O começo de um fim. 💞👫💖
Não senti meu corpo naquele instante. A escuridão tomara conta de meu ser por completo. O que acontecera com Julie tornou-se uma incógnita. Pensei que morrer fosse... dolorido. Na verdade, estava sendo uma experiência completamente fora do normal.
Alguns segundos de sofrimento. Prendi a respiração, novamente, e a escuridão retornou com força, de modo inesperado.
De repente, senti algo confortável em meu corpo. Ainda com os olhos fechados, ouvi um barulho estranho. Aparentemente, alguém arrastava uma cadeira com suavidade. Fiquei curioso para saber o que estava acontecendo e abri os olhos lentamente. O raio de sol atravessou a janela e refletiu seu brilho em meu rosto. O susto maior foi quando avistei Marcely em meu quarto. Não acreditei no que estava vendo. Como fui parar em meu quarto?
A felicidade ficou nítida, e meu aspecto esbanjava jovialidade naquele momento. Só pelo fato de estar bem e vivo, já era o suficiente.
— Desculpa, não queria acordar você — disse Marcely, sentindo-se culpada por ter me acordado.
Fitei sua expressão piedosa e franzida. Voltei os olhos para o quarto — sem acreditar no que acontecera — e admirei o ambiente. Novamente, observei minha irmã dos pés à cabeça e não resisti ao momento para abraçá-la. Envolvi os braços em seu corpo e esbanjei alegria.
— Nossa! Que saudades.
— O que houve? — indagou ela, sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.
Soltei seu corpo, rapidamente, e fitei sua feição franzida.
— Vocês não estão chateados comigo? — questionei.
— Chateados, com o quê?
— Com o meu sumiço!
— Se você está se referindo ao que aconteceu ontem, fique tranquilo. — Ela sorriu.
— Espera! O que aconteceu ontem? — indaguei, curioso.
— Por acaso, você bebeu? — Balancei a cabeça, em negação. — Estou falando da festa do Mateus. Você foi embora mais cedo.
Ficamos em silêncio. Refleti rapidamente sobre Julie e Dórlex. Tive uma chance de recomeçar tudo de novo, sem a presença da garota que mudara minha vida. Aquele momento foi triste e decepcionante comigo mesmo. Deveria ter me esforçado mais. Deveria ter outra forma de ficarmos juntos. Não acreditei no que realmente ocorrera. Talvez, fosse um sonho, um pesadelo, ou apenas minha imaginação. Ela faria muita falta. Provavelmente, não encontraria ninguém, desde então.
Saudades.
Respirei fundo e aproveitei a nova chance para recomeçar com eficiência.
Corri até a sala, liguei o som, com minha música favorita no último volume, e apreciei o momento. Me direcionei até a cozinha, onde estavam meus pais. Abracei os dois, ao mesmo tempo, e ambos ficaram surpresos com minha atitude.
— Você está bem? — questionou minha mãe.
Sentei em volta da mesa, que estava repleta de comida.
— Estou ótimo — respondi, alegre.
Os dois se olharam surpresos.
— Nós vamos até o supermercado, e já voltamos — disse ela.
Marcely chegou em seguida.
— Fui no seu quarto colocar um bilhete avisando que iríamos sair, mas nem foi preciso — disse ela.
— Você também vai? — questionei.
— Sim. Preciso comprar umas coisinhas.
— Conheço muito bem você.
Começamos a rir. Eles saíram em seguida, e tive que tomar o café da manhã sozinho, novamente. Só que naquele momento, eu estava feliz e satisfeito.
Após tanta felicidade, comecei a refletir sobre Julie — outra vez. Felizmente, eu estava bem e seguro. O pior de tudo é que perdi a garota que tanto amava. Pensei que fosse doloroso — e foi. Até um certo momento, me senti triste e decepcionado, mas acabei deixando a lástima de lado e pensei em minha estabilidade. Se não estivesse alegre, com certeza, sua decisão teria sido em vão.
Era preciso erguer a cabeça e seguir em frente, porque aquele era o começo de um fim.
Em meio aos pensamentos, alguém os interrompeu batendo à porta. Levei um susto. Desliguei o som e fui atender. Abri, vagarosamente, a porta e o brilho irradiante de sol complementou a cena. Avistei uma garota linda, incrível e idêntica à Julie. Fitei sua feição magnífica de modo indiscreto. Fiquei boquiaberto, sem acreditar no que estava vendo. Ela ficou meio assustada com minha recepção.
— Oi — disse ela.
Esbanjei um sorriso desleixado.
— Oi.
— Sou Juliana, você não me conhece porque acabei de me mudar para essa casa ao lado, mas pode me chamar de...
— Julie! — interrompi ela, às pressas.
— Como você sabe? — indagou ela, surpresa.
— Intuição.
— Tudo bem. — Ela sorriu, gentilmente. — Eu queria saber se você tem alguma caixa sobrando, é que a gente vai precisar para guardar algumas coisas. Você tem?
— Sim, eu tenho. Você mora com seus pais?
— Sim.
— Se vocês quiserem, podem almoçar aqui, hoje. Estão convidados.
— Não queremos incomodar.
— Não, de jeito nenhum! Moro com meus pais e minha irmã mais velha, eles não vão achar uma ideia ruim. Faço questão.
Ela olhou para dentro da minha casa, meio desconfiada, e percebeu que não havia ninguém.
— Onde eles estão? — indagou ela, curiosa.
— Eles foram ao supermercado, e, daqui a pouco, estão de volta.
Sorri.
Entrei para buscar uma caixa. Peguei a maior que tinha na cozinha e, rapidamente, entreguei a ela, que ficou muito contente com o convite e foi correndo comunicar aos pais.
Consegui entender, naquele exato momento, o desfecho de cada ocorrência. Senti o amor de novo, por uma pessoa real. Era preciso ter confiança e acreditar em mim mesmo para não prejudicá-la. Talvez, fosse um amor não correspondido, mas, naquele instante, parecia ser algo forte e verdadeiro. Julie queria minha felicidade e, por pura coincidência — ou não —, conheci alguém parecido com ela.
💞👫💖
Mais tarde, estávamos reunidos no quintal, em volta da mesa. Julie apresentou seus pais para toda minha família e nos apresentamos também, como gratidão e gentileza. Percebi que ela estava a fim de mim pelo seu jeito de olhar e através de suas atitudes. Talvez, fosse impressão minha, mas os fatos estavam comprovando minha intuição.
O dia estava perfeito para um almoço fora de casa. Ficamos sobre a sombra de uma árvore. Eu estava feliz com aquele momento tão especial e único. Deveria comemorar a nova etapa a ser enfrentada. Depois de tudo que eu passara, nada melhor do que aproveitar a nova oportunidade com apreciação.
💞👫💖
Após a refeição, convidei Julie para caminhar na pracinha. A ideia foi ótima para nos conhecermos melhor, e ter certeza se realmente ela estava gostando de mim. Conversamos muito, sobre diversos assuntos. Seu jeito lembrava muito a Julie, que mudara minha vida primeiramente. Por ser nova no bairro, acabei descobrindo que iríamos estudar juntos, na mesma sala. Fiquei feliz pela notícia e, ao mesmo tempo, ansioso.
Sentamos em um banco, perto do lago. Ficamos em silêncio, enquanto admirávamos a bela paisagem.
— Aqui é lindo — disse Julie, fascinada.
— Eu gosto muito deste lugar. É incrível.
Ela fitou meu aspecto alegre e sorriu, esbanjando jovialidade.
— Parece ser bem tranquilo aqui.
— É bem legal vir aqui depois da aula.
— Isso foi um convite?
— Talvez. Isso depende do que você entender.
— Acho que entendi o suficiente para te dizer um sim.
— Então, você aceita?
— Sim. Amanhã, será meu primeiro dia. Depois da aula, a gente vem aqui.
— Pode ser. O mais legal é que aqui tem bastante movimento durante a semana, além de ser seguro.
— Vamos mudar um pouco de assunto?
— Tudo bem.
— Eu queria pedir desculpa.
Fiquei surpreso com seu comunicado.
— Pedir desculpas, pelo quê? — indaguei, curioso.
— Por isto — disse ela, enquanto segurava minha mão, prestes a me beijar.
Sorri para sua expressão alegre. Envolvi os braços em seu corpo e a beijei com ternura. Aproveitei o momento para compartilhar muitas coisas boas. Aquele poderia ser um encontro único.
Soltei seu corpo com suavidade e, novamente, sorri.
— Você está desculpada.
Segurei seu rosto com suavidade.
— O que achou de mim? — indagou ela.
— Assanhada — demonstrei seriedade com as palavras e, rapidamente, esbanjei um sorriso de orelha a orelha. — Eu gosto disso.
— Não sou assanhada, só gosto de ir direto ao ponto.
Ela mordeu o lábio inferior. Puxei Julie, levemente, e encostei a boca em seus lábios. Nos beijamos, novamente, de modo afetuoso.
Inesperadamente, fitei seu olhar sombrio.
— Você quer namorar comigo? — questionei, esperançoso.
— Nossa! Ainda é cedo demais, você não acha?
— Gosto de ir direto ao ponto, também.
Dei uma piscada.
Ela soltou uma risada e esbanjou jovialidade. Apreciei seu aspecto alegre e cruzei os braços, admirando sua atitude.
— Ótimo argumento. Eu aceito. — Ela fez um breve silêncio. — Talvez, seja realmente muito cedo para dizer isso, mas estou confiante.
— O que você quer dizer? — questionei, curioso.
Julie se aproximou de meu rosto.
— Eu te amo — cochichou ela.
— Por incrível que pareça... eu também — retribuí seu gesto, fascinado com tanta exuberância.
Nossas declarações transmitiram confiança e veracidade. Aquele momento único seria eterno. Inexplicavelmente, nosso amor era... visível. Seu toque era indispensável e nosso namoro seria apenas o começo de uma união confiável.
Estávamos conectados de forma sincronizada e nada parecia ser por acaso. Nosso amor seria eterno.
Aquele fora o início de nosso "felizes para sempre".
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