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Capítulo 31

- Você tá bem? – Jack perguntou.

- Sim, por quê? – voltei minha atenção para ele e ele deu de ombros.

- Você tá com essa cara de dúvida e tá toda pensativa desde ontem à noite.

- Eu não posso mais ficar quieta e pensativa que tem alguma coisa errada agora? – franzi o cenho.

- Não foi isso que eu quis dizer. Eu quis dizer que você não faz nada disso a não ser que algo esteja realmente te incomodando.

- Então basicamente tem que ter alguma coisa errada para eu fazer isso – ironizei e ele me fez uma careta, irritado. Suspirei. - Não é nada – reafirmei. – Entra à direita ou você vai se perder – impliquei. – Eu não quero me atrasar por culpa da sua falta de senso de direção – sorri de canto enquanto ele franzia o cenho, contrariado, mas fez o que eu pedi.

- Como tá o seu pulso? Eu percebi que ele estava te incomodando ontem.

- Tá doendo – dei de ombros. Não ia adiantar mentir. Não se ele já percebeu que tinha alguma coisa nele me incomodando.

- Vai jogar que nem uma pessoa centrada hoje ou vai continuar achando que seu corpo é de aço? – ri.

- Não pretendo sacar com essa mão hoje. E eu sou uma pessoa centrada...

- Claro, claro – revirou os olhos.

- Eu simplesmente adoro a imagem que você tem de mim, sabia? – ironizei e ele riu.

- Eu te conheço há tempo demais, Sam. Tempo o suficiente para te conhecer melhor do que você mesma – sorriu de canto.

- Claro, Jack.

- O contrário também é verdade – piscou um olho para mim e eu me peguei concordando, distraída.

Jack parou o carro no estacionamento e sorriu para mim.

- Boa sorte hoje no jogo – fez um joinha com o dedo e então saiu do carro. Revirei os olhos e saí também. Abri a porta de trás e peguei minha bolsa, mas antes que eu pudesse colocar a alça no ombro ele a pegou da minha mão para carregar. Arqueei a sobrancelha, mas não discuti.

- Você não precisa fazer isso, você sabe, não é? – questionei.

- Eu sei. Mas eu quero – falou como se fosse óbvio.

- Relembrando suas épocas de cavalheirismo? – perguntei com ironia, fazendo ele rir.

- Talvez. Embora esse cavalheirismo só existisse e só exista para você – sorriu sacana quando percebeu que eu fiquei sem graça. – Ótimo, eu ainda sei fazer isso.

- Eu duvido que um dia você desaprenda... – fiz cara feia.

Vi Seth no corredor dos vestiários, pronto para entrar no masculino, e ele pareceu hesitar ao me ver também e eu senti que ele pensou em vim falar comigo, mas se conteve ao avistar Jack ao meu lado.

Jack tirou a alça do ombro e me empurrou a bolsa e foi andando para longe, acenando por cima do ombro.

- Sutil – murmurei para mim mesma, vendo sua silhueta se afastar à passos rápidos. A reação de Seth foi bem similar à minha.

Dei de ombros e terminei a distância até a porta do vestiário feminino, em dúvida se eu quero que ele arrisque falar comigo ou se eu prefiro que ele simplesmente me deixe quieta.

Resolvi entrar logo, talvez preferindo a segunda opção.

- Seu pulso – ele disse, me fazendo parar com a mão na maçaneta. – Você se machucou? Você não costuma usar a munhequeira antes, somente quando joga... – comentou, talvez tentando puxar assunto, mas soando verdadeiramente preocupado. Suspirei.

- Eu estou bem. De verdade... – ficamos naquele silêncio estranho e pesado, Seth sem saber o que dizer e eu não querendo machucar ele ao simplesmente virar as costas e ir embora.

- Sam – sua voz foi tão suave que me fez olhar para ele. Seth andou vagarosamente até mim, acabando com a pouca distância que tinha entre nós dois naquele momento. – Eu quero começar fazendo o certo. Eu demorei a entender o tamanho da besteira que eu fiz e eu nem posso me orgulhar de ter feito isso sozinho... Mas você tá certa. Enquanto eu estivesse me culpando sem saber o motivo e enquanto eu não aprender a lidar com tudo o que eu estou sentindo e com tudo que tá acontecendo, nada vai pra frente e nada vai mudar – ele tentou sorrir, mas não conseguiu, ao invés disso seus lábios só se repuxaram brevemente de um jeito esquisito. – Eu sei que você magoada e que eu te machuquei demais com a minha falta de atitude, e embora eu ainda sinta que eu não tenho o direito, eu quero te pedir desculpa. Desculpa por ser um idiota, desculpa por ser um medroso e, mais do que tudo, me desculpa por te abandonar no momento que você mais precisou de mim desde que eu te conheci – ele segurou minha mão com cuidado, talvez com medo que eu o rejeitasse e o afastasse, mas eu sei o medo que ele sentiu ao fazer isso, porque foi o medo que eu tive ao afagar seu rosto ontem, por isso não me mexi. – Eu gosto de você e isso não vai mudar. E desculpa a minha prepotência em dizer que eu sei que você gosta de mim – soltei uma risadinha, mas confirmei com a cabeça. Não é porque algumas coisas aconteceram que eu vou fingir que deixei de gostar dele de um dia para o outro. Isso é infantil e não tem o menor sentido. E ele saberia que é mentira.

- Seu pedido de desculpa... O que exatamente você espera conseguir com ele? – perguntei, séria, e ele apertou minha mão um pouquinho.

