7🌑
Já estava na segunda aula do dia, português, e até agora eu ainda não havia entendido nada do que a professora tinha falado. Não é segredo que sempre preferi a matemática do que o português, o que é meio contraditório já que adoro ler, mas não era por gostos ou preferências que eu não estava conseguindo me concentrar hoje. Eu tinha acordado hoje de manhã com um Scott preguiçoso ao meu lado, a tensão da noite passada havia aliviado um pouco, apesar de não termos baixado a guarda. Durante o café, eu e Scott conversamos e decidimos adotar algumas medidas "protetoras", já que Julian havia deixado bem claro que estavamos em perigo. Decidimos que eu não voltaria para casa sozinha depois da aula, Scott me buscaria na escola (eu protestei quanto a essa parte, porque é meio lógico que já que nós dois estavamos em perigo, não mudaria muita coisa eu voltar com ele para casa. Mas desconfiei que aquela medida não tinha muito haver com segurança, por isso cedi), não sairíamos de casa depois das nove da noite não só no final de semana, mas também durante a semana a não ser que houvesse uma emergência, e manteríamos contato frequênte por vía das dúvidas.
Olhei para o lado na direção da cadeira vazia que antes era ocupada por Mírian, mas desviei o olhar quase no mesmo instante. Não era hora de pensar naquilo. Minhas notas já estavam baixas o suficiente para me fazer prestar atenção na aula.
Uma hora depois quando a aula acabou fui até a frente da escola. Como combinado, eu não havia ido para a escola em meu carro e agora esperaria que Scott viesse me pegar. Menos de cinco minutos depois o carro de Scott apareceu no final da rua, mas não era ele que estava ao volante.
Julian abriu a janela do lado do motorista e fez menção para que eu me aproximasse. Corri até o carro e me joguei no banco do passageiro. No segundo em que me sentei Julian pisou fundo no acelerador. Bem, era uma situação complicada, não achei que o veria tão cedo e muito menos indo me buscar na escola no carro de Scott. Tive que me controlar para não ter outro ataque e me jogar em cima de Julian, até por que ele estava ao volante. Percebendo meu estado de incompreenssão, Julian falou com um sorriso.
- Fale alguma coisa Jenny por favor, não me diga que o gato comeu sua língua.
Respirei fundo duas vezes e falei:
- Ok, você saiu de minha casa ontem a noite, sem dar muita explicação. -falei compassadamente - e do nada aparece no carro do Scott para me buscar depois da aula. Posso saber o que está acontecendo?aliás, onde está Scott?
Ele jogou a cabeça para trás e gargalhou, em seguinda tirou uma das mãos do volante e bagunçou meu cabelo.
- A mesma Jenny de sempre. Você não mudou absolutamente nada. - ele deu uma rápida olhada em mim - Mas confesso que eu esperava uma recepção mais calorosa já que não nos falamos a dois anos.
- Desculpe - falei sinceramente.
- Não estou irritado - disse ele fazendo um gesto como para me dizer para deixar pra lá - E aliás Scott está em casa nos esperando, eu fiz uma visitinha surpresa para ele enquanto você estava na escola. Ele me recebeu de forma bem semelhante a sua, quis quebrar o abajur dele na minha cabeça. Ah, e antes que me pergunte, eu me aventurei a sair a luz do dia por plena adrenalina.
Claro. Não foi só eu que me manti a mesma durante dois anos.
- E por que veio me pegar no lugar de Scott?
- Hoje faremos uma experiência com você. Algo que vai te ajudar a entender melhor o que aconteceu comigo, e depois você pode contar tudo para o seu amigo, você sempre foi melhor que eu para explicar as coisas. - ele se vira para mim - e já que você é tão boa em explicar, gostaria que explicasse para o seu melhor amigo o que está acontecendo entre você e Scott Parker.
-Como assim o que está acontecendo?Não está acontecendo nada! - eu corei ao dizer isso.
