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Capítulo 09

Voltei para o quarto enrolada na toalha de Lucy. Eu estava tão abalada com o assunto que sequer cogitei a possibilidade de Seth ter acordado, o que me deixaria em uma situação bastante constrangedora.

Quando abri a porta dei de cara com a Lucy. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto estava úmido.

Mas antes que eu pudesse entrar no quarto, ela me empurrou para fora novamente, fechando a porta atrás de si.

- O Seth acordou. Eu vou pegar umas roupas pra você, então me espera no banheiro – concordei com a cabeça e obedeci, voltando para o banheiro.

Ela não demorou a retornar.

Me vesti rapidamente, mas o silêncio estava me incomodando.

Senti Lucy me abraçar por trás. Seu rosto se enterrou nas minhas costas. Ela está chorando, percebi.

- Lucy – murmurei.

- Obrigada por compartilhar sua dor comigo – ela falou entrecortadamente. Sua voz estava embargada.

- Seth ouviu nossa conversa? – senti minha garganta se apertar novamente, mas pelo menos a vontade de chorar já tinha passado.

- Não. Ele só acordou quando você se levantou... – ela se afastou e me virou para ela. Ela segurou meu rosto entre suas mãos. – Você está bem?

- Sim – segurei suas mãos e afastei elas do meu rosto. – Mas eu gostaria de enterrar esse assunto... – murmurei. – Em outro momento eu te conto o resto – prometi. – Mas agora eu não consigo.

Ela meneou a cabeça e a gente saiu, voltando para o quarto.

- O que aconteceu com vocês? – Seth perguntou, parecendo um pouco alarmado.

Dei de ombros. Apesar de eu ter certeza de que eu tenho zero sinais de que eu chorei, ele pode fazer a ligação só pelas reações de Lucy. Ele se sentou na cama, nos olhando desconfiado.

Lucy não saiu do meu encalço. Parecia uma criança que tinha se perdido e tinha acabado de reencontrar com a mãe.

Olhei para ela sorrindo, e ela me respondeu com uma careta. Ri.

- O que você ia colocar para a gente assistir antes de eu ir tomar banho? – ignorei completamente o motivo que me fez tomar banho.

- Pensei em alugar o filme da Lady Gaga.

- Tá de sacanagem? – me sentei na cama e ela se sentou na cadeira enquanto procurava alguma coisa com o controle remoto.

- Sim, ué. Por que não? Todo mundo fala super bem do filme... É um filme que eu não assisti, e eu tenho certeza de que vocês dois também não viram...

- Sim. Tem um motivo para eu não ter visto – falei. – Não é o tipo de filme que eu gosto – revirei os olhos.

- Para de drama, vai. Um filme de romance de vez em quando faz bem. Você não vai morrer se assistir essas coisas bregas de vez em quando – bufei, mas não reclamei mais. Só me deitei na cama, de lado, com a cabeça apoiada em minha mão, esperando. – Seth também não se opõe, certo? – perguntou, mas já estava colocando o filme.

Ele deu de ombros, distraído. Percebi de canto de olho que ele estava me olhando.

Enquanto eu estava falando sobre o filme com Lucy, eu esqueci completamente que ele também estava na cama, o que, quando eu me deitei, me deixou bem perto dele. Pensei em me sentar e me afastar para a outra ponta da cama, mas descartei a ideia. Não importa, na verdade. E eu sei que ele não vai fazer nada comigo.

Conforme o filme ia desenrolando, percebi que Seth estava desconfortável. Me virei para ele.

- Eu ter me deitado aqui te incomoda? – sussurrei.

Ele fez que não com a cabeça.

- Não é isso. É que você ficou tão... – ele desviou o olhar, parecendo sem graça. – Esquece – falou por fim.

Arqueei uma sobrancelha.

- Agora fala – Seth se inclinou, olhando para onde Lucy tinha se deitado para assistir ao filme. Ela estava apagada, ressonando baixinho.

- Pelo menos com ela dormindo, ela não vai ouvir – murmurou, e se ajeitou na cama novamente, se deitando de frente para mim. Ele ficou quieto, encarando meu queixo, desviando os olhos dos meus. – Eu preciso mesmo falar? – ele parecia envergonhado.

Dei de ombros.

- Eu não vou te forçar, na verdade. Eu só queria saber se eu estar aqui está te incomodando.

