SENTADO
Sabem o que é? Eu cansei, foi isso e só
Parei do nada, no meio daquela calçada
O sinal de pedestres ascendeu na hora
Eu flexionei os joelhos e sentei no chão
Alguns que vieram atrás e pelos lados
Esbarraram em mim, gritaram, xingaram
Um senhor de barba, bem apessoado
Perguntou se eu estava bem e se não
Precisava de ajuda, se queria apoio
Para levantar, o que neguei com o olhar
Pelo menos achei que o tinha feito
Mas penso que ele não me entendeu
Por causa da forma como ele reagiu
Ficou me estimulando a me erguer
E quando viu que não daria em nada
Seguiu o seu caminho pela calçada
Todos que paravam e de alguma forma
Interferiam para sanar aquela situação
Em que me encontrava, absurda p'ra eles
Iam embora desapontados por falharem
Até que a ambulância chegou e assim
Dois enfermeros me ergueram e na maca
Me colocaram, como eu estava, sentado
No hospital, clínicos gerais, psicólogos
Todos eles, com suas soluções mágicas
Fracassaram e quando não restava mais
Nada que se pudesse ser feito por mim
Levaram-me para casa, sentando-me no
Sofá da sala e lá eu fiquei, ligaram a tv
Minha mulher e meus filhos choravam
E por fim eles também me deixaram
E ali finalmente eu estava de volta à cena
Do filme, era um faroeste que passava
Um índio sentado sobre um cavalo, parado
Vacilante ele olhava para frente, para mim
Mas não era eu, não mais, eu era o índio
Imponente, respiração enérgia, um brilho
No olhar e o vento soprando os cabelos
Dei um sorriso, o índio, não, era eu o índio
Eu me via parado na sala, sem vida, nada
Aí segurei firme nas rédeas do meu cavalo
Acariciei seu pelo, sorri para o sujeito na sala
E arranquei pela estepe arenosa, em disparada
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