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Almoço

Os dedos estavam suando e tentou secá-los no paletó. Tinha até comprado um terno novo e elegante para vestir e perguntou-se se os pais de Ada tinham gostado do seu jeito. Olhou-os de soslaio com receio, mas eles estavam conversando animadamente com a filha e pareciam alegres.

Continuou comendo a comida que a mãe de Ada, Cristine, tinha preparado. Ela havia cozinhado nhoque ao molho branco e medalhões de filé mignon para acompanhar. Uma salada primavera dava cor ao prato e contrastava com as texturas macias e quentes. Tudo estava ótimo, tão gostoso que foi difícil para Alan concentrar-se em puxar algum assunto.

O pai dela, Otávio, estava ao seu lado. Ele cuidava da fazenda, vendia cavalos e lã de ovelha. O que sabia sobre aqueles assuntos? Nada. Só tinha experiência em ordenhar vacas, se é que podia chamar de experiência.

Começou a suar e usou o guardanapo para secar a testa discretamente.

Otávio inclinou-se, comeu um pedaço do medalhão e encarou-lhe de perto. Foi analisado com tanto escrutínio que abaixou o olhar para o próprio colo e bebeu um gole de suco de abacaxi.

━Papai, não deixe o Alan constrangido. -Ada deu uma risadinha e entrelaçou os dedos nos de Alan

━Disse que é advogado. Tem escritório?

━Sim. -quase gaguejou a resposta

Não tinha nenhuma experiência com pais de namoradas, até porque nunca tinha tido uma namorada. Ada era a primeira. Tinha flertado com algumas mulheres apenas para saber como era, mas não tinha realmente sentido nada e achou-se ridículo depois. Com ela era diferente, porque ficava agitado e ansioso perto da loira, alguns arrepios estranhos passavam por seu corpo só de olhá-la e, toda vez que ela fazia alguma piada, tinha vontade de beijá-la, porque ela ficava linda contando-a.

━O que pretende com o escritório?

Alan entreabriu os lábios, mas fechou-os, sem saber responder àquela pergunta. Gostava de advogar, mas tinha o coração mole e sempre acabava ajudando pessoas carentes com trabalho pro bono. Entretanto também tinha clientes de classes sociais mais elevadas para os quais dedicava-se tanto que eles acabavam lhe pagando um bônus.

━Eu gosto de fazer trabalho pro bono para quem não pode pagar. Eu quero advogar para essas pessoas.

━Mas você não vai ganhar nada desse jeito.

Alan ficou vermelho. O pai de Ada mastigou e o bigode dele moveu-se junto. Tinha cabelos grisalhos fartos e olhos castanhos iguais aos da filha. Cristine pigarreou, encarou-lhe com doçura e deu um sorrisinho simpático ao dizer:

━Acho muito bonito você querer ajudar quem não pode pagar, Alan. É um belo gesto.

Cristine possuía cabelos longos e loiros, um rosto delicado marcado por algumas rugas e olhos castanhos. Sorriu para ela, aliviado com sua fala. Ada encarou o pai e Alan quis apertar as bochechas dela, pois estava emburrada e com o rosto vermelho.

━Papai, o Alan é um ótimo advogado. Eu disse para o senhor que foi ele quem me ajudou com a loja virtual.

━Muito bem. -Otávio largou os talheres- Entenda, querida, esse é o primeiro garoto que me apresenta em anos. O último foi quando era adolescente.

━Otávio, não deixe sua filha envergonhada assim.

Ada piscou, olhou para Alan com constrangimento e apertou sua mão por baixo da mesa, pois os dedos permaneciam entrelaçados.

━Eu fico preocupado, Cristine. Esses garotos de hoje em dia... -ele balançou a cabeça

Cristine começou a rir. Ada e Alan ficaram vermelhos, até que o advogado disse:

━Eu realmente amo a Ada.

A loira arregalou os olhos, surpresa com a confissão. Não tinham dito que se amavam ainda, mas pelo visto Alan tinha convencido o pai, que olhou-o com as sobrancelhas arqueadas e os olhos um pouco marejados.

