Capítulo 34 | Jogo perigoso
Podemos tirar lições das companhias que temos, e eu havia aprendido algumas coisas nesse meio tempo com Brandon. Uma delas e que nunca devemos subestimar um criminoso, principalmente os mais procurados. Eles não estão livres porque são idiotas. Mas Brandon tinha um ponto a mais a seu favor. Ele era eloquente, fascinantemente bonito e muito, muito manipulador.
— Em quem você apostou? — Ele perguntou, desviando o olhar do ringue para mim.
Eu não tinha feito uma aposta, mas esperava que a vermelha ganhasse.
— A vermelha. — respondi, sem desviar o olhar do ringue.
Ela era realmente muito agressiva. Pensei, admirando a forma como ela agarrara a cabeça da mulher e a levara de encontro ao seu joelho. Belo golpe.
— Ela está guardando o melhor para o final. — Brandon soltou e eu virei meu rosto a tempo de flagrar seu sorriso sujo.
Estava difícil conter a ansiedade. O round estava acabando e isso queria dizer que o meu tempo para tirar Brandon do salão estava indo junto.
Era a hora de jogar com tudo.
— Eu também estou guardando uma coisinha para você. — Acrescentei, inclinando o rosto para frente.
Essa deveria ser a coisa mais verdadeira que havia dito para Brandon Pellignton até agora. Havia diversas conotações e a levar em consideração o meu tom sugestivo, e a forma como a mão dele pousou sobre minha coxa, o idiota havia feito apenas uma das interpretações.
Ele tinha mordido a isca, mas eu precisaria ser mais convincente para conseguir tirá-lo daqui. E tentando conter o enjoo que estar perto dele me causava, avancei com os lábios vermelhos em direção a orelha dele.
— Eu gostaria de saber o que é... — a mão dele se apertou mais ao redor da minha coxa e subiu mais pelo corpo.
— Então, — mordi a orelha dele e me atrevi a sugar o lóbulo — se você está assim tão interessado, talvez devêssemos pular para o final.
Investi pesado na sugestão de ficarmos a sós ao passo que tentava controlar os meus nervos. Estava beirando um ataque, e minha barriga se revirava um pouco mais a cada instante, pois a ideia do que aconteceria se fôssemos pegos não me abandonava.
Tomara que Ryan tenha preparado tudo. Senti como se uma lâmina roçasse na garganta, mas precisava dar continuidade.
Brandon ergueu a sobrancelha e levou à mão a altura da linha da minha mandíbula, acariciando com o polegar a bochecha, deixando um rastro de dormência por onde passava.
— O seu cheiro me faz lembrar de uma pessoa... — ele expos, antes de se aproximar um pouco mais.
Senti como se todo o ar que minhas narinas tragaram embolasse na garganta. Ele havia notado familiaridade em mim, mas antes que eu pudesse me afastar e tentar reverter a situação, ele cobriu meus lábios com os seus.
Minha perna vacilou e por uma fração de segundos o meu corpo se dissolveu. Eu estava beijando um homem cruel. Famoso pelos seus crimes e que não apresentava o mínimo arrependimento acerca das atrocidades que cometia, e mesmo assim, eu precisava retribuir o gesto para que tudo saísse conforme o planejado. Abri a boca para beijá-lo e percebi que não era como o beijo que havia experimentado com Ryan. Brandon tentava desbravar a minha boca como se procurasse alguma coisa urgente.
Era como se a vida dele dependesse daquilo e eu tentei conter o um murmúrio quando ele mordeu meu lábio inferior.
— Você me deixou bastante interessado. Queira me acompanhar. — Brandon pedia com bastante controle da situação ao se levantar da cadeira. Eu fiz o mesmo, mas permaneci próxima ao acento quando dois seguranças surgiram de algum lugar do salão, e Brandon se afastou para conversar com eles tempo o bastante para que eu me virasse de costas e enviasse de meu celular uma mensagem para Ryan.
"Espero que esteja tudo pronto. Estamos indo! "
Fiquei olhando para o telefone de flip enquanto esperava aflita pela resposta, mas Brandon virou o rosto na minha direção e eu fui obrigada a abaixar a mão e devolver o aparelho para a bolsa a tiracolo.
Não levou mais do que alguns minutos para que o celular notificasse a chegada de um novo sms, só que era tarde demais, porque Brandon já estava voltando.
Os lábios de Brandon se curvaram num sorriso fechado.
— Está na hora de ir. — Informou Brandon ao erguer o braço, levando-o à altura das minhas costas e eu o acompanhei, engolindo à seco e contra vontade quando os dois homens vieram logo atrás.
Merda! Merda! Merda!