- Não estou esperando que você aceite esses pedidos e que tudo vai simplesmente ficar bem novamente. Mas eu também sei que eu tenho que começar por algum lugar e o jeito mais fácil de demonstrar que eu entendi e que quero consertar isso é pedir desculpas e parar de me culpar que nem uma criança chorona.

- Ótimo – aprovei, concordando com a cabeça. Pelo menos ele não está tentando me pressionar.

- Eu também não vou te pedir para me perdoar no sentido de reatar o nosso namoro – continuou. – Eu vou deixar isso exclusivamente para você. Claro, eu não vou simplesmente desistir e esperar a sua vontade de voltar comigo sem fazer absolutamente nada, mas eu também não vou te pressionar sobre o assunto. Eu acho que você e somente você vai saber quando estiver pronta e aberta o suficiente para me desculpar por completo a ponto de tentar de novo...

- E o que você vai fazer se eu nunca mais quiser dar esse passo? – questionei para instigar sua resposta da mesma forma que eu fiz no dia em que ele se declarou. – Ou e se no meio disso tudo eu conhecer outra pessoa e acabar por gostar dela e simplesmente te virar as costas? – a possibilidade disso acontecer é tão pequena e tão remota que eu quase ri, mas a insegurança de Seth na posição em que ele se encontra nesse momento faz com que ele sequer pense nisso.

- Nesse caso eu vou ter que fazer você se apaixonar por mim novamente – sorriu de canto e eu gargalhei. Zero convencido.

- Você me diverte, sabia disso? – suspirei. – Mas eu estou falando sério. O que você vai fazer se eu simplesmente decidir que não quero arriscar me machucar de novo? Ou que não vale a pena me arriscar porque eu simplesmente não posso confiar em você para me apoiar quando eu preciso?

- Sam, depois daquele dia em que você terminou comigo, só de você estar falando tão normalmente assim comigo já é mais do que eu poderia esperar – senti vontade de me estapear. Ele tá certo. Eu sei que eu fui maldosa aquele dia quando eu falei aquelas coisas e que eu estava muito mais irritada na hora, mas eu falei para ele me esquecer, esquecer que nós éramos amigos, e aqui estou eu, conversando com ele como a gente sempre fez. Quem vê de fora sequer pensaria que a gente terminou há poucos dias e que nem foi de forma amigável. – Mas se esse for o caso e você realmente não quiser arriscar de novo, eu aceito a sua decisão e te peço apenas para me perdoar o suficiente para continuarmos amigos.

- Você não devia se empolgar muito com isso... Na verdade eu estou falando normalmente com você só porque eu sou uma idiota – dei de ombros e ignorei deliberadamente o resto de sua frase. Será que eu consigo confiar nele o suficiente para manter até mesmo a nossa amizade?

- Será mesmo que é idiota? – ele se inclinou um pouco e por uns breves segundos eu achei que ele fosse tentar me beijar. – Ou como você mesma disse, só não é uma pessoa rancorosa e que sabe que, mesmo eu sendo um idiota, se arrepende de ter me tratado e ter falado coisas tão pesadas aquele dia...

Suspirei. Na verdade eu não sei como agir. Eu não quero que ele pense que eu esqueci o que aconteceu ou que eu não estou irritada com ele, mas ao mesmo tempo, eu quero evitar machucá-lo e magoar ele o mínimo possível e eu sei que se eu simplesmente passar a ignorá-lo, eu vou causar bastante sofrimento a ele.

- Eu aceito seus pedidos de desculpas porque você entendeu, pelo menos um pouco, o que aconteceu e o que me magoou na sua atitude – comecei. – Mas eu não sei se é realmente sensato da sua parte esperar que eu, um belo dia, vou acordar e vou pensar "acho que tá na hora de perdoar o Seth e dizer que eu quero ele como meu namorado de novo" – afastei minhas mãos das suas. – Isso pode sim acontecer, como pode muito bem nunca sequer passar pela minha cabeça voltar com você. Tenha consciência disso. Ou – sorri um pouco – pode demorar meses, talvez anos, para eu confiar em você de novo a ponto de me arriscar. Você está disposto mesmo a esperar?

- Se eu estava disposto a esperar por uma resposta à minha declaração, correndo o risco dela ser negativa – disse, se lembrando que a nossa conversa aquele dia foi bem parecida com essa -, acha mesmo que eu não estaria disposto a esperar e continuar tentando depois de saber o que é namorar com você? – sorriu, charmoso. – Eu não consigo me imaginar com outra pessoa, beijando outra pessoa, dormindo com outra pessoa, gostando de outra pessoa. Você é a única mulher que eu quero do meu lado – fiquei em silêncio. – Mas o motivo de eu esperar é porque, obviamente, se eu te pedir para voltar a namorar comigo você vai dizer não – deu de ombros e sorriu travesso e eu ri.

- Eu preciso ir – falei.

- Eu quero te pedir uma coisa – me impediu de novo de entrar no vestiário.

Arqueei a sobrancelha para ele.

- O que te faz pensar que você pode me pedir algo? – questionei.

- Não posso, na verdade – deu de ombros de novo. – Mas eu queria pedir mesmo assim – olhei fundo nos olhos dele, me decidindo se ouvia o que ele tem a dizer ou se encerro o assunto aqui mesmo.

- Fala – cedi, vencida pela curiosidade, tamanho a audácia dele.

- Me dá um abraço? – seus olhos brilharam e eu entendi que ele não está sendo malicioso. Acho que é certo dizer que ele só quer me sentir por alguns instantes novamente, como se nada tivesse acontecido entre a gente esses últimos dias. Suspirei pesadamente, dividida entre atender ou não esse pedido. Eu deveria estar com raiva dele a ponto de sequer conseguir olhar para ele nesse momento, mas eu simplesmente não consigo ser essa pessoa.

