Capítulo 28
Recebi uma mensagem de Seth, basicamente reclamando por eu ter voltado para casa andando, sozinha, de noite, e por eu não ter sequer aparecido para dar um beijo nele. Ri. O tamanho dele é proporcional ao drama...
O jogo de hoje não vai ser em um horário tão diferente para nós dois, mas as escolas são bem distantes uma da outra, então também seria mais prudente manter as coisas desse jeito.
Tomei um banho gelado para terminar de acordar e desci as escadas. Mamãe está sentada à mesa, olhando para o nada, pensativa. É a primeira vez que a vejo assim em algum tempo, o que me preocupou.
Beijei sua bochecha, desejando bom dia.
- Bom dia, Sam. Como estão indo os jogos?
Suspirei. Esse, definitivamente, não era o primeiro assunto que eu queria falar sobre.
- Bem, eu acho... – hesitei por um milésimo, mas isso foi tempo o suficiente para ela saber que tem algo errado.
- Aconteceu alguma coisa? – desviei o olhar.
- Nada de mais, não se preocupe – dei de ombros.
- Ok, eu paro de me preocupar quando você parar de fazer essa cara de assustada... – arqueou a sobrancelha e eu suspirei, desistindo.
- Eu briguei com uma das garotas do time.
- Brigou? Discutir é normal, não é? Por que essa cara só por isso? – peguei a xícara de café e sentei ao seu lado na mesa.
- Não foi... verbal... – esperei sua reação, mas ela não traiu nenhum sentimento em seu rosto cansado, embora eu tenha uma boa noção do que ela está pensando quando seus olhos percorreram rapidamente os machucados em minhas mãos.
- Como ela está? – perguntou por fim e eu dei de ombros.
- Não faço a menor ideia. Eu não lembro do que aconteceu. O que eu sei do ocorrido foi o que me contaram – bebi meu café, mais ou menos em paz com esse assunto. O que Seth disse é verdade: me culpar não vai ajudar. Eu sei que eu fiz merda, mas eu preciso sair do ciclo de me culpar por tudo.
- Essa marca no seu rosto... Foi ela quem fez? Você só estava se defendendo?
Ri.
- Isso? Não. Esse foi cortesia da Lucy – revirei os olhos. – Pelo o que me contaram, basicamente sim. Não fui eu quem começou pelo menos – olhei a hora no relógio de parede e me levantei para poder lavar o que eu usei. – Preciso ir. Eu não tenho certeza se eu vou jogar hoje, mas eu preciso estar lá de qualquer forma.
- Você mudou, Sam – disse e eu parei. Fechei a torneira e me virei para ela.
- Mudei? Como? Eu continuo fazendo as mesmas idiotices de quatro anos atrás...
- Verdade, você fez besteira, mas também não está se penalizando por isso – se levantou também. – Há quatro anos você estaria tão em choque e se culpando tanto que ainda estaria paralisada – sorriu um pouquinho, fazendo covinha nas bochechas. – Eu estou orgulhosa de você – afagou minha cabeça e me estendeu a xícara que ela usou para eu lavar também. Peguei o objeto ainda meio sem reação e ela foi embora como se nada tivesse acontecido. Sorri um pouquinho, contente.
Cheguei ao colégio e percebi que algumas garotas me olhavam e sussurravam enquanto eu passava. Suspirei. Claro que eu vou ser o centro das atenções por um tempo.
Encontrei com a Lucy no estacionamento, já entrando no transporte - o ônibus dos rapazes já tinha saído, então eu não consegui ver Seth por agora.
- Bom dia, Sam – desejou. Me sentei ao seu lado, no corredor.
- Bom dia – respondi. – Preparada para o jogo de hoje? Só temos esse e mais dois... – ponderei, e então começam as eliminatórias.
- Não muito... O colégio que a gente vai enfrentar hoje é tido como o melhor da região... Eu não acho que a gente consiga vencer – deu de ombros. – Nunca conseguimos, na verdade.
- Se continuar pensando assim, nunca vão conseguir mesmo. Ter um pouco de esperança às vezes faz muita diferença...
- Não é falta de esperança. É realismo. É não gostar de me frustrar com um resultado que já está praticamente certo.
- Praticamente certo – sorri. – Se não está cem por cento certo, ainda há esperança.
- De onde veio esse positivismo todo? Você costumava ser uma pessoa pragmática.
Ri.
- Não com vôlei. Já passei por muitas situações em quadra para saber que nenhum resultado é certo até o final da partida. Além do mais, o que você faria se a gente chegasse às finais e esbarrasse com elas? Ia simplesmente falar "poxa, a gente não tem chance, mas foi uma experiência maneira, mas tô parando aqui porque não quero me frustrar com uma possível derrota"? – revirei os olhos. – Eu pensei que você tinha mais espírito de luta.
- Não é falta de espírito de luta não gostar de ser humilhada... – suspirei.
- Então você vai ficar no banco hoje? – questionei. – Porque você certamente vai atrapalhar as outras garotas com essa atitude infantil e egoísta se entrar em quadra. O jogo não gira ao seu redor. Não é só porque você acha que não tem chance que o time todo pense assim. Nem todas estão dispostas a não lutar só por causa disso – falei, séria e ela ficou calada, embora parecesse muito irritada comigo nesse momento. – Além do mais, disputas com adversários obviamente mais fracos não nos ajuda a realmente melhorar.
- Às vezes eu sinto vontade de te bater quando você faz isso, sabia?
- Você já fez isso – relembrei. – Gostaria que não repetisse, se não for pedir muito.
- Você vai jogar hoje? Porque não tem o menor sentido esse seu discurso todo se você ficar no banco...
Dei de ombros.
- Provavelmente não. Se eu voltar a jogar, provavelmente vai ser só nas eliminatórias – isso se a capitã não mudar de ideia conforme o desempenho da Ayumi melhorar no decorrer dos jogos.
- Então por que o sermão gratuito?
- Porque eu realmente penso assim – eu disse, como se fosse óbvio. – Não que eu possa de fato falar alguma coisa, ainda mais que da última vez eu não estava realmente presente em quadra – dei de ombros. – Mas desistir do jogo porque acha que não tem chance de vencer é uma atitude que simplesmente me tira do sério.
Ficamos em silêncio o resto do caminho. Quando chegamos lá, as garotas seguiram para o vestiário e se trocaram e eu fiquei sentada no banco mexendo no celular, tentando ignorar os olhares e os sussurros de algumas delas. Rangi os dentes e me levantei para sair do local.
Fiquei vagando pela escola até quase a hora da partida, indo para a quadra faltando talvez pouco mais de dez minutos para começar.
Me aproximei e me sentei no banco enquanto elas terminavam o aquecimento. O treinador me olhou, curioso.
- Por que não está de uniforme? – me questionou.
Dei de ombros.
- Eu estou no banco. Não achei que fosse precisar trocar.
Ele suspirou pesadamente e me deu um olhar que dizia claramente "vai trocar de roupa agora". Me levantei e voltei para o vestiário, revirando os olhos. Me troquei e voltei para lá rapidamente. Ele pareceu ficar mais satisfeito me vendo com o uniforme do time.
- Se aqueça – ordenou e me deu as costas. Rangi os dentes. Ele vai me usar no segundo set, pelo visto. Não que eu não queira jogar e que eu esteja irritada com isso. O que me irrita é só absolutamente ninguém ter me avisado antes!
O jogo começou enquanto eu me aquecia e não demorou para o placar dar uma guinada absurda contra o nosso time. Acho que agora eu entendi um pouco o ponto de vista da Lucy... É um jogo unilateral. Outra coisa que eu percebi: ela não parece ser a única a pensar daquela maneira.
O treinador me cutucou, me tirando do meu transe e me entregou a placa de substituição. Ele não esperou o segundo set...
O apito soou e Ayumi andou em minha direção, parecendo chateada.
- Desculpa, eu não sabia que iam te tirar – falei apressadamente.
- Não é isso. Eu fico feliz que você volte. E eu acho que você tem mais chances de ajudar agora do que eu – acenei com a cabeça, sem dar muita credibilidade. A situação tá bem feia pra gente e eu não posso levar o time nas costas. Eu preciso das outras cinco comigo para poder fazer alguma coisa.
Me posicionei. Na próxima rotação eu estou em posição de saque, mas eu não sei se é realmente sensato me desgastar à toa com um saque que depende praticamente de força bruta quando obviamente elas são mais do que preparadas para lidar com isso. Suspirei. Eu prefiro não me colocar em cheque desnecessariamente.
Olhei para Lucy, que não parecia nem um pouco a fim de estar na quadra nesse momento, mas quando nossos olhares se cruzaram ela sorriu. O saque foi certeiro em sua direção – o que me fez quase confirmar que as meninas do outro time também não perdem tempo fazendo saques com surpresa. A intenção é somente mandar a bola por cima da rede.
Lucy defendeu e eu me posicionei para poder levantar, mas ao invés disso cortei, mirando bem na linha lateral. Nenhuma das jogadoras do outro time tiveram uma reação, quase petrificadas pela audácia do ataque. Dei de ombros e fui andando até o final da quadra para poder sacar.
