Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 33 | Pique-pega, esconde esconde

Diante do espelho, eu tentava buscar qualquer traço familiar na figura refletida ali. A única coisa que parecia não ter mudado eram meus olhos castanhos, que agora pareciam maiores e mais expressivos com o delineado marcante desenhado. Meus lábios foram tingidos de uma coloração vermelho quase vinho, que pareciam ter mais volume agora; as olheiras foram corrigidas com uma boa camada de maquiagem, e as bochechas já não era mais tão pálidas quanto antes. Mexi nos meus cabelos, que tinham sido cortados e estavam estranhamente curtos, um pouco acima dos ombros e eles caiam, repartidos ao meio, pelas laterais do meu rosto.

Mudar a aparência fazia parte do plano, e eu tinha ciência disso, mas não esperava me parecer tanto com uma mulher fina e elegante como agora.

— O que você achou? — indagou a mulher que tinha me preparado.

Ela acabara de retornar segurando um cabide com o que presumi ser um vestido dentro de uma capa preta.

Virei sobre a cadeira giratória e fitei a capa antes de me pronunciar.

— Eu me sinto... — não soube qual palavra usar. Eu me senti bonita e muito bem produzida, mas ao mesmo tempo não me identificava com essa estranha versão de mim. Costumava fazer jus a praticidade e maquiagens nunca fizeram parte do meu dia a dia. — estranha... — balbuciei, concluindo por fim depois de um tempo, passando a mão pelos cabelos.

A expressão dela se fechou no mesmo instante e foi impossível não notar a frustração, talvez ela estivesse pensando que eu não tinha gostado do trabalho, mas antes mesmo que pudesse abrir a boca para lhe responder algo, a porta foi aberta outra vez e Ryan entrou, invadindo o estúdio.

— Nossa! — Ele balbuciou, assim que pôs os olhos em mim. — Ela está impressionante... você fez um milagre aqui... — Ryan balançou a cabeça em aprovação e colocou a mão no ombro da mulher de meia idade e ela se afastou dele, parecendo desaprovar a atitude evasiva de Ryan.

Ryan também não estava nada mal. Conclui enquanto o analisava.

Ele tinha se esforçado com os cabelos que estavam perfeitamente modelados, penteados para traz e carregavam um aspecto de molhado. Ele vestia um daqueles smokings sem gravata, preto de cima a baixo e que lhe rendia um ar obscuro, perigosamente atraente e ao mesmo tempo sofisticado.

— Eu trouxe o vestido... — a mulher se pronunciou, fazendo-me despertar da minha análise ao mostrar o que segurava.

— Nós não podemos demorar... — Ryan advertiu, e eu assenti em resposta, me dirigindo para um pequeno cômodo reservado dentro do estúdio a fim de que me pudesse dentro do vestido.

Foi difícil não reparar mediante ao grande espelho o quanto eu havia emagrecido e como a cicatriz da perna estava feia. Doris, a vendedora foi cuidadosa quando viu isso e eu me senti deslumbrante dentro do vestido longo de veludo, vermelho rubi. A fenda se abria até a altura da minha cocha, sobre a perna boa, e subia se ajustando perfeitamente ao corpo até o busto. Abaixei o olhar e deslizei a mão pelo tecido que envolvia um braço só. O decote transversal ajustava-se de um ombro só e valorizava todas as curvas de meu corpo.

— Você não acha que está um pouco exagerado ou estranho? — Indaguei a Ryan, quando sai desconfortável do trocador. — Talvez chame atenção demais...

— Claro que não! Você faz parte do plano...

Calcei os sapatos abertos de salto e nos dirigimos para a picape.

O meu estômago se retorceu quando começamos a avançar por um canto remoto de Detroit. As minhas mãos transpiravam enquanto eu sentia um frio aterrador assim que Ryan parou o carro em frente a mansão de aparência histórica que agigantava pelos portões pontiagudos.

Apesar da noite que se fazia presente ser um pouco mais escura do que o habitual, ainda era possível se ver através da parca luz da lua e dos faróis do carro, os tijolos velhos que compunham cada coluna da entrada da casa.

Certo! As minhas entranhas deram um nó, e os meus músculos se contraíram dolorosamente de nervosismo.

