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Cinza - CAPÍTULO ONZE


Entrei no banheiro masculino à toda velocidade. Nem me preocupei em saber se tinha alguém ou não. Tampouco me lembrei da minha condição. Naquele terreno eu tinha que tomar cuidado. Mas o sufocamento em meu peito era tão grande que me fez esquecer. O que se tornou um erro gravíssimo para mim.

O banheiro que entrei contava com alguns chuveiros para os meninos tomarem banho. Tanto para aqueles que faziam parte dos times oficiais quanto para os que simplesmente tinham aulas de educação física. Eles ficavam na parte detrás dos sanitários e tinham alguns bancos.

Eu não devia estar ali, mas esse aperto no peito... nunca senti nada igual. O que é isso? Senti algo parecido quando encontrei Tadeu no outro dia na sorveteria, porém agora é mais forte. Vê-lo beijando aquela garota que eu nunca vi antes me causou isso. Não deveria ser assim.

Senti quando meus olhos ficaram turvos por causa de algumas lágrimas. Eu estava chorando? Como assim? O que está acontecendo comigo? Que droga!

Com o dorso das mãos limpei meu rosto molhado. Minhas bochechas estavam quentes. Ouvi passos e um vozerio adentrando no banheiro.

— Cara esse jogo foi demais! — Ouvi, mas não reconheci a voz.

Ou era de algum dos jogadores do time adversário ou era de algum do nosso time que eu não conhecia mesmo.

— Nunca vi a Jade tão furiosa com a gente, pela cara dela vamos ouvir muito quando voltarmos pra escola — outro cara respondeu a esse comentário.

Com isso saquei que era o time que viera jogar contra a nossa escola que estava entrando. Escutei quando eles começaram a usar o mictório de metal que tinha no banheiro. Não pensei que eles pudessem se incomodar comigo, afinal eu estava quieto ali atrás. Só que por conta das lágrimas, fiquei com o nariz escorrendo e acabei fungando.

— Ei, tem alguém aí?

Eu não respondi. Conversar com Arthur e Tadeu era uma coisa nova para mim. Agora ter de conversar com outras pessoas já era totalmente diferente. Não me sinto confortável. Um deles deu à volta e chegou até o local em que eu estava.

— É só um moleque, parece que tá chorando — falou ele. De cabeça baixa eu não olhava em seus olhos. — Tá tudo bem aí, mano?

Chacoalhei a cabeça que sim. Pensei que isso faria com que eles terminassem o que vieram fazer e fossem embora. Ah, grande erro meu.

— Ele não tava olhando pra gente, não né? — Um outro mais alto se aproximou. Só distingui que era alto pelo tamanho de suas pernas. — Ele tem cara que gosta de ver uma banana.

— Luan, tu é muito otário. — Um deles riu. — Deixa o garoto.

— Tá me tirando? — O tal Luan retrucou. — Mete o pé daqui, piá. Não quero saber de você olhando a gente mijar.

Não precisava nem mandar. Eu não queria ficar ali mesmo. Fiquei em pé e saí de perto deles de cabeça baixa. Os outros garotos tinham se reunido para observar a minha saída. Luan foi muito covarde no que fez segundos depois.

Ele colocou o pé na minha frente, me fazendo perder o equilíbrio e cair. Foi um baque quando meu corpo se chocou contra o chão, bati o cotovelo e senti uma dor aguda. Começou a dar risada e fazer com que seus colegas começassem a rir. Tentei me levantar e foi aí que aquilo que eu guardava só para mim foi exposto.

Luan se aproveitou que eu estava me levantando e puxou o meu moletom até os meus pés, levando junto minha cueca. Deixando-me totalmente exposto.

Vi os olhares de espanto e horror entre eles. Todos voltados para mim e mais precisamente para meus quadris. Seria uma coisa comum para eles, fazer piada com um garoto dentro do banheiro deixando-o pelado e com seu órgão à mostra. Contudo, isso não se aplicava a mim. Não com todos os detalhes da piada deles.

Eu não era como os outros garotos. Eu não tinha o membro que para eles era algo imperial e que os fazia acreditar serem dominantes. Tecnicamente eu tinha, ele só não se desenvolveu por completo. Só isso, Jorge? Ah não, antes fosse só isso.

Eu também tinha um outro órgão do lado de fora. Um que eu não deveria ter e que pertencia ao gênero feminino. Um que aos olhos deles, me fez parecer vulnerável e principal alvo para a tempestade de risadas e deboches. Apelidos diversos que começaram a cuspir diante de mim. Tentei me abaixar para recolher minha calça aos meus pés, mas alguém deles me segurou e não me deixou pegá-la.

Não sei quantos celulares eu vi se levantando em minha direção e dispararem flashes. Estavam tirando fotos minhas, sem minha autorização. Me ridicularizavam e aquilo fez com que lembranças acinzentadas começassem a voltar com nitidez em minha cabeça.

Mais vozes vindas do lado de fora. Meus olhos ardendo por conta das lágrimas se fecharam contra minha vontade e não puderam ver quem entrava no banheiro. As risadas aumentaram. Reconheci a voz de apenas um, era Rico. Provavelmente todo o time da minha escola também estava ali, me vendo. Todos riam, me viam e debochavam.

Minhas mãos foram colocadas atrás do meu corpo e apertadas por alguém muito forte. Consegui abrir os olhos por um tempo.

— O que está pegando? — Arthur disse rouco ao entrar no banheiro pouco depois do Araras. — Jorge?

Seu olhar era de surpresa ou de pânico, não sei. Arthur perdeu completamente a fala. E posso jurar que não foi por ele ter gritado tanto na torcida. Meu peito se dilacerou quando Tadeu entrou e me viu daquele jeito. Indefeso e sem nada que pudesse ocultar algo que eu guardava só para mim desde os meus primeiros meses de vida.

Tadeu me olhou com desprezo. Seus lábios se repuxaram como se ele estivesse diante de um bicho asqueroso. O que aqueles garotos fizeram comigo me fez mal e seria ainda pior depois, só que ver aquela expressão de nojo no rosto de uma das únicas pessoas com quem eu consegui conversar em quatro anos. Foi terrivelmente devastador.

Da mesma maneira que aconteceu quatro anos atrás. Aquilo causou uma reação em cadeia e senti os fragmentos dentro de mim tremerem e explodirem em todas as direções possíveis.

Cortando, ferindo e me fazendo sangrar por dentro. Outra vez.

— Que algazarra é essa aqui? — Ouvi o coordenador pedagógico, Carlos, entrar junto com o professor Marinho. Ambos me olharam pasmos.

O garoto que me segurava me soltou e eu desabei no chão. Caí de joelhos e sem forças para levantar. O coordenador correu na minha direção e me ajudou a me vestir. Comecei a chorar em silêncio e escondi o rosto entre as mãos. Não pude ver mais nada. Meus olhos ficaram totalmente ofuscados pelas lembranças em tons monocromáticos de cinza que antes fizeram parte de minha vida e agora voltaram de uma forma tão violenta e ruim quanto antes.

Da última coisa que me lembro foi a voz grave do professor Marinho ecoar aos berros para todos os garotos irem para a diretoria. Então o tom mais forte de cinza se intensificou e me fez perder os sentidos.

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