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◉✿ - 17 CAPÍTULO - ✿◉

Brunna abriu lentamente os olhos, fechando quando a luz que entrava através da porta de vidro invadiu seu campo de visão, ela acabou se espreguiçando, esticando os braços, deixando-os caírem para o lado da cama. Ela franziu o cenho, abrindo rapidamente os olhos, se sentando na cama, segurando o lençol com uma das mãos, cobrindo os seios, não vendo Ludmilla, ou sinal algum se suas roupas espalhadas pelo quarto.

Brunna soltou o lençol, levantando completamente nua, pegando um hobby em sua mala, vestindo-o, logo prendendo o cabelo. Se Ludmilla não estivesse adorando esfregar na cara das pessoas a aliança em seu dedo, Brunna diria que ela apenas usou seu corpo e agora tinha ido embora, porém, esse não fazia o estilo de Ludmilla, ainda mais julgando pelo fato dela amar Brunna, ainda mais do que antes.

Logo a porta do quarto foi aberta, revelando uma Ludmilla sorridente, empurrando um pequeno "carrinho" aonde estava seu café da manhã. A negra bateu a porta com força, movendo-se até a cama, completamente corada, sorrindo abobalhada ao ver a namorada, se sentando na cama novamente, cruzando as pernas, enquanto seu corpo estava bem marcado no hobby de seda lilás.

--- Bom dia, Lud. --- Brunna disse.

--- Bom dia amor, dormiu bem? --- Ludmilla colocou o carrinho em frente a cama, mostrando para a mais velha o café da manhã ao qual tinha levado para as duas.

--- Você pergunta como se tivéssemos dormido calmamente a noite inteira. --- Brunna balançou a cabeça negando, enquanto ria. --- Mas o pouco que dormi, foi ótimo, parece que dormi uma noite inteira, o que tem aí? --- Brunna se inclinou um pouco, vendo tudo o que tinha sobre o carrinho, pegando alguns morangos.

--- Sei lá, eu pedi o café da manhã no quarto, e quando estava saindo do meu vi uma moça trazendo, então resolvi trazer no lugar dela, não seria legal ela chegar aqui e te ver dormindo pelada. --- ela balançou os ombros, pegando uma taça para sobremesas, comendo a salada de frutas. --- Nosso vôo sai daqui há três horas. --- Ludmilla suspirou. --- Apesar de amar esse lugar, e querer ficar aqui por mais tempo, eu me lembro que a Donna não está, e então, sinto vontade de ir embora.

--- Também me sinto assim, nosso bebê está tão longe. --- Brunna fez bico, e se arrastou até Ludmilla que estava sentada ao seu lado, colocando suas pernas sobre as dela, deitando a cabeça em ombro. --- E ainda tem o Pedro, minha vontade é socar a cara dele. Mas não vamos falar sobre ele agora.

--- De jeito nenhum. --- Ludmilla sorriu, selando os lábios aos de Brunna.

Brunna se levantou pegando mais alguns morangos, e logo depois o suco de maracujá, soltando algumas risadas, enquanto comia sentada sobre a cama. Ludmilla estreitou as sombrancelhas, olhando confusa para a morena, que ainda possuía um sorriso enorme em seu rosto.

--- Você está estranha. --- Ludmilla riu.

--- Só estou pensando. --- Brunna suspirou. --- Em nós, nosso futuro, os filhos que ainda vamos ter. Eu estava pensando em mais dois, um meninos e uma menina, seria maravilhoso ter um menininho loiro, com seus olhos, correndo pela casa e quebrando tudo enquanto joga bola. --- ela riu. --- E mais uma menina, para a Donna brincar de boneca, e elas mexerem nas nossas coisas, usarem nossas roupas com a desculpa de querer ficar igual as mamães... Donna já fez isso uma vez.

Brunna mordeu o lábio inferior, se lembrando do dia em que entrou em seu quarto, vendo Pedro dormir estirado na cama, e suas roupas espalhadas para todos os lados. A pequena possuía o rosto completamente borrado pela maquiagem de Brunna, usando seus saltos, pulseiras, anéis, e um vestido seu. E por mais que seu closet estivesse bagunçado, alguns batons, e sombras quebrados, e suas roupas sujas por algum batom, ou até mesmo rímel, ela achou aquela cena a mais adorável de todas, ainda mais quando Donna disse que queria ser igual a mãe, deixando Brunna com uma enorme vontade de chorar.

--- Seria maravilhoso. --- Ludmilla murmurou, se forçando a sorrir.

Ela ainda não tinha coragem de contar a Brunna que não podia engravidar, ainda não queria decepciona-la de tal forma, tendo medo de que a reação dela não fosse boa. Isso ainda à assutava e amendrontava, pois se elas tivessem mais filhos, obviamente viriam de Brunna, todos, assim como Donna. Quando Ludmilla percebeu que seus olhos já estavam se enchendo de lágrimas, e um incômodo na garganta, ela pigarreou, se levantando da cama, e indo até a porta de vidro, olhando para a praia.

--- O que foi Lud? --- Brunna se levantou, indo até ela. --- Eu disse alguma coisa demais?

--- Não, eu estou ótima. Vamos para a praia? Quero aproveitar um pouco mais, antes de voltar pra casa.

--- Tudo bem. --- Brunna disse, um pouco confusa, vendo Ludmilla andar rapidamente até a porta.

--- Eu vou trocar de roupa e já venho.

Antes que Brunna pudesse responder, Ludmilla já tinha saído batendo a porta, deixando-a confusa e com medo de ter dito algo que ao deveria. Mas talvez aquele "segredo" apenas Ludmilla poderia resolver, colocando os sentimento em ordem, e criando coragem para aquilo. Mas doía, e doia muito, ainda mais sabendo que aquela ferida era aberta a cada vez que ela se lembrava do dia em que perdeu seu filho.

Mas mesmo que ela tivesse medo, Brunna estaria ali para qualquer coisa, suportando qualquer coisa ao seu lado, por que era assim que funcionava entre elas. Mesmo com erros; e decepções, e mesmo que as coisas dessem errado, uma estaria ali para a outra.

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