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Capítulo 1

Brianna McGregor

Os olhos de Holly estavam arregalados. O verde intenso demonstrando confusão e medo enquanto ela tentava manter as feições neutras, como se assim pudesse esconder de mim o quando minhas palavras a tinham deixado assustada.

Eu não poderia mentir para ela, porém.

Em momento algum tinha passado pela minha cabeça a opção de esconder a situação dela. Eu não pensei sobre como ela poderia se sentir. Na verdade, era uma questão prática. Eu não poderia esconder a verdade dela quando nós logo seríamos obrigadas a encarar a realidade.

Ela já sabia que havia algo errado e perceberia que a casa tinha sido invadida assim que visse o primeiro homem desconhecido apontando uma arma para alguém que ela conhecia. Eu só tinha adiantado as coisas contando que os invasores eram afegãos.

Como eu sabia que tinham sido eles, talvez fosse uma questão um pouco mais difícil de explicar.

Eu tinha escutado som de passos e o barulho de uma pessoa caindo. Aquilo não era nada comum na Casa Branca. Então eu tinha ouvido uma voz sussurrada falando no mesmo idioma que eu tinha escutado tantas vezes enquanto estava consciente nas últimas semanas. Um idioma cujas palavras eu poderia nunca entender, mas de cujo ritmo eu nunca me esqueceria. E não precisei de mais nada para puxar Holly pela mão e me esconder com ela dentro do primeiro cômodo que eu encontrei, que acabou sendo uma sala de estar bem no extremo leste da casa, com vista para o jardim. Eu não tinha realmente visto um afegão, muito menos reconhecido um rosto, mas eu soube o que estava acontecendo no momento em que ouvi alguém falar o idioma deles. Eu simplesmente sabia.

Assim como eu sabia que o chefe de gabinete do presidente estava morto naquele momento, caído sangrando em algum lugar do corredor.

E não importava se eu estava afastada do exército por motivos médicos ou se o presidente me queria longe de qualquer uma das forças armadas por causa das minhas mentiras quando fingi ser o meu irmão. Tudo o que eu queria era sair daquela casa e levar a minha amiga para um lugar seguro.

Nada no mundo me faria voltar a ficar presa nas mãos dos afegãos outra vez. Eu preferia morrer a deixar isso acontecer de novo. E eu nem precisava olhar na direção de Holly para sentir um nó se formando na minha garganta só de pensar na possibilidade de ela passar por tudo o que eu tinha passado nas mãos deles, talvez até por algo pior.

Não, eu não podia deixar aquilo acontecer com ela. Eu precisava tirar nós duas dali.

Mas eu precisava ser cuidadosa. Se os afegãos chegaram até nós com tanta facilidade no que deveria ser a casa mais segura do país, com seguranças e agentes por todos os lados, isso com certeza significava alguma coisa. E com certeza significava que sair dali não seria tão fácil quanto só andar até a porta da frente e atravessar o jardim principal. Àquela altura os afegão provavelmente já tinham tomado todo o primeiro andar da casa, ou pelo menos todas as saídas conhecidas, e estariam subindo para o segundo andar, que era onde nós estávamos.

Talvez tudo aquilo tivesse alguma coisa a ver com o traidor no exército americano. Porque invadir a Casa Branca com certeza não era nada fácil para quem não tinha alguma ajuda interna.

E, só porque eu não tinha conseguido contar para ninguém sobre o traidor e quem ele era, não significava que ele não existisse ou que ele tivesse parado de trair o próprio país da noite para o dia. Aquilo só significava que eu era a única que sabia a verdade sobre as ações dele.

Eu pensei por um instante que o fato de eu saber exatamente onde aquele homem estava não tinha me ajudado a impedir que ele abrisse o caminho para a invasão dos afegãos. E me odiei por isso.

É claro que eu não tinha culpa do que estava acontecendo. Eu tinha tido sorte de descobrir a identidade daquele homem e tudo o que ele estava fazendo para ajudar o inimigo na guerra, mas a verdade era que eu não tinha tido chance de contar a verdade a alguém sem me colocar em perigo.

Pensei sobre as pessoas para quem eu tentei contar sobre o traidor. O marechal Harold Crowley continuava na base do exército americano em Jalalabad, no Afeganistão, e o tenente Jake Evans... Eu não fazia ideia de onde ele estava. Depois da reunião que ele e o esquadrão tiveram com o presidente e o secretário de defesa, eles poderiam estar em qualquer lugar da Casa Branca ou mesmo a caminho de volta pro Afeganistão naquele momento.