- Não está me incomodando.

- Ok – dei de ombros novamente, e me virei de novo para a televisão, voltando a prestar atenção no filme.

- Mas é que... – ele recomeçou, e eu nunca esperei que ele fosse continuar – Você pareceu tão... – ele pigarreou. – No tamanho ideal para uma conchinha, e eu estou tendo dificuldade em tirar o pensamento da cabeça...

Soltei a respiração, que eu nem sequer tinha percebido que tinha prendido, e tive dificuldade para segurar a risada. Então é isso que estava incomodando tanto ele?

- Eu juro que não sou um maníaco tarado – sussurrou apressadamente, se enrolando com as palavras na pressa de se explicar.

- Eu sei – uma risadinha escapou por meus lábios.

- A Lucy falou que você me fez cafuné – senti meu rosto esquentar lentamente e amaldiçoei ela por ter contado isso pra ele. – Sei lá, eu queria te recompensar também.

- Com uma conchinha? – perguntei um pouco mais alto do que devia. Pensei ter acordado a Lucy, então me estiquei, olhando pelo quarto para confirmar, mas ela nem sequer se mexeu. Respirei fundo em alívio. Percebi que Seth se mantinha o mais afastado de mim que a cama permitia, e que tinha praticamente uma barreira feita com o cobertor entre nós dois.

- Você não parece o tipo de pessoa que curte conchinha, mas sei lá... Se você gostasse, seria uma forma de agradecer por mais cedo... – a insegurança na voz dele me dá muita vontade de rir. O que é errado, eu sei. Pelo menos ele está sendo sincero comigo.

- Tudo bem – falei por fim. A afirmativa fugiu dos meus lábios sem eu pensar muito sobre ela, e eu me xinguei internamente. Meu orgulho me impede de admitir que eu gosto desse tipo de coisa, mas ele estava tão fofo tentando se explicar que eu cedi sem nem perceber.

- É sério? – ele perguntou incrédulo.

- Sim – respondi. Vou aproveitar que está frio. Puxei o cobertor, desfazendo a barreira que estava entre nós e ele se aproximou. Cuidadosamente ele ajeitou meus cabelos que estão soltos e os segurou, enquanto eu levantava a cabeça e ele posicionava o braço para eu deitar em cima. Nesse momento pareceu uma péssima ideia eu ter dito que ele podia fazer isso. Deitei minha cabeça em seu braço e ele passou o outro por cima da minha cintura, segurando minha mão e entrelaçando os dedos aos meus.

Eu consigo sentir toda a extensão do seu peito nas minhas costas, e isso tá me deixando nervosa. Sua respiração também estava um pouco acelerada, provavelmente tanto quanto a minha.

Cuidadosamente ele se posicionou melhor, me puxando para mais perto, mas teve todo o cuidado para não encostar suas partes em mim, preferindo até colocar um travesseiro entre nós dois.

Assistimos ao filme todo assim, e por mais que eu também odeie admitir, por ser exatamente o tipo de filme que eu não gosto, com o final previsível que eu já sabia na metade do longa, eu gostei bastante. E confesso que foi um belo de um soco. A música a grande culpada do dito soco...

Quando começou a passar um outro filme aleatório, eu estava mais dormindo do que acordada, então tacando um foda-se mental, me virei para o outro lado e me aninhei melhor em Seth, passando meu braço esquerdo por cima de sua barriga e deitando minha cabeça em seu ombro. Dormi logo em seguida.

Abri os olhos vagarosamente, sem vontade nenhuma de despertar.

Olhei para o peito de Seth, que subia e descia num ritmo compassado sob minha bochecha. Ergui os olhos e avistei seu pescoço, seu queixo e seus lábios. Levantei a cabeça e percebi que ele, em algum momento, também havia adormecido.

Eu não tenho a menor condição de me levantar sem que ele acorde, percebi. Seus braços estão ao meu redor e, de alguma maneira, minha perna tinha ido parar no meio das suas, fazendo um emaranhado complexo. Que bacana.

- Finalmente acordou – ouvi a voz de Lucy em algum ponto atrás de mim. O quarto está um breu, iluminado apenas pela televisão, que continua ligada.

Tentei olhar para ela, mas até onde consegui virar meu rosto, eu não fui capaz de vê-la em canto algum. Ela deve estar sentada no computador.

