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21🌑

Nos solidificamos em uma forja. Não de armas, mas de portais. Me surpreendo ao ver que o vestido comprido e delicado que estava vestindo sumiu, sendo substituido por calça de couro e camisa do mesmo material preto, e uso uma máscara da mesma cor no rosto que cobre minha boca e meu nariz.

Um boldrié de facas prateadas está preso a minha cintura, assim como as espadas gêmeas estão presas em minhas costas. A roupa de Akira é o par masculino da minha, e preciso dizer, ele fica muito bonito naquela roupa.

Observo a forja, intrigada e impressionada com tudo aquilo: dezenas de Trils se concentram e usam da magía para forjar portais, alguns grandes, profundos, outros rasos e pequenos. Estão tão concentrados que mal parecem notar nossa presença.

A forja é uma enorme construção de pedra azul brilhante, provavelmente repletas de magía. Os Trils trabalham em mesas enormes feitas das mesmas pedras, e fornos enormes se dispoem pelo local, o tornando quente.

- Vamos - diz Akira andando apressado.

Eu o sigo para o que parece ser a parte dos fundos da forja, onde menos Trils se concetram.

Akira para diante do que parece ser o comandante da forja, é um Tril alto e musculoso, ele tem a pele escura e cabelos brancos. Assim como todos presentes na forja, ele veste roupas claras e finas, e não parece sentir o calor infernal que ali se propaga. Talvez tenha sido forjado ele mesmo para suportá-lo.

Com um aceno de Akira, o comandante entende do que precisamos.

Ele estrala os dedos e uma miniatura de um portal de um azul mais brilhante do que as pedras que constituem a forja vai para as mãos de Akira.

- Aumentará de tamanho quando chegar ao mundo humano - diz ele para Akira, e em seguida se vira para mim com um sorriso e faz uma reverência - saldações a nova mestra espiã.

Surpresa, lhe ofereço um sorriso, o mais verdadeiro que consigo naquele momento.

Nos despedimos do comandante e ele nos deseja boa sorte, e diz que estará no campo de treinamento com o resto dos que trabalhavam na forja no fim da tarde. Eles lutariam. Aliás, quase todos lutariam.

É nesse momento, enquanto eu e Akira viajamos no ar de volta para o campo, que penso no tamanho da coragem dos Trils.

Não sabía o número certo, mas centenas, milhares de Trils estariam arriscando sua vida naquilo, numa guerra para salvar não o seu povo, mas o povo humano, quem nem ao menos sabiam de sua existência.

Arriscariam o seu local de viver, arriscariam que aquilo tudo fosse destruído para salvar uma nação de pessoas que se fosse destruída não interferiria na vida deles.

Kalel, o líder daquele lugar, esforçado e inteligente, liderando todos os exércitos e comandantes, arriscando suas tropas. Colocando a se próprio em risco para lutar contra uma raça destruidora. Lembro da primeira vez que o ví, em um sonho, tão firme e inteligente...

Scott, que mesmo com sua luta interna e pouquíssimo treinamento está disposto a lutar se preciso, para defender seu mundo de origem.

E Akira, que está agora a meu lado em pé no campo de treinamento. Akira, que providenciou o portal, Akira, que esperou anos por sua igual e agora que a conseguiu está prestes a arriscar sua vida na guerra, Akira, que ficou comigo enquanto eu chorava pela perca de minha mãe, que se pôs em risco ao espionar os Glions...Akira, meu mestre espião...Meu.

É com esses pensamentos que me viro para um Akira sério e estrelaço meus braços em seu pescoço, o deixando surpreso, mesmo que a supresa não tenha durado muito, pois ele também estrelaça seus braços em minha cintura.

Ele aproxima seu rosto do meu até que restem meros 5 centímetros entre nós, e antes que seus lábios toquem os os meus ele olha profundamente em meus olhos, e entendo que aquele olhar estava repleto de palavras não ditas.

Fecho os olhos e sua boca toca a minha, e sinto que era ali, no conforto do abraço de Akira que eu queria estar.

Ele me abraça mais forte, me pressinando contra ele, e eu não me afasto. Descubro, em meio daquele beijo confuso, que é a ele que amo, e que se esta guerra me matar, irei morrer satisfeita por ter descoberto isto antes de ir.

Ele se afasta sem me soltar, e olha nos meus olhos.

- Amo você - sussura com a voz rouca.

- Também amo você - sussuro de volta, e acrescento - se morrer nesta guerra, nunca vou te perdoar.

Ele ri e me solta de seu abraço mesmo ao ver meu olhar de protesto.

Percebo o quanto seu sorriso é bonito. Não o debochado, não, mas o seu sorriso verdadeiro.

Ele segura a minha mão e caminhamos até o restante dos soldados, caminhamos para o destino, seja ele bom ou ruim.

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