Eu Já Estava Morta
Você pode estar pensando "Ela se matou só por isso?", ou "E isso lá são motivos?", ou até mesmo "Você é fraca demais, não aguentaria um dia na minha vida.", mas, eu digo, você está errado. Está errado se pensa que eu me matei. Porque eles me mataram. E não foi agora, eu já estava morta.
Costumo dizer que a depressão é um estado em que a pessoa já está morta, porque ela a matou e, quando ela se mata, quem a matou, foi a depressão ou as pessoas que causaram ela. Bem, se a pessoa sobrevive, parabéns, você renasceu. Mas não foi o meu caso.
Naquela noite, eu chorei até meus olhos incharem e minha roupa estar molhada das minhas próprias lágrimas. Eu decidi que não era justo sentir aquela dor somente dentro de mim e não me machucar, realmente. Então, queria senti-la por fora também.
Eu me cortei. Talvez eu nem quisesse morrer, pois tinha medo da morte, mas acreditei que ela fosse qualquer coisa melhor do que o que eu estava vivendo. Afinal, se ela fosse o nada, é melhor que o inferno. E se o inferno me esperava, bom, eu acho que sou a pessoa perfeita para lidar com ele.
E, agora, meus motivos.
Jenniffer me fez sentir ódio. Não só dela, ela me fez sentir ódio de mim, por odiá-la. Eu era tão ingênua, que, para mim, sentir o ódio era algo que me tornava ruim. Sendo que ela era o mal.
Guilherme me fez perder minha autoestima e nunca mais ser capaz de amar ninguém. Eu sabia disso. Depois das coisas que ele me disse, eu jamais conseguiria me sentir bem amando alguém, mesmo que fosse recíproco. E eu amava a ideia de estar apaixonada...
Minha mãe foi a pessoa que cuidou de mim. Mas eu nunca consegui a amar. Eu não sei, as coisas que a incomodavam sobre mim, não eram o que de fato me machucava. Por isso, eu achei que ela não estava nem aí. Não quero saber se estou ou não certa.
Pai, bom, ele nunca foi presente. Não poderia se lamentar, ele nem sabe a data do pior dia da minha vida. Talvez por ser aquele meu aniversário ou por ser o dia que eu nasci.
Lisa foi minha primeira decepção. Mesmo assim, eu quis acreditar que era possível e que ainda tinham pessoas por mim. Estava errada. Ninguém se importa, no final.
Fernanda me fez acreditar que ninguém seria capaz de realmente me amar. Que sempre estariam mentindo para mim e que sempre me trairiam no final. Talvez ela só tivesse me mostrando o certo, ou talvez seria apenas mais um trauma, mas eu não quis viver para ver o quão dura a vida poderia ser. Sim, eu admito, não estava pronta.
Todas essas pessoas, todas elas, foram responsáveis por essa doença ter chegado até mim e feito o estrago que fez. Mesmo se eu vivesse, eu teria que matar a Pâmella que eu era antes, e eu não quero isso. Eu prefiro deixar de existir do que deixar de ser eu... Deixar de amar.
Então, agora está feito. E eu aposto que todos esses nomes vão chorar e se dizerem meus amigos. Mas, agora, eu não me importo mais com isso. Estou livre para ser eu. Longe deles.
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