Droga, droga, droga! Eu não estava pensando direito. Eu não podia sair dali com Holly o mais rápido possível. O presidente dos Estados Unidos também estava em perigo. Os afegãos e o traidor não teriam planejado uma invasão à Casa Branca se não pretendessem fazer alguma coisa com o presidente. Eles queriam tomar o poder sobre o país e o presidente estava bem no meio do caminho deles.

- Brianna? - ouvi Holly me chamar. A voz dela estava trêmula, completamente diferente do tom alegre e confiante que ela usou quando me viu chegar na casa. - Brianna, o que está acontecendo?

Respirei fundo antes de responder. Droga, aquilo não devia estar acontecendo. Eu não devia ter que explicar à filha de um político, criada com tranquilidade e segurança, que a casa dela estava cheia de homens que provavelmente queriam matar o pai dela, sem contar as outras pessoas que eles encontrassem no caminho.

- A Casa Branca foi invadida pelos afegãos - respondi, tentando soar calma para não deixar a minha amiga ainda mais nervosa. - Eles estão armados e eu não faço ideia do que eles querem, mas com certeza não é nada bom.

- Ah meu Deus, ah meu Deus! E agora, o que nós vamos fazer?

Um flash de imagens surgiu na minha cabeça. O dia em que o meu esquadrão invadiu o quartel-general afegão para resgatar Holly dos sequestradores. Naquele dia, o esquadrão passou por cada centímetro do quartel-general até encontrar a primeira filha americana. Nós vasculhamos cama cômodo e eliminamos quem estivesse no nosso caminho para conseguir chegar até ela e tirá-la de lá sã e salva.

Os afegãos deveriam estar fazendo o mesmo agora, passando por cada cômodo bem cuidado e com mobília elegante até chegar ao objetivo deles. E a sala do chefe de gabinete do presidente não estava muito longe de onde eles estavam agora. Ou de onde eu imaginava que eles estavam.

Eu precisava fazer alguma coisa ou eu e Holly seríamos encontradas sozinhas naquela sala, desarmadas e sem defesa.

Mas eu não poderia fazer muita coisa se Holly estivesse desesperada ao meu lado.

- Holly - chamei, minha voz calma, mas firme. - Eu não vou deixar nada acontecer com você. Eu vou tirar você daqui, mas nós precisamos fazer isso juntas - segurei as mãos dela, que começavam a tremer. - Você conhece essa casa melhor do que qualquer um daqueles afegãos lá fora. Você vai conseguir nos guiar até o seu pai e depois para fora da casa. E eu vou proteger você e ele, mas eu preciso que você fique calma para fazer isso, tudo bem?

Os grandes olhos verdes dela me encaravam como se eu fosse a única coisa estável no meio de um furacão. Eu sabia que o furacão eram os pensamentos dela naquele momento, mas ela precisava se concentrar, tanto para eu poder pensar quanto para ela poder me ajudar.

- Você pode fazer isso? - perguntei de novo depois de alguns segundos.

Ela ainda levou algum tempo engolindo em seco antes de balançar a cabeça devagar para cima e para baixo e murmurar um fraco "posso".

Naquele momento eu ouvi passos do lado de fora da sala em que estávamos. Os afegãos estavam passando em frente à porta.

Senti meu coração bater mais rápido. Eu sabia que nem todos os militares afegãos tinham me mantido presa no quartel-general, mas isso não importava. Eu via como meu sequestrador todo e qualquer militar afegão, todo e qualquer homem que seguia as ordens de Emir Fariq.

Eu estava agitada porque estava muito perto dos homens que invadiram a Casa Branca. Por mais que eu não quisesse admitir em voz alta, não podia mais negar a mim mesma que ficar presa tinha me afetado de verdade. Talvez eu pudesse esconder das outras pessoas o medo que eu sentia de voltar para aquele lugar, mas eu não podia ignorar o jeito como meu coração acelerava e eu perdia o ar. Pelo menos para mim mesma, eu precisava admitir que estava apavorada.

- Como é que vamos sair com eles aí fora? - Holly perguntou. - Não temos nenhuma arma.

A voz dela me assustou. Eu não estava esperando ouvir nada além dos passos do lado de fora e por um instante tive medo de que os afegãos também tivessem ouvido o que ela disse. Não que muitos deles fossem capazes de entender a nossa língua, mas eu não estava disposta a arriscar.

