Kaya e Shoto estavam deitados no futon do rapaz no quarto dele. Ela estava com a cabeça encostada em seu peito e ele acariciava os cabelos negros da jovem.

-Shoto...

-Hum?

-Você está me deixando preocupada. Você está bem mesmo? Digo com tudo isso?

-Eu vou melhorar Kaya. Eu prometo. É só que... O Dabi ser o meu irmão me deixou sem chão. Podia ser eu sabe? Na mesma situação.

-Não fica pensando nisso. Foi uma escolha. Ele poderia ter sido diferente. Poderia ter sido como você. Um homem bom.

-Eu não sei o que vai ser de nós agora. E nem sei o que pensar.

-Seja como for... estarei com você...

-Só eu posso parar ele. Meu pai não vai conseguir.

-Shoto...

-Kaya... vamos passar por isso. Eu só não sei como ainda.

Ela o beijou e depois o abraçou fortemente. Ela sabia da responsabilidade e de tudo que estava nas costas dele. E faria de tudo para poder ajudá-lo. Embora a guerra os tenha deixado distante. Shoto parecia estar sempre pensativo e triste, e isso incomodava Kaya, mas ela não queria ser insensível a este ponto.

***

Kaya e Hana treinavam no centro de treinamento sozinhas. Kaya se esforçava o máximo possível, mas ela notava que Hana não estava bem e já tinha um tempo que as coisas estavam assim.

Entre um treino e outro, Hana ficou pálida e dobrou os joelhos no chão.

-Hana! - Ela correu para ajudar a amiga.

-Eu tô bem... eu só... me dá um tempinho... preciso ir ao banheiro.. eu tô muito enjoada....

-Vem eu te ajudo!

Ela auxiliou a amiga até o banheiro. Hana vomitou por um tempo, enquanto Kaya segurava seu cabelo. Quando ela ficou melhor Kaya a sentou e levou água para a jovem que ainda estava muito pálida.

-Hana... você não está bem. O que esta acontecendo?

-Eu não sei... eu tô muito enjoada.

-Hana... há quanto tempo você está assim?

-Não sei... umas 3 semanas eu acho.

Kaya sentou ao lado da amiga e soltou um suspiro. Kaya era muito esperta. Muito inteligente e havia visto aquilo uma vez, com a tia dela. Ela estava procurando a melhor forma de dizer.

-Hana... você está menstruando?

Hana se assustou com a pergunta e ficou em silêncio encarando Kaya sem saber o que dizer.

-Está Hana?

-...

-Se não me engano, ouvi você dizer para ir devagar porque seus seios estavam doloridos.

-O que quer dizer Kaya?

-Você está grávida?

Hana ficou em choque. Sabia que Kaya estava certa. E de certa forma ela estava desconfiando, mas se recusava a acreditar.

-Não fode Kaya...Grávida? Eu? Agora? - as lágrimas rolaram no rosto de Hana. - Como eu posso pensar numa coisas dessas?

-Hana...

-Não posso Kaya! Eu tenho 17 anos, ainda moro com meus pais! Meu namorado também tem 17 anos e mora com os pais dele! Somos estudantes! Eu não posso pensar numa coisa dessas! Meu Deus!

-Você tem que ser realista Hana! Não adianta ficar negando!

Ela cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar copiosamente. Entre um soluço e outro ela confessou.

-Eu tô atrasada e já faz um tempo! Sei lá... uns 2 meses, ou mais. Eu tô passando mal, eu tô chorando feito uma idiota e estou engordando! E eu acho que tô mesmo grávida, mas não sei o que fazer agora!

-Hana! Você nem devia ter ido na guerra!!! Você poderia ter perdido este bebê!

-Eu sei... mas não podia contar para ninguém! O que meu pai vai dizer? O que o Katsuki vai dizer?

-Quando eu te perguntei já estava atrasada?

-Já...

-Meu Deus! Vocês transavam sem proteção nenhuma! Você queria que viesse o que? Um iPhone?

-Kaya... você não entende... como posso ser heroína e ser mãe ao mesmo tempo?

-Minha mãe teve dois filhos e ainda atua como heroína! Mulheres podem ser o que quiserem com filho ou sem filho.!

-Katsuki vai me odiar.

-Não seja boba! Se ele fizer uma coisa dessas ele vai se ver comigo! - Kaya abraçou a amiga ainda chorosa. - Enxuga as lágrimas. E se recomponha, temos que contar para alguém. Antes que a barriga comece a crescer.

Hana criou coragem e seguiu para a enfermaria. Recovery Girl e mais uma enfermeira faziam algumas anotações. A jovem chegou devagar e ficou para na porta.

-Ah, minha jovem. Nem vi que estava aí... em que posso ajudar?

-Eu... eu queria falar com a senhora em particular se possível.

-Claro meu bem. Deixe-nos a sós por favor Kyoko.

-Claro.

Hana entrou devagar e sentou-se em frente a heroína sênior. Ela estava tão nervosa que não conseguia respirar direito.

-Está se sentindo bem, criança?

-Recovery Girl, eu preciso te contar uma coisa. Mas, eu queria que você guardasse segredo. Pelo menos por enquanto...

-Depende do que vai me pedir. Se for algo que eu julgue necessário eu terei que comunicar..

-Eu entendo... - Ela abaixou a cabeça e respirou fundo para criar coragem. -Eu... acho que estou grávida...

Recovery Girl ficou em silêncio apenas observando a jovem que começou a chorar.

-Ah, querida... o pai da criança... É daqui...?

-Sim. Ele é meu namorado. Mas, por favor, não fala com ninguém ainda. Eu não tô pronta.

-Primeiro, vamos ter certeza, ok? Vamos fazer um exame de sangue e um ultrassom. Depois a gente sobre isso. Tá bom?

-Sim senhora.

Hana fez o exame de sangue e depois foi para a maca para poder fazer o ultrassom. A Recovery Girl passou o gel na barriga da jovem e começou a fazer o ultrassom. Finalizou sem dizer nada.

Hana ficou sentada aguardando enquanto a Recovery Girl fazia a análise do sangue. Ela olhava fixamente para o chão ansiosa pelo resultado.

A heroína sênior sentou-se a frente dela e ficou um tempo observando Hana antes de começar.

-Hana... você realmente está grávida.

Hana não ouviu muita coisa depois da frase. Era mesmo verdade. Ela não se preveniu. Não. Eles não se prevenidas e agora ela estava grávida. E não sabia o que fazer de agora em diante.

-...eu não vou contar nada a ninguém por enquanto . Vou deixar você se recuperar da notícia e deixarei que você mesma conte ao seu namorado e depois comunicarei ao diretor...

Hana Mizume estava mesmo grávida de Katsuki Bakugo.

***

Kira subiu as escadas correndo. Os cabelos curtos brancos esvoaçantes, os olhos dourados. O coração dela estava apertado. Ela não sabia ao certo se Keigo, o homem que tanto amava estava bem. Ela havia jurado que o protegeria e ele acabou se machucando. Ela chegou na porta e bateu receosa.

Ouviu um "entra" meio eletrônico e entrou. Keigo Takami, o Hawks estava sentado na cama com uma máscara respiratória e o corpo todo enfaixado. As asas outrora vermelhas vibrantes não existiam mais.

Kira se aproximou do pro hero e se ajoelhou diante dele aos prantos.

-Você... está vivo. Graças à Deus. Eu pensei que tivesse te perdido.

-K i r a... e u t o b e m. - Ele digitava freneticamente.

-Keigo... eu prometi que te protegeria. Eu prometi.

Ele a ergueu do chão e abraçou a amada. Um amor puro. Um amor que havia começado muito antes, num bairro pobre.