Não poderia ir para lá com dois seguranças no meu encalço. Isso só dificultaria ainda mais as coisas. Por isso, trabalhei em possibilidades de me livrar deles, mas nenhuma delas me parecia realmente promissora.
Tomamos um corredor aos fundos do salão e a cada passo dado, o meu estômago se remexia como uma cobra embolada no ninho.
Eu precisava reverter essa situação.
Parei o passo, tomei uma injeção de coragem e me virei para Brandon. Minhas mãos infiltraram-se sobre o smoking e percorreram um longo caminho do peito as costas.
— Será que eu vou ter de compartilhar você com eles? — perguntei num sussurro, me referindo aos seguranças.
— O que? — Brandon revidou próximo ao meu ouvido. — Não é como se eles realmente estivessem aqui.
A possibilidade fez a minha garganta se estreitar.
— Você está dizendo que eles assistem... — balbuciei perplexa.
— Ideia interessante. — Brandon comentou, apertando a mão sobre a minha cintura. — Mas eu faço mais o tipo egoísta.
Embora não fosse mais tranquilizador, ergui a sobrancelha e tentei soar a mais satisfeita possível, esperando que Ryan tivesse preparado tudo conforme o plano.
— Mas se você não se importar — a mão dele deslizou no zíper nas costas do vestido. — Eu estou louco para tirar isso.
Nós continuamos pelo corredor escuro e subimos dois lances de escadas até que nos deparamos com uma passagem que dava para dentro do que presumi ser um dos cômodos da mansão. Cortinas farfalhavam conforme o vento invadia a janela.
Tapetes grossos cobriam o piso de madeira.
Estarei te esperando no quarto. O quarto do Brandon.
Era o plano de Ryan e não havia nenhum sinal dele. Então, naquele momento, senti uma vontade desesperadora de pegar o celular e verificar a resposta que ele enviara.
O meu coração bateu apertado conforme avançávamos para dentro dos cômodos. Alguns passos depois e um dos seguranças levou à mão a maçaneta. O ar embolou na minha garganta de acordo com quem a porta foi sendo aberta.
Uma grande pancada seguida de um estrondo irrompeu de súbito da porta e o segurança olhou uma última vez antes de abrir a porta com tudo.
— Que porra! — Brandon praguejou.
A cena era de cair o queixo. Um homem, parecido com os capangas de Brandon, agarrava Ryan pela garganta e o soerguia do chão, contra à parede.
Agindo por impulso, inclinei o corpo e saquei a faca da curva do tornozelo. Eu não me lembrava de ter treinado arremesso de faca, e isso me deixava bastante preocupada, mas era o mais próximo de uma arma que havia comigo. A adrenalina fez meu corpo guinar para frente e segurar a faca pelo cabo e a arremessa-la.
A faca viajou no ar, e era como se em algum momento eu tivesse me preparado para fazer isso. Porque a lâmina cortou o ar, viajando para o meu alvo, exatamente onde eu havia mirado.
No meio das costas.
Precisamente na lombar.
Mas não houve tempo para esperar que Ryan alcançasse o chão, porque havia mais dois seguranças no recinto. Precisava ser mais rápida e o que aconteceu a seguir não foi muito bem registrado pelo meu cérebro.
O meu corpo girou sobre os calcanhares e eu parei de frente para o capanga que estava mais perto. Ele me encarou e eu não pensei no que aquela atitude poderia me custar, apenas agi, puxando a arma de repente da mão dele na minha direção e a empurrei com tudo em seu rosto. O homem foi para trás com o nariz afetado e eu assumi a posse da arma, atitando duas vezes nele.
— Eu quero essa vadia morta. — Brandon ralhou.
Isso foi o bastante para ganhar a minha atenção. Caminhei em direção a Brandon com apenas um intuito, mas o outro segurança pulou no caminho, tentando me acertar com golpes das quais eu precisei me afastar para esquivar. E preparei um chute, saltando no ar em direção a cabeça dele. Segurando-a e depois acertando-lhe a joelhada assim como a Red havia feito no ringue.
O capanga caiu diante dos meus pés e Brandon se fez ver do outro lado do cômodo com o maxilar tenso, lançando-me aquele olhar de "por quê? " e depois fixou-se por um instante indeciso e torturador que pareceu ser uma eternidade.
Avancei alguns passos, tomando uma distância boa o bastante para que as chances de errar se tornassem nulas e ergui a pistola em direção a Brandon, deixando-o como última cena o meu sorriso triunfante.
Mas, antes que pudesse puxar o gatilho, alguma coisa irrompeu pela lateral da minha cabeça e a minha consciência foi roubada.
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