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◉✿ - 20 CAPÍTULO - ✿◉

--- Com cuidado crianças, cuidado. --- Ludmilla pediu para Théo, assim que viu o menino tentando arrastar sua mala, até a porta de entrada da casa dos Gonçalves, e Donna apenas observava o menino, que carregava uma mochila sua nas costas, enquanto a mama Lud - como a menina estava a chamando -, carregava as malas dela e de Donna. --- Théo, espere amor, eu vou lhe ajudar. --- Ludmilla soltou uma risada baixa, correndo até eles.

Brunna riu negando com a cabeça, e fechou o porta malas do táxi, agradecendo pela ajuda do taxista, carregando as malas até aonde os outros estavam. Depois de algumas horas de viagem, eles finalmente chegaram a casa de Brunna, e a viagem não poderia ter sido melhor, e mais calma, porém, Brunna havia notado Ludmilla um pouco estranha, mesmo que estivesse feliz pelo fato de agora Donna chama-la de mãe.

Quando ela parou em frente a porta, Ludmilla pegou Donna no colo ajudando a menina a tocar a campainha da casa, e logo a colocou no chão, sorrindo para ela. Brunna estava realmente surpresa pelo carinho, e a forma com que a filha tinha aceitado e entendido tudo, mesmo que fosse tão nova, Donna já tinha uma ideia sobre aquilo, e parecia realmente gostar da ideia de ter duas mães, assim como Théo, e amava Ludmilla como amava Brunna.

Quando Mirian abriu a porta de casa, a mulher deu alguns passos para trás, arregalando os olhos ao ver Ludmilla ali ao lado de sua filha, faziam anos que ela não via a negra, ainda mais daquele modo. Mas ao contrário do que Brunna pensou que a mãe faria, a mulher abraçou Ludmilla, deixando-a surpresa.

--- Eu estava com saudade de você, me perguntava quando que você e Brunna iriam finalmente deixar tudo de lado para voltarem a estar juntas. ---  Mirian disse se afastando. --- Estou tão feliz por vocês.

--- Eu também vovó, tenho duas mães agora. -- Donna parou em frente a Ludmilla, exibindo a pequena "janelinha" ao sorrir.

--- Isso é maravilhoso, não é querida? --- Mirian sorriu, tocando a porta do nariz da neta, com o dedo indicador. --- Deve ser realmente maravilhoso ter duas mães, não é Théo? --- ela olhou para o garoto, que apenas balançou a cabeça contente. --- Como vai a Fernanda, soube que você irá ter uma irmã?

--- Mamãe está bem, e me disse que a Natália, também está. Ela e a mamãe Daiane, estão montando o quarto dela agora, e está ficando legal.

--- Eu vou querer ver o quarto dela quando for ir visitar vocês da próxima vez, você me mostra?

--- Claro. --- Théo concordou.

--- Então já que é assim, vamos entrar. --- Mia abriu mais a porta, sorrindo e beijando o rosto da filha, ao vê-la passar por ela. --- Eu estava pensando em fazer, espaguete para o almoço, o que acham?

--- Eu adoro espaguete vovó. --- Donna concordou. --- Vocês também mamães, Théo? --- Donna os olhou.

--- Sim anjo, gostamos. --- Brunna olhou para Ludmilla e Théo, que balançaram a cabeça devagar.

--- Então eu irei precisar de alguma ajuda, vamos crianças, irei pedir para o vovô comprar sorvete depois, e calda de morango, o que acham? --- Mia pegou na mãos das crianças, os levando até a cozinha. --- Você ainda sabe o caminho do seu quarto minha filha!

--- Elas nos deixou pelas crianças. --- Brunna murmurou.

--- Minha mãe também faz isso, sempre se lembrando de como eu era fofa e adorável, e agora cresci e a abandonei... Drama. --- Ludmilla riu.

--- Espero não chegar nessa fase da minha vida com tanta rapidez. --- Brunna olhou para a namorada, pelo canto dos olhos, vendo-a suspirar.

--- Não vamos, Donna será para sempre o nosso bebezinho.

--- Não se iluda tanto assim amor. --- Brunna riu.

Antes que Ludmilla pudesse contesta-la, Brunna pegou a mala que havia posto sobre o piso de madeira, indo em direção as escadas, e logo a negra tratou de pegar a bolsa dela e das crianças, subindo atrás de Brunna. A casa ainda era a mesma, a decoração suave, e refinada, as fotografias de Brunna, seu irmão e Donna, até mesmo algumas da neta com Théo, e ao lado dos avós, estavam espalhas pelas paredes enquanto elas subiam as escadas.

Tudo ainda parecia impecável, e igual a época que elas namoravam, porém, agora a única coisa que havia mudado eram as lembranças ruins do tempo separadas que ambas carregavam no peito, mas que aos poucos ia desaparecendo, tornando-se tão pequenas em meio a felicidade que as atingia. Brunna abriu a porta do quarto, vendo-o da mesma maneira de sempre, ainda decorado como na época em que ela foi embora, estando tudo em seu devido lugar.

