Capítulo 7
— Senhor, ele vai ficar bem? — Emê de Martnália perguntou.
— Não. O Aguinaldo morreu — O enfermeiro com cara de unicórnio respondeu.
— NAAAAAAAAAAOOO! — Ela gritou e se ajoelhou no chão, chorando muito, de soluçar. E suas lágrimas eram vermelhas como sangue. — Eu nem pude dizer o quanto o amava, e o quanto estava arrependida por ter rejeitado ele e pensado que ele era gay!
E todo mundo foi no velório dele, inclusive o Homem Aranha, o Batman, o Superman e o Chapolin Colorado. E todos se arrependiam muito por tudo o que tinham feito de ruim para ele, e pelo que deixaram de fazer.
Emê de Martnália nunca mais se casou. Elcione e Beltassamo nunca mais foram felizes. Batman finalmente se casou com a mulher gato. Chapolin Colorado voltou a passar na televisão. E Aguinaldo morreu com muita satisfação. Fim.
•••
— Doutor, ele vai ficar bem? — Emê de Martnália perguntou.
— Vai, ele vai ficar ótimo! — O enfermeiro respondeu. — Na verdade, não tem nada de errado com ele, e nesse momento ele ainda deve estar tendo um bom sonho.
O enfermeiro apontou para o rosto de Aguinaldo, e Emê pode ver com clareza um sorriso de satisfação dançando nos lábios dele.
— Qual foi o motivo do desmaio?
— Ele deve ter passado por uma situação que causou muito choque em seu cérebro, e ele acabou assim.
Olharam novamente para Aguinaldo e se surpreenderam ao vê-lo com os olhos abertos.
— Aguinaldo! — Emê se apressou em se aproximar dele. — Você está melhor?
— Eu... eu morri? Esse é o céu? — ele murmurou.
— Não, — o enfermeiro respondeu e riu — não tem nada de errado com você.
Aguinaldo olhou ao redor e se deu conta de que estava em uma das salas da secretaria da escola, já que não tinham uma enfermaria. Ele nem mesmo sabia onde tinham conseguido o enfermeiro.
E como lembranças nunca avisam quando vão retornar a sua mente, Aguinaldo subitamente se lembrou de tudo o que tinha acontecido antes de ir para na secretaria, da descoberta sobre Beltassamo, Emê de Martnália surgindo e o defendendo, e o desmaio. O vergonhoso desmaio.
— Você... você me trouxe pra cá sozinha? — Ele perguntou para Martnália.
— Eu fiquei muito assustada quando você desmaiou nos meus braços, então corri e vim chamar alguém, o coordenador me ajudou a te trazer pra cá e depois foi até o postinho de saúde ali do outro lado e conseguiu esse enfermeiro pra você — Martnália explicou.
Aguinaldo fez uma careta ao ouvir todo o trabalho que deu para ela. Já o enfermeiro apenas riu suavemente e pensou em como deveria ser bom ser adolescente e viver uma história tão romântica.
— Me desculpe por causar tantos problemas pra você.
— Imagina, não foi nada. — Martnália sorriu e segurou a mão dele com delicadeza.
Não preciso nem dizer que Aguinaldo quase desmaiou outra vez. E ao perceber a reação exagerada do garoto, já que estava estampado em seu rosto o quanto tinha ficado surpreso com o gesto da garota, o enfermeiro teve de segurar o riso.
— Tá, tá... eu preciso ir trabalhar e esse menino precisa comer, antes que ele desmaie outra vez. Fora daqui!
E foi assim que Aguinaldo e Emê de Martnália foram gentilmente convidados a se retirar da secretaria.
Quando chegaram ao lado de fora do colégio, a rua estava deserta. Somente o vento e as folhas das árvores espalhadas estavam presentes, todos os outros alunos já haviam ido embora, mesmo aqueles que sempre ficavam mais tempo na porta da escola. Martnália olhou em seu relógio de pulso e percebeu que já eram quase duas horas da tarde, e eles ainda não tinham almoçado.
Perdido em seus próprios pensamentos, Aguinaldo planejava sua vingança contra Beltassamo. O pior é que ele nem conseguia pensar em algo tão maligno quanto espalhar para a escola inteira que seu melhor amigo é seu namorado, e esquecer de avisar para ele! Só de se lembrar disso, ficava com ainda mais raiva e apertava os punhos como se o pescoço de Beltassamo estivesse entre eles.
— Você está bem? — Martnália notou que Aguinaldo ainda estava meio aéreo e levou a mão até o braço dele e começou um leve carinho ali.
Se Aguinaldo estivesse bem antes, a partir do momento em que a mão dela tocou sua pele, deixou de estar.
— Vou ficar — ele conseguiu responder.
O que era uma mentira, pois ele não achava que fosse ficar bem tão cedo. Aquele havia sido o típico dia que alguém rolaria na cama a noite refletindo sobre todos os momentos, e como Aguinaldo sonhava bastante, nem depois de dormir estaria livre.
Mas Emê de Martnália não sabia sobre nada disso, e estava preocupada com seu amigo. Então ela sorriu com certa simpatia e levou sua mão até o queixo de Aguinaldo, fazendo com que sua cabeça se inclinasse suavemente para cima e que seus olhos se encontrassem. Por alguns instantes, Aguinaldo esqueceu como se respirava, enquanto seu coração fazia uma marcha de soldados e todas as veias de seu corpo começavam a pulsar.
Os olhos dela eram tão bonitos! E ele não conseguia decidir para onde olhar, para seus lábios convidativos esboçando um sorrisinho lateral, ou para o cabelo preso expondo o pescoço e clavícula, para cada uma das pintinhas que ela tinha no rosto, a fim de contá-las; ou os fios que tocavam gentilmente suas bochechas, o que ele mesmo também queria poder fazer! De repente, tudo começou a valer a pena, toda a humilhação, a vergonha das coisas que passou na frente dela, poderia passar por tudo aquilo outra vez se no fim estivesse nesse momento, com o olhar carinhoso de Emê de Martnália em seu rosto e as mãos dela tocando seu rosto.
— Se você precisar de ajuda, eu sempre vou estar aqui. Nunca vou estar contra você, Aguinaldo — Ela disse.
O tempo pareceu parar e Aguinaldo teve a sensação de que as folhas flutuavam lentamente em direção ao chão. O vento tocou os fios de cabelo de Martnália e os balançou, e enquanto tudo isso acontecia, ele só teve a chance de pensar em como ela estava absurdamente linda inserida naquele cenário.
— Obrigado — Aguinaldo respondeu.
Então ela se afastou e ele se arrependeu imediatamente de ter respondido tão rápido. Martnália respirou fundo e olhou ao redor, pensando se deveria convidar Aguinaldo para almoçar em algum lugar. Provavelmente sim, mas ela também não sabia como perguntar isso sem dar sinais que pudessem confundir Aguinaldo de que seria um encontro ou algo do tipo. Depois de muito refletir, decidiu puxar assunto sobre outra coisa até que ele decidisse ir embora por conta própria, assim não teriam a necessidade de almoçar juntos.
— Ainda está de pé, hoje lá na sua casa? — Ela perguntou.
— Sim, ainda está marcado para depois das dezenove horas. — Aguinaldo ficou surpreso e ao mesmo tempo feliz por ela não ter se esquecido. — Você vai ?
Ela abriu um sorriso.
— Vou estar lá.
Como nenhum dos dois disse nada por alguns segundos, Martnália decidiu simplesmente ir embora, pois estava com muita fome. Sobre essa questão, Aguinaldo nem estava se lembrando que precisava comer. Ela passou por ele em direção a rua e foi atrás de um lugar para comer. E Aguinaldo ficou paralisado no pé da escada, apenas observando enquanto ela se afastava.
Quando ela virou a esquina, Aguinaldo praticamente despencou até o chão. Nunca na vida tinha sentido tantas emoções em tão pouco tempo. O pior é que ele não sabia se Martnália tinha alguma noção do que causava em seu corpo, e de que provavelmente ela seria o motivo de seu colapso.
Mas tinha certeza de que ainda seria um longo dia.
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Oiê, tudo bem? 🤠
Quem é vivo sempre aparece, né? ಥ‿ಥ
Estou no meio de uma correria aqui, então só consegui publicar esse capítulo agora.
Mas me conte, qual foi sua reação nesse capítulo? Você já comentou o que achou em cada momento? Porque eu amo ler os comentários e responder! ❤️❤️
Mais uma vez, quero agradecer muito a quem está acompanhando, sério! Acho que nunca vou agradecer o suficiente 😌
Muito obrigada!!❤️❤️
Enfim, até o próximo capítulo! 😘
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