- São que horas? – murmurei, torcendo pra não acordar Seth.

- Três e pouca da manhã – antes que eu pudesse começar a surtar, ela falou: - Relaxa, eu liguei pra dona Elbe e avisei. Inclusive mandei uma foto muito fofa sua para ela, para facilitar a explicação.

- Lucy, eu juro que se você tiver mandado uma foto minha assim para a minha mãe, eu nunca mais falo com você – ela riu, e eu respirei aliviada, percebendo que ela só estava me provocando.

- Não entendo o que você ainda nega.

- Nego? – perguntei, confusa. – O que eu estou negando? Eu só não quero que ela veja isso, ué. Não é a coisa mais anormal no mundo...

Ela sacudiu a cabeça, fazendo que não.

- Nega que gosta dele – falou simplesmente. – Que está se apaixonando.

- Mas eu nã... – comecei, mas ele se remexeu sob mim, e eu calei a boca, com medo de ele ter acordado. Esse não é o tipo de conversa que eu tenho com Lucy que eu quero que ele escute. – Lucy, não viaja... Só... não viaja, ok?

- Como você vai sair daí sem acordar ele? – suspirei pesadamente.

- É uma ótima pergunta.

- Beija ele. Pelo menos ele vai acordar feliz – riu.

A reação dele seria ótima. Pensar na reação dele quase me fez testar acordá-lo com um beijo, mas obviamente eu não faria isso. Por vários motivos.

Comecei puxando minha perna vagarosamente do meio das dele. Levantei o rosto de seu peito e apoiei boa parte do peso do meu tronco no meu cotovelo, que está apoiado na cama. Quando consegui libertar minha perna das suas, peguei sua mão direita e a tirei do enlace da minha cintura, e então consegui me sentar.

Olhei para Lucy com um sorrisinho vitorioso e me levantei.

- Cadê a foto? – falei, fuzilando ela com os olhos, me lembrando de suas palavras de poucos minutos atrás.

- Mandei todas para o seu whatsapp, onde você pode deletar, mas as minhas continuarão sã e salvas.

- Todas? – minha voz saiu esganiçada. – Quantas você tirou?

- Não sei, mas foram algumas...

Cacei meu celular pelo quarto escuro, abrindo as fotos quando finalmente o encontrei.

Um gemido de vergonha escapou por meus lábios.

As fotos foram tiradas há umas duas horas, o que causou um pouco de arrependimento de eu ter simplesmente virado pro lado e ter dormido, ao invés de ter me afastado...

A gente estava coberto, então ela não viu como estávamos por baixo do cobertor, o que é uma bênção, senão ela estaria surtando. Mas só o fato de ela ter visto a gente dormindo assim já seria o bastante pra ela perturbar por algum tempo.

Saí do quarto e fui para a cozinha para pegar água, e ela veio atrás.

- É sério, Lucy, sem gracinha.

- Eu não ia falar nada, eu juro! – sorriu.

- Sei... – abri a geladeira e peguei uma garrafa e depois peguei um copo no armário.

- Mas eu fiquei feliz quando acordei e vi vocês dois dormindo abraçados. Vocês pareciam tão confortáveis. Foi a primeira vez que eu tive a sensação de que a relação de vocês pode se tornar algo sério, e não apenas um rolo casual – suspirei. – Eu não estou falando isso com a intenção de te provocar. Estou te contando o que eu senti, só isso. Eu gosto de implicar com vocês porque a maior parte do tempo é engraçado e interessante ver a reação dos dois sobre o assunto. Mas dessa vez eu estou falando sem um pingo de provocação: você deveria prestar um pouco mais de atenção.

Atenção...

- Claro, Lucy – revirei os olhos.

- Sabe por que vocês ainda não ficaram? – falou. – Porque você é uma medrosa. Você está com medo de gostar dele mais do que deveria; está com medo dele preencher o espaço que seu ex preencheu um dia no seu coração. Você está com medo de seguir em frente. Não quer admitir que ele pode ser muito bom para você, e que amar ele pode ser algo maravilhoso na sua vida. Droga, você sequer admite que já gosta dele.

Soltei uma risadinha, sem um pingo de humor.

