Primeiro dia de aula. 🏫📓📚
Finalmente, chegamos em casa. Parecia não ter fim essa viagem. Neste momento, eu estava me sentindo forçado a fazer algo que não queria, e isso foi horrível. Todos estavam contra mim e eu contra todos (que imaginação!). Para Marcely, isso poderia ser uma boa influência, porque, assim, ela poderia construir uma nova vida e arrumar um bom emprego na cidade grande — não me acostumei ainda com tantas casas, lojas, enfim... Onde morávamos, o bairro era pequeno, por isso causou um certo espanto. Já para os meus pais, seria uma maravilha voltar a morar perto de seus familiares, que não se viam há um bom tempo, principalmente eu, que nem lembro deles direito. Mas algo estava me dizendo que essa mudança repentina fosse gerar uma grande mudança em nossas vidas.
Quando nos aconchegamos, resolvi ter uma conversa com Marcely, que estava organizando o quarto novo. Apesar de não ter feito isso ainda, admirei sua empolgação.
— Parece ser tão fácil para você.
— O quê? — questionou ela, curiosa.
— Não estou me sentindo bem, aqui.
Ela olhou para mim, esbanjou um sorriso e sentou-se na cama.
— Acho que, com o passar do tempo, vamos organizando nosso destino aqui, principalmente você, que é novo e tem muito a aprender — disse ela, compreensiva.
— Acredito que já aprendi o suficiente para saber como deve ser o meu destino. Você não acha?
— Talvez. Você tem que ser forte, porque temos muito o que fazer nesses próximos dias.
Sentei ao lado de Marcely e a abracei com ternura. Senti um afeto enorme de sua parte.
— Quem decide o que eu quero não depende de ninguém. Tenho meus motivos para não me sentir bem, aqui.
— Mas você não sabe se controlar.
— Sei, sim. Não percebe isso?
— Entendo sua posição, mas... — suas palavras falharam.
Para desviar o assunto, Marcely voltou a organizar o quarto. Fiquei confuso.
— Por que não terminou o que tinha para falar? Está me dando um sermão, ou o quê? — persisti no assunto.
Senti um clima diferente. Felizmente, entendi seu lado e decidi me retirar para não gerar uma discussão.
— Espera. Desculpa. Só quero o seu bem. Sei que este momento é complicado, mas devemos ficar unidos — disse ela, interrompendo minha saída.
Dei meia volta.
— Está tudo certo, eu sei qual é a sua função.
— E qual é a minha função?
— Ser uma irmã protetora, amiga e companheira. — Fiz uma pequena pausa. Observei sua feição animada e percebi uma mudança agradável no ambiente. — Além do mais, você nem brigou comigo.
— Porque não deu tempo — complementou ela, às pressas.
Fiquei surpreso com seu comunicado. O clima mudou aos meus olhos, e, de repente, começamos a rir. É difícil Marcely brigar comigo, principalmente agora.
— Confesso que fiquei um pouco assustado. — Poderia ter sido verdade, afinal, o ser humano é imprevisível, mas conheço muito bem minha irmã e não optei por esta suposição. — Queria pedir desculpas, por parecer grosseiro.
Marcely não disse nada, simplesmente esbanjou um sorriso, deixando o clima mais confortável.
🏫📓📚
A noite aparentou ser a mais longa de toda minha vida, porque, no dia seguinte, eu iria para uma escola nova, e a ansiedade era grande, além de estar sem sono, para piorar a situação. Tentei ouvir música no fone de ouvido para me distrair, e, quem sabe, descansar um pouco. Não consegui. Permaneci com os olhos abertos. De repente, outra preocupação surgiu em minha cabeça. O fato de ter que arrumar meu quarto no dia seguinte me deixou pensativo. Acredito que não tive tempo o suficiente para me organizar, até tive, só que preferi esperar um pouco, até cair a ficha. Muitas vezes, tentei fugir daquele pensamento contínuo, mas era impossível pensar em outra coisa que não fosse no meu futuro.
Inesperadamente, recebi uma mensagem. Levei um susto por estar distraído, mas fiquei feliz ao ver que era Jeny.
Oi. Já estou morrendo de saudades.
Admirei as palavras com tanto afeto que acabei sentindo uma saudade angustiante. Imediatamente, respondi.
Eu também já estou com SAUDADES.
Infelizmente, a bateria acabou. Percebi que já estava tarde e precisava dormir, mas ainda bem que deu tempo de enviar uma mensagem a ela.
🏫📓📚
No primeiro dia de aula, cheguei atrasado, para começar bem. Minha turma é estranha. Há vários tipos de pessoas. Acho que tinha umas três garotas patricinhas (lindas), dois emos (aparentemente), um grupo de nerds, e nem prestei atenção no restante do pessoal para não causar mais espanto. O que importava era me acostumar com a nova escola. A coordenadora foi legal comigo, me acompanhou até a sala e fez questão de me apresentar para a turma. Já era metade da primeira aula, e, mesmo assim, fui bem-recebido. Fiquei imaginando como seria cada um deles, inclusive o professor. Me senti um anormal naquele momento.
Na hora do recreio, tive que me contentar com o celular, sentado na escada, ouvindo música. Novamente, vieram pensamentos sobre a mudança. Tentei me controlar, mas não consegui, porque aquilo era mais forte do que eu, então, não tinha necessidade de ficar me corroendo por algo que seria difícil de lidar. Ao longe, avistei uma garota que estuda na mesma sala que eu, vindo em minha direção. Ela estava acompanhada de um emo, ou talvez um garoto que gostasse de usar preto. Simplesmente sorriram para mim, e vieram falar comigo. A garota parecia estar empolgada.
— Oi. Sou Beatriz, mas pode me chamar de Bia — disse ela.
O garoto demonstrou seriedade.
— Sou Micah — disse ele.
Fiquei surpreso ao ver os dois tomando alguma iniciativa. Confesso ter ficado feliz, mas achei melhor não mostrar tanta alegria no momento.
— Oi. Sou Chendy. — Tentei disfarçar a vergonha. — Eu morava no Rio de Janeiro.
Bia sentou-se ao meu lado, surpresa.
— Nossa! Que massa. Você já veio aqui, antes?
— Meus pais eram daqui, eu também, foi por causa do emprego deles que nos mudamos para lá.
— E por que voltaram?
— Eles conseguiram transferência do emprego, para ficarmos mais perto da família.
— Entendo.
Percebi que eles eram pessoas legais, mas não o suficiente para ir desabafando tudo que passei.
— Somos os nerds da sala — manifestou-se Micah, tentando me enturmar.
Fiquei surpreso.
— Os nerds?
— É que vivemos na biblioteca, ou com um livro na mão.
— Sinceramente... pensei que você fosse um emo. — Eles começaram a rir de meu pronunciamento. — O que houve?
— Isso é normal, somos os esquisitos da turma, mesmo — respondeu Bia, em meio às risadas.
Pensei um pouco sobre a reação de ambos, e senti uma liberdade para me aproximar.
— Vocês moram aqui perto? — indaguei.
Ela ainda estava rindo da situação, olhou para minha expressão constrangida e cessou os risos.
— Moramos aqui perto, sou vizinha dele.
— Que legal. Espero que seja perto da minha casa, também.
— Nós esperamos — disse Micah.
Ocorreu um silêncio. Fiquei sem saber o que dizer. Me senti um completo estranho.
— Acho melhor te mostrar o restante da escola — disse Bia.
Concordei e começamos a andar pelos corredores da escola. O que mais importava naquele momento era ser amigo deles, e mais nada.
🏫📓📚
Na hora de ir embora, Bia e Micah me acompanharam até em casa. Felizmente, eles moram perto da minha. Ficamos felizes, porque poderíamos nos ver sempre que possível, e combinamos de sair no fim da tarde, para dar uma volta na pracinha. Fiquei feliz pelo convite deles, e claro que não recusei. Porém, ao abrir o portão, lembrei que precisava arrumar o quarto. Pensei que ia descansar um pouco, mas tive força de vontade para fazer as tarefas de casa primeiro.
Mais tarde, resolvi continuar escrevendo minha história. Estava tendo inspirações e aproveitei a oportunidade, portanto, adiei o serviço de arrumar o quarto. Apesar de estar focado naquele texto e no tema, não me esqueci dos episódios que haviam acontecido anteriormente.
Foi complicado botar no papel as ideias que eu tinha, e também tão cansativo, que acabei dormindo sobre a escrivaninha.
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