Fiz um sinal desesperado para que minha amiga ficasse quieta até que eu tivesse certeza de que ela não tinha sido ouvida. Só então eu falei.

- Eles não sabem que estamos aqui, então não vão ficar vigiando a porta - falei enquanto olhava em volta do cômodo procurando alguma coisa que pudesse servir de arma, já que Holly estava certa e nós não tínhamos nenhuma. - Vamos sair quando eles não estiverem por perto. E vamos andar o mais rápido possível e sem fazer barulho.

- Para onde? - a primeira filha começou a olhar em volta também.

- Vamos para o salão oval primeiro - respondi e parei de procurar uma possível arma para olhar nos olhos de Holly. - Holly, seu pai está em perigo. Eu duvido que os afegãos tenham viajado até aqui só para me levar de volta.

Ela arregalou os olhos já grandes e engoliu em seco.

Você quer dizer que...?

Eu segurei as mãos dela de novo esperando que aquilo a ajudasse a se acalmar.

Não devíamos tê-lo deixado sozinho, mas vamos resolver isso - falei.

Eu não fazia ideia de como exatamente iria resolver aquilo, ainda mais desarmada e sabendo o que eu sabia sobre o traidor, mas eu tinha que dar um jeito. Não podia deixar Holly perder o pai e o país perder um presidente.

Mas nós não o deixamos sozinho - ela falou de repente e eu vi um brilho de esperança iluminar seu rosto. - Ele está com o secretário Jacobson e com o coronel Greyham.

Eu quase estremeci ao ouvir as palavras dela. A situação era mesmo pior do que eu me lembrava. Nós tínhamos que agir rápido, com ou sem plano.

Holly, o secretário Jacobson e o coronel Greyham não são exatamente os agentes secretos que dariam as vidas para proteger o seu pai. Além do mais, você não acha que os afegãos conseguiram simplesmente entrar no país e invadir a Casa Branca, acha?

Vi o pânico tomar conta dos olhos de Holly de novo. Droga! Eu odiava ver a minha amiga daquele jeito.

Quer dizer que... Eles tiveram ajuda? - ela perguntou com a voz quase inaudível.

Eles teriam que ser muito bons para conseguir fazer isso sozinhos - respondi. - Bons demais.

Brianna... Você sabe alguma coisa sobre isso?

Sei que existe alguém que não está tratando os afegãos exatamente como inimigos.

Um traidor, você quer dizer. - Então Holly suspirou. - Você acha que esse homem pode ter tido alguma relação com o meu sequestro?

Apertei meus lábios em uma linha fina, indecisa sobre como responder àquela pergunta. Eu não tinha exatamente provas para o que eu pensava que era a verdade, mas não podia deixar de tirar minhas conclusões.

Eu acho que ele pode ter relação com tudo o que está acontecendo e com nada ao mesmo tempo - respondi. Eu não podia mentir para minha amiga e fingir que sabia de tudo ou que não sabia de nada. Ela merecia saber exatamente qual era a situação. - Eu não entendo como alguém trairia o próprio país, mas a questão é que a ajuda dele torna tudo mais fácil para os afegãos, se isso for realmente verdade. E eu sei que a relação entre esse homem e os afegãos não é mentira. Então só me resta imaginar o quanto ele fez para trair o nosso país.

E você sabe quem esse homem é. - Disse Holly. Não era uma pergunta, e sim uma afirmação.

Eu só afirmei com a cabeça e fiquei quieta enquanto ela pensava sobre aquilo. De repente, os olhos dela se abriram um pouco mais e o rosto dela se acendeu com incredulidade enquanto ela me fazia uma pergunta sem realmente emitir som algum. Eu só balancei a cabeça de novo de um jeito afirmativo.

Então, diferente do que eu imaginava, não foi o pânico que tomou conta das feições da minha amiga de novo, mas sim a raiva e a determinação.

Nós precisamos chegar até o meu pai logo. - Declarou ela.

Eu fui até a mesa que ficava do outro lado da sala, entre duas poltronas de um azul escuro convidativo e em frente a um sofá com estofado em tecido branco. Peguei um vaso de flores que estava em cima da mesa e joguei as flores que estavam nele em cima do sofá. Os detalhes do vaso combinavam com as poltronas e o sofá perto da mesa. O decorador tinha pensado em cada detalhe.