Fechei a expressão, fazendo uma careta, e confirmei com a cabeça, muito incerta do porquê eu estou fazendo isso. Se isso não é ser idiota, eu realmente não sei o que é.

Seth deu o último passo que nos mantinha afastados e rodeou cuidadosamente meu corpo com os braços, me aconchegando contra seu corpo. Eu me mantive estática enquanto lutava internamente com essa decisão, até eu conseguir levar meus braços ao seu encontro e o abraçar também.

Ele respirou fundo, visivelmente aliviado e me apertou forte contra seu corpo. Escondi meu rosto em seu pescoço e fiquei quietinha, não querendo admitir nem para mim mesma o quanto esse abraço me fazia sentir inteira de novo.

Me afastei e dessa vez ele me deixou ir, mas eu pude ouvir o seu "obrigado" antes de entrar no vestiário o que me arrancou um sorriso de canto.

Troquei de roupa e me sentei no banco para mexer no celular enquanto esperava a hora.

- Bom dia, Sam – Lucy disse ao entrar, parecendo de bom humor e sorrindo de orelha a orelha.

- Bom dia. Alguma coisa boa aconteceu? – perguntei, curiosa, guardando o celular para dar atenção a ela.

- Eu que pergunto – ergueu a sobrancelha em expectativa.

- Não que eu saiba? – arrisquei, incerta, a afirmação soando mais como uma pergunta. Ela deu de ombros enquanto começava a se trocar.

- Como foi a sua noite?

- Normal, embora eu sei exatamente o que você quer saber – sorri irônica. – A resposta vai da sua imaginação, eu não vou te confirmar e nem negar nada.

- Eu não preciso. Seu humor nunca é tão bom assim a não ser quando você transa – ri.

- Isso é mentira, sabia?

- Na verdade, não é não. E eu nem tô falando isso pra implicar com você. A diferença é bem óbvia. Chega a ser até cômico – fiz careta e ela riu. – É sério. Você fica numa vibe toda zen. É bem fofo.

- Fofo... – murmurei, incomodada.

- Eu sei que não é da minha conta, mas você não devia... bom... – Lucy parou de falar e franziu o cenho, parecendo não saber como continuar, mas eu já tinha entendido.

- Parar de transar com o meu ex? – completei e ela concordou. – Sim, eu devia. Na verdade, não vai mais acontecer. Eu estou dificultando as coisas para quando ele for embora e ele sabe que tá dificultando as coisas entre eu e o Seth, então isso já é consenso entre nós dois – suspirei. Por que eu não simplesmente neguei e disse que não aconteceu nada?

Depois da conversa que Jack teve com o Seth, ele parece com medo de ficar até no mesmo cômodo que eu, o que está verdadeiramente me irritando! Além do mais, eu falei uma coisa que confirma algo pra Lucy que de fato não aconteceu!

Eu e Jack não transamos de novo, embora a gente tenha dormido sim juntos. Mas nem sequer um toque ou beijo a mais aconteceu depois daquela foto.

- Eu vi você e o Seth no corredor.

- Sério? – falei, sem saber exatamente o que dizer. – Ok...

- Vocês pareciam... bem...

- A gente conversou. Pelo menos um pouco. Ele entendeu um pouco a situação e eu tentei não ser uma babaca e ignorar ele.

- Você é uma pessoa boa, sabia? Nesse momento parece que eu estou com mais raiva do Seth do que você mesma – ri.

- Pode ser verdade – admiti. – A questão é que eu gosto dele e eu realmente não sou uma pessoa rancorosa, então é difícil pra mim manter esse tipo de atitude com relação a Seth.

- Você pensa em voltar com ele?

- Isso não. Ainda não, pelo menos. Essa é uma questão muito mais delicada, já que envolve confiança. Querendo ou não o que ele fez me abalou e não foi pouco. Eu não sei se um dia vou estar disposta a me arriscar desse jeito de novo...

- Você vai dar falsas esperanças para ele? Isso é cruel, você sabe, não é?

- Claro que não! Lucy, nesse momento eu estou pesando muito mais as emoções e os sentimentos dele do que os meus. Tudo o que eu menos quero é machucar o Seth a troco de nada. Se eu realmente perceber que eu não vou conseguir olhar para ele e confiar nele da mesma maneira que eu fazia antes, eu vou ser clara e direta com ele e encerrar definitivamente tudo entre nós dois. Eu não sou uma criança sem responsabilidade afetiva.

Ela sorriu.

- Você realmente é uma pessoa muito boa.

- É, é, eu sei disso. Ou muito idiota – me levantei. – Não faz diferença.

- Faz sim – me repreendeu, séria.

- Bom dia, garotas – Ayumi falou ao entrar, interrompendo o sermão que Lucy, muito provavelmente, me daria, e eu agradeci mentalmente por isso.

- Bom dia – respondemos em uníssono.

- Sam, você tá bem? – perguntou.

- Sim? Nada de errado comigo, por quê?

Ela deu de ombros. Eu hein.

Continuamos a jogar conversa fora até decidirmos ir para a quadra começar o aquecimento.

Nossa disputa de hoje, se for levar em consideração quem estava como titular no nosso time, poderia acabar bem rápido – com a nossa derrota – então para tentar driblar isso a capitã sugeriu ao técnico que fizesse uma alteração simples que poderia funcionar a nosso favor: me tirar de levantadora e me colocar como oposto, e no meu lugar colocar a Ayumi.

Eu e Ayumi treinamos com muita frequência nessas condições, então temos uma boa conexão uma com a outra, a ponto de talvez conseguirmos fazer isso funcionar.