- Você está certa, como sempre – falei amarga. – Eu sou uma medrosa do caralho, e eu tenho medo sim de me apaixonar por ele – neguei com a cabeça. – Porra, Lucy, eu tenho medo de me apaixonar por qualquer pessoa. Se você acha que eu não tenho motivos...

- Tem! – me interrompeu. – Você tem motivos de sobra para ter medo. Quando eu lembro do que você falou mais cedo eu ainda sinto vontade de chorar e de te abraçar até você grudar em mim. Mas a questão é: até quando você vai deixar isso te impedir de ser feliz?, quando você vai perceber que essas experiências não podem te impedir de seguir em frente?!

Fiquei calada por algum tempo, apenas encarando o copo d'água à minha frente.

- O que você quer que eu fale? – perguntei, ainda sem encará-la. - O que você quer que eu faça?

Ela suspirou audivelmente.

- Esquece. Se você não quer enxergar, ou se você acha que não tem capacidade de seguir em frente, então está além da minha capacidade de te fazer entender – se virou. – Só mais uma coisa: quando eu acordei, vocês não estavam cobertos. E o que me fez acreditar que pode acontecer algo muito bom com vocês foi o fato de, mesmo dormindo, vocês estarem de mãos dadas – e foi embora, me deixando sozinha na cozinha.

Me sentei à mesa enquanto bebericava a água de forma totalmente distraída enquanto pensava no que Lucy me disse.

Depois de muito tempo, suspirei e me levantei, desistindo.

- De que vai adiantar ficar quebrando a cabeça? – falei baixinho, pra mim mesma.

Claro que eu sei que ela está certa, e que eu estou fugindo desse tipo de coisa que nem gato foge de banho, porém eu também posso afirmar categoricamente que o jeito que eu gosto de Seth está longe de ser romântico.

Sim, eu sinto atração física por ele, mas é isso. Eu vejo Seth como um amigo, uma pessoa que eu posso contar em momentos de dificuldade. Um amigo que eu sinto vontade, ocasionalmente, de dar uns pegas, mas nada além disso. Nada de paixão, romance, namoro, ou algo do tipo envolvido.

Subi as escadas e entrei no quarto, dando de cara com um Seth mortificado e uma Lucy que praticamente não conseguia se manter na cadeira, de tanto que ria.

- O que houve? – perguntei, com medo da resposta.

Ele me olhou como se pedisse socorro, o que me faz acreditar que ela mostrou as fotos para ele e que pegou bem pesado na brincadeira. O coitado parece querer se jogar pela janela, só pra sair de perto dela.

- Desculpa, Seth, eu juro que não achei que sua reação ia ser tão perfeita assim – gargalhou, se apoiando no encosto da cadeira, respirando com dificuldade.

- Ela mostrou as fotos, não é? – perguntei, só para confirmar minha suspeita.

Se possível for, Seth pareceu ficar ainda mais sem graça, abaixando a cabeça para esconder o rosto.

- Não, foi outra coisa... – começou. Ela sequer conseguia falar.

- Por favor, não fala! – ele interrompeu Lucy antes que ela pudesse concluir a frase.

- Por quê? Foi fofo. Não tem porque ter vergonha.

- Tem sim! – ele choramingou.

- Vocês estão me deixando curiosa... – sentei na cama, olhando de um para o outro. – Tem a ver comigo?

O sorriso de Lucy se alargou, e eu soube que sim, tem a ver comigo.

- Lucy, por favor. Eu nunca reclamei de você ficar me zoando, mas dessa vez é diferente – ela se levantou, com o celular na mão e andou até nós dois, o que pareceu aumentar o desespero dele.

- Tudo bem – falou. – Só vou deixar essa passar porque até eu ficaria com vergonha se fosse comigo.

Ele suspirou aliviado, e se jogou na cama de costas.

- Pera aí, pera aí! Vocês dois vão esconder algo que diz respeito a mim de mim? Tá de sacanagem? Eu quero saber!

- Sam, por favor – ele se virou pra mim.

Bufei. Estou no meio termo entre ser totalmente invasiva e a curiosidade.

- Me diz apenas sobre o que se trata então – pedi. – Não precisa dizer exatamente o que aconteceu...

- Você sabia que o Seth fala enquanto dorme? – Lucy perguntou, mexendo no celular, tentando esconder um sorrisinho zombeteiro.

