Capítulo 45 | Deixe-me salvar você
De volta ao escritório de Raymond, eles me colocaram algemada em uma das cadeiras enquanto esperavam.
Por um breve momento, desejei que tudo isso acabasse. Que Raymond não existisse e que tudo não tinha passado de um sonho terrível. E então, me lembrei que foi graças a esse mundo que conheci Travis e apesar de tudo o que tinha acontecido, eu não me arrependia.
Não queria esquecê-lo.
Raymond desligou o telefone e devolveu-o para algum bolso interno do terno.
Depois disso, tudo aconteceu rápido demais.
Alguém pulou do teto em cima de Raymond. Eles caíram amontoados no chão e então, eu me deparei com um rosto que fez meu coração bater mais rápido.
A adrenalina tinha me deixado confusa. O sangue circulava rápido demais através das minhas veias, o coração batia descompassado. Senti meu cérebro trabalhando atordoadamente.
Travis.
Ele estava aqui.
Tudo vai ficar bem. Eu tentava acalmar a bagunça que havia dentro de mim.
— Não atirem ou eu vou mata-lo. — Travis alertou. — Acabou, Raymond. Você está preso. — Acrescentou, pelas costas e passou uma faca pelo pescoço dele, puxando-o abruptamente para trás.
Ernest ultrapassou a porta do escritório e avançou para perto de Travis, passando pelos seguranças que hesitavam se atiravam ou não.
Os homens tentaram avançar, mas Raymond grunhiu vorazmente, quando a faca cortou um pouco a carne dele, e eu comecei a olhar de um lado para o outro. A confusão me desnorteando.
— Eu não vou falar de novo. — Travis esbravejou, as veias de seu pescoço sobressaltando sob a pele.
Os capangas de Raymond interromperam seus movimentos.
— Certo, certo. — murmurou Travis recobrando o controle da situação, respirando pesadamente, olhando de um lado para o outro enquanto analisava todo o cenário.
— Eu quero que vocês dois se mandem daqui. — Ele ordenou, num estalo, apontando para mim e Ernest.
— Não. — Raymond murmurou, quase asfixiando pelo aperto de Travis. — Ninguém vai sa-sair... — Ele resfolegou. — Pellignton está vindo para buscá-la.
— Pellignton não vai leva-la para lugar algum. — Travis decretou com fúria. — Tá me entendendo?
Travis aguardou uma resposta e quando Raymond não o fez, Travis apertou em sua garganta, obrigando-o a concordar com um gesto apertado de cabeça.
— S-sim. — Ele verbalizou forçadamente.
— Eu não vou. — Pronunciei-me sem pensar muito, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Isso não faz parte do plano.
— Você não seguiu o plano, Amy. — Ele contra argumentou. — Vá embora daqui. Eu vou cuidar do resto.
Não seria capaz de deixa-lo ali, porque tudo isso estava acontecendo por minha causa. A culpa me torturou e eu tentei pensar em possibilidades de tentar arrumar o que tinha feito.
— Isso não é um pedido, Amy. — Esclareceu Travis. — As coisas estão sob controle agora. —disse. — Ernest, tire-a daqui. — Ordenou por fim.
— Você não pode fazer isso. — Refutei-o, elevando o tom de voz.
— Desalgeme-a. — Travis pediu com brusquidão quando Ernest se aproximou de mim. — Com quem está a chave? — Ele insistiu sem paciência.
Raymond indicou o bolso de sua calça e Travis apontou para que Ernest a pegasse. Depois disso, Ernest caminhou até mim com uma expressão fechada e destrancou as algemas dos meus braços e eu recuei quando ele tentou segurar meu braço.
— Eu não vou sair até esse maldito estar preso. — Aleguei com raiva.
— Já chega! Saia daqui, Amy. — Travis gritou.
— Você não decide isso. Vamos! — Ernest me segurou e começou a me levar para fora. — Travis tem um jeito próprio de resolver as coisas. Deixe-o trabalhar. Eu preciso tirar você daqui.