Era patético pensar que um vaso de flores de porcelana longa com detalhes em azul e dourado eram o melhor que eu podia encontrar, mas eu não iria reclamar. Eu não tinha tempo para procurar nada melhor. Aquilo teria que servir como arma até eu encontrar outra coisa.

Você confia em mim pra isso? - perguntei de repente.

Holly já estava atrás da porta ouvindo o que acontecia do lado de fora, mas olhou para mim antes de responder.

Brianna, se eu não confiasse em você, não teria deixado você ir para o exército no lugar do seu irmão.

Eu ri. Não consegui evitar.

Aquela era a Holly Hendrix que eu conhecia. Bem criada e desacostumada às tragédias de uma guerra, mas muito acostumada à maldade que algumas pessoas poderiam ter no coração. Nenhum filho de político crescia achando que o mundo era um mar de rosas.

Holly estava disposta a enfrentar o que fosse necessário para se manter em segurança e proteger o pai. Aquilo só estava tomando um rumo um pouco mais violento do que as disputas de palavras com que ela estava acostumada, mas não a impediria de lutar. Diferente da política, a guerra não tinha a ver com convencer os eleitores, e sim com tomar o que precisava ser tomado.

Enquanto Holly abria a porta devagar, eu estava segurando o vaso com a mão esquerda, com medo de que os dedos recém quebrados da mão direita não aguentassem quando eu precisasse usar a força para bater com o objeto em alguém.

Eu sabia, é claro, que um vaso de plantas não seria páreo para os fuzis afegãos, mas estava rezando para não precisar pensar nas consequências disso. Eu trabalharia com o que tinha até conseguir algo melhor.

E, afinal, eu tinha fugido do quartel-general afegão sem nem um vaso. Eu poderia chegar até o presidente, ou até alguma outra arma, do mesmo jeito. Não podia?

Meus pensamentos foram interrompidos quando Holly me chamou para seguir pelo corredor. Estava na hora de sair dali.

Apesar do tamanho da Casa Branca, nós estávamos perto do salão oval. Tínhamos ouvido os afegãos antes de temos tempo de nos afastar muito. Nós estávamos no extremo leste da casa, no segundo andar, enquanto o salão oval ficava naquele mesmo andar, bem no centro da casa, voltado para o sul.

Por sorte não precisávamos andar muito para chegar até lá, mas também não sabíamos o que nos aguardava no caminho.

Se pegássemos a passagem principal, andaríamos por um corredor pequeno, um vestíbulo que dava para a escada por onde eu tinha passado mais cedo naquele dia, e por parte do corredor principal até a entrada do salão oval. Mas esse era um caminho muito óbvio e com certeza estaria sendo vigiado pelos afegãos.

Se o que eu tinha escutado fosse levado em conta, os afegãos já tinham passado pela grande escada em direção ao salão oval. O que significava que eles estavam nos corredores, vigiando cada porta e prontos para entrar no salão para onde nós duas estávamos indo, ou eles já tinham conseguido entrar e subjugar o presidente.

Por um segundo pensei em como seria fácil para eles entrar lá tento o trunfo que eles tinham. O traidor no nosso exército poderia dar um jeito de ajudá-los a entrar.

Então olhei para Holly.

Eu não podia ver o rosto dela, já que ela estava de costas para mim, mas ela tinha prendido o cabelo em um rabo de cavalo para que ele não atrapalhasse. Eu não queria pensar no quanto ela estava assustada. Ela estava sendo muito forte e eu admirava aquela atitude. Eu seria forte por ela também. Juntas, daríamos um jeito de sair dali e seríamos fortes juntas até que tudo aquilo acabasse.

E, por ela, eu acreditaria que o presidente tinha segurança suficiente para impedir que os inimigos invadissem o salão oval. O lugar podia ser trancado por dentro, afinal. E, se o traidor realmente conseguisse dar acesso àquele lugar para os inimigos, eu confiaria que o presidente daria um jeito de sair daquele salão antes que isso acontecesse.

Droga! Eu odiava ter que acreditar nas coisas sem ter provas concretas sobre elas. Pelo menos quando se tratava de situações assim.

As possibilidades de tudo aquilo dar errado eram muito grandes. Naquele exato momento, Holly poderia não ser mais a filha do presidente. O pai dela poderia ter sido subjugado ou mesmo morto. Mas eu não podia pensar nisso. Tinha que agir como se tudo ainda estivesse sob controle até ter certeza do contrário. Eu não podia desistir do meu país.