Reparei que agora elas me olhavam de uma maneira diferente. Contei os passos e fiquei quicando a bola no chão, observando. Eu consigo sentir toda a adrenalina do jogo começar a fluir pelo meu corpo, aguçando meus sentidos. Quando o apito soou, fiz um simples saque flutuante, porém fraco o suficiente para chegar exatamente à rede e só. Elas se atrapalharam um pouco para poder fazer a recepção, não esperando que o saque fosse ser tão rente assim, mas conseguiram devolver a bola de alguma maneira. Corri de volta e levantei a bola para a capitã, que conseguiu pontuar para a gente. Nossas chances de virar e ganhar esse set são bem baixas e isso tá influenciando muito no modo de jogo nos dois lados da quadra, entretanto quanto mais a gente pressionar, menos ritmo de jogo elas vão conseguir manter e isso para nós, ainda mais agora, é essencial.
Peguei a bola e voltei para o fundo da quadra, dessa vez sacando no limite da área delas, pontuando novamente para a gente. A defesa delas de saque não é tão impecável quanto eu pensei...
- Desde quando você tem tanto controle de saque? – Lucy me perguntou enquanto eu quicava a bola no chão. Dei de ombros.
- Desde sempre. Eu sempre gostei de pontuar com saque – sorri com um pouco de crueldade. – O desespero do outro time quando vem um saque inesperado assim faz compensar todas as horas de treino.
Ela revirou os olhos, mas acabou sorrindo comigo.
Conseguimos fazer mais um ponto, mas elas não ficaram muito atrás em recuperar. Bufei olhando o placar. Set point. Pelo jeito, essa vai ser a nossa primeira derrota nos amistosos.
- Entendeu agora o que eu quis dizer? – Lucy perguntou ao se sentar ao meu lado, no intervalo entre sets. Olhei de cara feia pra ela. – Temos alguém de mau humor – riu. – Você lida muito mal com a derrota, sabia?
- Eu sei disso – retruquei, passando a mão no rosto. Quando voltei a olhar pra ela, ela pareceu surpresa com o sorriso largo em meu rosto. – Mas eu não estou mau humorada... Muito pelo contrário. Já fazia tempo que eu não jogava com um time tão mais forte assim. Pena que eu estou jogando sozinha com a capitã – suspirei.
- Ei! Eu não fiz nada de errado na partida! – cutucou meu ombro, irritada.
- Eu sei. Mas você não acredita na vitória e se a situação pedir, você não vai se esforçar por causa disso. O mesmo vale para as outras – me estiquei, pegando a fita e a munhequeira para poder colocar. – Qual foi o resultado da última vez que vocês jogaram?
- Três sets a zero – respondeu amargamente.
- Quantos pontos em cada set? – ignorei seu olhar pesado em mim e me foquei em prender meus dedos. Ela suspirou e tirou a fita da minha mão, fazendo por mim.
- A gente não chegou aos 18 pontos em nenhum dos sets – disse por fim. – Eu costumava ter essa mesma empolgação que você antes, mas esse ano simplesmente não estou no clima o suficiente para isso. É um golpe duro demais perder de forma tão humilhante.
- Você é muito dramática, sabia?
- Não é dr-
- Você acha que eu nunca perdi uma partida? – cortei ela. – Acha que eu nunca disputei uma partida que eu sabia que a gente ia perder? – olhei em sua direção, finalmente me sentindo irritada. – Acha mesmo que eu não conheço o sentimento? A dormência que vem depois de se esforçar tanto e simplesmente não ser o suficiente? Acha que eu não sei como é a sensação de repetir todas as jogadas na sua cabeça, pensando em tudo o que você poderia ter feito de diferente?... Eu já experimentei cada uma dessas sensações e mesmo assim eu nunca abandonei uma partida! Eu não quero perder para elas – falei. – Mas eu não posso fazer isso sozinha.
- Sam...
- Você, alguma vez hoje, analisou as suas adversárias? – cortei ela de novo. – Ou você sequer se deu ao trabalho de olhar para o outro lado da rede?
- É claro que eu olhei!
- Olhou, mas não viu! – franzi o cenho. – Olhou por olhar. Você não analisou, não apreendeu informação!
- Nem todo mundo tem esse senso de jogo que nem você...
- As informações que eu estou me referindo até uma criança de três anos seria capaz de associar – ela abriu a boca para me responder e eu apontei para elas do outro lado. – Me diz que não é óbvio que ela está com o ombro lesionado – comecei. A levantadora delas estava, obviamente, sentindo dor, e muito mal movimentava o braço direito. – Me diz também que não é óbvio que ela – apontei para a líbero – não usou nenhum outro tipo de recepção a não ser manchete porque está com os dedos machucados? – os olhos de Lucy buscavam as informações que eu mostrava e seu rosto ficava cada vez mais lívido conforme ela via que eu estou absolutamente certa.
- Você tem um poder analítico assustador quando se trata de vôlei... – suspirou. – Mas o que você quer?
- Eu quero que vocês tentem. Só isso. Infelizmente eu não posso mudar de posição e ter Ayumi levantando para mim para poder arrancar pontos à força, mas se vocês pelo menos tentassem ganhar, a gente teria sim uma chance.
Ela suspirou.
- Ok. A bronca que você deu em mim está sendo reproduzida com duas vezes mais eficácia e dez vezes mais raiva pela capitã e o treinador no resto das garotas – riu um pouco.
Falei com a capitã antes do segundo set começar, mostrando todas as informações que eu tinha dado para Lucy há poucos minutos, que repassou para as outras garotas do time. Para a minha surpresa, elas foram muito mais vorazes no segundo set, mas mesmo assim, o jogo terminou 3x2 para elas.
Suspirei, incomodada.
- Você tá legal? – Lucy perguntou pra mim, parecendo preocupada.
- Estou, não se preocupe – respondi, sem desviar os olhos da estrada.
- É por isso que às vezes vale mais a pena não se esforçar tanto...
- Se eu tivesse entregado o jogo, eu estaria me sentindo muito pior – olhei pra ela. – Além do mais, a gente não ficou tão distante assim da vitória. Você disse que nunca tinham levado um set contra elas antes, não é? Bom, hoje a gente levou dois... – sorri um pouquinho e voltei a olhar pela janela. – Você devia apreciar essas pequenas vitórias também...
Peguei o celular na bolsa e conectei os fones de ouvido nele, colocando alguma coisa para eu poder ouvir e não demorou muito para eu esquecer o mundo ao meu redor. Já fazia tempo que eu não parava para me desligar de tudo e simplesmente curtir a paz que a música me traz e só agora percebi o quanto isso me fez falta.
Deitei no sofá de casa, exausta. Apoiei o antebraço na testa enquanto descansava por alguns instantes antes de subir e tomar banho.
Me sobressaltei ao sentir o celular vibrar no meu bolso, sem perceber que eu acabei pegando no sono.
Atendi a ligação ainda meio desnorteada.
- Sam? – Seth parecia alarmado, o que me ajudou a despertar.
- O que houve? Aconteceu alguma coisa? – perguntei enquanto me sentava.
- Eu que te pergunto, caramba! Você não deu nenhum sinal de vida depois do jogo, eu fiquei preocupado. Eu quase invadi sua casa pra ver se você estava bem! – cocei a cabeça, eu dormi tanto tempo assim?
- Eu dormi no sofá, foi mal. Precisa de mim pra alguma coisa específica? – bocejei.
- Na verdade não. É só que você não é de sumir assim... – sua voz foi sumindo do outro lado e eu quase consigo ver o seu beicinho de preocupação. Sorri.
- Quer vim pra cá? – perguntei por fim. – Eu estou com saudade... – admiti. Ouvi um barulho do outro lado da linha, provavelmente enquanto ele se levantava da cama.
- Já chego aí.
- Pode entrar direto. Eu vou tomar banho ou eu vou apagar de novo enquanto te espero.
- Okay – sorri e desliguei, me arrastando para o quarto. Olhei minha cama tentadoramente, mas me obriguei a passar direito por ela para pegar minhas roupas no guarda-roupas.
Ouvi duas leves batidas na porta do banheiro algum tempo depois, e o barulho da porta.
- Só pra te avisar que cheguei – Seth falou e depois saiu novamente. Revirei os olhos.
Saí do banheiro e vi Seth deitado na cama, brincando com o patinho de pelúcia que ele me deu no dia do festival.
- Combina com você – provoquei, me sentando ao lado da sua cintura.
- Está querendo dizer que eu sou fofo? – arqueou a sobrancelha e virou o patinho em minha direção e depois virou para si novamente, encarando a pelúcia.
- Praticamente – dei de ombros. – Eu te acho fofo – ri da sua expressão. Toquei em seu rosto, deslizando meu dedão carinhosamente por suas feições cansadas. – Você não tem dormido muito, não é? Eu nunca te vi tão abatido assim antes...
- Quando os amistosos acabarem eu vou ter um tempo pra descansar, mas por enquanto eu vou ter que aguentar do jeito que tá mesmo – tentou suprimir um bocejo. Apoiei minha mão livre na cama ao lado de sua cabeça e me inclinei para poder beijá-lo.
- Descansa – falei gentilmente e me levantei para apagar a luz do quarto. – Eu não estou muito melhor do que você – admiti depois de me deitar ao seu lado.
- Ah, não. Eu não vim pra sua casa pra dormir... – dramatizou. – Você não me chamou para isso, não é? – soou quase esperançoso.
- Não seria a primeira vez – ironizei. – Embora eu realmente não tenha te chamado pra cá pra você dormir, a minha intenção também estava longe de ser a que você está pensando – sorri de canto. – Eu só queria te ver...
Seth me abraçou, deslizando sua mão pelas minhas costas sob o tecido do meu pijama. Beijei ele calmamente, apenas aproveitando o momento, sorrindo sob sua boca quando senti ele abrindo o fecho do meu sutiã, mas não comentei nada ainda.