- Vocês estão prontas, garotas? – a capitã perguntou ao se aproximar de nós três. – Ayumi, eu sei que eu acabei jogando uma pressão enorme em cima de você, e eu peço desculpa por isso, mas eu também fico grata por você estar levando tudo isso a sério.

- Vocês estavam em uma situação delicada e eu entendo que não tem como, vôlei sendo o jogo que é, nenhuma de nós jogar sozinha e levar uma partida nas costas. Você é incrível jogando, e a Sam me assusta em termos de técnica e habilidade, e eu quero fazer parte disso. Infelizmente aonde a Sam domina é a única posição que eu posso ocupar, e eu sei que a gente vai perder muito em questão de precisão e técnica por causa disso, mas eu acho que ela compensa no ataque e no bloqueio.

- Vocês depositam em mim uma confiança que eu não sei de onde vem – me pronunciei e elas me encararam.

- Então você tá me dizendo que não é uma boa jogadora? – a capitã questionou e eu suspirei.

- Eu não sou nada de mais – me desviei da pergunta.

- Sam, você é um pro---

- Eu sou esforçada – cortei. Nada me incomoda mais do que dizer que eu sou um prodígio como se isso fosse um elogio. – Eu treinava e ainda treino muito mais do que eu deveria, só isso. Qualquer um aqui poderia ser tão ou mais eficiente do que eu – desdenhei.

- Talvez – Lucy concordou, se metendo pela primeira vez. – Mas existe a diferença clara entre a pessoa que fica horas praticando todos os dias e outra que pratica as mesmas horas todos os dias mas tem um "jeitinho" diferente pra coisa. Você se encaixa no segundo grupo. Eu sei que você acha que te chamar de prodígio ou "pessoa talentosa" anula completamente todo o esforço que você depositou no esporte, mas não é exatamente assim que funciona – suspirei. – Todas sabemos que você realmente gosta do vôlei e eu mais do que elas sei o quanto o esporte tem um peso na sua vida e tudo o que você já fez e passou para continuar jogando – fiz cara feia e ela sorriu meio se desculpando. – Olha, o que eu quero dizer é: você de longe é a melhor e mais completa jogadora que nós temos, então cala a porra da boca e aceita que você faz uma diferença do caramba em qualquer posição em que você esteja.

- Faço dela as minhas palavras – a capitã disse e colocou a mão em meu ombro, sorrindo. – Vamos ganhar hoje!

Bufei, mas acabei sorrindo também, me sentindo empolgada com a mudança de posição. Por mais que levantador seja uma posição absolutamente importante – bom, todas são, na verdade, já que todas se conectam e dependem uma da outra – e seja a posição que eu mais gosto de jogar pelo manejo de bola e por todo o resto, exercer uma função como o ataque num jogo considerado crítico é uma mudança interessante.

Batemos as mãos umas com as outras e concordamos.

- Como foi? – Jack perguntou quando eu entrei no carro e eu soube imediatamente que ele estava falando de Seth. Suspirei pesadamente.

- A gente conversou – admiti à contragosto.

- Isso é bom.

- Jack... – hesitei. – Eu sei que de alguma forma estranha você quer me ajudar, mas eu não preciso que você faça isso...

Ele me olhou rapidamente e depois retornou a atenção para a estrada à sua frente. Ficamos em silêncio e quando eu tive a certeza de que ele não iria me responder, eu percebi ele apertar o volante pelo canto do olho.

- Eu sei que eu não devia estar me metendo e que isso está sendo de um masoquismo sem tamanho da minha parte, mas eu realmente prefiro ver vocês bem do que te ver daquele jeito de novo.

- Você está se machucando por minha culpa e eu não quero que você faça isso. Eu sei que não é fácil pra você assumir esse papel, mas um dia as coisas vão se ajeitar, para o bem ou para o mal, Jack, mas no momento o que eu não posso suportar é pensar que você está sofrendo por minha causa de novo!

- Você quer voltar com ele?

- Eu não quero que você se machuque – ignorei sua pergunta.

- Você quer voltar com ele?... – insistiu.

- Não importa. Isso não importa! – franzi o cenho, começando a ficar irritada. – Por que você sempre tem que se sacrificar por minha causa? Você não tem essa obrigação e muito menos esse dever!

- Sam, eu ainda te... – prendi a respiração e ele mordeu o lábio inferior com força para se calar. Soltamos os dois a respiração agarrada em nossas gargantas, ainda surpresos demais com o rompante. Eu sei. É a segunda vez que ele quase fala que me ama e, novamente, ele está se sacrificando por minha causa porque sabe que se deixar que essas palavras escapem, eu vou me sentir ainda pior, mesmo que eu tenha total consciência de que ele ainda se sente assim com relação a mim. – Esquece – passou o dedão no lábio para confirmar se tinha rompido a pele e se estava sangrando. – O que você faria se fosse a situação oposta? Eu quero te ver feliz. Não é o sentimento mais anormal do mundo – senti a pressão em meu peito como se algo ali dentro estivesse se contorcendo só de pensar nisso, mas me obriguei a rir com sarcasmo, fingindo que a ideia não me afeta mais.

- Jack, eu não sou altruísta. Embora eu não queira te ver triste e eu desejo sim que você seja muito feliz, eu jamais conseguiria assumir o papel que você está assumindo e você sabe disso – me estiquei para pegar minha mochila no banco traseiro e retirei a blusa extra dali de dentro – que eu aprendi a levar depois daquele dia no vestiário com o Seth - e entreguei para ele poder limpar o sangue de sua boca. Eu não consigo imaginar o tamanho da dor que seria fazer isso, porque só de pensar eu já me sinto quase destroçar por dentro.