Cristine tomou um gole de suco, adorando ver o entrosamento da filha com o namorado. Eles combinavam e ele a encarava com doçura e amor. Já gostava dele. Tocou a mão do marido por cima da mesa e ele apertou seus dedos com paixão.

━Jamais a magoaria. Ada é muito especial. -Alan comentou, com o rosto quente

━E eu não sei?

Para a surpresa de todos, Otávio começou a chorar. Ada levantou-se e abraçou o pai pelos ombros, sorrindo largamente.

━Pare de chorar, seu bobo.

━Você é nossa única filha, é a garota mais gentil, carinhosa e bondosa que conheço. Tenho orgulho de ser seu pai.

━Papai, eu amo você, sabe disso. Se eu sou tudo isso foi porque você e a mamãe me ensinaram a ser assim.

Ada beijou o pai na testa e beijou a mãe na bochecha antes de voltar ao lugar. Abraçou Alan pelo pescoço e deu-lhe um beijo gostoso e demorado na bochecha que deixou-o completamente vermelho. O gloss que usava, com cheiro adocicado de frutos, ficaria na sua pele.

━Eu amo você. -ela sussurrou em seu ouvido, deixando-lhe com os olhos arregalados

Otávio tossiu, olhou novamente para o namorado da filha e disse:

━Não a magoe, ou vai se ver comigo.

━Papai! -Ada revirou os olhos

━Está avisado. Saiba que gostei de você, Alan. Já tem estabilidade na vida, tem um emprego bom, um escritório, bons princípios... Combina com a Ada.

━Obrigado. Fico feliz com isso. -gaguejou

━Seja bem-vindo à família, Alan. -Cristine sorriu com alegria

━Muito obrigado. -murmurou

━Está pronto para a sobremesa? -a loira murmurou

Alan arregalou os olhos e parou de comer. Tinha comido tanto que não teria espaço para o doce.

━Eu... -começou a negar

━Eu que fiz a sobremesa. -Ada disse, envergonhada

Engoliu em seco, deu um sorriso fraco, assentiu e disse:

━Mal posso esperar para comer!

Quando chegou no apartamento onde morava, vomitou. Em seguida, Ada lhe telefonou e pediu desculpas por praticamente ter lhe empurrado cupcakes. Aceitou as desculpas e, antes de desligar a ligação, sussurrou:

━Eu realmente amo você.

O silêncio que se seguiu lhe deixou um pouco preocupado. Deu uma risadinha e acrescentou:

━Não disse aquilo apenas para fazer seu pai gostar de mim, Ada.

━Alan, eu sei! -ela riu- Obrigada por hoje, eles adoraram você. Obrigada por ser um namorado incrível. Me sinto a vontade com você. -ela murmurou

━Fico feliz com isso. Você é uma namorada incrível e graças a você já tenho mais de mil seguidores agora.

━Sério?! Que legal!

Ela realmente pareceu animada, mesmo que onúmero fosse ínfimo perto da quantidade de seguidores que ela tinha. Alan deu um sorrisinho, de olhos fechados, adorando a humildade dela.

━Alan, eu queria dizer que eu também amo você. Pena que estamos conversando por telefone, da próxima vez vou dizer pessoalmente, quando estivermos só eu e você.

━Vai me convidar para a sua adega? -sugeriu, dando uma risadinha e ela também riu

━Sempre que quiser, seu bobo.

Despediram-se com palavras carinhosas. Ao desligar, Alan fechou os olhos e sorriu, sentindo o cheiro do gloss dela em sua pele. Repetiu a cena dela dizendo que lhe amava diversas vezes na mente. Suspirou com felicidade e ansiedade porque mal podia esperar para sair com ela novamente. Já estava com saudades das falas engraçadas e extrovertidas dela, de como ela adorava apertar suas bochechas e abraçar-lhe pelo pescoço e sentiu um frio na barriga ao perceber que Ada era a primeira pessoa pela qual tinha se apaixonado. Ela era seu primeiro amor. 

___ A cena da coleira ainda não foi escrita, mas será postada no futuro aqui ♥ ___

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