Ele me virou, ficando parcialmente por cima de mim, seu peito contra o meu enquanto aprofundava o beijo. Sua mão direita saiu das minhas costas e subiu pela minha cintura até a lateral do meu seio. Audaciosamente ele puxou o tecido do sutiã, deslizando pelo meu ombro, retirando a alça em seguida.
- Se comporta – repreendi, quebrando o beijo. Seth riu.
- Tudo bem, eu só queria ver até onde você me deixaria ir antes de brigar comigo – me deu mais um beijo e deitou sua cabeça em meu ombro, sua mão voltando para baixo da minha blusa enquanto ele percorria vagarosamente seus dedos em minha barriga numa carícia não tão inocente. Estremeci, me arrepiando. Essa é a primeira vez que ele faz isso em mim, mesmo que eu faça com muita frequência nele e só agora eu entendi o que ele sente.
Coloquei minha mão sobre a sua restringindo seu movimento.
- Assim não vai dar – admiti. Abri os olhos e olhei em seu rosto a tempo de ver ele tentar conter um sorriso malicioso. – Você pretende me provocar a noite toda, não é?
- É claro que não – riu se divertindo. – Se você falar que não quer, eu vou obedientemente me virar para o lado e dormir.
- Bom, se esse é o caso... – me apoiei no meu cotovelo, forçando o corpo dele para o lado, invertendo nossas posições. Apoiei minhas mãos ao lado de seu rosto e sentei em sua coxa esquerda. – Você me deixou em uma situação complicada... – sussurrei em seu ouvido e beijei seu pescoço, deslizando meus lábios por sua pele até seu ombro. – Porque só de pensar em te tocar já me excita – rocei minha perna em seu membro só para provocar, fazendo ele grunhir.
Seth virou o rosto à procura da minha boca, quase impaciente. Não consegui evitar o sorriso quando senti ele sugar meu lábio inferior para o meio dos seus, me mordendo em seguida.
Tirei a parte de cima do pijama junto com o sutiã e suas mãos reagiram, envolvendo meus seios com um pouco de urgência.
Sorri maliciosamente antes de beijá-lo. Parece que a parte do "dormir" vai ter que ser adiada um pouco...
As leves batidas na porta me despertaram. Levantei a cabeça quando mamãe entrou no quarto apenas o suficiente para avisar que eu iria me atrasar se eu não levantasse agora.
Tentei não me incomodar com a insinuação de malícia em seu olhar ao perceber Seth deitado ao meu lado, virado para a parede e, claro, as roupas no chão. Ah, que se dane! Sorri maliciosamente e ela riu, saindo logo em seguida.
Me virei para Seth e beijei seu pescoço e, por milagre que pareça, ele acordou instantaneamente.
- Se eu soubesse que você funciona desse jeito na hora de acordar... Isso teria me poupado tanto trabalho... – resmunguei enquanto me sentava.
Ele sorriu bem humorado e me puxou novamente me envolvendo com seus braços para me beijar.
- Bom dia – falou, animado.
- Bom dia – respondi.
- Pronta para o último dia de amistoso antes das eliminatórias? – perguntou enquanto colocava a boxer e a calça. Estendi a camisa dele para que ele pegasse enquanto catava minhas roupas do chão.
- A gente não devia tomar banho antes de descer? – eu disse quando percebi o que ele fazia, ignorando não tão sem querer assim sua pergunta. Ele sorriu meio sem graça e concordou, se despindo novamente.
Peguei uma toalha limpa no guarda-roupas e joguei pra ele e fui pro banheiro.
- Não acredito! Você vai tomar banho comigo? – reagiu, abismado.
Revirei os olhos.
- Faz diferença? Aliás, não é como se essa fosse a primeira vez...
- Bom – sorriu maliciosamente entrando no box comigo. Seu corpo se colou ao meu, me prensando contra a parede.
- Nem ouse – cortei, o que fez ele rir.
- Eu sei, eu sei, fica tranquila – me beijou rapidamente e se afastou. - Por que seu celular não te acordou?
- Provavelmente eu deixei ele lá embaixo, na sala... Mamãe devia estar no escritório e ouviu ele tocando, então veio me chamar.
Ele confirmou com a cabeça enquanto se ensaboava. Desviei o olhar, me virando de costas. Eu sei que eu falei para ele não tentar nada, mas ver ele fazer essas coisas está me tirando um pouco do estado de paz que eu gostaria de manter porque, mesmo que ele não queira, a visão é erótica e sensual e tá me excitando pra caralho...
Seth encostou seu peito nas minhas costas e eu pude sentir seu membro rijo na minha nádega.
- Você não tá colaborando... – murmurou em meu ouvido. Sua voz arranhou um pouquinho e só isso já foi o suficiente pra quase me fazer desistir de chegar no horário só pra poder tocá-lo, só pra poder senti-lo. – Essa sua cara de quem tá praticamente me fodendo com os olhos me enlouquece, sabia? - seus braços me apertaram, suas mãos envolveram meus seios e ele beijou meu pescoço com volúpia. Gemi quando sua mão esquerda desceu pelo meu corpo, me tocando.
Ah, merda... A gente não deveria fazer isso agora, mas eu não consigo me obrigar a parar. Estiquei minha mão até a sua nuca para poder guia-lo até minha boca.
Seth se inclinou, apoiando as duas mãos na parede, seu peito largo e quente contra as minhas costas, seu sexo me roçando tentadoramente. Mexi meu quadril institivamente, quase encaixando ele ao meu corpo. Suas mãos se fecharam em punhos contra a parede, quase como se ele tentasse se agarrar a alguma coisa.
- Você tem certeza? – perguntou em meu ouvido.
- Você tem o autocontrole suficiente pra parar agora? – respondi com outra pergunta. – Porque eu definitivamente não tenho. E eu não quero parar – seu corpo forçou o meu para a frente, fazendo eu inclinar meu quadril para trás. – Eu quero você – praticamente sibilei.
- Merda, Sam, era pra você ser a sensata da relação – suas mãos foram para as minhas nádegas para poder ter passagem para se posicionar.
- Desculpe, mas sensatez não é o que está pesando na minha mente agora...
Sua mão direita forçou meu tronco, fazendo com que eu me inclinasse ainda mais, já com a mão esquerda ele puxou minha nádega, dando passagem enquanto me penetrava aos poucos.
- Puta que... – grunhiu, sua voz soando como quem se desculpa. – O preservativo! – eu ouvi sua voz, mas suas palavras faziam pouco menos que nenhum sentido para mim nesse momento. – Eu esqueci... – me mexi um pouco, acomodando ele melhor em mim, fazendo Seth gemer quando eu colei meu corpo ao seu.
Ele fez menção de se afastar, mas eu o segurei.
- Não faz mais diferença, não é? – dei de ombros, tentando me focar no que eu dizia e em sua preocupação. – E eu confio em você...
- Você não existe, sabia disso? – resmungou ainda meio contrariado.
- A gente não tem muito tempo – relembrei e só então ele começou a se mover.
Ele apertou minha cintura com as mãos, mantendo o controle, me penetrando rápido e com força.
- Seu banheiro faz muito eco – gemeu e tampou a boca em seguida, tentando abafar o som mordendo sua mão. O barulho de sua pelve se chocando contra as minhas nádegas me excitava ainda mais. Mas eu tinha que concordar: estamos fazendo muito barulho.
Apoiei minhas mãos na parede tentando me manter estável enquanto o corpo de Seth deslizava pelo meu. Ele beijou meus ombros, minha nuca e brincou com meus mamilos, e eu pude ouvir os murmúrios de prazer que escapavam por sua boca ocasionalmente.
Gemi quando uma de suas mãos me envolveu novamente, todo o meu corpo tremendo em expectativa.
Não demorou muito para que eu chegasse ao ápice, toda a minha força momentaneamente se esvaindo comigo. Me mantive em pé com dificuldade e Seth me ajudou, me prensando contra a parede para que eu não caísse.
Ele se afastou, segurando seu membro enquanto se masturbava rapidamente, incapaz de conter as caretas de prazer. Sorri pervertidamente quando ele percebeu que eu o observava e desviou o olhar, de repente envergonhado. Me estiquei, colando minha boca à sua e assumi seu lugar, tocando-o com menos velocidade do que ele fazia, mas com mais eficácia, saboreando seus gemidos com os lábios.
Seth me apertou contra seu corpo quando gozou e eu podia sentir os seus tremores em meu próprio corpo. Dei mais um beijo longo e profundo nele antes de me afastar, abrindo o chuveiro novamente. Sorri de canto, a gente deve estar muito atrasado.
- Bom dia, Seth – mamãe falou sem um pingo de malícia na voz ou no olhar. Franzi o cenho, estranhando. Não é possível que ela deixaria o que ela viu lá no quarto passar sem nem uma alfinetada... Aliás, não é possível que a nossa demora não tenha sido nem um pouco suspeita para ela...
Ele sorriu que nem uma criança, completamente animado. Tive que segurar o riso. O humor de Seth depois que a gente faz sexo sempre muda absurdamente para o melhor possível. Suspirei. Eu não fico muito atrás, na verdade.
- Bom dia, dona Elbe! – pegou o café na bancada e duas xícaras no armário, colocando a bebida em somente uma delas. Na outra ele pegou o chá que estava ao lado e colocou para mim, me entregando em seguida.
- Obrigada – disse, levando a porcelana aos lábios. A gente não tá atrasado quanto eu pensei, mas se a gente enrolar demais, aí sim vamos ter um problema.