- Não precisa – disse, sério. – Eu não quero manchar sua roupa – completou, talvez achando que eu me magoaria com a negatória.

Ignorei seus protestos e segurei seu queixo com um pouco mais de força e virei seu rosto para mim quando ele parou em um sinal vermelho, levando o tecido claro até o corte.

- Em casa você limpa direito – falei. – Mas por enquanto pelo menos o sangramento parou – joguei a blusa de novo dentro da mochila fingindo que não percebi que ele me encarava extremamente irritado. – Não vai manchar – dei de ombros. – E se manchar, é só uma blusa – finalizei com desdém.

- Você e sua teimosia – franziu o cenho e me encarou pesadamente depois de estacionar na frente da minha casa. Sorri com sarcasmo pra ele e saí do carro sem falar mais nada. Eu sei que ele não está falando da roupa.

- Boa noite, dona El – ele cumprimentou ainda soando irritado quando destranquei a porta, e mamãe nos olhou com aquele olhar que dizia "já sei que deu merda".

- Boa noite e eu não tenho nada a ver com isso – levantou as mãos e saiu de perto rapidamente, se enfiando no escritório. Quase sorri, nostálgica. É o mesmo comportamento que ela sempre tinha quando a gente brigava ou discutia. Suspirei em seguida. Ela também sabe que às vezes nossas discussões acabavam ficando meio feias...

Peguei o kit de primeiros socorros e estendi em sua direção e depois subi para o quarto.

Jack entrou logo depois de mim e rumou para o banheiro para poder usar o espelho.

- Eu não entendo porque você tá irritada! – falou quando voltou para o quarto e me encontrou parada de braços cruzados.

- Eu estou irritada porque você é teimoso! – rebati.

- Irônico – falou com um tom que ele sabe que me irritaria ainda mais, sorrindo sarcástico. – Eu estou irritado com você pelo mesmo motivo!

- Mas que... Porra, você não tem direito de ficar irritado assim por eu me preocupar com você. Qual é o seu problema?!

- O meu problema é você! – acusou, bagunçando os cabelos enquanto tentava se acalmar e falar sem se exaltar muito (mais). – Será que você é tapada o suficiente pra não ter percebido isso ainda?!

- Eu sei! E justamente por isso falei pra você não se meter! Eu não quero sua ajuda! Eu prefiro nunca mais reatar o namoro com ele do que continuar te machucando!

- Você não entende! – se exaltou de vez.

- Não entendo mesmo – retruquei também desistindo de tentar não explodir. – Eu quero saber o porquê de você estar fazendo isso com você mesmo! Você não tá mais namorando comigo para tentar salvar alguma coisa! – trinquei o maxilar. – Não é como se você tivesse conseguido fazer isso antes também!

Ele soltou uma risada sarcástica.

- Agora eu me lembro. A gente tende a embelezar algumas memórias, mas eu agora me lembro.

- O que? Que o nosso namoro já estava uma merda e desgastado muito antes de eu finalmente me acovardar e largar tudo?

- Também – admitiu. – Mas o que eu quis dizer é que eu tinha esquecido que você é uma babaca que joga pesado! – apertei os punhos.

- Eu jogo pesado? Se você acha que eu quis te magoar com o que eu acabei de falar, você não tem ideia do que eu posso fazer pra te magoar de verdade! – sorri com crueldade. - Bom, na verdade você sabe sim.

- É por isso que...

- A sua irritação não tem nada a ver com a minha teimosia e você sabe disso! – interrompi. - Você está irritado consigo mesmo e está descontando na minha preocupação com você!

- Ahh, eu tenho bastante certeza que eu estou irritado com você!

- Jack, pelo amor! Para de se conter e fala! – agarrei sua camisa e o puxei. – Pelo menos uma vez deixa tudo o que tá te consumindo sair!

- Eu não vou fazer isso com você. Eu prefir---

- Que eu me foda! – interrompi de novo, possessa. – Eu n---

- Eu queria ter você ao meu lado! – gritou, frustrado. Seu rosto se contorceu e ele apertou os punhos com força, mas mesmo assim as lágrimas fugiram ao seu controle e ele finalmente chorou. Senti a dor no meu peito enquanto sentia algo se contorcer dentro de mim, sua sinceridade desarmando completamente a minha raiva. – Eu não queria que as coisas tivessem terminado assim, mas eu não tenho o direito de intervir e eu quero que você seja feliz! – continuou, ainda esbravejando. – Você nunca vai entender a frustração, a dor, a sensação de dormência... – sua voz foi morrendo. Sua postura sempre tão perfeita nesse momento era simplesmente horrível; seus ombros caídos e seu olhar fixo no chão me fizeram lembrar que a culpa disso é minha.

- Jack – murmurei e toquei seu rosto. Ele se encolheu sob meu toque, mas não se afastou.

- Eu não estava pronto para te deixar ir – continuou num fio de voz. – Eu nunca estive. Eu sempre dependi demais de você do meu lado e, de repente, você não estava mais lá e essa foi a pior sensação que eu já senti na minha vida. Eu me senti amarrado, e perdido, e as coisas não faziam mais sentido para mim da mesma forma que faziam antes, da forma que deveriam fazer!

Ouvir a dor na voz de Jack me fez entender, finalmente, o quanto eu magoei ele e o quanto ele precisava tirar todo esse peso de dentro do seu coração para seguir em frente.

Puxei ele para um abraço e ele me apertou contra seu corpo com força. Senti seu corpo tremer contra o meu até seus joelhos falharem e ele desabar, me levando junto.

Afaguei sua nuca enquanto ele se agarrava à minha roupa, sua testa apoiada em meu ombro.