--- Você não mudou nada aqui. --- Ludmilla comentou, fechando a porta, logo colocando as malas ao lado da mesma. --- Está tudo como eu me lembro.

--- Não tive tempo para mudanças, quando Donna nasceu eu já estava casada então... --- ela suspirou, balançando os ombros.

--- Entendo... --- Ludmilla sussurou.

Aquele assunto não a agradava, lembrar que Brunna já foi casada, ou que ela mesma já foi, não a agradava nenhum pouco. A negra andou até a pequena varanda no quarto de Brunna, ainda vendo tudo em seu lugar, sentando em um pequeno sofá, olhando para a piscina no jardim nos fundos da casa, acabou por rir ao se lembrar dela e Brunna dentro dela, na maior parte das vezes junto as amigas.

--- Se lembra daquela vez quando seus pais não estavam em casa e nos duas...

--- Aproveitamos isso para transar na piscina? --- Brunna disse com simplicidade, sentando-se ao lado de Ludmilla. --- Claro que lembro, foi a nossa primeira vez. --- Brunna sorriu, entrelaçando seus dedos aos dela.

--- Essa casa me trás boas lembranças. --- Ludmilla suspirou.

--- Ótimas lembranças. --- Brunna disse, a abraçando. --- As vezes eu tenho medo de acordar e tudo isso ser um sonho, medo de não estar ao seu lado, de te perder de novo.

--- Isso não vai acontecer, nunca, e sabe por que? --- Brunna negou. --- Por que eu te amo, e nunca vou deixar você, e se precisar eu te belisco apenas para provar que isso é real, que estamos juntas, que estamos bem.

Ludmilla acariciou o rosto de Brunna, encostando sua testa na dela, fechando os olhos, aproveitando a sensação de estar tão próxima assim de Brunna, pois como da primeira vez, isso ainda à causava arrepios, e a deixava nervosa. As duas ficaram assim por um tempo, agarradas, se beijando lentamente, com calma, sem malícia ou segundas intenções, apenas aproveitando o tempo juntas.

Pelo menos foi assim até o momento em que Donna apareceu no quarto, pedido para que as mamães se desgrudassem, por que a avó precisava de ajudar para cortar algumas coisas, e ela é Théo eram pequenos demais para isso, então, tinha que ser uma das mamães, e logo Brunna desceu, já que a negra lhe pediu alguns minutos para colocar uma roupa confortável.

Quando a porta se fechou, Ludmilla levantou-se indo até sua mala pegando um vestido longo, junto a um par de sandálias, pegando seu inseparável celular - como Ally nomeou o aparelho da amiga -, indo até o banheiro se trocar. Assim que Ludmilla tirou a blusa, ouvia o celular tocar, e respirou fundo vendo o nome de seu pai na tela, pois Alex nunca ligava, e para que ele tivesse ligando agora, era porque obviamente ele já tinha visto as notícias.

Ela pegou o celular, deslizando o dedo sobre a tela, atendendo-o.

--- Oi pai, como foi de viagem? --- Ludmilla colocou a chamada no viva voz, colocando o celular novamente sobre a pia, voltando a de despir.

--- Estava tudo bom, até eu entrar na internet e ler uma matéria sobre o novo relacionamento de Ludmilla Oliveira com sua secretária, Brunna Gonçalves. Aonde você está com a cabeça?!

-- Creio que em cima do pescoço. --- Ludmilla respondeu com deboche, ouvindo o pai bufar do outro lado. --- Ah pai, será que você não pode por favor me deixar viver a minha vida?

--- E você poderia ser mais madura, talvez parar de agir feito uma adolescente. Não sou a favor disso, você sabe, não sou a favor desse seu interesse por...

--- Mulheres? --- ela levantou as sombrancelhas, parando o que estava fazendo para dar atenção total ao celular. --- Já faz é tempo que eu não me importo com o que você pensa sobre a minha vida, se nem quando eu ainda era sua responsabilidade eu te ouvia quanto a isso eu não irei fazer isso agora que respondo por meus atos, o que te resta pai, é aceitar que eu amo ela, aceitar que tem uma filha que gosta de mulheres, e deixar de ser preconceituoso. E se não se importa, eu vou desligar, por que a minha mulher, está me esperando.

--- Olha só garota, eu...

Ludmilla encerrou a chamada, sem deixar o pai terminar o que ia dizer, desligando o celular. Naquele momento ela estava sentindo como se um peso tivesse sido tirado de suas costas, causando um alívio quase imediato, e uma súbita vontade de sorrir, pois era isso que Brunna era agora, sua mulher, e as pessoas teriam que aceitar isso, pois nada e nem ninguém poderia mudar

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