Mamãe se levantou e pegou dois pacotes de biscoito no armário e colocou sobre a mesa, praticamente falando "termina de beber isso e vão logo embora!". Agradecemos e nos despedimos, saindo logo em seguida.
Entramos no carro e Seth riu.
- Sua mãe deve estar muito cansada para deixar essa oportunidade passar sem tentar te fazer se arrepender de me chamar pra cá – comentou e roubou um olhar em minha direção por alguns instantes.
- Isso ou ela está desenvolvendo novos métodos, o que me assombra mais ainda – admiti, rindo um pouco. – Seria péssimo ela descobrir maneiras mais efetivas de me fazer sentir vergonha...
- A dona Elbe é bem mente aberta para essas coisas. Eu não consigo imaginar sequer um cenário onde meus pais teriam esse tipo de interação comigo...
- Eu não lembro exatamente nem como ou quando começou, mas a gente meio que sempre interagiu dessa forma. Eu já falei antes: eu sempre preferi ter minha mãe como minha amiga do que tratar ela como uma estranha. Só parece que ela levou isso meio à sério demais – ironizei, lembrando de algumas situações que só de pensar já me faz ficar vermelha.
- A sua mãe já te pegou no flagra? – ri.
- Várias vezes – admiti e ele fez uma careta. – Depois de um tempo ela começou a tocar a campainha pra poder entrar em casa até quando ela sabia que eu não estava lá. Ela diz que eu traumatizei ela bastante nessa época – revirei os olhos.
- Espera... "Pra entrar em casa"? – ergueu a sobrancelha, incrédulo.
- Às vezes eu não queria ir até o meu quarto... Ou simplesmente não dava tempo de chegar até ele. Ah, depois de tocar a campainha ela esperava o tempo que julgava o suficiente pra gente pegar nossas coisas e terminar no quarto – sorri zombeteira. – E você? Já teve esse (des)prazer? – ele fez que não com a cabeça.
- Meus pais ficavam ainda menos em casa do que agora quando eu era mais novo. Além do mais, eu nunca levei nenhuma garota pra minha casa... – olhei pra ele tentando conter o sorriso bobo que lutava para tomar conta dos meus lábios. – Você sempre foi especial – me olhou rapidamente, sorrindo. Me inclinei e beijei sua bochecha, uma felicidade tão simples mas tão completa me aquecendo por dentro.
- Eu não achava ser possível, mas eu gosto cada dia mais de você, sabia?
- Eu sou irresistível – brincou arrogante, provavelmente testando minha reação.
- Para mim, sem sombra de dúvidas.
- Isso é o que me basta – piscou um olho pra mim. Ri. Até onde será que a gente vai conseguir levar a pieguice?
Respirei profundamente, soltando o ar em seguida. De repente todo o cansaço acumulado dos jogos me atingiu.
- Depois de hoje eu vou dormir por três dias seguidos – bocejei.
- Tá ruim assim?... – Seth disse.
- Culpa de quem que eu não descansei hoje? – arqueei a sobrancelha.
- Você não parecia preocupada com isso na hora, pelo o que eu me lembro... – franziu o cenho pra mim, indignado com a minha insinuação.
- Não estava mesmo. Entre algumas horas de sono e poder te ouvir gemer, eu sempre vou escolher a segunda opção – sorri de canto, irônica e ele desviou o olhar, corando.
- Eu queria ter toda essa cara pra falar essas coisas pra você porque eu definitivamente estou na desvantagem – alarguei um pouco mais meu sorriso, tornando ele quase presunçoso.
- Não é como se eu fizesse isso com qualquer um, sabe... Esse tratamento é exclusivamente seu.
- Obrigado. Eu me sinto realmente honrado – rimos. – Mas não vou dizer que eu não tiro proveito da situação... – sorriu, malicioso. – É muito mais fácil te tirar desse seu semi-estado de controle quando você começa a me provocar.
- Eu não achei que você tivesse realmente reparado nisso... Parece que vou ter que ser mais cuidadosa a partir de agora – pensei alto.
- Eu devia ter ficado quieto... – reclamou baixinho, fazendo careta enquanto olhava pro carro à sua frente.
- Nah, não se preocupe... Nada vai mudar – sorri pervertidamente pra ele e ele se remexeu inquieto no banco, sua ereção já marcando em suas calças. – Viu? Continua sendo muito fácil te excitar – acariciei a bochecha de Seth, totalmente sem malícia.
- Isso é vingança, não é? Por aquele dia que a Lucy estava no carro... – ri e neguei com a cabeça.
- Você não é tão controlado quanto eu. Se eu te provocar daquele jeito aqui, eu tenho medo de você bater e isso não vai ser legal...
- Sua confiança em mim é tão reconfortante...
- Quer testar então? – me inclinei, fazendo quase a mesma coisa que ele fez comigo aquele dia e percorri meus dedos de seu joelho até sua virilha, roçando minha mão levemente em seu membro e depois me afastei. – Olha o velocímetro – sorri vitoriosa. – Só com isso você aumentou quase 30km.
Ele soltou a respiração que estava prendendo.
- Ok, você venceu...
- Mas falar sobre aquele dia me lembra de uma promessa que eu te fiz... – desviei o olhar, meu sorriso se alargando um pouquinho. Me pergunto se, sendo tão certinho como ele é, se ele realmente ultrapassaria essa barreira...
- Você tá falando sério? – disse perplexo. – Eu achei que você só estava brincando.
- Por que não? É o nosso último ano, Seth, e a escola tá praticamente vazia... A oportunidade é perfeita – segurei o riso quando ele me olhou com os olhos arregalados ao parar o carro no estacionamento do colégio. – Além do mais, eu conheço alguns lugares perfeitos aqui para isso – pisquei pra ele.
- Conhece? Eu pensei que você não ficasse com ninguém desde que terminou com o seu ex... – me olhou parecendo magoado. Eu acho que ele pensa que eu menti para ele.
Suspirei.
- Você sabe que eu não fiquei. E sabe também que eu nunca tinha me relacionado fisicamente com nenhum outro homem antes... – ele colocou a mão na nuca, parecendo ponderar enquanto a gente saía do carro. – Você também sempre foi especial – sorri. Seth segurou minha mão e me puxou, me prendendo entre o carro e o seu corpo e me beijou profundamente e de forma dura. Senti seu membro ereto contra a minha cintura quando ele roçou em mim de proposito, me fazendo arfar. – Aqui é um péssimo lugar pra começar isso – repreendi, puxando seu rosto para mim de novo, fazendo exatamente o oposto do que minhas palavras sugeriam. Seth nos separou do carro e foi me conduzindo de costas, ainda sem interromper o beijo. – Alguém vai nos ver desse jeito! – adverti me afastando momentaneamente para recuperar o fôlego. O nosso rendimento no jogo hoje vai ser péssimo, constatei.
Ele abriu a porta do vestiário masculino com um chute – o que fez bastante barulho – e depois nos trancou lá dentro. Sorri um pouco com a adrenalina, mesmo que totalmente descrente de que o Seth realmente estava planejando fazer sexo comigo na escola.
Enfiei minha mão sob sua camisa para poder sentir sua pele. Infelizmente a gente não vai ter tempo de tirar as roupas e esse é o tipo de sensação que eu realmente gosto de ter. Sentir seu corpo quente contra o meu é algo que me excita muito, principalmente quando seus braços me envolvem e eu consigo sentir toda a extensão do seu peito contra mim.
Ele levantou minha saia tirando ela do caminho e puxou minha calcinha e eu pude sentir quando o tecido rasgou. Eu sei que isso vai ser uma dor de cabeça daqui algum tempo, mas no momento eu simplesmente não consigo me importar menos...
- Foi mal – murmurou com urgência contra a minha boca, sem interromper o beijo. Levei minhas mãos até o zíper de sua calça e abri, baixando só o suficiente para que ele pudesse retirar o seu membro e o toquei com expectativa.
Ele me puxou, se sentando no banco do vestiário e pegou uma camisinha no bolso da calça. Arqueei a sobrancelha, mas preferi não comentar nada. É a primeira vez que eu vejo Seth andar com preservativo na rua.
Seth me beijou e me posicionou, se enterrando em mim, gemendo contra a minha boca. Agarrei sua roupa ao mesmo tempo que tentava me apoiar em seus ombros para poder me mover, suas mãos em meus quadris auxiliando no ritmo.
- Você é louco, sabia? – mordi seu pescoço para prova-lo, fazendo um grunhido grave irromper por sua boca.
- A ideia foi sua – tirou minha blusa junto com o top, chupando meu seio. Mordi o lábio inferior para abafar qualquer som que pudesse nos entregar.
- Sim, mas eu não achei que você fosse realmente levar ela em consideração – enrosquei meus dedos nos cabelos de sua nuca, buscando novamente seu beijo, estremecendo cada vez que ele me penetrava.
Seth apertou minhas nádegas, sua respiração saindo em bufadas descompassadas.
Beijei sua testa, sua têmpora e seu queixo afetivamente e percorri meus dedos por seu rosto, desgrudando seu cabelo de sua face suada, bagunçando-os um pouco mais no processo. Ele sorriu um pouquinho, malicioso, e eu retribuí.
Não demorou muito para ele arfar e gemer contra o meu pescoço enquanto chegava ao orgasmo.
- Espera. Eu não posso gozar assim senão eu vou nos sujar – disse me afastando. Seth me envolveu por trás e se eu achei que ele terminaria apenas me tocando, eu me enganei. Ele me inclinou um pouco para poder me penetrar enquanto me masturbava.
