Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Azul Índigo - CAPÍTULO DOIS


Assim que amanheceu e eu acordei, senti um enjoo. Corri para o banheiro e vomitei horrores. Não era a melhor maneira de se começar o dia. Será que era devido ao fato de que eu estaria indo para outra escola? Talvez. Meus pais resolveram me transferir na metade do ano para outra escola. Isso já é horrível em circunstâncias normais quando o ano está começando, agora imaginem como é quando você vem transferido logo depois das férias de julho? Deveria existir um código de ética que proibisse os pais de fazerem isso com os filhos.

Não estou revoltado com amizades que deixei na antiga escola. De jeito nenhum. Eu não tinha amigos, não fazia questão disso. Eu preferia ficar na minha. Sempre tinha alguém querendo interagir comigo e quando eu não dava atenção, as pessoas se afastavam. Para mim era um alívio. Tem gente que poderia se aproximar muito e... bem, não seria legal.

Meu rendimento escolar nunca foi afetado por isso. Os adultos sempre quiseram que eu fizesse amigos e se abrisse. Até me levaram para um psicólogo. Mas eu também não quis me abrir. Meus pais sabiam muito bem o motivo de eu não querer me aproximar das pessoas. Elas não entenderiam. Elas não iriam gostar de mim. Então tudo o que eu podia fazer é manter distância e qualquer psicólogo escolar que quisesse tentasse falar comigo, perdia trinta minutos da vida dele e de outro aluno que realmente precisasse.

Esse era o meu dilema. Eu não me abria. Havia uma parede que eu tinha construído para me proteger de todos. E ninguém iria transpô-la. Não era seguro eu deixar qualquer pessoa passar.

Uma bola de vôlei acertou o vidro da janela da minha sala, me tirando desses pensamentos. Eu olhava para o céu nublado de agosto. O acinzentado das nuvens era semelhante ao meu humor naquele momento. As cores sempre estavam ao meu redor e eu as separava e combinava com as minhas emoções.

Desviei meus olhos das nuvens para ver alguém de uniforme azul correr atrás da bola. Desinteressado em saber quem era o jogador, voltei meus olhos para o livro sobre a mesa. O Cortiço. Eu já o lera duas vezes. Na minha antiga escola, precisei fazer um trabalho sobre ele. E agora estou aqui outra vez, esperando a professora de Literatura pedir o mesmo trabalho. Ponderei sobre utilizar o mesmo trabalho.

— Alunos, bom dia! — Um homem, tão alto quanto a porta, saudou. Não lembro seu nome, mas o vi aqui quando meu pai Luiz me trouxe para efetuar a minha matrícula. — Passei para avisar vocês de que a professora de Literatura não virá hoje por questões médicas. E como não temos um professor substituto, vocês terão esse período vago. Por favor comportem-se. Podem aguardar o próximo professor aqui na sala de aula ou saírem para dar uma volta. Mas sem fazer barulho.

A última advertência foi porque a sala resolveu comemorar pela falta da professora. Eu como de costume não me mexi. Continuei no meu lugar. Até que outra bolada atingiu a janela, causando uma rachadura. Com o impacto, acabei escorregando da cadeira e caí sentado no chão. A dor que senti foi pequena perto da vergonha. Ouvi algumas risadas, mas não fiquei ali para ver quem é que estava rindo. Me levantei e disparei na direção do corredor.

O corredor estava deserto, exceto por um garoto e uma garota que estavam dando uns amassos perto dos armários. Se assustaram quando me viram e se soltaram. Dei as costas para os dois e fui para o pátio. Igualmente vazio. Me aproximei dos banheiros. As portas estavam abertas, mas eu não podia entrar. Ainda não. Saí dali e fui para umas arquibancadas perto da quadra de esportes.

Não raciocinei direito. Eu queria fugir. Embora tivesse que voltar nos próximos minutos. Cobri o rosto com as mãos, praguejando baixinho por ter mudado de escola. Tentando entender os motivos que fizeram meus pais me tirarem da minha bolha. Era uma zona de conforto sim. Mas eu preferia assim. Segundos de reflexão também me fizeram me perguntar. É possível ver estrelas durante o dia e com o céu cinza?

Eu acredito que não. Uma pergunta reflexiva fora do contexto, claro. Porém muito aplicável ao momento. Já que eu senti um impacto muito grande em minha cabeça e vi centelhas brilhantes dançarem em meus olhos. Assim que as imagens entraram em foco novamente, notei que eu tinha sido atingido por uma bolada. E uma bola de vôlei colorida rolou perto de mim.

cara, mal aí. — Uma voz ofegante e grave veio até mim, desculpando-se.

Esfreguei a cabeça onde a bola me acertou. Levantei os olhos e vi um rapaz de uniforme azul. Azul índigo. Um detalhe sobre mim acerca das cores, eu as conheço com muita precisão.

O rapaz tinha cabelos pretos encharcados de suor, mechas estavam grudadas em sua testa. A camiseta regata também estava ensopada. Ele não tinha medo de pegar um resfriado não? Seus olhos verdes fixos em mim esperavam por uma resposta. Fosse ela positiva ou negativa. Eu entendia isso. Era comum as pessoas esperarem uma reação da minha parte quando se aproximavam para interagir comigo.

Interrompi o contato visual. Se eu ficasse olhando muito, ele entenderia como um sinal de que poderia falar mais comigo. Voltei meu olhar para meus tênis. Assenti com a cabeça, confirmando que estava tudo bem, mesmo sem dizer uma só palavra. Fiquei esperando ele pegar a bola e ir embora. É o que geralmente acontece. Eu me afasto e as pessoas se afastam também. O contrário aconteceu.

— Tadeu. — Ele estendeu a mão para me cumprimentar.