Afinal, era mesmo possível que o presidente ainda não tivesse sido pego pelos afegãos.

Holly se encolhia contra a parede do corredor enquanto andava com cuidado pelo pequeno corredor que terminava no vestíbulo ao lado da escada principal. Até então não tínhamos visto nada nem ninguém. Nenhum movimento estranho tinha chamado minha atenção até aquele momento.

Do lado direito do vestíbulo, mais perto da escada, eu vi uma sombra se mexer de repente. Não foi um movimento brusco, e sim um ondular lento, quase desleixado. Mas junto com a sombra eu vi um braço coberto por um uniforme militar.

O uniforme militar afegão não era igual ao nosso, mas eu tinha visto sua camuflagem vezes o suficiente para reconhecê-lo. E aquele braço, tenso com o peso do fuzil que eu sabia que ele carregava mesmo sem conseguir ver a arma, com certeza estava coberto por um uniforme afegão.

Toquei o ombro direito de Holly devagar, mas com firmeza. Ela virou a cabeça para mim num rompante, os olhos verdes arregalados pelo susto, e eu levei minha mão direita até minha boca para fazer um sinal para ela ficar em silêncio.

Tudo que recebi como resposta foi sua respiração pesada, que eu aceitei como suficiente para saber que ela não faria barulho. Então mostrei a ela o que eu tinha visto e soube quando ela puxou o ar com força que ela tinha entendido.

Tinha um afegão vigiando a entrada para a escada principal, mas eu não queria tomar nenhuma decisão até saber exatamente qual era a nossa situação.

Devagar, passei por Holly e me coloquei à frente dela, segurando o vaso de flores próximo ao meu corpo com o braço flexionado, pronta para atacar alguém se fosse necessário. Então, fazendo um gesto com a mão direita para que Holly não se aproximasse muito de mim, andei mais alguns passos para a frente, quase chegando ao final do corredor e entrando no vestíbulo.

Treinada para andar sem fazer barulho, eu me movia sem chamar atenção. Se ninguém olhasse diretamente para mim, não poderia saber que eu estava ali.

Aquilo quase me fez sorrir quando eu descobri que o afegão que vigiava a escada estava sozinho. Eu poderia chegar até ele em silêncio e derrubá-lo sem chamar a atenção dos outros afegãos. Eles até poderiam pensar que o barulho do corpo caindo tinha sido resultado de um deles acertando mais um funcionário da Casa Branca.

Mas, quando deu dois passos na direção dele, já levantando o vaso de flores acima da cabeça para ter um impacto maior quando o soltasse na cabeça do homem, a sorte virou contra mim.

Do outro lado do vestíbulo, na porta que dava para o corredor principal, surgiu outro afegão, com os olhos voltados para mim. Era impossível pensar que ele não tinha me visto.

O homem levou tanto tempo para transformar sua expressão de surpresa em uma de satisfação quanto Holly levou para soltar uma exclamação de susto enquanto eu começava a agir.

Não esperei para ver as mãos dele apontarem o fuzil para a nossa direção e não vi se ele estava mirando em mim ou em Holly. Com o máximo de força que eu consegui, baixei o vaso de flores direto na cabeça do homem que guardava a escada e vi o vaso quebrar. Ótimo, agora eu não tinha mais uma arma.

Mas antes que o corpo pesado do homem inconsciente pudesse cair no chão e eu ficasse sem defesa contra o que apontava o fuzil para nós, joguei um contra o outro.

O afegão que eu tinha atingido com o vaso carregou o colega para o chão com ele, inconsciente - talvez morto - pela pancada na cabeça e eu ouvi o tiro atingir o teto. O homem tinha tido tempo suficiente para atirar.

Não esperei que ele tivesse tempo de levantar, porém, e puxei Holly de novo pela mão, entrando em uma porta à esquerda do vestíbulo dessa vez.

Droga! Ia ser difícil voltar para o corredor, agora que os afegãos sabíamos que estávamos ali e nos esperavam do outro lado.

Eu me virei de costas para a porta e me apoiei sobre ela, tentando pensar em como prosseguir com o plano de encontrar o presidente enquanto esperava o meu coração se acalmar. Ele batia forte e acelerado por causa da adrenalina. A sensação era de que ele poderia sair pela minha boca a qualquer momento.

Meu movimento me deu tempo de ver Holly se escorar na parede do outro lado, deixando o corpo escorregar até o chão e por fim sentar abraçando os joelhos.

Você está bem? - perguntei.

Eu só tinha escutado um tiro e tinha quase certeza de que tinha escutado quando a munição atingiu o teto, mas sempre poderia ter um jeito de uma pessoa se machucar em uma situação como aquela.

Holly balançou a cabeça para cima e para baixo com mais energia do que a respiração pesada dela fazia parecer que seria possível. Então, ela levantou os olhos para mim, deu um sorriso rápido e levou uma mão ao peito.

Estou. Sinceramente, Bri, não sei como você consegue. Como vocês todos conseguem. - Ela ofegava a cada poucas palavras. - Vocês vivem essas situações o tempo todo. São até treinados para isso. Isso... - ela levantou a mão que tinha levado até um peito para fazer um gesto que indicava a porta atrás de mim. - Isso não deve ter durado nem dez minutos, mas eu estou sem ar. E você não. Você está completamente calma.

Pensei no meu coração acelerado e quase comentei que não estava "completamente" calma, mas achei que talvez depois eu fosse precisar daquilo. Eu poderia precisar fazê-la pensar que tinha tudo sob controle quando na verdade estava improvisando para nos manter vivas. Então sorri e dei de ombros quando falei de novo.

Você acaba se acostumando.

Eu me certifiquei de que a porta atrás de mim estava bem trancada antes de ir até a minha amiga e oferecer uma mão para ajudá-la a levantar.

Venha. Acho que você poderia usar algo mais confortável para sentar do que o chão duro.

Mas ela ignorou minha mão e fechou os olhos por um segundo, respirando fundo.

Não, não. O chão está bom. Parece bem firme.

Eu ri do jeito cansado que ela falou.

Você sabe que isso ainda não acabou, não é? - perguntei de repente, em parte como brincadeira e em parte falando muito sério.

Primeiro ela balançou a cabeça afirmativamente como resposta, mas ouvi sua voz logo depois, enquanto eu me sentava ao seu lado e apoiava a cabeça contra a parede, quase encostando no peitoril da janela.

Algo me diz que está longe de acabar.

Essa é a Holly que eu conheço. - Falei brincando, mas realmente sentindo orgulho da força da minha amiga. - Inteligente como sempre.

Ela fez uma careta e depois deu uma risada rápida, e eu entendi exatamente o que ela queria dizer. Não era exatamente uma boa notícia que ela estivesse certa sobre aquilo estar longe do fim. Significava que ainda tínhamos algumas dificuldades pelo caminho.

Quando vi que Holly começava a respirar normalmente de novo eu voltei a falar.

Então, esse lugar tem algum tipo de passagem secreta? - perguntei e dei de ombros quando ela levantou uma sobrancelha para mim. - O que foi? Nós precisamos continuar e o corredor não é nem um pouco seguro nesse momento.

Holly suspirou, mas olhou em volta.

Na verdade esse lugar não tem nenhuma passagem secreta. - Ela disse enquanto se levantava devagar e olhava em volta mais uma vez. - Nós estamos na sala dos tratados. Eu não sei por que chamam essa sala assim, já que meu pai faz a maioria das reuniões no salão oval - começou a andar para longe de mim. Felizmente, ela não estava indo para a porta que dava para o corredor. -, mas a boa notícia é que essa sala tem uma porta que dá direto para o salão oval. - E, falando isso, Holly abriu a tal porta.

Eu corri até ela. A porta ficava na parede à esquerda da janela, o que significava que ficava à direita da porta do corredor. Segundo o esboço da planta que eu tinha criado na minha imaginação com o pouco que eu conhecia daquela casa, a porta realmente deveria dar para o salão oval. E, agora que ela estava aberta, eu não via nada perigoso do lado de dentro, mas preferia me certificar do que arriscar que Holly saísse ferida. Afinal, eu sabia que a situação poderia ser pior do que nós duas imaginávamos.

Mas o que eu vi quando passei à frente da minha amiga foi só um salão decorado em tons de branco e vermelho escuro. O azul da bandeira podia ser visto em alguns detalhes, mas não era tão predominante. A típica sala de trabalho do patriota mais devotado da nação.

E estava totalmente vazia. Não havia uma só pessoa ali dentro.

Onde diabos estavam o presidente e o secretário de defesa?

Olhei para Holly e vi seus olhos arregalados. Nenhuma de nós tinha pensado na possibilidade de não encontrarmos o presidente no salão oval. O cômodo era seguro o bastante para não ser invadido facilmente pelos afegãos e nós não tínhamos dúvida de que ele não precisaria sair dali para se proteger.

Mas, em compensação, também era um lugar óbvio. Seria o primeiro lugar em que qualquer um procuraria pelo presidente, principalmente se a invasão tinha sido uma surpresa para todos.

Naquele momento ouvi sons do lado de fora do cômodo. Obviamente alguém estava lutando lá fora, mas eu não tinha tempo para pensar nisso. Eu já não tinha mais tanta certeza de que o presidente estava tão seguro quanto eu pensava. Nós precisávamos encontrá-lo logo.

Holly, precisamos sair daqui. - declarei. - Por onde ele poderia ter ido? Algum caminho que não passe pelo corredor principal - os olhos dela estavam vidrados, obviamente enquanto ela pensava no que não devia. Eu não podia deixar ela imaginar as piores coisas que poderiam ter acontecido e perder o foco. Por isso chamei a atenção dela. - Holly! - quase gritei. - Concentre-se. Qual caminho?

Existe um bunker. Eles podem ter ido para lá.

E como eles foram?

Essa porta. Ela leva até a sala de estar, que ela a...

Mas eu não esperei que ela terminasse de falar para abrir a tal porta. Era bem em frente à sala da qual tínhamos saído, do outro lado do salão oval. E a sala atrás dela também estava vazia.

Passei uma das mãos pelo meu cabelo em frustração. Droga! O presidente não poderia ter ido tão longe assim. Não fazia tanto tempo que eu tinha deixado ele e o secretário de defesa no salão oval com o coronel Greyham.

Com o coronel Greyham. A frase se repetiu na minha cabeça algumas vezes.

Droga!

Eu não conseguia pensar em nada melhor do que aquela palavra. Talvez em algumas piores que ela, mas nada melhor.

Holly, você estava dizendo que essa sala leva a...

Ao quarto do meu pai.

Quando minha amiga me interrompeu com a resposta, eu levantei as duas sobrancelhas e olhei fixamente para a porta do outro lado da sala.

Por ali? - ela fez que sim com a cabeça. - Tem certeza?

Ela assentiu com a cabeça de um jeito mais firme e eu fui até a tal porta.

Quando girei a maçaneta, a porta não abriu. Estava trancada.

Olhei para Holly, já certa de que tínhamos encontrado o que queríamos. Minha amiga me encarou com as sobrancelhas levantadas e uma pergunta nos olhos.

Então eu procurei em volta da sala por alguma coisa que pudesse me ajudar a abrir a porta. Sério, eu precisava de um fuzil. Aquela história de ficar procurando alguma peça de mobília que pudesse ajudar na verdade não estava dando muito certo.

Mas eu finalmente encontrei algo que parecia firme o suficiente e quebrei a maçaneta. O barulho foi alto e eu levei só um segundo me preocupando que os afegãos tivessem ouvido, mas logo joguei meu peso e minha força contra a porta para abri-la.

Não foi tão difícil dessa vez.

Logo a porta estava aberta. Escancarada, na verdade. E eu olhava fixamente para os quatro homens do lado de dentro do quarto.

O cômodo era espaçoso e não tinha um toque masculino como eu imaginei que teria. Talvez a mãe de Holly tivesse tido uma participação maior do que eu pensei na decoração do lugar.

A grande janela que dava para o jardim sul deixava entrar a luz do sol - ainda não tinha escurecido, afinal - e permitia que eu visse com clareza os homens.

O presidente Adam Hendrix parecia estar bem. Eu poderia dizer que ele estava intacto se ignorasse sua expressão de espanto. O secretário de defesa Edward Jacobson estava logo atrás dele, aparentemente mais amedrontado que o próprio presidente. O agente do serviço secreto Michael Twood estava à frente do grupo e sua postura mostrava que ele estava pronto para usar a arma que segurava para defender seu chefe, e, mais ao fundo e separado dos outros, quase isolado no canto do quarto, estava o coronel Greyham.

Não era medo estampado no rosto do coronel, e sim orgulho.

O traidor do exército americano, a pessoa que tinha ajudado os afegãos a chegarem até ali, não tinha nem a decência de mostrar remorso.

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