Virei vagarosamente para Seth, que parecia querer que um buraco aparecesse no chão e engolisse ele nesse instante. Mesmo com a sua reação, eu ainda levei um tempo para finalmente entender.

- Ah – foi tudo que consegui dizer. Desviei o olhar, sentindo meu rosto esquentar. Ele falou meu nome dormindo... E a Lucy gravou...

- Essa sua reação piora tudo... – ele murmurou constrangido.

- Desculpa – falei, mas a verdade é que eu não sei que reação eu deveria ter. – Isso já tinha acontecido antes? – pensei, mas as palavras também escaparam pelos meus lábios. O rosto de Seth adquiriu uma expressão quase cômica, e eu me senti culpada por achar graça da situação em que ele se encontra.

- Eu não tenho nada mais a declarar! – bufou e se levantou, rumando para o banheiro enquanto carregava sua mochila, provavelmente para tomar banho e trocar de roupa.

Quando escutamos o barulho do chuveiro eu e Lucy nos entreolhamos e começamos a rir.

Me deitei na cama, sentindo o cheiro de Seth, e não consegui deixar de perceber que, mesmo tendo ficado tão pouco tempo aqui, o cheiro dele foi capaz de sobrepor o da própria dona da cama. Me peguei respirando um pouco mais fundo, aproveitando o perfume que ele geralmente usa, mas me recriminei e parei, antes que Lucy percebesse.

- Você é uma pessoa horrível, sabia disso? – falei e me virei para ela. Ela deu de ombros e se deitou de frente para mim na cama.

- Eu nem ia zoar ele, mas ele estava tão fofo... – revirou os olhos. – Na verdade, eu não impliquei com ele. Eu perguntei se ele sabia que falava seu nome dormindo. Foi só. Mas a reação dele foi impagável – puxou o cobertor e se ajeitou melhor na cama, bocejando. – A sua também. Você estava uma gracinha com as bochechas rosadas – riu.

- Eu gostava mais de você quando você não me usava de entretenimento...

- Você me ama, por isso me atura – piscou um olho para mim. - Agora se a senhorita não se importa, vamos dormir, sim? Eu estou toda quebrada de ter dormido no chão enquanto vocês ficaram aqui na cama. Agora o Seth fica no colchão e a gente na cama. A não ser que você queira ficar lá.

- E por que eu trocaria? – perguntei.

- Sei lá, você pode ficar com dó dele dormindo ali e deixar ele ficar no seu lugar na cama – deu de ombros.

Pela primeira vez eu antecipei um pensamento maldoso que não passou pela cabeça de Lucy. Eu jurava que ela falaria que talvez porque eu preferiria dormir com ele do que com ela, ou algo do tipo, mas milagrosamente ela quis literalmente dizer trocar de lugar mesmo.

Suspirei.

- Esquece. Eu vou ficar na cama com você.

Depois de algum tempo jogando conversa fora esperando o sono nos alcançar, Lucy comentou:

- Seth está demorando – olhou para a porta novamente.

- Ele provavelmente está sentado ao lado da porta do lado de fora esperando você pegar no sono pra não precisar ser importunado por você de novo... – falei, revirando os olhos. A imagem era perfeita em minha cabeça. Confesso que senti um pouco de vontade de rir da situação.

- Ou ele está se divertindo no banho – falou de forma maliciosa, arrancando alguns risos meus.

- Claro. Acho que ele não seria inconsequente a ponto de fazer isso na sua casa, correndo sérios riscos de ser descoberto.

Ela deu de ombros..

- Lucy – comecei, mas perdi a coragem de continuar, então só fiquei encarando seu rosto na penumbra do quarto.

Ela esperou por alguns minutos, mas quando percebeu que eu não continuaria, tentou dar um empurrãozinho.

- O que houve?

Pensei no quanto ela vai nos sacanear por causa disso.

Ela me encarou, parecendo preocupada.

- Por favor, não surta – comecei. Esperei até ela concordar, então prossegui. – Sabe o evento que a gente comentou mais cedo? Aliás, que a gente combinou de ir juntos, na sexta?

Ela concordou. Respirei fundo. Agora que eu já comecei, eu tenho que terminar, ou então ela não vai me deixar em paz nunca mais.

- Bom... Eu não quero que você fique chateada, e eu sei que você não vai se importar, mas eu ainda acho que é importante te falar, já que foi você quem trouxe o assunto à tona, em primeiro lugar.

- Sam, pelo amor de deus, para de enrolar e fala logo!

Ri, o que me rendeu uma carranca da parte dela.

- Ok, calma! – falei. – A verdade é que o Seth me convidou...

Ela me olhou sem entender.

- A gente já não tinha combinado de ir? – perguntou, confusa.

Suspirei.

- Ele me convidou para um encontro - falei pausadamente. Ainda é difícil acreditar que isso aconteceu. – Ele quer ir só comigo...

- Ah... – ela ficou alguns segundos me encarando, mas era como se sua alma não estivesse ali naquele momento, até que... – AHHHHHH!!!

Revirei os olhos.

- Finalmente a ficha caiu, né?

- Tudo bem. Eu não vejo problema – deu de ombros. – Embora eu tenha sido jogada para escanteio em um evento que eu mencionei e eu queira realmente ir, eu não vou ser a terceira roda.

- Desculpa. Eu pensei em recusar, mas eu o magoaria por nada, já que eu não teria sequer uma desculpa convincente pra fazer isso.

- Sam, só aproveita. Em outro momento a gente sai e curte. Ele devia estar tentando te convidar há algum tempo. Provavelmente eu acabei atrapalhando ele sem querer em muitas ocasiões. E se eu for parar para pensar, ele deve ter surtado dentro do carro quando eu falei para irmos juntos – riu.

Sorri me lembrando de algumas vezes que ele pareceu querer falar comigo, mas sempre tinha alguma coisa que o impedia.

- Eu até prefiro que vocês dois aproveitem sozinhos.

- Por quê? – apesar de eu suspeitar da resposta, eu perguntei mesmo assim. Acho que eu sou meio masoquista.

Deu de ombros novamente.

- A gente sai toda hora, Sam, mas vocês dois só saíram sozinhos duas vezes. Claro, sem contar as vezes que vocês ficaram até mais tarde em quadra ou se encontraram final de semana para treinar. Vocês deviam passar mais tempo juntos, sem ser jogando, e eu estou dizendo isso sem segundas intenções.

Sorri.

- Vou tentar levar seu conselho em consideração.

Seth entrou no quarto nesse momento. Quando seus olhos se prenderam aos meus por alguns instantes não pude evitar de sorrir. Ele retribuiu e desviou o olhar logo em seguida. Acho que a lembrança do que aconteceu antes de ele fugir para o banheiro ainda está deixando ele desconfortável.

Ele olhou para o colchão no chão e suspirou. Ele não parece nem um pouco animado com a ideia de dormir no chão.

Fiquei observando enquanto ele se ajeitava. Meus olhos acompanharam uma gotinha de água que escorreu por seus cabelos molhados, passou por seu rosto, seu pescoço, até se perder dentro de sua camisa, escorrendo por seu peito. Ele passou a mão pelo cabelo, bagunçando ainda mais os fios já rebeldes.

Senti Lucy me cutucando nas costelas. Relutante retirei meus olhos de Seth e os dirigi à ela.

- Seca essa baba que está escorrendo – murmurou para que ele não escutasse.

- O que?

- Você está secando tanto ele que tá babando – provocou.

- Haha – falei, me sentindo meio culpada por ter sido pega. Eu sequer me lembrei dela ao meu lado, e muito menos me importei com o tempo que eu estava encarando ele. Apesar de todas as merdas que Lucy fala, eu ainda acho ele um cara muito bonito sim, e de vez em quando eu viajo um pouco olhando para ele.

- Quer um pedacinho? – ela perguntou maliciosamente. – Saber se o gosto é tão bom quanto a aparência? – riu.

- E se eu disser que quero? – perguntei por fim, o que a deixou sem reação. – Pelo amor, Lucy, só vai dormir, ok? Me deixa admirar o cara quieta no meu canto!

- Claro, claro. Desculpa. Como quiser – revirou os olhos. – Sinceramente, eu tô com sono demais para tentar te zoar – e como se para confirmar, bocejou longamente. – Boa noite.

- Boa noite – respondi.

Ela se virou para o outro lado e eu a agarrei em uma conchinha porque sim. Senti ela rindo em meus braços e não aguentei e comecei a rir também. Logo depois Seth apagou a luz.




Fran

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