Eu preciso deixar ele ir também, percebi. Não foi só ele quem ficou amarrado com essa sensação. Eu não queria abrir mão dele, mas isso está machucando a nós dois. Não. Não é isso. Eu não estou sofrendo praticamente nada comparado ao que ele está passando. Eu consegui me libertar, de algum modo, então essa dor para mim é suportável, é tolerável e eu me sinto quase na obrigação de senti-la por causa de tudo o que eu fiz ele passar. Mas ele não começou a se mover. Ele parou no tempo. E isso dói. Eu sei que Jack não sabe como sair do meio desse turbilhão em que eu joguei ele por pura covardia.

Eu não tenho sequer o direito de pedir perdão para ele agora. Não depois de virar as costas para toda a nossa história e escolher o Seth. Mas eu não podia mais suportar. E eu não queria mais ter que suportar. Era desesperador e sufocante e eu sentia como se eu estivesse presa embaixo d'água, mas agora é como se eu tivesse emergido e pudesse respirar novamente.

- Eu não vim porque eu queria consertar o nosso namoro, eu juro que não foi essa a minha intenção, mas em algum momento a ideia, a esperança, se fixou em mim e eu não consegui me livrar dela por mais que eu tentasse – senti quando ele rangeu os dentes. Seus braços me apertavam tanto que era difícil de respirar. Ou talvez só seja o nó na minha garganta. – Dormir com você foi um erro – tentei não me sentir magoada porque eu sei exatamente o que ele quis dizer. Eu estaria me sentindo da mesma forma que ele se fosse a situação oposta.

- Eu entendi – falei por fim. – Eu finalmente percebi. Até nisso eu fui uma covarde – soltei uma risada sem um pingo de humor. – Eu te abandonei, te deixei para trás sofrendo, sozinho, mas eu simplesmente não aguentava mais.

Jack suspirou.

- Você não está errada. Seria idiotice se negar seguir em frente por minha causa – fiz careta e puxei sua bochecha, irritada.

- E não é isso que você tá fazendo agora?

- É diferente...

- Não é diferente! – disse. – Você está se culpando por uma coisa que não foi culpa sua! Merda, Jack, dentre nós dois quem mais merece ser feliz é você! – senti meus olhos marejarem, mas eu não tentei impedir as lágrimas. – Tanto no término quanto agora... Eu virei as costas pra você e não o contrário... Mas já é o suficiente. Eu sei que você não aguenta mais e eu não quero mais ser a responsável por toda essa dor – fiz que não com a cabeça. – Eu não quero que você continue sentindo toda essa dor – me corrigi. – E eu sei o quanto foi difícil vim aqui e me ver com outra pessoa...

- Sam...

- Por favor. Por favor, Jack. Já chega. Você já fez muito mais do que o necessário – apoiei minha testa na dele. – Eu preciso te deixar ir. E você precisa fazer isso por si mesmo também.

Ele apertou os olhos e concordou, fraco, sem vontade, mas concordou. Sorri um pouco e o apertei em meus braços.

Eu não consigo medir o tamanho do vazio em meu peito nesse momento, mas eu consigo sentir o alívio dele. E graças a isso, pelo menos parte da dor que eu vou continuar a sentir daqui para a frente vai se assentar dentro de mim, porque agora ele está livre novamente para superar tudo isso, e para mim isso já é o suficiente.

Jack fungou e sorriu um pouco. Ajeitei seu cabelo e beijei sua testa com carinho antes de me levantar. Estendi a mão para ele, que aceitou prontamente. Usei a manga do meu casaco para secar meu rosto.

- Quer comer alguma coisa? Hoje eu deixo você escolher o que você quiser – pisquei um olho para ele, arrancando uma risadinha doída dele.

- Então eu quero pizza de frango com catupiry – grunhi e depois sorri.

- OK – peguei o celular no bolso da mochila e comecei a mandar uma mensagem para a pizzaria.

- Você vai realmente fazer isso? – confirmei enquanto escrevia.

- Obviamente eu não vou comer, nem que eu quisesse pra poder fazer você se sentir menos pior eu conseguiria, então vou pedir outra coisa pra mim, mas não vejo problemas.

Me aproximei e passei a mão em seu rosto para secar as lágrimas.

- Eu acho que vou tomar banho. Eu preciso disso – confirmei com a cabeça e ele foi para o banheiro. – Sam? – me chamou e eu virei em sua direção, curiosa. – Obrigado – sorri de canto e saí do quarto, esbarrando com minha mãe na cozinha.

- Você tá bem? – questionou. Eu provavelmente não estou com a melhor cara do mundo.

- Eu te respondo quando me recuperar – tentei sorrir, pegando um copo no armário. Eu não tinha reparado o quanto eu estou tremendo até precisar pegar água. Suspirei. – O quanto você ouviu?

Ela sorriu um pouco sem graça.

- Vocês estavam gritando bem alto... – mamãe tirou o copo da minha mão e colocou sobre a bancada. – Você também precisa aprender a começar a falar – sorriu docemente e me envolveu em seus braços. – Eu sei que você também tá magoada com tudo isso e que tá doendo – apoiei minha testa em seu ombro. Eu não queria que ela visse isso. Eu queria que ela achasse que eu tenho a maturidade necessária pra ajeitar tudo isso, mas é claro que ela consegue facilmente ver através da minha fachada de força.

- Eu estou aliviada – admiti. – Mas ainda sim vai continuar doendo – ela afagou minha cabeça. – Mas nós já tínhamos adiado tudo isso por tempo demais. A verdade é que Jack precisava disso muito mais do que eu – mesmo sendo difícil, e é claro que eu não queria à princípio, eu me aproveitei dos sentimentos que Seth fez surgir em mim, então para mim foi muito mais fácil me libertar de tudo o que me prendia. Jack ainda não teve nada disso.