Sua mão ficou esticada no ar por bastante tempo. Mesmo eu o ignorando, ele ainda esperava que eu devolvesse o cumprimento. Eu não queria isso. Eu não posso me envolver com as pessoas. Ficar sozinho é tudo o que preciso.

Como não respondi, ele pegou minha mão direita com as duas mãos e sacudiu.

— Nosso treino está quase acabando, bora lá dar uma olhada.

Ele me convidou sem nem saber se eu queria. Agarrou a bola com uma mão e com a outra me puxou para a quadra. Um de seus amigos já tinha saído na porta para chamar por ele. Tadeu, era esse o nome dele, não é? Sua mão era grande e segurava o meu pulso com firmeza. Não me machucava, mas eu iria precisar de um pouco mais de força para me soltar dele.

Ao entrar na quadra fui recebido por olhares curiosos. Devo ter contado oito ou dez jogadores. Além de um garoto franzino que estava com uma prancheta nas mãos. Ele tinha um apito preto pendurado no pescoço. Deveria ser o treinador deles.

— Tato, demorou cara! — O possível treinador ralhou com ele.

— Foi mal, o Rico jogou a bola e acertou esse carinha aqui. — E bateu nos meus ombros. — Rico, peça desculpas.

Rico estava do outro lado da quadra. Ele era negro e devia ter um metro e noventa. A expressão em seu rosto não deixa dúvidas de que desculpas seria a última coisa que ele iria pedir para mim.

Eu não me importava também. Nem mesmo queria estar ali. Se eu não tivesse sido arrastado até aqui, tudo ia permanecer na mesma.

— Não posso fazer nada se o meu saque é foda — resmungou alto.

— Foda seria, se você aprendesse a mirar na quadra — zombou um de seus amigos, fazendo todos rirem.

— Tadeu, o que ele está fazendo aqui? Os treinos são apenas para jogadores. E ele não é um jogador — o garoto (ou técnico) chamou a atenção dele novamente.

Eu queria poder dizer que já estava indo embora. Mas outra vez Tadeu me puxou de encontro ao corpo dele. Senti a roupa molhada e com cheiro de suor perto demais.

— Sasha, não seja assim. O treino já está acabando mesmo — respondeu e começou a caminhar, comigo preso em seu braço, que além de fedido, estava apertado. — Senta aí, se precisar de gelo pra pôr na cabeça tem ali na caixa de isopor.

Tadeu me empurrou para um dos bancos do lado de dentro e indicou uma caixa de isopor branca envolta numa mochila térmica. Olhei para o treinador, Sasha era o nome dele, ele olhou para mim com olhos zangados, mas deu de ombros e assoprou o apito com força. Ou com raiva por eu estar ali.

Tadeu jogou os cabelos molhados para trás e correu para dentro da quadra. Com mais um silvo do apito eles retomaram o jogo. Agora eu descobri o motivo da bola ter acertado a janela da minha sala. A quadra ficava atrás dos prédios onde eu tinha aula. E também percebi que quem acertara a janela nas duas vezes fora Tadeu.

Depois de quinze minutos, eu já tinha aprendido que vôlei realmente não era um esporte que eu devesse praticar. Eu não tinha altura suficiente, reflexos e provavelmente nem força para fazer com que a bola ultrapassasse a rede. Ah, também aprendi três palavrões novos. Um fora o tal Rico quem dissera, depois que um tal de Gustavo pisara em seu pé. E pelo que entendi, fora justamente no pé que ele tinha uma unha encravada.

Consultei o horário no meu celular. Faltava alguns minutos para esse período acabar e o próximo começar. Aproveitei que os caras estavam entretidos com a bola e preocupados em não ouvir Sasha gritando com eles, que saí de mansinho. Voltei para o corredor e fiquei pasmo com o casalzinho que ainda se pegava tranquilamente. Eles me viram e me ignoraram. Ótimo. Melhor para mim.

Quando cheguei até a porta da sala, a galera estava conversando, alguns meninos se reuniram no fundo e disputavam algum jogo de baralho. Duas meninas que sentavam na frente olhavam com cautela para uma revista, fingi que não vi que se tratava de uma revista com fotos que revelavam muitas coisas sobre homens.

— Não fica grilado com a turma, eles esquecem muito rápido as coisas. — Um garoto se aproximou da minha mesa assim que eu sentei. — O primeiro dia é sempre um saco, mas você sobrevive. A propósito, meu nome é Arthur.

Ele não me cumprimentou e nem esperou que eu o fizesse. Apenas confirmei com um aceno rápido. Da mesma forma que Arthur chegou perto de mim, ele se foi. Se juntou a um grupinho que discutia fervorosamente sobre alguma coisa que iria acontecer na escola. Acho que era um festival ou um baile.

Voltei os olhos para o livro sobre a mesa. Fosse festival ou baile, de qualquer maneira eu não iria mesmo. O professor de História atravessou a porta pouco depois que o sinal soou. Eu senti uma certa simpatia por ele, já que assim como eu, ele tinha uma cara de quem não queria estar ali. Como eu não conhecia o professor, não sabia como ele era. Mas a sala provavelmente sim, pois ficaram tão satisfeitos em vê-lo, quanto ele ficara ao entrar. Abri a apostila na página identificada e percebi que já havia feito os exercícios. Ótimo, mais uma aula onde eu não vou fazer nada.

Olhei em direção da janela.A quadra já deveria estar deserta. Eu não devia ter saído da sala. A humilhaçãodo primeiro dia me afetou, mas ter contato com aquele garoto foi pior. Não soubom com interações, eu não gosto disso. Meu mundo particular não deve serinvadido por ninguém. Não depois do que me aconteceu.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro