O4
— Agora só falta a… Cebola! — Tentei escolher a que estava melhor, fui até o final da fileira e acidentalmente deixei uma cebola cair, me abaixei para pegar, mas senti minha mão encostar em outra mão. Olhei para o lado e vi o…
— Jaeyun?
— Aqui sua cebola. — Entregou ao mais novo.
— Que azar te encontrar aqui.
— Tive que fazer as compras lá pra casa.
— Eu também.
— Coincidência.
— Realmente… — Olhou nos olhos dele.
— O Heeseung discutiu comigo por causa de você.
— Sério? Nossa, e o que aconteceu?
— Eu não deveria te contar.
— Foi algo sério?
— O que você acha? — Ficaram em silêncio. — O Heeseung não sabe discutir comigo. Tudo o que eu falo pra ele é um insulto, na cabeça dele.
— Por isso você é puto da vida. Mas tenta entender o lado dele, às vezes ele pode se sentir sozinho.
— Se sentir sozinho é algo que ele nunca vai sentir na vida.
— E como você tem certeza?
— Ele tem vários amigos.
— Mas não é porque ele tem vários amigos que ele não pode se sentir sozinho às vezes.
— Olha, obrigado por pegar a minha cebola que caiu no chão.
— Por que você agradeceu?
— Porque eu sou educado.
— Mas é só uma cebola.
— Por isso você não tem amigos.
— Por quê?
— Porque, imagine se essa cebola tivesse vida agora.
— Mas ela não tem.
— Mas e se tivesse? Se ela tivesse vida, ela teria sentimentos.
— Onde você está tentando chegar com isso?
— Repense sobre o que você disse. Você disse que ela é só uma cebola. E se você falasse "ah, mas fulano é só um qualquer", isso não machucaria se fosse com você?
— Acho que você está só tentando achar motivo de briga, e motivos para me odiar, Sunghoon.
— Eu já te odeio sem motivos, não preciso de mais.
— Se é assim, tudo bem.
— E se você acha que eu não penso no que eu falo, você tem razão. Mas quando o assunto é sobre você, eu que tenho toda a razão.
— Tá bom, você pode ser o que quiser, Sunghoon dono da razão.
— Eu não sou dono da razão, eu só estou certo.
— Aham.
— Jaeyun, o problema é que você não compreende as coisas direito.
— Realmente, não.
— Você não tem a liberdade de falar sobre coisas do Heeseung que você não entende. Eu conheço ele há muito tempo, então eu posso falar dele, porque eu sei coisas sobre ele que quase ninguém sabe.
— Tá, e o que isso tem a ver?
— Não quero discutir com você, mesmo que você ache que está certo, mas não está.
— Você tem toda a razão, Sunghoon. Mas você tem que entender que eu não estava o definindo, apenas supondo algo que ele poderia estar passando.
— Certo, a que ponto você quer chegar?
— Pare de ser egoísta, e pare de pensar só em si mesmo.
— Eu me preocupo muito com o Heeseung, e você não tem noção o quanto eu tenho de carinho por ele.
— Só carinho?
— Cara, ele é meu melhor amigo, por que só seria carinho?
— Então você gosta dele?
— Depende do jeito que você está falando.
— De amizade, é claro.
— Óbvio que sim.
— Ah… — Ficaram em silêncio. — Melhor você ir logo, já está ficando tarde.
— Deu pra mandar em mim agora foi?
— Você é muito sem educação.
— E precisa jogar na minha cara?
— Há certas coisas nessa vida que precisam ser ditas.
— Se eu falasse que você era chato você iria reclamar.
— Na verdade, não. Eu sei que eu sou chato, e ninguém precisa ficar falando disso.
— Eu também sei que eu sou sem educação, e não precisa ficar jogando na cara.
— Não vamos perder tempo, certo? Até amanhã.
— Ah, e finge que nada aconteceu.
— Óbvio. — Afastou-se.
Quando Sunghoon saiu do supermercado e começou a chover.
— Merda. — Falou baixo para si mesmo.
— Quer que eu te leve até em casa? — Jake apareceu atrás do garoto.
— Obrigado, mas eu não preciso.
— A chuva vai engrossar, e talvez você pegue um resfriado.
— Não precisa se preocupar.
— Tem certeza?
— Minha vida não é da sua conta, Sim Jaeyun.
— Se você pensa assim, não posso mudar, certo? — Sorriu.
— Volte em segurança.
— Você está desejando meu bem? Estranho…
— Eu só estou dizendo para você voltar pra casa com segurança.
— Você não conhece a Coreia do Sul direito, né? Aqui é muito mais seguro que a Austrália à noite.
— Você já visitou a Austrália?
— Quando eu tinha uns 3 anos.
— Pra que cidade você foi?
— Melbourne, lá é muito bonito.
— Já sentiu vontade de visitar Brisbane?
— Olha, eu já visitei Brisbane, Melbourne, Sydney e…
— Perth?
— Isso. Como- — Sunghoon ficou confuso por Jake ter acertado, e Jake o interrompeu.
— Você parece ter ido para Perth mesmo, um riquinho metido desse.
— Vai começar, é?
— Melhor eu ir. Até amanhã, Sunghoon.
— Você já disse isso.
— Mas é bom dizer de novo, vai que você tem problema de audição?
— Vai se ferrar. — Deixou uma risada escapar, logo percebeu e ficou calado.
— Boa noite. — Foi correndo para casa.
— Por que você demorou muito no mercado, Park Sunghoon? Já é noite. — O olhou de baixo a cima. — Por que você está todo molhado, Sunghoon?
— Eu não levei o guarda-chuva. — Abaixou a cabeça.
— Isso que dá não escutar sua mãe.
— Mas ela não… — Pensou.
— Deixa pra lá.
— Guarde as compras e vá tomar um banho.
— Está bem.
— Aquele velho só fica naquela poltrona lendo jornal, nem pra me ajudar. — Tentou alcançar o puxador do armário.
— Acho que eu fico mais alto com meus sapatos da escola. O que adianta usar esses chinelos, sendo que eu não consigo alcançar um simples puxador de armário. Vou pegar uma cadeira.
— Maninho. — Yeji apareceu atrás do garoto.
— Que susto, Yeji!
— Mentiroso.
— Você falou pro papai o que eu falei?
— Você acha que eu sou besta?
— Acho.
— Então o problema é seu. — Mostrou a língua.
— Por que você pegou uma cadeira? Você já é muito alto.
— Pelo menos eu não sou igual a você.
— Menino, eu ainda tenho 9 anos.
— Em pensar que eu tive sua idade… Eu era do seu tamanho.
— Então você quer dizer que eu também vou ficar do seu tamanho?
— Por que você acha isso?
— Porque quando você tinha minha idade, você era do meu tamanho.
— Eu tô brincando.
— Sei. — Cruzou os braços.
— Eu só era um pouco maior.
— Bom pra você. — Saiu da cozinha.
— Filho, você pode pegar esse pote de biscoitos em cima da geladeira? — Sua mãe apareceu.
— Claro. — Sorriu. — A senhora não deveria estar trabalhando? — Olhou para a mais velha enquanto ia até a geladeira.
— Hoje eu fui liberada mais cedo porque faltou luz lá na cidade.
— Ah. — Puxou o pote de cima da geladeira, mas acabou quebrando. — Puta merda!
— Sunghoon, você está bem filho? — Foi checar o rosto do garoto.
— Tô.
— Sua bochecha está sangrando! É melhor nós irmos para o hospital!
— Não precisa mãe, só foi um simples arranhão.
— Mas-
— Eu dou meu jeito. — Interrompeu a fala da mais velha.
— Depois não vem dizer que eu não avisei, hein.
— Deixa disso.
— Lava bem o rosto, viu? Pode deixar que eu limpo.
— Tá bom.
— Que merda… — Fechou a porta de seu quarto. — Como que eu fui derrubar aquilo na minha bochecha? — Foi até o banheiro olhar seu rosto no espelho.
— É melhor eu fazer o que ela mandou.
— Hoon.
— Bate na porta antes de entrar.
— Não.
— E se eu estivesse. — Pensou. — Deixa pra lá.
— Pelado? Menino, tu nasceu pelado. Pra quê essa vergonha? Eu te vi bebezinho.
— Yeji, eu sou mais velho que você.
— Olha, a mamãe disse que se você quiser comer vai lá pra baixo agora.
— Eu não quero.
— Você nem pensa no seu estômago.
— Me deixa.
— Saco vazio não para em pé.
— Que nem sua matraca, né.
— Por isso é tão magro.
— E você é o quê?
— Eu vou falar pro papai.
— Você só tem isso de argumento? Vai comer, vai.
— Cara feia pra mim é fome.
— Então você está sempre com fome.
— Chato. — Mostrou a língua e saiu do quarto de seu irmão.
— Sunghoon, você pode enviar estes convites? Tô muito atarefado. — Jay chegou no garoto.
— Da festa do Heeseung?
— Sim.
— Tá bom. Mas por que logo o Jaeyun?
— Você tem algo contra ele?
— Sim.
— Então o problema é seu.
— Jay, vem logo! — Jungwon gritou.
— Espera! Você faz isso por mim? No caso, pela festa do Heeseung?
— Claro. Pode ir lá, vou entrar agora.
— Obrigado, priminho do meu coração! — Correu até Jungwon.
— Merda…
— Jaeyun.
14/10/2023
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