CAPÍTULO 9 - Pequeno Atraso
Eu nunca imaginei como a popularidade de alguém podia aumentar tanto em tão pouco tempo. Mas eu sou Joseph Uckermann, tenho vocação para ser estrela, e quando falamos em Joseph Uckermann e Katherine Hunnigan é garantia de sucesso. Por que é claro, ela é a artista mais importante do país. Mas... Eu tenho o meu charme. Né? É.
Mas, muitas das vezes essa “fama” repentina era meio que ameaçadora.
Katherine tentava não demonstrar seu ódio profundo nas entrevistas que dava, dizendo que tudo tinha sido um acidente e que eu estava a ajudando na sua recuperação, e quando perguntavam sobre nós termos reatado, a resposta dela era sempre a mesma “rsrsrsrsrsrs, não”. É claro que era não, até porque eu não queria, porque se eu a quisesse ela estaria em minhas mãos.
Mentira, não estaria não.
Ainda assim, o fato dela ter tido de cancelar alguns shows, já que quando forçava muito a voz começava a ficar fanha igual um pato, não comprometeu sua carreira ou a fez ter qualquer tipo de prejuízo. Muito pelo contrário, parecia que chovia gente querendo saber como ela conseguiu quase quebrar o nariz e ainda por cima quem havia feito aquilo. Quando falava que havia sido eu, meu Twitter chovia de twetts me chamando de assassino de nariz ou “afanhador”, o que, particularmente, achava uma afronta.
Apesar de tudo, depois daquele período fanha, a voz de Katherine voltou ao normal e naquele dia seria o seu primeiro show depois do acidente. Eu estava com medo de qualquer coisa desse errado, mas eu torcia por ela, já que torcer por ela seria o mesmo que torcer por mim. Conhecendo Katherine, se uma lâmpada queimasse a culpa seria minha.
Estávamos fazendo o teste de figurino de Katherine. Por algum motivo desconhecido de Zeus, eu estava sendo mantido ali dentro quase em cárcere privado, já não aguentava mais olhar ela procurar o que colocaria na entrada do show e estava ficando sem paci.
— Cala a boca, Joseph! – Berrou – Eu mandei calar a boca!
— Mas eu não to falando nada! – Expliquei, me encolhendo no sofá.
— Mas eu ouvi sua voz falando na minha cabeça: “Você bonita assim, Kath. Vai dar tudo certo!”. E TODA VEZ QUE VOCÊ DIZ ISSO, TÁ TUDO ERRADO! E agora? E agora? Qual eu ponho? Qual eu ponho? – Começou a se questionar, erguendo um monte de cabides de vestidos. – Esse? Esse? Ou Esse? Ou aquele ali?
— Põe o preto, Katy. – Disse quase escorrendo para fora do sofá. Não aguentava mais aquilo. O tédio e o sono estavam tomando conta de minha pessoa maravilhosa.
— CALA A BOCA JOSEPH!
Revirei os olhos e me forcei a ficar aqui durante quanto mais tempo aguentasse. Acho que não demorou quinze minutos para eu levantar e começar a ir em direção a porta. Chega!
— Aonde você vai? – Perguntou ela entre dentes. – Você tem de me ajudar!
— Você não liga para a minha opinião, esqueceu? – Disse revirando os olhos. Ela bufou.
— Joseph!
— Katherine! – Sorri e ela quem revirou os olhos. – Preciso trabalhar. A gente se vê no show, ok? – Ela assentiu. Voltei em direção a porta e comecei a me afastar.
— Ei. – Ela chamou de novo e me virei. Ela encolheu os ombros e sorriu tímida. Katherine Hunnigan tímida é erro de digitação. – Não falta, ok?
Sorri contido antes de assentir. Ela sorriu de volta, antes de se virar e eu sair dali.
As coisas estavam começando a fluir com Katherine. Isso era bom, me lembrava de tudo o que nós já passamos, mas eu não me sentia confortável com aquilo. Uma, porque ela havia se tornado um monstro e outra porque havia as outras. Sun e Marg. Marg e Sun.
Eu havia me conformado tanto em ter uma paixonite pelas três que era estranho me conformar com apenas uma. Vem pro papai que eu to guloso.
Ok, ignorando a última frase.
Realmente, desnecessário.
Quando cheguei à revista, havia pessoas correndo de um lado para o outro. Elas me cumprimentaram, mas na maioria eu respondia apenas com um sorriso e um aceno na cabeça. Estavam correndo, pois a revista estava para lançar a nova edição e aquilo sempre era um inferno.
Desviei de todas e fui até a sala de Margot. Eu entrei sem bater e ela falava no telefone me fuzilou com os olhos. Sorri abertamente para ela, antes de me sentar na sua cadeira e esperar que ela terminasse a ligação. Coisa que demorou alguns minutos, mas eu imaginei que era apenas para me irritar.
— Sai da minha sala, amor. – Disse ela sorrindo. Eu revirei os olhos, me debruçando na sua frente e neguei com a cabeça.
— Não, preciso falar com você. – Respondi sorrindo. Ela fez o mesmo antes de se levantar. Margot estava particularmente linda naquele dia. Mexia em algumas coisas na outra mesa, curvada, e eu evitei olhar para as pernas dela.
— O que quer? – Perguntou antes de pegar alguns papeis e voltar a se sentar.
— Sobre a nova edição, teve alguns erros e você precisa assinar para mandar de volta para a gráfica. – Ela assentiu e estendi uma folha para ela. Ela assinou quase sem olhar. Confiança, ó. – E sobre o fato de que Katherine requisita sua presença no show de hoje. Ela está nervosa.
— Ok. – Respondeu sem prestar muita atenção. – Mas, agora quem precisa falar com você sou eu. Há algum tempo eu precisava que você escrevesse uma matéria sobre romantismo e essas coisas. Sou péssima com isso. E é para amanha, tem como você rabiscar alguma coisa? É para um blog.
— Eu ganharei um beijo se fazer isso? – Perguntei olhando no fundo dos seus olhos. Em uma situação normal, qualquer garota iria corar. Margot se manteve inabalável.
— Não. Ganhará um salário medíocre como todos os meses. – Suspirei antes de me erguer, mas me apoiei em sua mesa, de modo que nossos rostos ficaram muito próximos.
— Eu sei que você me quer. – Respondei erguendo as sobrancelhas antes de bater na bunda, e beijar meu próprio ombro. – Mas aqui, amor, é só pra quem pode.
Ela riu, antes de revirar os olhos e sai da sala.
Eu não imaginava que uma droga de matéria poderia demorar tanto para ser escrita. Queria ir embora, precisava ir embora. Prometi que pegaria Mike na sua casa para irmos ao show de Katherine, onde provavelmente Margot iria conosco, mas eram quase oito horas e eu ainda estava na repartição.
Todos estavam indo embora e eu não tinha feito nem metade do que eu precisava. Olhava para a tela do computador e nada saia. Nada. Nem mesmo uma vírgula medíocre. O show estava marcado para começar às nove e meia e quando deram nove horas, horário que não existia mais ninguém naquele lugar, adivinha o que aconteceu?
Ah, como eu sou maravilhoso e tudo dá certo para mim, tudo simplesmente... Apagou.
Pude ouvir o barulho do meu monitor desligando assim como tudo o que havia dentro daquele andar. Estava totalmente às escuras e tudo o que eu conseguia ver eram as luzes da cidade lá embaixo dando um pouco de claridade.
— EI, EI, EI, EEEEEEEEEEEEEEEI! – Gritei para que alguém pudesse me ouvir assim que as luzes apagaram.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Pude ouvir alguém gritar, o que me assustou porque fiquei de pé no mesmo instante e ainda por cima bati meu joelho na quina da mesa.
— Droga. – Grunhi antes de me levantar tateando o lugar. Andava arrastando o pé no chão, procurando algo para me segurar e tudo o que eu encontrava era lugares para eu bater e escuridão. — Tem alguém ai? – Perguntei baixo, provavelmente estava com tanto medo de ser algum tipo de ladrão que nem eu ouvi direito.
Bati meu joelho com tudo em uma quina de uma mesa e caí no chão, comecei a engatinhar, passando a mão no chão para poder não bater minha testa em nada. Foi então que eu encontrei algo no meio do caminho.
Quando eu encostei-me ao que parecia ser pequeno e subia e que tinha certa maciez, ouvi outro grito e um elefante pareceu cair em cima de mim.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Eu gritei.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – O elefante gritou.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Eu gritei.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – O elefante gritou.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Eu gritei.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – O elefante gritou.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Eu gritei.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – O elefante gritou.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Eu gritei.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – O elefante gritou.
