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Tornados que dançam em campos de papoulas

Mamãe não é o que se pode chamar de uma eximia animadora de festas, papai menos ainda, agora mesmo ele está lá dentro falando ao celular com algum paciente, ou com a secretária.

Seria diferente se vovó e Claire estivessem aqui, elas sim sabem como trazer o sol e colorir mesmo os dias mais caliginosos. Para minha infelicidade, no entanto, a vovó precisou retornar mais cedo ao seu chalé no interior da França e Claire não pode vir, já que tia Betsy está proibida de viajar em razão da gravidez. Eu entendo, também teria receio de ficar transitando por aí se tivesse um bebê dorminhoco crescendo dentro de mim.

Desde que Tristan me falara sobre as sementes tenho ponderado se tia Betsy as escolheu com sabedoria, Deus nos livre da pequena Juliet ser como eu, ela já teve azar suficiente ao receber esse nome. Se tia Betsy tivesse pedido a minha opinião, teria sugerido a ela que chamasse o bebê de Poinsettia, assim ambas teríamos nomes de flor. Mas os adultos nunca ouvem o que as crianças têm a dizer, e se ouvem não dão importância. Uma pena, ao que tudo indica, o estoque de nomes bonitos da vovó acabou quando eu nasci.

Para além da gravidez de tia Betsy, estou preocupada que a minha festa de aniversário tenha um destino semelhante a do sr. Fitzgerald, um dos escritores favoritos da vovó, pelo que ela me contou o sr. Fitzgerald, que na ocasião ainda estava bem longe de ser um senhor, teve um acesso de raiva daqueles depois que nenhuma viva alma compareceu ao seu aniversário de seis anos, ele ficou tão contrariado que comeu o bolo inteiro sozinho, incluindo as velas.

Não estou em condições de digerir um bolo inteiro, menos ainda as velas.

Meu humor só melhora quando os primeiros convidados começam a chegar, porém volta a decair minutos depois, embora quase todos já estejam acomodados em suas respectivas mesas ou brincando pelo jardim, não avisto Tristan em lugar algum. Passa pela minha cabeça que tenha mudado de ideia e desistido de ser meu amigo, ainda assim, continuo encarando o portão na esperança de que apareça.

Em vez das feições suaves de Tristan, sou surpreendida pela visão nada agradável de Tobias Caradoc, ele para sob o arco de balões multicoloridos na entrada do jardim e salta para tocar o topo.

Uma terrível sensação de arrependimento toma conta de mim. Onde eu estava com a cabeça quando o convidei? Ser uma boa pessoa às vezes exige tanto de você, a minha vida com certeza seria menos complicada se não me deixasse comover tão facilmente, se tivesse um coração de diamante, em vez de um feito de talco. 

Ele acena ao me ver de pé ao lado do munchkin de papelão, eu aceno de volta. Talvez se for boa com ele, Tobias decida retribuir e fazer o mesmo. Contornando mesas e convidados, ele corre até mim, a camisa de flanela ondula às suas costas como uma capa de super-herói, está suado, as bochechas vermelhas, como se mil papoulas florescessem em sua pele. Quando enfim para à minha frente, eu dou um passo atrás.

Seus olhos policromáticos se fixam no meu rosto por tempo suficiente para me deixar desconfortável.

— Qual a sensação de ser arrastada por um tornado? — De início não entendo a pergunta, estou surpresa que Tobias conheça O Mágico de Oz.

— Você viu o filme com a Judy? É o meu favorito.

— Dizem que um dos munchkins cometeu suicídio no set de filmagem. Sabe o que é suicídio, certo? — Balanço a cabeça em negação. Tobias estala a língua. — É quando alguém decide adiantar a própria entrada no céu... ou no inferno, não dá pra saber.

— Por que alguém faria algo assim?

— Vai saber, as pessoas fazem todo tipo de coisas estranhas, como beijar na boca e escrever poesia. Para você ─ diz, estendendo um embrulho na frente do corpo. A brisa sopra seu cheiro de naftalina sobre mim, me obrigando a prender a respiração.  — É um presente, pode pegar.

Fico confusa,

— Embrulhou o meu presente em papel de pão?

— E daí? Sabia que as bochechas do Leão Covarde eram feitas de papel pardo no filme? Você pode aproveitar o papel para fazer algo legal, dobrando da forma correta pode conseguir uma borboleta, um sapo, até um foguete, posso te ensinar se não souber como fazer.

— Eu não estou interessada nisso. — Faço um biquinho, contrariada. — O que custava usar um papel de presente como todo mundo?

— Meu Deus, como você é implicante. Se não gostou do papel, joga fora. — Ele dá um passo à frente. — Pega logo isso, já estou ficando com câimbra no braço, daqui a pouco vou precisar amputar.

Luto contra a vontade de recuar.

Eu não confio no Tobias, quem garante que não se trata de uma aranha, lagartixa, ou coisa pior? Ainda assim, me arrisco pegando o embrulho.

─ Abre.

— Farei isso depois. — Suor brota das minhas palmas ao imaginar que posso estar segurando a Caixa de Pandora. — Por que não vai dar uma volta, hein? Aproveita pra comer alguns bolinhos de fada, tem um montão deles na mesa de doces. Já viu o Mágico de Oz?

No centro do jardim, num palco improvisado, o Mágico tira um coelho da cartola, maravilhando convidados de todas as idades.

— Não gosto de mágicos, são todos charlatões, prefiro os trapezistas, eles sim são legais. Quando crescer vou ser o maior trapezista que o mundo já viu, vou escalar as nuvens e me pendurar na borda da estrela mais distante do universo, depois vou contornar a lua em um pé só e pousar no centro do sol. Você pode vir comigo, mas tem que parar de chorar e aprender a ser corajosa.

— Não acho que isso seja possível, provavelmente morreríamos antes de chegar ao espaço.

— Bobagem. Muitas coisas que são possíveis hoje já foram impossíveis no passado. Se quer saber, o impossível é só uma palavra que os covardes inventaram para desencorajar o triunfo dos corajosos.

— Como assim?

— Deixa pra lá, só abre o presente.

A sombra de um sorriso dança em seus lábios, isso me deixa apreensiva, é de conhecimento geral que Tobias Caradoc nunca ri, a menos que esteja arquitetando algum plano maligno ou zombando de alguém.

─ Tive uma ideia, por que você não abre? ─ sugiro, orgulhosa de mim mesma por pensar em uma solução.

Tobias muda o peso do corpo.

─ Porque o presente é seu.

Não adianta, ele não vai desistir.

Hesitante, me atrevo a desdobrar o papel, a bomba relógio do medo não para de tiquetaquear dentro de mim.

─ Um livro ─ meus lábios mal se movem enquanto analiso a capa.

─ Você gostou?

─ É usado ─ aponto, sem conseguir disfarçar a decepção.

─ E? As palavras ainda estão aí, não estão?

Sabia que Tobias me odiava, mas não tanto a ponto de sequer ter a consideração de me comprar algo novo. Papel de pão e um livro caindo ao pedaços, isso é o que eu ganho por convidá-lo para a minha festa.

─ Mas a capa está rasurada. — Ergo uma folha solta diante dos nossos olhos. — As páginas largando.

— Pensei que gostasse dos livros pelo que eles são, não pelo que aparentam. Capas bonitas e folhas inteiras não salvam histórias ruins. É As Crônicas de Nárnia, a melhor história já escrita, o que mais você quer? — Como não respondo, ele continua: — Se queria algo pra usar como decoração, devia ter dito, eu teria arranjado um quadro.

— Há uma razão para as páginas virem grudadas, sabia?

─ Não diga. Sabe o que mais devia vir grudada? A sua língua. Você é de longe a menina mais reclamona do mundo, talvez do universo. Os aliens devem usar fones de ouvido o dia todo pra evitar ouvir a sua ladainha do espaço.

─ E você... você... você fede a naftalina ─ despejo o pior insulto no qual consigo pensar.

Sua expressão se fecha, ele aponta para o livro.

─ Devolve.

─ Não.

─ Se não gostou, deveria devolver.

Bato o pé, o sapato vermelho idêntico ao que Judy usara no filme afunda na grama e partículas de glitter se espraiam sobre minhas meias como um arranque de estrelas. Não importa quão ameaçador Tobias se mostre, desta vez não vou ceder, é a minha festa, a minha casa, o meu jardim, não permitirei de jeito nenhum que continue a me intimidar; se ele insistir reclamarei para os meus pais, mamãe é boa em resolver problemas, ela é advogada, está acostumada a lidar com valentões.

─ Eu não vou devolver coisa nenhuma. O livro é meu, você deu ele pra mim, e quando se dá algo não pode pegar de volta. Pode ficar com o papel de pão se quiser.

Ele põe a língua pra fora, imitando a minha voz, arranca o papel da minha mão, amassa e joga na grama. Eu escondo o livro atrás das costas, fora do seu alcance.

─ Frini! ─ Minhas esperanças se acendem ao ouvir a voz de Tristan.

Desviando do Tobias, vou ao seu encontro. Em sua retaguarda uma mulher loira com corte de cabelo elegante, que presumo ser sua mãe, segura um presente embalado em papel rosa metálico — papel de verdade.

─ Você veio!

─ Eu não perderia a sua festa por nada ─ diz, sorridente. ─ Está bonita, igualzinha a Dorothy Gale. ─ Pássaros amarelos cantam no meu coração. Agradecendo o elogio, desvio o olhar para a mulher ao seu lado. ─ Ah, esqueci de te apresentar, esta é a minha mãe, o nome dela é Philippa Humphrey.

O sorriso da sra. Humphrey é tão gentil quanto o do filho, e ambos possuem os mesmos olhos enevoados.

─ Quer dizer então que essa é a famosa Frini. Este rapazinho aqui não para de falar de você.

Tristan cora. É Adorável.

— Você prometeu que não contaria.

─ Oh, querido, não seja tímido ─ A sra.Humphrey pede com voz terna. ─ Eu preciso ir agora, volto para buscá-lo às dezessete horas, se comporte e não exagere nos doces.

─ Está bem, mamãe.

Ela deposita um beijo na bochecha dele e se vira para mim.

─ Parabéns, querida, adorei conhecê-la. Vou deixar o seu presente na pilha — Com um movimento de queixo, indica a torre de presentes que se eleva em direção ao brilhante arco-íris de balões.

─ Obrigada. Também gostei de conhecer a senhora.

Quando ela se afasta para falar com a mamãe, eu guio Tristan através da estrada de tijolos amarelos até a minha mesa.

Ele separa alguns M&M'S, descartando os de amendoim em um copo e engolindo apenas os de chocolate. Escondo o livro que ganhei do Tobias sob a mesa, não vou permitir que o pegue de volta de jeito nenhum. Como papai falou pra não exagerar no açúcar, eu me contento com cenourinhas e suco de cereja.

─ Falei com a minha mãe sobre as sementes ─ Tristan comenta, após engolir mais um punhado de M&M's.

─ Verdade? ─ Inclino-me para ouvir melhor. ─ E o que ela disse?

─ Que sou jovem demais para me preocupar com essas coisas.

─ E isso foi tudo? — É intrigante como os adultos evitam falar sobre as coisas que importam, talvez seja o caso de perguntar à vovó, ela nunca foge das perguntas difíceis, pelo contrário, essas parecem ser suas favoritas. — Ela não disse mais nada?

Levando o copo à boca, ele dá um gole no meu suco de cereja.

─ Tem gosto de chiclete.

─ As sementes?

Uma risada sacode seu peito, por pouco não cospe a bebida.

─ Não, o suco. Ela disse que as sementes são muito pequenas e que não existe risco de engasgar nem nada.

─ Que bom. Morro de medo de engasgar com algo, uma vez engasguei com uma bala de caramelo e foi horrível, o papai teve que realizar a manobra de Heimlich e tudo.

─ Vocês são tão idiotas ─ a voz do Tobias soa às minhas costas. ─ Essa história de sementes é papo furado.

─ Não é nada. ─ Giro na cadeira para olhar para ele. ─ O papai explicou que após a mulher engolir as sementes, o bebê brota na barriga dela e cresce como uma arvorezinha até chegar a hora do médico tirá-lo de lá com um aparelhinho.

Tobias Caradoc ri alto. Ofegante, ele pousa as palmas na mesa, as unhas estão sujas, seus nós dos dedos levemente arranhados.

─ Seu pai não sabe de nada, Prunella.

─ O pai dela é médico ─ Tristan informa. ─ Quem melhor que um médico para dizer como os bebês são feitos?

Puxando uma cadeira, Tobias se senta à mesa. Tenho o impulso de exigir que arrume outro lugar para se acomodar, ele não é bem-vindo aqui, e não apenas porque seu cheiro de naftalina me deixa enjoada, mas porque ele é inconveniente e mestre na arte de aporrinhar e bagunçar as coisas.

─ Eu já vi como os bebês são feitos ─ sussurra com lábios melecados de glacê rosa. ─ A cadela do vizinho entrou no cio no verão passado e o meu padrasto pôs um cachorro fedorento para cruzar com ela.

─ O que é cruzar? ─ pergunto.

─ Lembra das aulas de Biologia, das explicações da senhorita Mildred sobre reprodução animal? O meu padrasto disse que é igual com os humanos, eles acasalam, é assim que os bebês são feitos.

Levo a mão à boca, não posso acreditar.

— Está mentindo.

— Não estou nada. Os seres humanos não são tão diferentes assim dos outros animais, para que você nascesse, seus pais tiveram que acasalar.

— Eca — Ponho a língua pra fora, como se fosse vomitar. — Meus pais não são assim, eles não são animais, nem fazem essas coisas. A srta. Mildred não falou nada sobre humanos acasalarem, nem mesmo sobre os cães, apenas sobre anfíbios.

— Se não quer acreditar, problema seu. — Ele pega os M&M's de amendoim que Tristan descartou e despeja na boca. — Mas eu vi acontecer, a cadela virou uma bola. — Esticando os braços, Tobias desenha um círculo imaginário no ar. — Uns meses depois ela deu cria a cinco filhotes idênticos ao cachorro do vizinho. Pete, o dono da cadela, deu um filhote para mim, uma fêmea, e eu coloquei seu nome nela.

Pisco depressa, uma... duas, dez vezes.

─ A sua cadela se chama, Frini? ─ pergunto baixinho.

─ Não... Prunella.

Assim como eu, Tristan está boquiaberto.

─ Por que deu o meu nome a sua cadela?

— Sei lá, ela se parece com você. — Seus longos cílios tremulam, ele mordisca um dos meus palitinhos de cenoura, mas cospe em seguida. — É cenoura de verdade! Que nojo.

— Não pode fazer isso.

— Servir cenouras em festas de aniversário? Concordo, aposto que deve haver um lugar no mundo onde isso é considerado crime. Primeiro servem cenouras, depois couve, o que virá em seguida, brócolis? É pra ser uma festa ou uma sessão de tortura? — Ele levanta o que sobrou do palitinho de cenoura na altura do meu nariz. — Isso aqui tem gosto de nada misturado com coisa nenhuma.

— Não é disso que eu estava falando, seu boboca, o que quero dizer é que não pode pôr o meu nome na sua cadela.

─ Por que não?

─ É errado, Prunella não é nome de cadela ─ Tristan esclarece.

─ A cadela é minha e eu coloco o nome que eu quiser, e quando ela tiver filhotes vou chamá-los de Tristan: Tristan llI, Tristan IV, Tristan V. Todos Tristan.

─ Você é idiota, Caradoc.

Sem se importar com as palavras de Tristan, Tobias crava o olhar no meu.

─ Sabia que a cadela pode acasalar com os próprios filhotes? Não ficarei nada surpreso caso a Prunella cruze com um Tristan no futuro e tenha uma centena de cachorrinhos cabeçudos.

─ Por que você é assim? — despejo, irritada. — Por que fica falando essas coisas? Eu não quero ouvir, não quero saber da sua cadela nem de nada disso.

─ Deveria me agradecer por te falar a verdade, amigos não contam mentiras.

— Você não é meu amigo.

─ Eu nunca disse que era — guincha com um puxão na minha trança.

Tristan fica de pé.

─ Larga o cabelo dela!

Os acordes de Somewhere Over The Rainbow tomam cada polegada do jardim, abafando o burburinho. Eu me preparo paro o pior. Uma lágrima, depois outra, logo minhas bochechas estão decoradas por grossas linhas de água e sal.

Convidá-lo foi um erro.

Pela visão periférica, vejo os olhos de Tristan se semicerrarem, ele empurra o braço do Tobias para longe, forçando-o a soltar a minha trança.

─ Nunca mais encosta nela, o seu padrasto devia ter te ensinado que é errado bater em meninas.

Tobias fecha a cara.

─ Eu não bati nela.

Nunca antes alguém se importou em me defender, as outras crianças temem o Tobias, mas Tristan é corajoso, como um Westley lutando por sua Buttercup. Eu o amo por isso, o amo por sua bondade e por se importar comigo, mesmo quando ninguém mais parece fazê-lo.

Vindo até nós, mamãe se agacha ao lado da minha cadeira.

─  Por que está chorando? — Ela examina a minha trança. — Oh, céus! Olha só para você, seu cabelo está uma bagunça. ─ Passo a mão pelo penteado e constato que tem razão, a trança está meio desfeita e a fitinha azul que ela usara para arrematá-la desapareceu. ─ Ah, não chore, querida. Vai ficar tudo bem, vamos dar um jeito no seu cabelo, só me diga o que aconteceu. 

─ Foi ele! Ele puxou o cabelo da Frini e fez ela chorar. — Tristan aponta para um Tobias estático. Quando o olhar cauteloso da mamãe o encontra, ele pula da cadeira e afunda as mãos nos bolsos da calça.

─ Isso é verdade? —ela pergunta.

─ Não.

─ É sim. — afirmo, esfregando o nariz ranhoso com um lencinho de papel. — Você vive me atormentando e até me derrubou do balanço.

─ Esse é o garoto que te derrubou do balanço? ─ Mamãe massageia as têmporas, respira fundo. ─ Certo. Vamos resolver isso. Pode me dizer o seu nome?

Tobias encara um munchkin, evitando o olhar dela.

─ Nero.

— Está mentindo — Tristan denúncia. — O nome dele é Tobias.

Mamãe se põe de pé, quando tenta tocar o topo da cabeça do Tobias, ele salta para trás como se os dedos dela estivessem eletrificados.

— Está tudo bem, não vou machucá-lo — diz com voz de algodão-doce. — Não é todo dia que conheço um imperador romano, mas, se vamos tentar resolver as coisas, precisa ser honesto e me dizer a verdade. Onde está a sua mãe? Preciso falar com ela.

─ Olha, você está uns bons séculos atrasada para esse bate-papo.

Mamãe força um sorriso.

─ Ela não está aqui?

Tristan mal pisca, atento ao interrogatório.

─ A minha mãe não tem tempo pra ficar vigiando pirralhos em festa de aniversário.

─ Entendo. Pode me dar o telefone dela, então?

─ Pra você ir correndo fofocar que eu puxei o cabelo da Prunella?

─ A sua mãe precisa saber o que você fez, não pode bater nos seus amiguinhos, é errado.

─ A Prunella não é minha amiguinha e eu não bati nela. Pode ser que não tenha percebido, afinal as mães nunca percebem nada mesmo, mas a sua filha não é a menina mais forte do mundo, se eu tivesse batido nela, ela não estaria sentada aí chorando mais que uma gaivota depois de encher a pança com água do mar, mas desacordada na grama com um morcego embaixo do olho e uns dois dentes a menos na boca.

Arregalo tanto os olhos que chego a imaginar que grudarão nas lentes dos óculos. À minha esquerda, Tristan não está menos perplexo. Os lábios da mamãe se separaram para falar algo, mas as palavras evaporam antes mesmo de serem pronunciadas. Nunca a vi assim antes, completamente atônita, como se estivesse diante de uma assombração.

— Não tem porque se preocupar, eu não vou bater na sua filha, não sou esse tipo de garoto, não brigo com meninas nem com pessoas especiais, e considerando que a Prunella é os dois, está duplamente protegida.

Rajadas de tristeza espiralam através de mim.

Nada do que Tobias disse ou fez me machucou tanto quanto isso, nem mesmo a queda do balanço. Ele estava lá quando Tristan sugeriu que eu era especial, viu o quanto isso me machucou e não se importa em escavacar a ferida.

— Não fique assim, querida. — Mamãe enxuga o meu rosto com um lencinho, suas narinas estão dilatadas, a respiração vacilante. — Está tudo bem. Ele não falou sério, não é?  — Seus olhos azuis imploram ao Tobias que diga algo. — Peça desculpas a Frini, Tobias.

Ele cruza os braços.

— Nem fodendo.

O rosto da mamãe enrijece.

Por mais triste que esteja, não sou capaz de refrear a aceleração do meu coração ao descobrir uma palavra nova — embora desconheça seu significado, adoro a sonoridade. Esqueço meu cabelo bagunçado e desprezo pelo Tobias e faço uma anotação mental para usá-la até a hora de dormir, quem sabe durante o jantar, quando papai tentar me convencer a comer o brócolis.

— Coma todo o brócolis, Frini — ele dirá.

— Nem fodendo, papai — responderei. — Mas obrigada.

Olá, gafanhotos mágicos!

Cá está o quarto capítulo, e assim encerramos a primeira fase deste livro, com Tobias sendo a criança doce, educada e boazinha com a qual todos os pais sonham.

It, que quiança linda.

A todos que permanecem por aqui, mil cheiros nos olhos e uma mordida no nariz - só se estiver limpo e não estiverem gripados, resfriados ou com crise alérgica. Saibam que este é um lugar especial para pessoas especiais.

O que acharam do capítulo, gostaram?

Curtiram o pequeno Tobias?

O que acharam da atitude de Frini em relação ao presente, foi desdenhosa ou tinha razão de reclamar?

Se fosse com vocês, como reagiriam? Sejam sinceros.

Ah, e vamos lembrar que Frini é só uma criança, assim como Tobias, crianças fazem coisas estúpidas, como o restante de nós, e têm tanto filtro quanto eu.

O que me dizem da reação da mãe de Frini?

No lugar dela, o que fariam?

Acham que Tobias pegou pesado?

Notaram que ele quase não mente?

E o que acharam de Tristan?

Vocês preferem amigos que escondem o jogo para não machucá-los ou os que falam na cara?

Outra coisa que queria falar: como devem ter notado, eu uso bastante referências na minha escrita, se isso incomodar muito me deixem saber, não vou parar de usá-las, mas posso incluir uma explicação nas notas.

A Frini tem um vocabulário bem rebuscado para uma adolescente, decidi manter isso, se tirasse não seria a Frini, mas odiaria que soasse caricato ou forçado, então, estou tentando balancear as coisas, como faço com o Tobias. 

Eu sei que vocês são espertos e tudo mais, mas mesmo os espertos têm dúvidas - eles sempre têm, só os bocós acham que sabem de tudo - então, se tiverem dúvida durante a leitura, principalmente em relação às referências, que serão muitas, podem perguntar.

Ainda não sei quando volto com novos capítulos, muita coisa aconteceu nos últimos dias e tenho estado bem fora da casinha; além do que, tô meio cega, só vou voltar a ver de verdade quando meus novos óculos chegarem - Deus abençoe para que funcionem, porque tá tudo embaçado. Os cegos de plantão devem entender o quão frustrante é ter quatro olhos e nenhum deles funcionar. Fora isso, estou plena e podre, plenamente podre, como sempre. 

Fiquem com spoilers da nova fase tirados diretamente do meu sketchmess:

Não reproduzam, copiem ou se apropriem de nenhum fragmento deste livro sem a minha autorização. Caso tenham a intenção de usar algo, creditem.

Queijos!

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