Se algo desse muito errado, eu já sabia que não adiantaria chorar ou gritar por socorro, ninguém nos ouviria.

— Está tudo bem? — Indagou, ao desligar o carro e me encarar com uma expressão compassiva.

Assenti com a cabeça.

— Nós vamos entrar... — notificou, puxando o terno e tirando dali um pequeno aparelho celular. — É descartável e ninguém pode rastrear, o meu contato está na discagem rápida. Você sabe o que fazer...

Respondi com mais um aceno de cabeça, pois estava tensa demais. Realmente eu sabia o que fazer, nós já tínhamos repassado o plano e estava tudo perfeitamente combinado, só esperava que meu nervosismo não atrapalhasse tudo.

Não era algo impossível de ser feito, mas nós estaríamos cercados por pessoas corruptas e de má índole. Vai saber o que eles seriam capazes de fazer, talvez nos matassem sem hesitar, isso na melhor das hipóteses.

Ryan abriu a porta do carro e saiu, fazendo a volta pela frente do carro, dirigindo-se ao meu lado a fim de abrir a porta para mim. Nós tínhamos de fingir que éramos um casal. Ryan era da confiança de Brandon, mas eu entraria como uma acompanhante qualquer, alguém nunca vista antes.

O meu papel era bastante simples e se resumia a entrar, chamar atenção das pessoas certas e dar cobertura para Ryan caso ele precisasse.

Era a casa de Brandon Pellignton e estávamos prestes a invadi-la numa tentativa praticamente suicida.

Mas não poderia pensar nisso agora, então suspirei e tratei de engolir todas as minhas emoções e temores no momento em que Ryan começou a me conduzir em direção a entrada da casa. Fechei os olhos, respirei fundo e apertei o meu braço no de Ryan. Tinha de ser uma atriz digna de hollywood. Nossa vida dependia exclusivamente disso e se me valesse de consolo, Ryan tinha ficado com a pior parte: dar cabo de Brandon depois que eu o atraísse.

Ele merecia qualquer desfecho trágico que fornecêssemos a ele. E eu não me sentia minimamente culpada por pensar assim. O meu temor estava diretamente relacionado ao sucesso dessa missão.

— Não precisa ficar nervosa, você está irreconhecível... — Ryan comentou, parecendo sentir a tensão em minha postura.

Nós passamos pela segurança do lugar e eles nos revistaram, procurando por armas ou qualquer outra coisa que fosse capaz de oferecer algum risco para as pessoas ali presentes. Fechei os olhos, tentando controlar o alívio que me tomou quando a mulher deslizou a mão pelo meu corpo e simplesmente me liberou.

A faca tinha passado despercebida pela segurança de Brandon Pellignton e nós estávamos dentro.

— Você tem certeza disso, Ryan? — perguntei, mais uma vez, com a voz baixa e vacilante enquanto seguíamos por uma espécie de escada que levava para o subsolo do terreno.

— Nós temos que fazer isso, se não, nunca seremos livres. — A voz dele era um pouco fria.

O meu estômago se revirou em pânico quando percebi que sequer imaginaria poder haver um lugar tão grande, camuflado por debaixo da casa. O longo corredor recebia um ar rústico e antiquado adornado com tochas douradas.

Requintado e exagerado.

Quando alcançamos o final do corredor e ultrapassamos uma grande porta dupla de madeira, os ruídos dos burburinhos e conversas começaram a nos alcançar.

No pavimento a frente, as pessoas riam e conversavam acima de suas taças de espumantes caros. As roupas das pessoas e a ornamentação do espaço eram de alto nível. Estaquei quando minhas pernas falharam ao me deparar com a quantidade de pessoas contidas ali.

Como lidaríamos com tudo aquilo?

— Nós precisamos nos enturmar até localizar o Pellington. — Articulou Ryan, pronunciando-se apenas para mim ao se aproximar do meu ouvido.

Atravessamos a porta, descemos o largo lance de escadas e a minha garganta se fechou, porque uma vez dentro, não dava para voltar atrás. Eu precisava ser forte e passar por isso sem vacilar.

Dizem que a melhor solução para os nossos problemas e encarar os nossos demônios de frente. Nós estamos prestes a fazer isso. Estaríamos cara a cara com nosso demônio e ele era perigoso demais.