Agarrei seu braço que envolvia meu tronco, apertando com força quando o orgasmo me atingiu. Virei o rosto para poder beijá-lo e para poder abafar um pouco meus gemidos, que saíram muito mais altos do que eu imaginei.
Ouvimos alguns barulhos do lado de fora do que parecia ser duas pessoas que conversavam se aproximando. Seth olhou para mim desesperado e eu não pude evitar a risada nervosa e cheia de satisfação que deixou meus lábios.
- Fodeu! – ele tirou rapidamente o preservativo, amarrou e procurou uma lixeira. Tirei minha calcinha rasgada enquanto Seth se guardava, parecendo muito incomodado, provavelmente por se sentir sujo. Franzi o cenho pro tecido em minhas mãos e entreguei pra ele, sem saber exatamente o porquê.
Vesti o top e a blusa rapidamente e me ajeitei na minha saia da melhor forma que consegui para me esconder e ele aprovou com a cabeça. Ok, agora é esperar a merda acontecer...
- Seth, relaxa – falei me sentando no banco que a gente acabou de usar.
- Relaxar? Como você consegue ser tão tranquila assim? – sua voz saiu apressada e eu tive vontade de rir de novo, mas eu sei que isso vai deixar ele muito irritado comigo, então segurei.
- Eu também não gostaria de ser pega nessa situação, se isso serve de consolo – dei de ombros. – Mas não acho que seja digno de todo esse desespero que nem você tá fazendo parecer. Os caras do time vão nos ver, você vai ser sagrado o maioral da escola e eu, bom, talvez a garota fácil que dá pro namorado no vestiário do colégio? – revirei os olhos. – O que eles vão dizer de mim não me interessa na verdade. Minha única preocupação é isso afetar você negativamente de alguma forma, mas como você é homem, eu realmente duvido que aconteça.
- Dá pra você parar de analisar as coisas de forma calma e racional agora e começar a ficar nervosa, por favor?! – suspirei e me levantei. Parei em frente a ele e segurei seu rosto, beijando-o de forma possessiva até sentir ele mais calmo.
- Agora que você parou de entrar em pânico, vai lá fora e vê quem tá vindo, pelo amor de deus! – empurrei ele em direção à porta. – Você pode sair, cacete, eu não!
Ele concordou e destrancou a porta, enfiando o tecido rasgado que eu entreguei pra ele no bolso, me fazendo revirar os olhos. Por que ele não jogou isso no lixo junto com a camisinha? Eu acho que ele está tão nervoso que nem sequer percebeu que não jogou fora.
Seth ficou alguns segundos do lado de fora e depois entrou novamente, rindo. Ele segurou minha mão e me puxou para fora. Acontece que as pessoas que estavam conversando e vindo pra cá, para a nossa sorte, eram Lucy e Matt – que nem sequer vieram para o vestiário, indo direto para a quadra.
- Vamos – sorri.
- Eu acho que vou concordar com você nessa: eu nunca mais vou esquecer essa experiência... – suspirou e depois sorriu seu sorriso de menino. Passei meu braço esquerdo pela sua cintura, puxando ele pra mim e ele envolveu meus ombros com seu braço direito. – Mas eu nunca mais gostaria de repetir – completou com uma careta.
- No fim deu tudo certo... Mas eu estou exausta – suspirei. – Provavelmente a capitã vai ficar bem irritada comigo com o meu rendimento medíocre se eu for colocada em quadra hoje.
- Foi mal, eu nem sequer considerei essas coisas... eu só me deixei levar.
- Nah. Eu faria tudo de novo sem problema nenhum – respondi com sinceridade. Seth deu uma apertadinha no meu ombro e beijou o topo da minha cabeça.
Entramos na quadra e demos de cara com a garota que eu briguei aquele dia. Deixei meu braço cair e me afastei de Seth quando seu olhar cheio de raiva me atingiu. Pensei em pedir desculpas, mas eu consigo me lembrar de parte do que aconteceu aquele dia agora e embora eu tenha sido a maior responsável e quem fez a maior besteira, a culpa de tudo ter começado foi ela, então ela que lide com as consequências.
Tentei não me focar nos hematomas em seu rosto enquanto eu e Seth passávamos ao seu lado. Mesmo com toda essa resolução eu ainda me sinto culpada e me arrependo de ter perdido o controle tão facilmente a ponto de brigar.
Ouvi ela sibilar alguma coisa e Seth pareceu paralisar do meu lado por alguns instantes, mas fora isso, ele não demonstrou nem disse mais nada. Ele se virou para mim e sorriu, carinhoso.
Lucy e Matt se aproximaram para nos cumprimentar enquanto a gente aguardava. Não pude evitar o sorriso malicioso que preenchia meus lábios toda vez que eu olhava para Seth. Eu ainda sinto meu corpo quente, ainda sinto a pressão da sua mão no meu quadril me conduzindo. Mordi o lábio inferior tentando não grunhir quando ele me encarou e arqueou uma sobrancelha de forma sugestiva.
Lucy cutucou meu ombro e se inclinou para sussurrar no meu ouvido.
- A cara que vocês estão fazendo grita "hoje a foda foi boa" – gargalhei.
- Você não tem ideia... – respondi depois de me recuperar.
- A roupa do Seth tá bem amarrotada e o cabelo dele está seguindo um padrão bem interessante... – continuou e me deu um sorrisinho sabido. Arqueei a sobrancelha pra ela, mas não respondi. Seus olhos faiscaram com o entendimento e depois se arregalaram. – Não acredito! – deixou escapar, alto, o que chamou a atenção dos rapazes.
- O que aconteceu? – Seth perguntou, bocejando. Parece que não sou só eu que está cansada além do entendimento.
- Você cumpriu a promessa?! – Lucy já tinha desistido de tentar me provocar e agora falava normalmente, cheia de incredulidade.
- Que promessa? – questionei, me fazendo de desentendida. Eu sabia que ela tinha escutado o que a gente falou aquele dia...
- Você sabe que promessa – me olhou maliciosamente. – Você corrompeu mesmo o Seth – riu, parecendo se divertir.
Eu e ele sorrimos, mas não confirmamos e nem negamos a afirmação dela. Tem coisas que são melhor deixar na imaginação do que estragar a magia.
Nos separamos, cada um indo para o respectivo transporte.
- Aonde vocês fizeram? – perguntou baixinho ao se sentar do meu lado, curiosa. Dei de ombros.
- Eu não sei do que você tá falando... – olhei para a janela, ignorando sua presença. Ela riu.
- Estava tentando relembrar seus tempos áureos? – debochou e eu revirei os olhos. Apoiei o braço na janela e meu rosto em minha mão.
- Eu não estava tentando relembrar nada – respondi por fim.
- Se eu tiver que dar um chute, eu diria que foi no vestiário – olhei para ela de canto de olho e percebi que ela sorria, sagaz. Deixei uma risadinha escapar e dei de ombros novamente. Vamos ver até onde Lucy consegue insistir no assunto até ela perder a paciência comigo porque eu estou sendo totalmente indiferente.
- Eu realmente não sei do que você tá falando – eu disse depois de alguns minutos de silêncio, me sentindo incomodada com o olhar intenso que ela me dirigia.
- É claro que não... – percebi a malícia em sua voz tarde demais. – Mas sabia que o Matt precisava ir ao vestiário quando a gente chegou e que a porta estava suspeitamente trancada? – mantive meu rosto sereno, ainda olhando para a janela do ônibus. – E que era muito fácil de escutar o que estava acontecendo ali dentro?... – desapoiei minha bochecha de minha mão e olhei para ela vagarosamente, mantendo a cara de vento.
- E o que que tem?
Deu de ombros.
- Achei interessante você e o Seth saírem dali logo em seguida... – sorriu de canto, quase vitoriosa, mas eu não cedi. Em nenhum momento mexeram na maçaneta da porta do vestiário, então só existem duas possibilidades: primeira, ela tá mentindo na cara de pau para testar a minha reação e conseguir a resposta que ela quer, porque pelo o que eu me lembro, a gente só ouviu eles se aproximarem depois que a gente já tinha terminado; segunda, eles realmente tentaram entrar no vestiário e a gente estava tão absorto no que estávamos fazendo que a gente realmente não ouviu nada... E isso seria um problema e tanto, porque eles poderiam não ser os únicos...
Sorri, arrogante.
- Esse truque não vai funcionar comigo, sabe? – me voltei para a janela, ignorando o princípio de careta que escapou o seu controle. Suspirei. – Você realmente acha que a gente seria inconsequente o suficiente para fazer qualquer coisa na escola?, ainda mais no vestiário, onde qualquer um dos rapazes poderia tentar entrar a qualquer momento? A gente merece um pouco mais de crédito, sabe?... – tive que me esforçar muito para segurar a risada. Eu estou sendo absolutamente cínica.
Ela bufou e me deu um tapa no braço.
- Você sabe que eu sei – reclamou. – Mas eu não posso te forçar a admitir, então eu vou te deixar escapar dessa por agora – ri. – Mas eu gostava mais quando eu podia implicar com você e suas reações entregavam na hora o que tinha acontecido.
- Eu não podia continuar deixando as coisas fáceis assim para você, não é mesmo? – sorri de canto e olhei pra ela rapidamente. – Não teria graça – pisquei um olho para Lucy e ela quase rosnou pra mim.
- Mas agora falando sério, Sam, e sem malícia também... você parece exausta e pelo o que eu pude reparar o Seth não estava melhor... Vocês deviam dar uma segurada. Bom, não faz mais diferença na verdade, já que os amistosos terminam hoje – deu de ombros.
- O que você acha que a gente tem feito? – questionei intrigada e ela arqueou a sobrancelha sugestivamente. – Não é assim que funciona, sabe? A gente não tem se visto ultimamente... – tentei não pensar em tudo o que a gente fez nas últimas horas, mas nem de longe eu consegui afastar as lembranças. Mas eu preciso me colocar em cheque ou eu vou ter um problemão.
- Bom, não sei, mas eu nunca te vi tão cansada assim. Aliás, eu comentei isso aquele dia: fica bem nítido na sua cara quando você tá pensando sacanagem... – ri um pouquinho.
- Ok, eu vou te conceder essa então: nossa noite foi bem proveitosa – ela concordou com a cabeça.
- Falando em ser inconsequente, não é mesmo? Desde que os amistosos começaram eu e Matt nem sequer nos tocamos – dei de ombros.
- Eu não tenho esse controle todo. Não tinha antes e não quero ter agora também, na verdade. E eu preciso admitir que é muito mais difícil de me manter afastada quando a possibilidade tá sempre disponível – suspirei. – O Seth se mostrou uma tentação constante que eu não consigo dizer não – admiti e depois revirei os olhos.
- Você desceu do seu pedestal de santa e voltou para a terra dos desejos carnais – implicou comigo, tentando me provocar.
- Eu nunca disse que sou santa – frisei. – Eu não queria me envolver com ninguém porque eu tinha meus motivos. Seth foi um fator inesperado, só isso.
- Falando assim parece que você se arrepende de ter começado a gostar dele...
- Claro que não, Lucy – bufei, contrariada. De onde ela tira essas coisas? – Eu provavelmente nunca vou pensar assim, mesmo se não durar – dei de ombros. – Eu realmente gosto do Seth e eu gosto de gostar dele. Ele me faz bem também. Mas eu preciso admitir que se eu tivesse tido escolha, eu dificilmente teria escolhido isso – ela abriu a boca, mas eu interrompi rapidamente antes que ela tirasse conclusões precipitadas. – A minha cabeça a pouco tempo atrás não estava exatamente focada em seguir adiante. Eu teria escolhido, sem hesitar, o passado e tudo o que ele significou do que a incerteza do futuro – mantive meus olhos grudados na janela. Eu não sei se isso vai fazer algum sentido para ela.
- Você é meio masoquista, não é? – dei de ombros. – Eu nunca vi alguém preferir a penitência do que a alegria.
Sorri tristemente.
- Não é masoquismo. É culpa – esclareci. – Mas eu decidi que eu não posso viver assim para sempre – dei de ombros. – E não me arrependo.
- Minha menininha tá amadurecendo – Lucy me agarrou e bagunçou meus cabelos, rindo. Tentei me livrar dela, mas acabei rindo também.
- Vamos, tá todo mundo olhando pra gente e nós temos que descer do ônibus – falei, finalmente conseguindo me soltar. Desfiz o rabo de cavalo e passei as mãos pelos meus cabelos para poder ajeitá-los e depois tornei a prendê-los.
- Você estava melhor com eles soltos – comentou andando ao meu lado. – É meio difícil ver você sem ser com eles presos...
- Sério? – ela confirmou. – Acho que é só por hábito mesmo usar eles presos enquanto não estou em casa... Talvez um tipo de orgulho interno por conseguir fazer isso agora?... – falei, pensativa.
- Orgulho? – sorri.
- Pequenas conquistas – pisquei um olho para Lucy. – Você provavelmente não entende como é o sentimento de querer tanto algo que pode parecer banal para outras pessoas, mas que para você é quase um marco quando finalmente consegue conquistar. Você provavelmente teve cabelo grande a vida toda. Eu levei alguns anos para conseguir essa façanha.
- Entendi – ficou calada por um momento e depois sorriu para mim. – Se bem me lembro, das fotos que você nos mostrou, seu cabelo era ainda menor do que os de Seth – concordei.
- Eu costumava usá-los bem curtos mesmo. Preciso confessar também que eu demorei um pouco para me acostumar com eles maiores, mas a sensação da conquista era maior do que o incômodo, então não durou muito.
- Combina com você também. Você fica linda assim – sorri sem graça, pega desprevenida pelo elogio.
- Obrigada.
- Você já pintou o cabelo? – perguntou do nada, parecendo de repente muito interessada nisso.
Ri.
- O que você acha?
- Eu diria que você não é o tipo de pessoa que gosta de pintar o cabelo, mas sei lá... – deu de ombros e eu sorri amplamente para ela. – Mentira!
- Só uma vez, sim – confirmei.
- Que cor?
- Roxo... – segurei o riso quando ela pareceu espantada demais até pra contestar. – Foi por causa de uma aposta com meu ex. Pareceu uma boa ideia na hora, mesmo eu sabendo que eu ia perder – revirei os olhos.
- Então por que aceitou? – perguntou intrigada.
- Porque eu gostava de ver ele feliz – eu disse com simplicidade. – Pra mim ver ele sorrindo já valia qualquer coisa. As risadas que eu arranquei dele aquele dia valeram toda a zoação no colégio.
- Uau. Não sabia que você era tão romântica. Você realmente amava ele, não é? – sorri um pouquinho de canto, olhando para o chão.
- Eu era melhor nisso antes. Em ser expressiva, eu digo. Eu perdi alguma coisa no meio do caminho que me fez ser mais fechada.
- E qual foi a aposta? – um tipo de silvo escapou meus lábios quando eu tentei não lembrar da aposta idiota e totalmente vergonhosa que a gente fez. Não sei dizer se foi sorte ou não Lucy não ter percebido.
- A gente apostou quem "conquistava" mais garotas em menos tempo – desviei o olhar quando ela me encarou. – A gente não namorava ainda, tá?
- Não, não é isso. É que eu pensei que ele era um tipo de santo que dedicava a vida dele à você ou coisa parecida e que você que era a pegadora.
Arqueei a sobrancelha. A descrição não tá tão longe da verdade, mas ainda tem muita coisa que ela não sabe sobre a gente...
- Eu acho que você esqueceu da aparência física dele, né? Se ele quisesse, ele tinha os meios para realmente ficar com quem ele quisesse. Eu levava foras de vez em quando. Eu nunca soube de um fora que ele levou – dei de ombros. – A questão é que ele não gostava desse tipo de coisa e preferia ficar na dele, só vendo as merdas que eu fazia – sorri. – Ah, é, eu já estive do outro lado do modo "conquistador" dele e eu posso te dizer que era letal. Eu não tive chances contra e resistir foi fora de questão.
- E como foi essa disputa? – perguntou, parecendo interessada no desenrolar dos fatos.
- A gente estava numa festa. Um dos caras do clube de basquete estava se gabando de quantas garotas isso e quantas garotas aquilo – revirei os olhos, me sentindo enojada. – E antes que você fale alguma coisa, eu nunca fiz isso. Eu nunca contei intimidades com ninguém para parecer o machão. Na verdade as garotas mesmo que espalhavam que tinham ficado comigo – dei de ombros.
- Tá, mas e aí? O cara estava sendo um babaca, isso eu já entendi. Mas como vocês se enfiaram nesse rolo? – sorri.
- Eu falei, muito em tom de brincadeira, só para o Jack mesmo, que apostava o que ele quisesse que eu conseguiria ficar com mais gente naquela noite que o tal cara do clube já tinha ficado na vida toda. O que eu não previ era que o Jack já estava um pouco mais solto por causa da bebida, e então ele disse "então vamos apostar eu e você e ver quem fica com mais garotas hoje na festa. Temos 2h até o tempo limite, mas nada de sexo. Só beijo."
- E por que você aceitou?
- Eu já falei: eu gostava de ver ele feliz. E eu também achei interessante ver quantas garotas ele conseguiria ficar se realmente se empenhasse nisso, então eu aceitei.
- E qual foi o placar final?
- Ele ficou com nove garotas a mais do que eu. É tudo o que você precisa saber – sorri e ela fez uma careta. – Talvez eu tivesse ganho, mas como eu falei: eu levava foras. Ele não.
- Eu acho que posso dizer que foi bem feito então – ri. – Mas como foi decidido qual seria a prenda do perdedor?
- Ele teve um sonho em que eu estava de cabelo roxo e falou que queria ver se ficaria igual – ri. – Eu me neguei no início, porque eu achei a ideia ridícula e porque eu ia destruir meu cabelo, mas ele foi incisivo e não me deixou fugir.
- Eu queria poder ver isso – Lucy admitiu, parecendo cabisbaixa.
- Foi mal. Eu não tenho fotos dessa cagada. E as que ele tirou escondido eu apaguei – sorri de canto. – Eu fiquei horrível.
- Como foi quando ele deu em cima de você?
- Ah, foi nesse mesmo dia – contei. – Lembra que eu falei que eu precisei estar bêbada para admitir que eu gostava dele? – ela concordou. – Ele meio que começou de brincadeira e como eu já estava bastante bêbada também, eu não me importei. Foi brutal. Antes que eu tivesse consciência do que eu estava fazendo, eu já tinha admitido que gostava dele e daí foi só catástrofe. Ainda bem que a gente estava sozinho e ninguém viu quando a gente se beijou.
- E o que vocês fizeram depois? Ele se confessou também nesse dia, não é? – confirmei com a cabeça.
- Sim, mas a gente não começou a "namorar" exatamente depois desse dia. Como eu já tinha falado antes, não teve pedido de namoro nem nada do tipo. As coisas foram seguindo de forma gradativa. Não foi de um dia para o outro que a gente começou a se beijar ou andar de mãos dadas. As coisas aconteciam de maneira totalmente sem querer, até o dia que a gente simplesmente fazia quando sentia vontade e foi isso. Eu acho que ainda tinha um pouco de hesitação da parte dos dois de falar "olha, eu quero poder te tocar a qualquer momento então eu vou fazer isso". Quando a gente superou essa barreira, tudo se encaixou.
- Cara, vocês dois eram muito estranhos – entramos no vestiário e eu tirei a blusa e coloquei a parte de cima do uniforme. Como eu vou fazer para vestir a parte de baixo sem que Lucy me veja pelada e sem que ela desconfie por eu estar sem calcinha é um grande mistério. E como eu vou fazer para o short não marcar também é outra coisa que vai me dar dor de cabeça...
- Foi o jeito que as coisas funcionaram para nós dois – dei de ombros. – Ele disse que não se importava de ser taxado de viado na escola por minha causa, mas eu tinha medo do que fariam com ele caso descobrissem que a gente estava junto.
- Então eu imagino que essa festa foi a última vez que você ficou com uma mulher, certo? – concordei com a cabeça. – Você sente falta de ficar com mulheres? – deixei uma careta escapar e ela riu.
- Nem um pouco, desculpe – ri fraquinho. – Mas eu repetiria tudo de novo, sem pensar duas vezes, se eu pudesse mudar apenas duas coisas que aconteceram...
- O que você mudaria?
- Primeiro eu tentaria resolver as coisas com ele de uma forma diferente. Ao invés de me acovardar e expulsar ele da minha vida por insegurança, eu faria exatamente o contrário; segundo, eu impediria a necessidade de eu e minha mãe nos mudarmos.
Nos sobressaltamos quando Ayumi saiu de uma das cabines do vestiário e sorriu sem graça. Cocei a parte de trás da cabeça. O quanto será que ela ouviu?
- Bom dia – sorriu sem jeito.
- Yo – Lucy sorriu como se não fosse com ela. Bom, não é com ela...
- Bom dia – respondi. – Erm...
- Eu não tenho nada a ver com nada! – se adiantou. – Eu juro que tentei não ouvir, mas eu não consegui sair antes, me desculpe... – suspirei.
- O que exatamente você ouviu? – perguntei, me sentando no banco, nervosa.
Ela olhou para os próprios pés e depois se sentou ao meu lado.
- Algo sobre alguém ser chamado de viado na escola por estar com você e sobre você ficar com mulheres antes...
Respirei fundo sem saber o que fazer. A Ayumi, tirando a Lucy e a capitã, é uma das poucas que continua conversando comigo como se nada estivesse acontecendo, ainda mais depois da briga aquele dia. E eu sei que ela é uma boa garota porque a gente já teve oportunidade de conversar sobre muitas coisas e ela não tem a cabeça limitada para não entender a minha situação... Mas eu também gostaria de não me expor assim...
- Ayumi, se importa se eu te pedir para esquecer tudo isso que você ouviu? – falei com cuidado. – Não é que eu não confio em você, mas eu não queria ter que explicar essas coisas agora...
Ela bufou e revirou os olhos.
- Eu não sou inocente, sabe? Eu consigo entender com bastante facilidade sobre o que vocês estavam falando... – ri, nervosa, mas não discuti.
- Ah... Se você já sabe então ok – me levantei e dei de ombros, pegando o short do uniforme na minha bolsa para poder trocar. – Só, por favor...
- Eu sei. Eu mantenho o que eu falei: eu não tenho nada a ver com nada disso. É particular seu e eu não vou me meter – sorriu. – Além do mais, seria totalmente babaca da minha parte espalhar esse tipo de coisa pela escola. Você tem direito de se proteger e não querer que as pessoas saibam – deu de ombros e se levantou. – Mas cuidado com o que vocês falam e aonde falam. Pode não ser eu dentro da cabine na próxima vez.
- Obrigada – ela deu um tapinha no meu ombro enquanto se dirigia para a saída e foi embora como se nada tivesse acontecido.
- Sam, você tá pálida – Lucy comentou, soando preocupada.
- Me dá um minuto pra me recuperar do susto – sussurrei e ela riu.
- Se troca logo antes que as outras meninas entrem – se sentou no banco para colocar o tênis e arqueou a sobrancelha pra mim quando eu não me movi. – Alguma coisa errada? – dei de ombros enquanto eu encarava o conteúdo da minha bolsa, me questionando por quê eu não ando com roupas extras...
Fechei a bolsa e coloquei ela no armário e fui para dentro de uma das cabines. Pelo menos não é suspeito eu fazer isso, já que eu não me troco na frente dela mesmo...
Coloquei o short, mas não fiquei tão insatisfeita com o resultado. Contanto que eu não deixe meu estado de paz por nada, não tem nada fora do comum para chamar a atenção de ninguém.
- Preparada? – Lucy perguntou sorrindo.
- Sempre – respondi também animada. Saímos do vestiário quando a capitã foi lá nos chamar para nos reunirmos.
Enquanto eu me aquecia eu observava as meninas do outro time. Embora elas não sejam tão fortes quanto as nossas últimas adversárias, dizer que elas não são boas é mentira. Ano passado elas chegaram bem longe no nacional e é com isso que a gente vai ter que lidar agora.
Começamos a partida e logo de cara eu percebi que o time delas é bem mais consistente e equilibrado do que o que nos derrotou. Elas não cometem erros absurdos e estão tão tranquilas jogando contra a gente que chega ao estado do menosprezo. Suspirei me sentindo irritada com isso.
Elas não nos veem como ameaça, mesmo que a gente tenha ganho de times bem fortes e conhecidos da região e isso é frustrante. O pior é que depois da derrota do último jogo as garotas que já não queriam se esforçar muito estão ainda mais dispersas, então todo o esforço do time está basicamente nas minhas costas e na da capitã. Bom, hoje a Lucy também resolveu participar da disputa, então pelo menos nossa defesa não está parecendo uma peneira.
No fim a gente conseguiu ganhar, e isso pareceu ser um grande choque para elas, o que, não vou mentir, me deu uma sensação de conquista e deleite imensurável, a ponto de eu não conseguir conter meu sorriso arrogante.
Algumas delas me olharam de cara feia já outras não pareceram se incomodar com minha atitude – super – madura. A capitã nos cumprimentou e nos parabenizou, embora fosse claro a sua insatisfação com a performance de algumas.
- O que você vai fazer agora? – Lucy perguntou.
- Dormir – respondi e ela riu. – É sério. Os últimos dias têm sido bem puxados. Seth também não tem colaborado e eu estou simplesmente no meu limite – admiti e ela me olhou maliciosamente. – Tá, já sei. A gente não tem tanto controle que nem vocês. Eu já conheço todo esse discurso. Mas eu sinto zero vontade de ir contra isso – sorri de canto.
- Eu nem ia falar nada... – fez careta. – É interessante ver você sendo tão sincera assim e eu já não sinto mais vontade alguma de implicar com você por causa dele – suspirei.
- Claro, basicamente tudo o que você "queria" aconteceu – dei de ombros. – Acho que você não teria sido tão incisiva e insistente se fosse para você ficar comigo, sabia? Acho que você teria desistido bem antes – ela riu fraquinho.
- Não seja assim... Eu não desistiria tão fácil assim de você – ela riu de novo e eu acompanhei. – Mas você provavelmente tá certa mesmo... Eu nunca insisti tanto para ficar com alguém e nem tenho saco pra isso.
- Eu não entendo como a sua cabeça funciona, porque eu demorei demais pra chegar aonde eu estou...
- Chegar aonde está? – disse confusa. – Tá querendo dizer começar a gostar dele ou admitir que já gostava dele há muito tempo? – sorri com ironia.
- Lembra quando a gente saiu aquele final de semana para uma praia nada a ver e só voltou na terça? – ela concordou com a cabeça. – Na cidade tinha um tipo de festival... erm – cocei a nuca tentando lembrar o nome e desistindo em seguida. É melhor ser generalista mesmo. – Era um festival com lanternas...
- Cara, que coisa mais clichê! – me interrompeu e eu olhei pra ela irritada, mas acabei rindo. Ela não está errada.
- Tá, eu sei, ok? Mas era isso ou a gente voltaria pra casa e nenhum de nós dois queria voltar, então... Foi por causa disso que a gente acabou chegando de madrugada, inclusive.
- Entendi, mas o que que tem isso com o que você estava falando? – retomou o assunto pro caminho que ele estava indo antes de ela mesma me interromper. Sorri um pouco debochada.
- Foi esse o dia que eu senti alguma coisa diferente pelo Seth a primeira vez.
- Tá falando sério? – concordei com a cabeça. – Mas você já vinha tratando ele diferente há algum tempo antes disso, sabia? – dei de ombros.
- Como eu posso te explicar isso... – falei ponderando. – Eu estava tão acostumada com a presença dele que eu não me esforçava para manter aparências. Eu me descuidei, basicamente. Mas eu nunca tinha enxergado ele com outros olhos além da amizade até aquele dia – sorri. – Bom, na verdade, eu já sentia que o status "amizade" não exatamente servia pra gente. Pra mim parecia que a gente já tinha saído disso há algum tempo, mas eu estaria mentindo se eu dissesse que já gostava dele. Ou que eu queria mudar alguma coisa.
- Até nisso você é lerda – me cutucou, implicando comigo e eu bufei.