Julian revirou os olhos.
-O cara estava na sua casa, sozinho com você, e tava rolan...
- Julian! - não deixei que ele terminasse de falar - nós somos amigos.
A menção da palavra amigos Julian não conseguiu segurar o riso que estava contendo.
- Tudo bem - falou ele com dificuldade de respirar no meio de uma gargalhada - amigos.
Eu não respondi, por isso ficamos calados pelo restante do percurso até a casa de Scott.
Quando chegamos à frente da casa, Julian não se deu o trabalho de tocar a campanhinha e entrou com naturalidade como se fosse melhor amigo de Scott. Apesar da surpresa permaneci calada.
Subimos a escada e encontramos um Scott tenso em seu quarto. Não tinha percebido a importância do que iríamos fazer até o ver daquele jeito. Julian não tinha me dado detalhes sobre o que faríamos. A propósito, percebi naquele instante, ele não havia me falado quase nada!
- Tá, chega de mistério ok? me conte o que iremos fazer. - falei sem rodeios para julian.
- Jenny olhe.. - interrompeu Scott - eu não concordei com isso certo?você não corre risco de se machucar fisicamente, mas tenho medo do que você possa ver. - notei que pelo tom de sua voz ele estava realmente nervoso, preucupado.
- Escutem - falou Julian - é a maneira mais fácil, eu sei que Jenny pode suportar isso, não é nenhum "show de horrores"...
- Julian,quer parar de enrolar e falar logo?! - eu já estava impaciente!para que tanto mistério?
- Pois bem - ele falou - você vai entrar em minha mente.
- O que?! - perguntei achando que não tinha escutado direito - é possível?
- Bem, para minha raça sim. - ele fez uma careta - você tem algumas das nossas características, acredito que eu consiga me comunicar com você por pensamentos.
- E como isso funciona? - perguntei incrédula.
- Você vai invadir minha mente. Não se preocupe - acrescentou ao ver minha expressão - deixarei minha mente totalmente aberta para você, basta mentalizar o que quer e acontecerá mais rápido do que você pensa. Agora escute com atenção - o rosto dele se tornou sério - há duas maneiras de ver as memórias de alguém. A primeira - ele enumerou - é possuindo o corpo dela, e vivê-las como se fosse você ,a segunda, é algo menos aterrorizante, e é a que vamos usar, não quero você passando vexame nenhum.Você vai enxergar minha mente como um livro aberto, você verá letras se formando, como capítulos de um livro, como se você estivesse lendo a minha história. E bem provável que você escute minha voz ecoar em sua cabeça, não sinta medo, não é algo com que se preucupar. - ele suavisou um pouco a sua expressão, mas logo ela se tornou dura de novo - haverá visões, talvez você sinta um certo desconforto quando isso acontecer, você sentirá como se estivesse sendo erguida do chão, mas na verdade será apenas em sua cabeça, não fique aflita ,nosso amigo aqui - ele sorriu para Scott que respondeu com um sorriso tenso -estará monitorando tudo. Alguma dúvida?
Sim, várias, pensei. Mas aquele não era o momento de perguntar, eu vería tudo com meus próprios olhos. Então,apenas fiz a pergunta que mais estava me aterrorizando.
- E se eu não suportar, e quiser voltar?
- Eu estarei revivendo tudo com você, dentro de minhas memórias. Qualquer sinal de desconforto de sua parte será mais que suficiente para que eu a traga de volta imediatamente.
Respire .Não é algo tão difícil. Na verdade era, mas eu conseguiria.
- Quando começamos?
- Você está pronta? - lancei um olhar indagador a Scott que fez um gesto encorajador para mim, então assenti -então agora mesmo.
Me postei diante de Julian e fiz como ele havia instruído,nmentalizei o que queria, e a resposta ao meu pedido fluiu mais rápido do que eu esperava, então deslizei para dentro de suas memórias.
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