E a imagem que ficou registrada em minha mente foi a de Travis, tentando dar conta de tudo sozinho. Com olhar frio sobre mim e sem esboçar qualquer tipo de arrependimento. O braço ao redor do pescoço de Raymond, enquanto que na outra mão empunhava a faca.
Eu não queria partir, porque no fundo, eu sabia que nada estava sob controle. Era mentira, ele queria me salvar. Ele estava disposto a morrer por minha causa e tudo isso, por minha culpa.
Ernest virou no corredor e ele sumiu do meu campo de visão, restando apenas frias paredes.
Quando descíamos as escadas às pressas, um homem surgiu repentinamente em nosso caminho. Ernest não hesitou em atirar em seu corpo e eu deslizei pelo corrimão, preparando um chute em direção ao homem que surgira logo em seguida, acertando os solados da bota em seu peito, derrubando-o e atirando também.
Ninguém mais entraria lá.
— Travis é um idiota. — resmunguei com ressentimento. — Ele não deveria ter feito isso.
Guardei as duas pistolas no coldre ao meu lado e preparamo-nos para puxar a porta dupla, rumo à saída.
— Quando se trata de você, eu concordo. — Ele me olhou esboçando um sorriso — A porta está trancada. — Constatou Ernest, depois de puxarmos. — Mas ele tem um plano — argumentou, retomando o assunto.
— Droga. – murmurei, passando os dedos nos meus cabelos.
Tratei de olhar ao redor. Preocupada pelo fato de estarmos expostos e sermos atacados novamente. Após respirar fundo e ponderar, observei um jarro de porcelana grande a nossa frente com desenhos de flores azuis e brancas.
— Então, isso deve servir. — disse, e Ernest franziu os lábios e concordou com a cabeça.
Sem pensar muito e desesperada por escapar daquele lugar, arremessei-o contra o vidro da janela e ele fragmentou-se em resposta.
— Precisamos sair o quanto antes. — Ernest informou e eu me apressei em ajudar Ernest que estava com o braço machucado a atravessar.
Perdi o fôlego no mesmo instante que uma bala irrompeu repentinamente e Ernest puxou-me para junto dele, colando-nos à parede.
Meu coração espancou o peito e eu travei a respiração, o fitando por um instante quando uma dor irrompeu do braço esquerdo.
— Mas que droga! — Resmunguei, porque a dor começou a irradiar pelo braço e ombro.
— Malditos! — Disse Ernest. — Eu sinto muito. Mas nós precisamos chegar ao carro antes que a coisa toda fique pior.
Franzi o rosto em resposta e levei a mão ao meu ombro. Estávamos no meio do fogo cruzado. Mas eu tinha que ser forte. Não dava para voltar à trás. Não agora.
Respirei fundo, tentando controlar a dor. Eu não sabia se havia perfurado a carne, mas doía como o diabo.
Ernest puxou meu braço e olhou através do couro da jaqueta que me cobria.
— Que sorte a sua, heim — comentou. — Foi de raspão.
— Quanta sorte eu tenho... —ironizei, mesmo em meio à dor, arqueando a sobrancelha e revirando os olhos.
— Certo... — Ele estalou. — Ainda precisamos sair, e o carro está lá na frente. – advertiu, apontando para o carro que estava a uns trinta metros.
Respirei fundo, apertando mais a mão contra o ferimento.
— Precisamos do carro. — Ele disse, sacando a sua pistola, mais para ele do que para mim.
Tínhamos que sair desse lugar, pois os capangas do Raymond poderiam nos encontrar a qualquer instante.
Respirei fundo receando me arrepender depois do que estava prestes a fazer.
Encarei a arma que ele segurava em seu peito e saquei as minhas, segurando uma em cada mão.
— Nós vamos conseguir. Me dá cobertura. — Pedi decididamente, engatilhando as pistolas e saindo do esconderijo.
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