22🌑
Metade do exército cai. Mortos....? Eu não sei. Não há sinal de sangue ou ferimentos, os soldados apenas cairam. Akira ao meu lado está tenso, mas não se mexeu, nós não fomos atingidos, o alvo daquilo foi apenas o exército, mas por quê não nós também?
Julian ainda olha em minha direção com um sorriso largo no rosto, e eu não entendo o porquê daquilo. Teria sido apenas fingimento suas tentativas de nos ajudar?
Kalel deu alguns passos para trás com a onda de poder, Scott apenas observa tudo com a boca entreaberta.
Sinto escudos se erguerem ao redor de vários Trils, inclusive de mim. A atmosfera é de terror e medo, ninguém se mexe, parecem que todos estão paralisados por uma força invisível, mas todos sabemos que é apenas tensão.
Minhas mãos soam, e eu tento firmar as espadas, mas tenho dificildade pois estou trêmula.
O silêncio profundo em que nos encontravamos é interropido por uma gargalhada alta que sai da boca de Julian. Mas...esta voz, esta gargalhada...não, não é de Julian, mas o corpo é seu, é Julian que está a nossa frente...ou não?
- Por que me olha assim Jenny? - fala ele finalmente com uma voz estranha, surreal...uma voz que me causa arrepios.
Eu não falo nada, só o observo, confusa...o que está acontecendo?
- Acha mesmo que seu amiguinho Julian conseguiria voltar a terra depois de tanto tempo? - fala ele com a voz arrastada me deixando confusa - Achou mesmo que depois de tanto tempo ele seria a mesma pessoa? Ingênua. Chegou a pensar que ele a ajudaria contra nós sem que nós soubessemos? Que ele lhes daria as informações verdadeiras, Jenny, meu bem? - continha ele com a voz debochada.
Não estou entendendo, o que ele está falando? Estou soando gelada, e quando a compreenssão começa a me vir...
- Eu tomei o corpo de seu amigo - continua - minha alma divide este corpo com a dele, e eu o controlo, mesmo que ele lute para se libertar por vezes. - diz ele com indiferença.
Não não...como eu acreditei nele...como fui ingênua a este ponto...
- Muito prazer Jenny. Me chamo Ulva, mais conhecido como Líder dos Glions. - diz ele, no momento em que centenas de Glions começam a entrar pelo portal e a atacar os Trils.
...
De repende Akira e Scott estão um de cada lado meu, me deixando no meio dos dois. Glions e Trils estão em guerra, e os Glions estão ganhando em maior número, dado ao fato de Julian/Ulva ter dado um golpe de poder derrubando metade do nosso exército em terra, apenas os Arqueiros permaneciam intactos, e estes disparavam flechas envenenadas a todo instante atingindo gargantas e mais gargantas de inimigos.
Mas, estranhamente, nenhum deles atacam nós três, e tampouco Ulva lutava. Como por magia, um circulo se formava ao redor de nós quatro, e tarde demais, Akira, Scott e eu percebemos que ele nos fechou em um circulo de ar. Ninguém entrava, e tampouco saía.
- Desgraçado - gruni Akira.
Ulva vem se aproximando debochadamente de nós a passos lentos, desembanhando preguiçosamente a espada de metal escuro.
- Quero matá-los com minhas próprias mãos - diz ele sorrindo - mas antes, que tal brincar um pouco?
Scott avança, a espada erguida, mas uma onde de poder o empurra de volta, e Ulva ri.
Minha vez, avanço a passos largos, as espadas gêmeas erguidas, mas também sou repelida, e ele ri mais uma vez, e sinto o ódio borbulhar dentro de mim.
Então, Akira com sua habilidade perfeita, avança para Ulva, vejo o mesmo reunindo poder para repelir mais um e se mostrar mais forme, mas desta vez, eu ajo.
Reúno a magía que emana de mim implorando para ser usada, e lanço um escudo forte ao redor de Akira, que parece não sentir a magia que Ulva lança sobre ele um segundo depois de o escudo ser erguido. Vejo a confusão em seu rosto quando as espadas gêmeas de Akira entram em movimento.
Vendo o resultado de meu escudo, o ergo diante de mim e Scott, e nós avançamos.
Nossos golpes são bloqueados com precisão pela espada de Ulva, como se a mesma tivesse vida própria. Meus braços estão ficando cansados, e posso ver o mesmo cansaço estampado no rosto de Scott, apenas Akira ainda permanece firme e com a expressão determinada.
- Afastem-se! - grita Akira para mim e Scott.
- Mas não pode combatê-lo sozinho! - replica Scott.
- Sei o que estou fazendo - rebate ele - vão, por favor, me deem cobertura.
Nós nos afastamos relutantes, e Akira assume o controle da luta. Defesa, ataque, defesa, ataque.
Mas chega um momento em que o barulho de suas espadas batendo uma contra a outra para. Akira tem saltado para trás, e está em pé de olhos fechados de um lado de nosso campo, enquanto Ulva está do outro.
Fico confusa por alguns momentos mas logo percebo o que está fazendo: está reunindo magia, a luta corpo a corpo não está fluindo como ele esperava.