Suspirei, tomando uma boa dose de ar e coragem. Esse plano tinha de funcionar ou então, estaríamos mortos antes mesmo dessa noite acabar. Mas estava certa de que essa noite ele tinha que morrer. Era ele ou a gente. Isso mudava tudo e tornava as coisas muito mais motivadoras.

— Boa noite... — Um garçom passou por nós, estendendo em nossa direção uma bandeja prateada com taças servidas sobre ela.

Ryan o dispensou no momento seguinte, mas eu me apressei em pegar uma das taças e virá-la na boca. Aquilo tinha de me ajudar a relaxar um pouco.

— Vá com calma... — orientou ao olhar a minha taça vazia — querida... — acrescentou, forçando um sorriso despretensioso — ou então vai estragar tu-...

A voz de Ryan foi sobreposta por uma voz mais altiva.

— Grande Ryan Russell, mas que surpresa... — A voz parecia calorosa, mas eu não conseguia ver, porque Ryan estava em meu campo de visão, até se virar, liberando meu contato visual.

— Ei aí, Adam... — Ryan respondeu, apertando a mão do homem em um comprimento amistoso.

Eu apenas o analisei, silenciosamente.

O homem era bonito, parecia estar na casa dos trinta anos. Seus cabelos bem penteados e modelados eram escuros, e seus olhos eram de tons acastanhados perigosos.

Todas as pessoas neste lugar não pareciam ser confiáveis, pois se tratava de um evento organizado por um grande criminoso de Nova York.

— E aí, como vão as coisas em Nova York? — O homem perguntou, estendendo o seu olhar a mim e quando percebi que aquilo durou mais do que alguns discretos segundos, comecei a me sentir incomodada.

— Entediantes, como sempre... — Ryan respondeu, com um ar amistoso.

Certo, quem era essa figura e porque ele estava aqui?

Porque estava envolvido com o Brandon?

— E essa maravilha, quem é? — Ele indagou, chamando a atenção para mim.

Ryan arqueou uma das sobrancelhas e se movimentou para mais perto de mim, pousando a mão na altura das minhas costas, induzindo-me mais para o centro da conversa.

— Essa é Blanca Gonzalez.

— Ooouuu... — Adam disse num silvo quase surpreso. — Uma latina?

— Das "calientes", meu amigo... — Os dois sorriram da piada de Ryan e as minhas bochechas quase pegaram fogo.

Qual era realmente a necessidade de Ryan fazer aquele tipo de comentário? Nenhuma!

Mas o momento engraçado finalizou-se quando Adam interrompeu a piada, fazendo um sinal com a mão, chamando a atenção para uma jovem com notáveis traços orientais, que estava fora do nosso campo de atenção. Ela parecia uma boneca daquelas de porcelana com no máximo dezoito anos. Os cabelos negros brilhosos estavam presos em um coque alto. Ela vestia um longo vestido azul com pontos brilhantes que contrastavam a pele branca e os olhos pequenos, escuros e marcados, pareciam tentar disfarçar alguma coisa, talvez ela estivesse tão constrangida quando eu.

— Essa é a minha Lina. — Apresentou ao segurá-la pelo braço, e eu observei a forma como seus dedos ficaram marcados na pele da menina quando soltou.

Aquilo não era um problema meu, mas pensei em dizer algo sobre ele estar segurando-a com força, no entanto a menina manifestou-se, interrompendo a minha hesitação.

— Olá! — A menina disse, com os ombros encolhidos, após encarar Adam por alguns instantes e ele gesticular com a cabeça para nós. Ryan assentiu com a cabeça, e mesmo eu achando tudo aquilo muito estranho, abri um dos meus sorrisos forçados.

— Bem, se me derem licença, eu preciso falar com a minha acompanhante agora. — Notificou, antes de se retirar, levando a mão até a altura das costas da jovem.

— Tudo bem... — suspirei, me direcionando a Ryan. — Isso foi muito estranho.

Outro garçon passou por nós e eu me apressei em pegar outra taça de champanhe.

— O nosso foco não é esse. — Declarou Ryan, apontando com a cabeça para o outro lado do salão, e a minha garganta se apertou quando uma figura engravatada e imponente se fez presente.

— Quem é esse cara? — Eu realmente tinha sentindo um clima estranho no ar. — Ela não é bem mais nova do que ele?

Ryan segurou em meu braço, me puxando um pouco mais para perto.

— Fica longe desse cara. Ele trafica mulheres mancomunado com Pellignton.

— Caramba... — deixei escapar, pasma com a informação.

— Não se surpreenda. Essas pessoas estão envolvidas até as tampas em alguma coisa muito ruim. É por isso que elas estão aqui hoje.

A gente estava dentro de um vespeiro e qualquer passo em falso poderia colocar tudo a perder. Um calafrio começou a percorrer o meu estômago e eu ergui o meu olhar para a figura intrigante que surgira pelo salão.

— É ele? — Quis saber, sem desviar os olhos do homem que segurava uma taça de champanhe e distribuía cumprimentos.

Ryan olhou na mesma direção que eu, fazendo uma pausa enervante.

— Sim — confirmou. — Que ótimo. A festa acabou de começar.

Vacilei por um momento, retesando os meus músculos assim que a ficha caiu, e eu percebi que o jogo tinha acabado de começar.

Todas as pessoas se dirigiram para um local que mais se parecia com um ginásio particular. Algumas filas de cadeiras estavam dispostas em volta de um tablado maciço, mais alto, isolado por faixas vermelhas.

Todos se acomodaram nos acentos ao redor do ringue e Ryan e eu fizemos o mesmo, nos reservando à última fileira. Primeiro porque, a luz não era tão intensa daqui e nós teríamos uma visão mais ampla de tudo o que acontecia.

Um homem tomou o microfone e começou a fazer um discurso com o qual, o meu nervosismo não me permitiu prestar atenção, mas dispersei a minha distração no momento em que Pellignton subiu no ringue e começou a se pronunciar:

— Sejam muito bem-vindos, meus caros amigos. — Vi de onde estava, Brandon abrir um sorriso carismático e satisfeito. Ele era charmoso e se não fosse um grande bastardo criminoso, eu até assumiria que era lindo. A voz dele era harmoniosamente maldosa e muito marcante ao ecoar pelas caixas de som estrategicamente espalhadas pelo espaço. — Creio que como eu, vocês também estão à procura de um pouco de diversão. Sendo assim, gostaria de anunciar a atração da noite — ele abriu um grande sorriso e todos já pareciam saber o que viria a seguir, pois os aplausos surgiram no mesmo instante em que anunciou — Red, "a destruidora", as luzes começaram a oscilar no momento em que uma mulher coberta por uma capa vermelha que lhe cobria o rosto surgiu por trás do palco e subiu pulando no ringue.

Em meio à euforia da plateia, ela puxou e abaixou o capuz, revelando seu rosto oval e bruto. Ela era surpreendentemente branca e seu corpo era robusto, composto inteiramente por músculos. Seus cabelos vermelhos vibravam com a luz incandescente refletida nos fios de cor intensa, presos por duas tranças laterais longas. Como uma vitoriosa, a mulher ergueu os braços, exibindo punhos envolvidos por faixas brancas e o pessoal vibrou novamente junto com ela.

— Obrigado, querida. — disse Brandon, retornando ao microfone. A mulher assentiu com a cabeça, afastando-se do centro do ringue para ficar mais às bordas.

— O que vai acontecer, agora? — questionei, me voltando para Ryan.

— Pellignton adora apostas e jogos de azar — estalou em resposta — e ele ainda conseguiu conciliar ganhar dinheiro e ter diversão ao mesmo tempo. — Ele explicava, alternando o olhar entre o ringue e eu. — Está vendo aquela ruiva grandona lá em cima? — apontou, retoricamente. — Ela é agenciada Pellignton, se é que se pode chamar isso de agenciamento — enfatizou, revirando os olhos — e ela recebe uma boa grana para lutar, fora a porcentagem do que ganha em cima das apostas, e outra, ela não perde uma. A mulher parece uma máquina...

Voltei a minha atenção para o ringue e analisei a mulher com mais atenção desta vez. Ela não era tão excepcionalmente grande, e seus músculos não beiravam o absurdo ou a estranheza. Ela tinha uma beleza diferente. Um pouco rude e antiquada. Mas bonita.

— A luta já vai começar! — Acrescentou.

Logo outro homem apresentou uma oponente tão grande quando a destruidora e fez-se o momento em que as apostas foram realizadas. Uma alta quantia girou pela plateia, e o início da luta foi liberado.

— Certo, essa é a minha deixa, me deseje sorte — suspirou, abrindo um sorriso nervoso. — Eu vou dar continuidade ao plano e você precisa tentar distraí-los até que eu tenha resolvido tudo. Tenho quase certeza de que ninguém irá sair daqui... mas preciso que você se certifique de que isso vai acontecer.

Quase certeza... O plano não era feito de muitas opções. Ryan tinha a sua parte e eu tinha a minha. Não havia para onde correr.

Concordei com um aceno de cabeça, e Ryan se levantou da poltrona, mas parecia ter recuado ou repensando, pois estacou seus movimentos.

Droga. Será que ele tinha desistido?

Engoli em seco quando ele voltou a se sentar ao meu lado.

— Se eu morrer... — ele suspirou, depois de um tempo que pareceu infinito, bem mais próximo de mim agora. Eu pensei em lhe interromper e dizer que não morreríamos, mas a quem eu queria enganar? Essa noite era tão improvável quanto nossos destinos dependiam disso. — Vai ser por uma boa causa... — Ryan parecia tentar se confortar de alguma forma — Eu não quero que as pessoas se lembrem de mim como um covarde que fugiu até a morte.

— Ninguém vai lembrar da gente, Ryan... — lamentei quando uma pequena pontada rasgou o meu peito. Naquele momento, lembranças de Stayce perpassaram minha mente. Ele também tinha perdido a família e a essa altura, não tínhamos mais ninguém. Éramos nós por nós mesmos. Suspirei ruidosamente e levei a mão ao seu rosto, sentindo a barba recém-aparada arranhar de leve a minha palma. — Ninguém se lembrará de nós além de nós mesmos... — Foi doloroso reconhecer, mas nós tínhamos perdido tudo.

Senti quando ele concordou com um movimento fraco de cabeça. Eu não conseguia vê-lo muito bem, pois onde estávamos era escuro o bastante para nos camuflar, mas eu podia sentir as lufadas quentes da sua respiração na minha pele. Próximo demais, começava a concluir. Devagar demais.

Momento errado. Hora errada. Pessoa errada.

Um alvoroço repentino iniciou-se ao redor, chamando a nossa atenção. Minha garganta se contraiu quando voltei o rosto de súbito em direção ao ringue, e a lutadora ruiva tinha acabado de nocautear sua oponente.

Ela era realmente muito forte. Ryan se levantou discretamente, aproveitando-se da agitação e fez a volta pela última fileira, sumindo escuridão adentro.

Depois que ele sumiu, chupei um pouco de ar em forma de coragem e me preparei para o que tinha de fazer a seguir. Pus-me de pé no momento seguinte, inflei o peito e empinei o nariz. Postura perfeita. Uma mulher de atitude. Todo mundo gosta de mulheres confiantes.

Realmente esperava não estar ridícula nesta pose, mas que se dane! Precisava seguir adiante. Um pé depois do outro, tomando todas as medidas para não tropeçar de nervosismo com os novos sapatos altos.

Droga, eu não me sentia minimamente preparada para fazer tudo o que tinha de fazer e ainda por cima, em cima de um salto. A adrenalina percorreu minhas veias como uma corrente elétrica que agitava meu coração. Era um misto de tensão e agonia, mas eu estava gostando daquilo. Era como se uma parte de mim gostasse de ser assim, de ouvir o perigo sibilar nos meus ouvidos; como se estivesse sobre uma corda bamba. Vivendo por um fio.

Nada mais motivador do que ter seu pescoço na forca.

Mas mesmo assim, eu tentava me conter. Tentava controlar aquele frio que irradiava do meu baixo ventre para o corpo inteiro.

Ser gentil e sorridente. Sexy e provocadora.

"Agir naturalmente." — Era a droga da voz de Ryan reverberando nos meus ouvidos. Como seria agir naturalmente diante de um supercriminoso procurado, que poderia me matar a qualquer momento?

Talvez eu estivesse tecendo a própria corda que me enforcaria. Mas eu me recusava a pensar muito sobre isso.

Senti uma pressão nos tímpanos e um zumbido crescente quando o vi a poucos passos.

Hora de colocar o plano em prática, dissimulada.

Olhei para trás e apertei o passo em sua direção.

— Oh, minha nossa! — murmurei, fingido tentando entender o que tinha dado errado. — Me desculpe! — Pedi, tentando me recompor, ainda sem encará-lo. Ele tinha amparado a minha queda e me segurava com uma pegada firme pela cintura.

Um cheiro amadeirado misturado com menta contaminou o meu nariz, era ele.

Passei a mão pelo cabelo, puxando-o para o lugar e ergui o olhar. Senti como se todo sangue escoasse do corpo. Minha respiração falhou. Abri a boca, mas a fechei, repeti o processo algumas vezes e por mais que tentasse, a voz não passava pelos lábios, por fim, tinha desistido de proferir qualquer coisa.

Ele era desconcertantemente atraente. O criminoso mais bonito que eu já tinha visto. E eu não sabia o que mais chamava atenção ali, as sobrancelhas grossas que emolduravam os olhos negros enigmáticos; cabelos escuros, muito bem arrumados em um topete elegante ou o rosto marcante e um queixo sinuoso. Tudo ali parecia ser milimétricamente harmônico.

— Está tudo bem, querida? — indagou Pellignton, analisando-me de cima a baixo. Sua voz agora estava agonizantemente perto demais.

Pensei em sair correndo dali, mas eu não podia. Ryan estava seguindo a parte do plano dele e uma louca correndo desvairadamente por aí, chamaria muito mais à atenção do que uma mulher atrapalhada. Precisava de uma desculpa para mantê-los distraídos.

Ryan dependia disso. Nosso plano dependia disso. Nossa vida dependia do meu desempenho.

Segurei um suspiro de medo e assenti num gesto lento de cabeça, tentando me afastar dele o suficiente para que suas mãos não estivessem mais sobre mim.

Isso não ajudaria.

Precisava ser mais atrativa.

Um estalo fez a minha mente guinar e sem pensar duas vezes, ergui as mãos, pousando-as sobre o peito dele e deslizei-a de vagar para cima e para baixo.

— Bela pegada... — comentei num sussurro, tentando soar o mais provocante que podia ao aproximar os lábios da orelha dele.

Quando voltei o rosto para encará-lo, percebi que mesmo com toda apreensão, havia conseguido o que queria, pois Brandon me encarava com nítido interesse e curiosidade.

As mãos dele repousaram sobre os meus quadris e ele me puxou mais para perto de si.

— Obrigado, mas com esses olhos, eu não seria capaz de te deixar cair. — Ele flertou, e antes que me desse conta, a mão dele deslizava do meu quadril para as minhas nádegas.

Os olhos dele se estreitaram como se aguardasse algum tipo de reprovação à sua provocação, mas quando isso não aconteceu, os lábios dele se curvaram discretamente num sorriso sedutor.

Era disso que eu precisava.

A atenção de Brandon. Agora eu só precisava trabalhar para mantê-la sobre mim.

— Como você se chama, querida? — Brandon quis saber, afastando-se um pouco de mim.

Eu levei mais do que alguns segundos para responder aquela pergunta e isso foi o bastante para fazê-lo abrir a boca.

— Gosta do que está vendo, querida? — Questionou, abrindo um sorriso presunçoso e lado.

Desviei o olhar, desconcertada, depois de fitar aqueles olhos intrigantes de um tom tão escuro que beirava o preto e soltei discretamente o ar que estava preso na garganta, enquanto rememorava todo o plano antes de colocá-lo em prática:

— Blanca. — Proferi tentando soar com propriedade e segurança. — Blanca Gonzalez.

— Belo nome. Combina com você. À proposito, eu me chamo Brandon. Brandon Pellignton — disse, antes de gesticular para que eu me sentasse ao seu lado. — Mas acho que você já sabe disso. — Acrescentou, olhando-me com olhos obscuro e sorriso obscenamente de lado, porque ele sabia o que aquele nome representava para todo mundo ali.

Poder, dinheiro, jogo de interesse; manipulação.


Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro