segurei a mão de Sam e a auxiliei a sair.
Lucy pareceu assombrada quando me viu rebocando a Samanta pela casa, provavelmente mais ainda pela minha expressão incontida de raiva. Olhei pra ela e neguei com a cabeça, dizendo que agora é um péssimo momento para ela me perguntar qualquer coisa. Depois eu volto e explico.
Entrei no quarto da Sam e tranquei a porta atrás de mim e nos dirigi até a cama. Sentei ela e fiquei parado em sua frente.
- Sam, eu sei que você não tá legal. Não é difícil perceber isso. Por favor, não mente pra mim!
- Eu não... – sua voz falhou e eu me senti horrível por ainda brigar com ela nessa situação.
- Eu não gosto de insistir nesse tipo de coisa e eu acho que é importante te dar liberdade para me contar quando você estiver se sentindo confortável para isso. E eu realmente não estou pedindo para você me contar tudo o que está te perturbando – me sentei ao seu lado e segurei suas mãos. – Eu só estou pedindo para confiar mais em mim.
- Porra, eu não confio em você, Seth? É sério isso? – ela pareceu despertar do torpor e do medo só pra ser jogada no meio da raiva.
- Calma. Eu não quero brigar. Não foi isso o que eu quis dizer – me defendi, quando percebi que ela ia falar mais coisas. – Eu sei que você confia em mim. O fato de eu saber sobre tudo o que sua mãe te avisou é prova disso. Eu realmente não quis dizer isso dessa maneira. Me desculpa – Sam suspirou e acenou com a cabeça. – O que eu quis dizer é que eu também estou preocupado com você. Dessa vez é diferente. Não é só o trauma que ele gerou. É perigoso de verdade. Caramba, Sam, eu estou com medo!
- Eu estou tentando não pensar nisso – admitiu. – Pensar nisso tá tornando tudo pior e eu não estou conseguindo lidar. Só de eu pensar que eu posso dar de cara com ele e que ele vai fazer alguma coisa comigo... ou que ele vai fazer alguma coisa com a minha mãe... – sua voz tremeu e eu a puxei para um abraço. Me senti mal quando ela se encolheu em meus braços, completamente fragilizada.
- Eu vou estar aqui sempre que precisar – murmurei. – Não precisa se negar ou se conter dizendo que está bem, só para não me preocupar. Eu vou te ouvir se você achar que eu posso ouvir, caso contrário, eu só ficarei ao seu lado.
- Obrigada, Seth – me inclinei e beijei sua testa.
- Quer comer alguma coisa?
Fez que não com a cabeça.
- Sem fome... – desviou o olhar quando eu arqueei a sobrancelha. – Tá, eu já sei que eu não comi nada ainda e que a gente estava fazendo exercício, mas a ressaca e a preocupação não estão colaborando... – ouvir sua voz geralmente tão viva e expressiva soar tão baixa e doída me faz sentir estranho... Não é uma sensação boa... Eu queria poder fazer mais para ajudá-la.
- Uma xícara de chá. Três biscoitos – propus, esperançoso. – E eu juro que paro de te perturbar sobre comida por pelo menos mais oito horas – sorri de canto.
- Tentador... – sorriu minimamente.
- Eu preparo enquanto você toma banho.
- Eu não vou conseguir me livrar e simplesmente ir dormir, não é? – perguntou, soltando uma risadinha.
- Não, senhora. Mas eu acho interessante que você sempre tenta – sorri.
- Pois é... Vai que um dia dá certo? – riu e se levantou da cama, parecendo se sentir um pouco melhor. – Obrigada. Você tem me ajudado bastante. Eu não sei se eu estaria bem assim se eu não estivesse me apoiando em você.
- Não por isso, Sam – me levantei também e saí do quarto logo atrás dela, cada um indo para um caminho diferente.
Respirei fundo enquanto descia as escadas.
- A Sam tá legal? – Lucy perguntou quando cheguei à cozinha. Não respondi. – Qual é, Seth, qualquer um que a conheça um pouco melhor consegue ver que tem alguma coisa errada.
- Se você já sabe, então por que pergunta? – me desviei da pergunta. Coloquei a chaleira já cheia de água no fogão e liguei o fogo. Suspirei. Eu preciso me lembrar que a Lucy não tem culpa e eu não posso ser estúpido com ela sem motivos. Ela só tá preocupada.
- Porque pela cara que você estava fazendo agora há pouco, você sabe exatamente o que tá acontecendo – respondeu, inabalada. Ainda bem que ela não se importa com essas coisas...
Cruzei meus braços sobre o peito e me recostei na bancada, fitando Lucy nos olhos.
- Eu sei o que tá acontecendo. E justamente por isso eu não posso te contar. Ela não quer que vocês saibam – pelo menos não por agora.
- Aconteceu alguma coisa?
- É muito mais complicado do que acontecer ou não algo, Lucy. Essa pergunta tem muitas respostas. E eu não posso te dar nenhuma delas, desculpe.
Lucy bufou e ameaçou se afastar, mas a impedi segurando-a com cuidado para não acabar machucando ela sem querer.
- Por favor, não fala nada. Você vai piorar tudo. Não era nem sequer pra eu ter te falado isso. Confia nela. E confia em mim. Quando ela estiver pronta, ela vai te contar. Mas agora nem eu acho que seja o momento certo para isso.
- Ok – desistiu. – Eu só me preocupo com aquela cabeça dura – alisou o rosto. – Mas eu sei que você a conhece melhor do que eu e que não me deixaria de fora de algo sério se não fosse realmente necessário.
- Obrigado, Lucy. A Sam vai precisar do seu suporte tanto quanto do meu.
- Seria bom se ela realmente se apoiasse na gente – ri.
- Ela se apoia mais do que parece – comentei enquanto colocava a água quente na xícara e colocava os sachês de chá. – Eu também já pensei assim, mas depois eu passei a perceber que a gente só interpreta muito mal esse "apoio" que a gente quer que ela tenha em nós.
Na verdade, a Samanta não é aberta sobre o que tá acontecendo e tem muita dificuldade de falar, ainda mais com todas as palavras, que precisa de ajuda e contar o que tá acontecendo. Mas ela dá sinais. Sinais que provavelmente nem sequer ela percebe que dá. Mas eles estão ali, presentes. Basta saber interpretá-los. E não é difícil. Seus olhos são muito expressivos. O jeito que ela fala e a entonação de sua voz também... Ela também costuma buscar mais contato quando não está se sentindo bem, ainda mais quando não está se sentindo segura... Essa parte a Lucy já não teria como saber, mas o seu toque se torna um pouco mais exigente e seu beijo muda.
Sorri e peguei um pacote de biscoitos no armário. Eu sei que ela não vai comer tudo e provavelmente vai fazer corpo mole pra comer os três que a gente combinou, mas não custa nada levar a mais. Fora que eu também estou com fome.
- Foi mal não poder entreter melhor vocês hoje. Eu estou sem ideia do que a gente poderia fazer e eu quero que a Sam descanse. Pelo menos por hoje.
- Relaxa. Fica com ela. Eu não poderia ficar chateada porque a gente não tá curtindo sabendo que a Sam não tá legal e que aconteceu alguma coisa. Depois a gente ajeita isso.
- Você é incrível quando quer, sabia? O que significa que é quase nunca... – sorri e Lucy revirou os olhos, dando uma risada leve.
- Obrigada – respondeu sarcástica.
- Ao seu dispor.
Dei duas leves batidas na porta do quarto e esperei que ela me desse permissão para entrar. Quando adentrei o local eu vi que Sam já estava ali, sentada à escrivaninha, com um pé sobre a cadeira e a bochecha apoiada no joelho, enquanto mexe no celular distraída... Meu deus, como ela consegue fazer essas coisas?...
- Minha mãe me mandou uma mensagem – disse, e eu senti meu sangue quase esfriar de medo. – Não é nada de mais, foi mal, não queria te preocupar. Ela só estava me atualizando das coisas, sobre ele ainda não ter voltado também etc.
Suspirei de alívio.
- Menos mal – afaguei seus ombros quando liberei minhas mãos, colocando a xícara de chá e o biscoito à sua frente.
- Eu preciso mesmo comer? – perguntou quase que nem uma criança fazendo manha. Fiz o melhor que pude pra segurar a risada e a vontade de apertar ela em meus braços e a encher de beijos.
- Por mim? – arrisquei, tentando imitar sua carinha fofa. Sei lá se isso vai funcionar, mas ela é meio mole quando sou eu fazendo essas coisas.
- Droga, Seth – se ajeitou na cadeira e pegou a xícara, bebendo um pouco, mas nem sequer tocou na embalagem que estava ao lado.
- O trato não foi esse – lembrei.
- Eu não faço ideia do que você tá falando – sorriu amarelo. Estreitei meus olhos em sua direção, fingindo estar irritado.
- Se eu der na sua boca, você come? – perguntei, mas o que era pra ser uma curiosidade genuína, acabou soando muito mais como uma provocação.
- Ah, não! Por favor, não! Eu não gosto desse tipo de pieguice. Eu estou saudável pra comer sozinha, obrigada.
Revirei os olhos.
- Eu imaginei que sim.