- Eu acho que a declaração dele ajudou, sabia? – admiti e continuei. – Indiretamente ele me obrigou a pensar nele de outra forma. De um jeito também que eu vinha me condicionando a não pensar, claro. Mas eu também fiquei um pouco irritada com ele, porque se eu tivesse decidido que a minha resposta seria 'não', eu teria perdido meu amigo – fiz careta.
Lucy deu de ombros.
- Você não precisaria perder a amizade com ele.
- Sério? Você conseguiria ter a mesma proximidade com o Matt se ele tivesse dito que gosta de você e você tivesse falado que quer só a amizade? Ou você acha que isso não iria afastar vocês aos poucos? Fora que é uma situação muito cruel porque você sabe que a outra pessoa gosta de você e eu simplesmente não consigo ser assim.
- Mas se for por questão de manter amizade... – começou e se interrompeu. Chacoalhou a cabeça como quem dissesse "esquece".
- É um pouco diferente... Eu conhecia ele desde sempre. O nosso término foi diferente dessa situação porque ambos sabíamos que ainda tínhamos sentimentos pelo outro. Por saber disso a gente também tinha a consciência que continuando próximos nós dois estávamos nos machucando, mas isso também era mútuo, então... – dei de ombros. – De forma bem egoísta: eu não estava a fim de abrir mão dele e eu queria ele comigo. Bom, o contrário também era válido.
Ayumi se aproximou de nós, acenando e a gente sorriu pra ela.
- Vocês foram incríveis no jogo hoje – disse animada.
- Obrigada. Você também nos ajudou bastante. Se não fosse você nos últimos dois sets pra me auxiliar eu estaria perdida – elogiei com sinceridade e ela pareceu meio sem graça com o comentário.
- Eu não fiz nada de mais – falou.
- Você não tem consciência do quanto é uma boa jogadora, não é? – Lucy concordou comigo. – A nossa vitória foi possível graças a você. Não pense diferente disso e não deixe que te digam o contrário. Se não fosse por você lá, nós teríamos perdido por 3x1.
- Obrigada – sorriu animada. – Vocês já estão indo para casa? – confirmamos com a cabeça. – Meu namorado vai vim me buscar. Se vocês quiserem, eu peço para ele dar uma carona pra vocês – ofereceu.
- Não precisa se preocupar. A gente também não quer dar esse trabalho desnecessário pra vocês – Lucy se adiantou.
- Você também deve estar cansada e com muita vontade de chegar logo em casa. A gente volta de ônibus – complementei.
Ela deu de ombros.
- Cansada de quê, que mal lhe pergunte? – ironizou. – Eu quase não joguei hoje e menos ainda nos outros amistosos. O que eu menos estou é cansada – sorriu. – Os meninos vão voltar bem mais tarde também, não é?
Suspirei e sorri para a Lucy, desistindo. Ela me devolveu um olhar que concordava totalmente com o que eu dizia e então a gente concordou em pegar a carona.
O namorado de Ayumi é mais velho que ela dois anos e já está na faculdade, o que era interessante, ainda mais se contrastar com a sintonia que os dois têm. Qualquer pessoa que não acredite em "almas gêmeas" mudaria completamente de opinião depois de olhar pra eles.
Lucy acabou preferindo ser deixada na minha casa também, para facilitar um pouco a vida deles e eu não me incomodei de ela ficar lá comigo.
Destranquei a porta e entramos.
- Você vai ficar aqui? – perguntei pra ela. Não tá tão tarde assim para ela voltar pra casa agora, mas eu me sentiria mais tranquila se ela ficasse. – Tá ficando tarde...
- Só se eu puder dormir agarradinha com você – falou cheia de sarcasmo e eu dei de ombros.
- Tá. Não seria a primeira vez – ela suspirou.
- O Seth não vai vim pra cá mais tarde? Eu realmente não estou no clima pra ficar segurando vela e nem de ouvir vocês se agarrando de noite – abri a geladeira enquanto ria alto e peguei a garrafa d'água.
- Lucy, eu estou exausta. Acho que posso garantir com propriedade que ele também está. Acho que não tem fôlego em nenhum dos dois pra nada. Além do mais, eu não sei que tipo de maníacos você acha que nós somos, mas também não é bem assim que funciona...
- Até o jeito que vocês se olham ultimamente tá diferente. É um olhar muito pornográfico e cheio de malícia – foquei minha atenção no que eu estava fazendo, me recusando a corar.
- Eu já falei: faz parte da brincadeira – me sentei no sofá e ela se sentou ao meu lado. Ela não precisa ficar sabendo que às vezes minha mente vaga para muito longe quando eu olho pra ele. – Quer comer alguma coisa? Eu não vou cozinhar, então vai ter que ser comprado – avisei e ela fez um joinha. Peguei meu celular na bolsa e entreguei pra ela enviar a mensagem pra algum lugar pra pedir a comida. – Eu preciso de um banho. Você tem roupa limpa contigo, certo? Se quiser, pode usar o banheiro aqui debaixo depois que terminar de pedir o que quiser comer – falei já me afastando. - Eu já volto.
Ela concordou com a cabeça enquanto digitava a mensagem, provavelmente para a pizzaria.
Voltei para a sala algum tempo mais tarde e ela já me esperava lá, a toalha em seus ombros enquanto ela secava seus cabelos com uma das mãos.
- Acho que o Seth te ligou enquanto eu tomava banho. Eu não mexi para confirmar – me entregou o aparelho que estava sobre a mesinha de centro e eu desbloqueei para checar.
- Foi só mensagem – falei. – Só para avisar que eles ganharam – mandei um parabéns pra ele e depois larguei o celular na mesa de novo. – O que você pediu?
- Sushi – disse, séria e eu fiz uma careta. – Calma, é brincadeira. Eu não ia pedir comida pra mim e te deixar com fome.
- Tá, tanto faz – dei de ombros. – Amanhã a gente tá livre do clube, quer fazer alguma coisa?
- O que tem pra gente fazer dia de semana?
- Sei lá – dei de ombros. – A pessoa que tem vida social aqui é você.
- Você fica trancada em casa o dia todo porque quer – reclamou. – Você tem namorado pra quê?
Revirei os olhos e depois dei um sorriso pervertido só pra implicar fazendo ela rir.
- A vibe do Seth é praticamente a mesma que a minha, então é muito difícil a gente combinar algo e quando a gente faz, geralmente é pra ir ao cinema.
- Você estragou ele – arqueou a sobrancelha. – Ele não era caseiro antes, sabe? Era até bem raro ver ele parar em casa... – ignorei seu olhar cheio de significado, me abstraindo do motivo. Não é difícil de imaginar, na verdade, ainda mais se eu levar em consideração o que ele disse hoje cedo...
- Ué? Eu não estraguei ninguém... – bufei. – Além do mais, se for levar em consideração a motivação dele, seria mais do que óbvio que ele não continuasse com esse comportamento – fiz cara feia pra ela. – Eu não faço o tipo ciumento e se ele quiser sair, ele é livre para fazer isso, mas manter o mesmo padrão de comportamento de quando era solteiro é outra coisa...
- Relaxa, Sam, eu tô só pegando no seu pé. Parte do que eu disse é verdade sim, mas ele já não fazia isso há bastante tempo – se levantou quando a campainha soou para pegar nossa comida. – Você não respondeu minha pergunta: o que a gente pode fazer dia de semana?
Fiquei um tempo quieta, pensando. Eu saio tão pouco de casa que eu não tenho nem sequer ideia do que a gente poderia fazer...
- Ah! Pode ter algo, mas eu já consigo te imaginar xingando e gritando com todo mundo... – segurei o riso enquanto ela colocava a comida na mesa da cozinha. – Sabe aquelas salas cheias de códigos, desafios, que tem um tempo limite pra escapar? Eu tenho quase certeza que vi um desses a última vez que eu fui ao shopping com o Seth... O conceito é interessante e eu gosto desse tipo de coisa – sorri. – E é zero terror envolvido – assegurei, já prevendo a negatória dela pelo receio. - Quer dizer, eu imagino que tenha uma sala dessas com a temática terror, mas a gente não precisa ir nessa – dei de ombros e tentei conter meu sorriso de empolgação e expectativa para que ela não se sentisse obrigada a aceitar.
- Você vai chamar os rapazes? – falou por fim, depois de bastante tempo calada.
- Claro, por quê não? A não ser que você não queira.
- Não, eu prefiro que eles participem. Eu me sinto mais segura com o Matt por perto, porque assim ele me protege de vocês...
- Isso é sacanagem. Eu e o Seth nunca fizemos nada para render esse comentário...
Lucy deu de ombros sem se abalar.
- Ok, ok, eu vou confirmar com o Matt se ele quer ir. Fala com o Seth também – concordei e mandei outra mensagem para ele que respondeu imediatamente dizendo que topa.
Ficamos mais algum tempo pela sala conversando e assistindo televisão. Embora eu esteja cansada pra caramba, eu simplesmente não consigo deitar e desligar.
Bom, a gente tem alguns dias até as eliminatórias começarem, então a gente vai ter que encaixar todo o descanso, treino e o resto da nossa vida nesse período. Eu só espero que tudo dê certo.
Roi, bebês, belezinha? Pra quem achava que o Seth era santo... Hahaha ~ sqn
E aí, como vai a vida de vocês? Curtindo a obra? *-*
Seguinte: meus capítulos de frente estão quase zerados, então eu vou sumir por um tempo. Dessa vez de verdade - porque eu tô falando isso desde o cap 22 eu acho kkkk...
Então é isso. Espero que estejam curtindo e até o próximo xD
Fran
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