Escutei a campainha tocando e me afastei, mas ela me impediu.

- Deixa que eu recebo. Vou te dar um tempo pra você se recompor.

Confirmei com a cabeça e me sentei no sofá, fungando. Usei novamente meu casaco para secar meu rosto e fiquei ali quieta por alguns instantes, tentando colocar tudo no lugar.

Eu sei que eu fiz o que era certo e o que eu já deveria ter feito há muito tempo, porém saber disso não me traz nenhum tipo de alívio.

Subi as escadas para o quarto e encontrei Jack sentado na cadeira da minha escrivaninha, olhando para os livros e as páginas e páginas de anotações e matérias separadas para eu estudar para o exame de admissão da faculdade.

- Então você decidiu mesmo ir para a faculdade? – disse, virando uma das páginas com anotações. – Sua letra continua horrível como sempre.

- Haha – revirei os olhos. Não que ele esteja errado. – Sim, eu vou. E eu não tenho muito tempo até a prova de admissão – suspirei.

- Vai conseguir conciliar as eliminatórias e os estudos?

- Eu tenho outra opção? Vai ser problema se por algum milagre a gente chegar ao nacional...

- Quanta confiança – arqueou a sobrancelha e se levantou.

- Eu não posso jogar por seis – dei de ombros. – Não se engane: eu não quero que a gente perca. Mas existem colégios melhores do que o nosso na província e nem todo mundo parece motivado o suficiente para querer fazer alguma diferença no time, então eu não vou me enganar a ponto de acreditar que nós vamos conseguir chegar muito longe.

- O jogo de hoje foi bem acirrado – concordou. – Eu consegui sentir sua frustração pelo tanto que você fica limitada na hora de jogar por causa da apatia delas...

Suspirei não querendo exatamente falar sobre isso também.

- Eu vim te avisar que a pizza chegou.

Voltamos para a cozinha e encontramos as caixas das pizzas sobre a mesa. Minha mãe provavelmente se enfiou no escritório de novo, e eu tenho certeza que é porque ela ainda não quer ficar entre nós dois.

- Dona El não vai comer com a gente? – questionou pegando os pratos no armário, praticamente adivinhando meus pensamentos.

- Eu duvido muito.

- Ah... – deixou escapar, quase conformado. Ri e fiz uma careta olhando pra pizza dele. Eu não me importo que as pessoas comam o que quiserem ao meu lado e eu realmente não reclamo, mas o cheiro me pegou desprevenida. – Você não precisava ter feito isso.

- Eu não acho que você alguma vez percebeu, porque você é um idiota, mas essa é a primeira vez que você come qualquer carne perto de mim – por mais bobo ou frívolo que pareça, esse é o primeiro passo dele à liberdade.

Jack encarou a fatia de pizza à sua frente, pensativo. Eu acho que ele realmente nunca tinha percebido que fazia isso até eu falar. Dei de ombros e me sentei ao seu lado para comer.

- Você quer jogar um pouco comigo depois? Tem uma praça não muito longe daqui que podemos usar – um princípio de sorriso surgiu em seu rosto. O basquete tem o mesmo apelo para ele que o vôlei tem para mim.

- Tá preparada para a surra? – alfinetou. Ri.

- Na verdade, estou sim. Eu não tenho a mínima esperança de ganhar – sorri e ele segurou minha mão, entrelaçando seus dedos aos meus.

- Obrigado por tentar me animar.

- Não por isso – sorri e me levantei. – Vou trocar de roupa – avisei.

- Pera, você tem bola pra gente jogar? – me questionou e eu ri.

- Não, não tenho. Eu sugeri da gente ir jogar, mas como bola vamos jogar nossos tênis na cesta – revirei os olhos. – É claro que eu tenho, Jack. Tanto de vôlei quanto de basquete, deixa de ser lerdo...

- Grossa – ri ainda mais, me afastando.

Caminhamos até a quadra ainda um implicando com o outro, do jeito que sempre fizemos. Ótimo. Pelo menos isso não precisa mudar. Nossa amizade pode permanecer intacta e sobreviver a mais esse passo que estamos dando. É um alívio perceber isso.

Estranhei o fato de não ter absolutamente ninguém no local, ainda mais se considerar que está bem cedo. Bom, pelo menos ninguém vai nos atrapalhar...

Arqueei a sobrancelha quando vi Jack parado com uma mão fechada sobre a outra, esperando para fazer o Pedra, Papel ou Tesoura.

- Tá falando sério? – encarei ele, quase sem palavras.

- Essa é a nossa tradição. Claro que não poderia ser diferente hoje.

Me aproximei e contamos até três e estendemos as mãos. Eu coloquei tesoura e ele pedra. Senti o peso no meu estômago quando ele deu um sorrisinho debochado e vitorioso.

- Tá doido? Eu não posso jogar sem camisa!

- Para de frescura, Sam.

Soltei um gemido de insatisfação e, muito contra a minha vontade, tirei a blusa, me sentindo absolutamente desconfortável e exposta só com o top esportivo.

- Se ficar me olhando assim eu vou ficar com raiva! – ele tentou suprimir o sorriso de deboche e me jogou a bola.

- Eu deixo você começar.

Peguei a bola e a quiquei no chão com força, já começando a me sentir irritada mesmo que ele tivesse parado de implicar com o olhar. Por que que eu fui chamar ele pra jogar basquete?, eu tenho vídeo game em casa, eu poderia ter animado ele de casa!

- Para de fazer careta se perguntando porquê você não ficou em casa jogando vídeo game comigo. A ideia foi sua mesma – riu quando fuzilei ele com o olhar.