Começo a me perguntar o quanto de poder Akira tem, e descubro quando uma explosão de magia negra sai dele e atinge Ulva do outro lado do campo, que cai no chão, imóvel.
...
Corro até Akira que parece esgotado e o abraço, Scott logo nos alcança e nós três observamos o corpo caído a 20 metros de onde estamos.
- Está...mo..morto? - pergunto com a voz falha.
- Não sei - sussurra Akira.
Nós três caminhamos juntos a passos lentos até onde Ulva está caído.
Quando finalmente chegamos parece que uma eternidade de minutos se passaram, e Akira se aproxima do corpo para verificar.
Todos ofegamos e ficamos imóveis quando Ulva salta do chão e prende Akira contra uma parece invisível, e encosta a lâmina afiada de sua espada na garganta do mestre espião.
...
- NÃO! - eu e Scott gritamos em unissolo.
- Sim... - diz Ulva lentamente olhando nos olhos de Akira com ódio.
Não, Akira não...
- Mate a mim, não ele! - imploro para Ulva, mas ele ri e diz.
- Todos vocês vão morrer, menina, mas primeiro vou ensinar a este mestre espião de merda a nunca usar poder contra um...
Ele oscila, e pisca os olhos descontroladamente, balança a cabeça e começa a olhar de outra forma para Akira, o olhar mais suave.
Percebo o que está acontecendo, e numa última tentativa desesperada, grito para a alma boa presa dentro daquele corpo.
- Julian!
Ele parece tentar compreender o que está acontecendo mas vira a cabeça para mim e olha nos meus olhos.
- Jenny... - diz com uma voz suave...a voz de Julian...
Ele entretando não afrouxa o aperto em que mantém Akira.
- Solte Akira...por favor...- suplico, e para minha surpresa, ele lentamente o solta.
Mas assim que Akira está longe o suficiente e ergue um escudo sobre nós, Julian começa a entrar em transe.
Seus olhos mudavam da cor original para um vermelho demoniaco, e seu corpo parecia levar choques a toda hora, ele se mexia e tremia descontroladamente, e quando eu menos esperava poder começou a sair de seu corpo. Eu sabia o que era aquilo, e Scott e Akira também.
Julian estava lutando internamente contra Ulva, pelo controle de seu corpo, e estava tendo dificuldades para isso.
- Não ceda Julian! Não ceda! - grita Scott.
- Não deixe que ele o tome! - grito para ele.
Ele continua em estado de transe por minutos incessáveis, enquanto isso, a batalha lá fora continuava, e eu tentava não olhar para o cenário ensanguentado lá fora.
O transe de Julian cessa, e ao olhar em seus olhos tenho certeza que não é Ulva quem está no controle. Começo a andar até ele, mas este grita assustado.
- Não! - vendo a confusão em meu rosto, ele acrescenta - eu não venci, estou conseguindo resistir agora, mas não por muito tempo...Ulva é mais forte que eu, e ele ganhará essa luta...por isso...só há uma forma de acabar com isso... - ele se abaixa com dificuldade, e de dentro da bota preta que estava usando, retira uma adaga prateada.
Eu entendo no mesmo momento o que ele pretende fazer, e não posso deixar que aquilo aconteça.
- Não Julian...não faça isso... - suplico.
- Não há outra forma Jen...
Recomeço a caminhada a passsos largos para perto dele, na intenção de arrancar aquela adaga de sua mão.
- Fique longe! - exclama ele e eu paraliso onde estou, a dois metros de distância.
Não consigo falar nada quando ele segura a adaga com firmeza, e sem hesitar, a crava no próprio peito.
O grito que sai de sua boca no momento em que a adaga é cravada é terrivel, e ele não para de gritar por alguns segundos, sua voz oscilando entre sua original e a de Ulva. Luz vermelha emana de seu corpo, como se chamas o cercassem.
De repente tudo cessa, e o corpo de Julian cai morto no chão no momento em que meu grito de dor parte o mundo.
...
Minha dor é tamanha que não percebo quando o escudo é desfeito e Glions e Trils começam a invadir nosso espaço. Scott de imediato vai dar assistência a algum Tril com problemas, e eu e Akira permanecemos parados, como em transe.
- Ah cacete - xinga Akira - vem Jenny!
Ele corre em direção ao corpo de Julian e eu o sigo. Rapidamente, ele se abaixa perto do corpo e retira de um bolso seu um pequeno frasco de vidro. Ele o encosta perto da boca de Julian e ele imediatamente se enche com um líquido prateado. Em seguida, ele fecha o frasco e o guarda novamente no bolso. Akira olha para o corpo e coloca a mão sobre ele, os olhos de Julian estão fechados, poderia estar dormindo...o corpo some em segundos, e eu não pergunto a Akira o que ele fez com o corpo, ou o que era aquele frasco, mais tarde...mais tarde eu perguntaria.
Ambos olhamos ao redor, e vemos corpos no chão, muitos deles eram de Trils.
Um olhar para o rosto de Akira fez meu coração quase parar...o plano dera errado, os Glions estavam combatendo muito bem apesar da morte do líder.
Nós estavamos perdendo a guerra.
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