Bufou, meio irritada, mas percebi que estava se divertindo também.
- Eu vou comer. Obrigada – sorriu e ficou olhando pra embalagem de um jeito estranho, até dar de ombros e abrir o pacote, pegando os exatos três que eu pedi pra ela comer.
Ok, eu não vou reclamar, embora eu não posso negar que eu tive a vã esperança de que ela comeria alguns além do que eu pedi...
Me aproximei e abri a boca, e ela colocou um ali por puro reflexo. Arqueei a sobrancelha, quase vitorioso e seu rosto ficou levemente vermelho. Meu deus, que vontade de apertar e morder essa garota.
- Talvez você goste mais desse tipo de coisa do que deixa transparecer – alfinetei.
- Eu não tenho problemas em fazer pra você, acho. A ideia não me incomoda pelo menos. O que me incomoda é pensar na situação oposta acontecendo – respondeu com honestidade.
- Vou me lembrar disso.
- À vontade – terminou de comer e sorriu de um jeito meio brincalhão e meio provocativo enquanto levava outro biscoito aos meus lábios. Soltei uma risadinha.
- Vou tomar banho. Você vai deitar agora?
Fez que não com a cabeça.
- Sem sono. Quer assistir alguma coisa?
- Pode ser – confirmei. – Mas a gente precisa pensar em como distrair a Lucy e o Matt amanhã, caso contrário ela vai infernizar nossas vidas – avisei. O aviso sutil de que ela percebeu a mudança também está presente e, pela expressão da Sam, ela entendeu.
- Vou pensar sobre isso enquanto você estiver no banheiro. Caso eu não tenha nenhuma ideia, a gente sempre pode encher ela de pizza. Sempre dá certo – rimos. O pior é que é uma verdade absoluta. Desde que a gente esteja conversando e tenha pizza, a Lucy nunca reclama. Ela é simples assim de agradar. – Mas eu realmente gostaria de fazer alguma coisa... – sorriu.
- Vou pensar em algo enquanto estiver no banheiro também, pra tentar ajudar – dei um beijo em sua bochecha. – Eu já volto
Entrei no banheiro e a visão que eu tive dificuldades a tarde toda para tirar da minha cabeça retornou, me fazendo imaginar se eu conseguiria convencê-la a recolocar os piercings... Bom, pelo menos seria uma boa piada sugerir isso e eu realmente quero ver a cara que ela vai fazer. Soltei uma risada curta, imaginando.
Saí do banheiro e a vi deitada, olhando pro teto, completamente absorta em pensamentos. Por algum motivo eu acho incrível o fato de ela se fixar em algum ponto totalmente aleatório enquanto pensa. Eu adoro observá-la nesses momentos.
- Eu tive uma ideia do que a gente pode fazer amanhã – disse fechando a porta atrás de mim, enquanto tentava segurar a risada.
- Sério? – perguntou muito interessada.
- Que tal todo mundo ir colocar um piercing? – sugeri, já rindo.
- Que tal só realmente assistirmos a um filme e comermos pizza? - ela disse por fim, desistindo de pensar, e ao mesmo tempo negando minha sugestão – ri.
- Claro, Sam. Eu só queria ver sua reação – me inclinei na cama, colando minha boca à dela num beijo profundo.
- Você estava tentando me provocar ao sair do banheiro só de toalha? – perguntou, sua voz arranhando na garganta de tão baixa que saiu. Seus dedos percorreram meu rosto, descendo por meu pescoço, até minha barriga.
- Talvez? – sorri do jeito mais misterioso que consegui.
- Você conseguiu – disse e me puxou, nos invertendo na cama, se sentando com cuidado sobre minha pelve, fazendo meu membro latejar em expectativa e eu tive que conter um grunhido. Levei minhas mãos ao seu short, já abrindo o botão.
- Você não estava cansada? – perguntei, me divertindo. Estou para ver o dia em que Samanta vai negar sexo.
- Eu nunca vou estar cansada o suficiente pra não fazer isso com você, Seth – disse em um tom malicioso e então me beijou, percorrendo as mãos pelo meu torso.
Roi, povo, como vocês estão? Tudo bem? Então, eu tô sumida, eu sei, mas a parada tá difícil e eu não estou conseguindo, por vários motivos, continuar com a manutenção da obra. Isso acaba sendo difícil pra mim também, e gera um loop de ansiedade que piora tudo.
Eu estou me arriscando ao postar esse capítulo, mas é também um pequeno acalento à todo o caos que eu tô passando sobre a falta de postagens e o 'não conseguir escrever'.
Espero que entendam essa situação e não fiquem chateados comigo ou pelo meu sumiço.
É isso, galera, beijos e até o próximo
Fran
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