Jack se aproximou e parou à minha frente. Quiquei a bola mais algumas vezes e me movimentei. Eu pensei que ele deixaria eu marcar o primeiro ponto só pra eu ficar menos irritada, mas a surpresa em seu rosto foi genuína quando eu o fintei, e isso já foi satisfatório o bastante pra aplacar toda a minha raiva.

Sorri um pouquinho arrogante quando enterrei a bola na cesta.

- Você praticou?

- Pouquíssimas vezes. Apenas por questões de resistência física pro vôlei. Mas eu joguei não tem tanto tempo assim contra a Lucy. Talvez meu corpo se lembre melhor do que fazer agora por causa daquele dia.

Voltei a quicar a bola e ele se posicionou. É muito difícil passar por ele, e isso era uma das coisas que mais me irritavam quando a gente praticava.

- Ah, você não vai! – ele avançou quando dei um passo pra trás e me preparei pra pular e arremessar.

- Ah, eu vou! – Jack tentou interceptar a bola, mas consegui arremessar a tempo, marcando mais três pontos.

- Eu absolutamente odeio quando você faz isso! – bufou e me devolveu a bola.

- Eu sei – ri. – Por isso que eu faço. Eu absolutamente adoro te irritar com essas bobeiras – sorri presunçosa e ele avançou até mim, roubando a bola, mas não conseguiu correr até a minha cesta, já que eu comecei a marcar ele. – Você já foi melhor – provoquei.

Tentei roubar a bola, mas errei, então continuei com a marcação, enquanto ele tentava de todas as maneiras me despistar. Em um momento de distração consegui pegar a bola dele e corri até a cesta, marcando novamente.

- Quando você resolver parar de brincadeira, eu começo a te levar a sério – avisei e sorri com presunção.

- Eu vou adorar arrancar esse sorriso arrogante desse seu rostinho – respondeu. Ahhh, como nossas disputas são saudáveis...

Dessa vez eu não tive sequer tempo de pensar em alguma estratégia. Em um segundo eu estava sentindo a textura da bola em minha mão e no outro Jack já estava marcando o ponto. Ele sorriu feito menino, o que me arrancou uma risadinha cheia de satisfação.

Jogamos até anoitecer, o que nos deu algumas horas para poder gastar qualquer energia que ainda existia em nossos corpos.

Não foi surpresa, claro, que eu perdi para ele. E eu sequer posso dizer que eu me incomodei com isso. Só de poder vê-lo alegre assim já faz valer qualquer coisa, ainda mais que Jack tem a mesma ligação com basquete que eu tenho com o vôlei.

Sentei no chão respirando pesadamente.

- Você ainda malha? – perguntou se sentando ao meu lado, também exausto.

- Não. Quer dizer, só o necessário pra resistência física, embora sejam apenas exercícios caseiros como abdominais, burpee, pular corda etc. Por quê?

- Acho meio difícil de acreditar nisso – Jack apontou com o queixo em minha direção, então desci o olhar, acompanhando o seu, para ver sobre o que ele se referia.

- Ah... – sorri sem graça. – É memória muscular. Geralmente dá mais diferença em áreas que a roupa esconde, tipo o tronco, então sinceramente para mim não importa.

- A mesma genética que fazia todos os homens da escola te invejarem agora é algo que te atrapalha – dei de ombros.

- Sim e não. Como eu disse, não é algo que dá tanta diferença nos meus braços e nas minhas pernas, por exemplo. É mais na barriga. Como você é a única pessoa que me obriga a jogar seminua, ninguém nunca reparou, então eu não me preocupo com isso.

- Vamos voltar, já está ficando tarde – concordei e aceitei sua mão, que ele ofereceu para me ajudar a levantar.

Andei até a grade para pegar minha blusa e a vesti logo em seguida, me sentindo muito mais confortável, mesmo que meu corpo suado fizesse o tecido se agarrar à mim e a sensação seja incômoda.

- Você tá melhor agora? – perguntou. – Eu sei que você não me chamou para jogar só porque queria me animar. Eu sei que a eliminatória de hoje te estressou e que a nossa discussão e tudo o que se seguiu te desestruturou...

- Eu gostaria que você não me conhecesse tão bem e não conseguisse me ler com tanta facilidade...

- Isso vale para os dois.

- Eu estou melhor agora. O resto eu resolvo com um banho e algumas horas de sono.

Andamos vagarosamente até em casa conversando trivialidades. Jack tinha um sorriso largo no rosto que era contagiante.

É muito bom sentir toda essa leveza vinda dele. Eu me sinto incrivelmente leve também.

A partir de agora Jack não está mais preso à mim.



Roi, bebês. Tudo tranquilo? xD

E então? Depois de algum tempo, finalmente os dois cabeção conseguiram, enfim, se libertar de todas as amarras deles. Todos felizes por aqui, né? É isso ashdasash.

Não sei muito o que dizer por aqui, pra falar a verdade - só talvez dizer que o próximo capítulo foi um dos que eu mais me diverti escrevendo e que eu odiei praticamente o final todo desse aqui porque meu word resolveu me sacanear kkkrying.

Ah, sim: eu mudei algumas coisas em cima da hora, e eu não acho que eu deixei alguma inconsistência, já que eu revisei isso aqui umas nove vezes - e não, não é hipérbole -, mas se por um acaso vocês virem algo que não faz muito sentido, foi por causa disso, então é só me dar um grito que eu conserto kkk.

No mais, é isso aí. Eu falei que só ia voltar em janeiro, mas como as coisas voltaram a andar de novo, eu voltei ~~~ me amem.

Até o próximo, pessoinhas.

Beijos,

Fran

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