O elefante e eu gritávamos sem parar, até que uma luz atingiu meu rosto e eu me esquivei para trás, batendo minha cabeça em uma mesa e um monitor quase caiu em cima de mim.
Quando olhei para frente, gritei novamente, pois Margot me olhava com uma face diabólica e os cabelos todos bagunçados como se estivesse acabado de sair de uma guerra ou tivesse competido quem grita mais com alguém com muito fôlego.
— Idiota! – Gritou me dando um soco e eu fui para trás de novo. – Você me assustou.
— E você acha que fez o que comigo, obesidade mórbida? – Questionei ficando em pé, vendo apenas o que o flash do celular dela permitia enxergar.
— Foi você quem pegou no pé! – Disse se recompondo e ficando em pé também.
— E pelo o que me consta era você a bigorna que caiu na minha cabeça. – Ela me deu outro tabefe. – Para de me bater! – Gritei e ela revirou os olhos.
— Por que apagou a luz? – Perguntou com as mãos nas cinturas.
— Eu não apaguei as luzes! Você quem deve ter apagado.
— Ah, eu apaguei e to perguntando para você para me fazer de desentendida. – Disse irônica. – Me de um motivo para eu fazer isso, Uckermann.
— Você que é a assassinada da força, não eu. – Disse indo em direção ao corredor do elevador. – Vamos embora logo, não tem mais força.
Ela não disse nada, apenas me seguiu enquanto eu ia até o elevador e apertava o botão para ele subir.
— Nossa, para terminar com o meu dia, o elevador ainda está quebrado! – Disse chutando a porta de aço. Machucou meu dedo.
— Ah, não! Não, não, não, não! Como você esperar que o elevador suba se não tem energia, idiota? – A olhei de esguelha e ela me encarou com sua cara maravilhosa de superioridade antes de começar a andar pelo corredor até as escadas. – Vamos por escada, bobão.
— Vamos por escada, bobão. – Repeti fazendo careta com uma voz fina demais, que por sinal, ficou bem parecida com a dela.
Segui o facho de luz que vinha dela. Margot caminhou até a porta e girou a maçaneta, observando a porta a sua frente. E então, girou de novo, de novo, de novo e de novo, e ela simplesmente continuou trancada.
— Tá trancada! Ai meu Deus, tá trancada. Estamos trancados. ESTAMOS TRANCADOS! – Disse desesperada batendo com força na porta.
— O que? – Perguntei indo em direção a porta, rodando a maçaneta que só fez barulho, mas não se abriu. Bati na porta, forcei tudo o que pude e nada. – NÃO! Estamos trancados! POR FAVOR, QUEM TÁ AI?
— NÃAAAAAAAAAAO! – Margot disse, escorregando pela porta, fingindo choro enquanto eu esmurrava-a com todas as minhas forças.
— EEEEEEEEEEEEEEEEI, POR FAVOR, ME TIREM DAQUI, POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOR!
— EIIIIIIIII, PARA DE GRITAR, PARA DE GRITAR, PARA DE GRITAR! – Disse Margot, me puxando pela jaqueta, mas eu apenas bati na sua mão para poder voltar a esmurrar a porta. Ela ficou em pé e tentava me empurrar para que eu parasse com aquilo, mas ela só conseguia fazer mais barulho a cada berro que a gente dava, e então, só depois de eu levar uns três tabefes na minha bela face, me aquietei.
— Estamos presos. – Disse escorrendo pela porta. Margot fez o mesmo se estatelando ao meu lado.
— Mas... Por quê? – Dei os ombros. – Vamos ficar aqui agora?
— Calma Margot... O máximo que pode acontecer é ficarmos aqui até amanhã. – Disse engolindo a seco. – No frio, com fome, ao relento, nesse lugar estranho, feio, sujo, horrivelmente horrível... – Resmunguei tentando controlar o choro. – Ai Zeus, eu vou morrer até amanhã.
— Seja homem, Joseph, a donzela que eu sabia ainda sou eu. – Não respondi sua irônica. Ela? Aham. – E temos de dar um jeito de sair daqui, precisamos ir ao show da Katherine.
— DROGA! – Xinguei. – O show...
— Não, o enterro. – Disse irônica antes de se colocar de pé. – Vem, vamos procurar outra saída...
25 minutos depois...
— SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! NÓS ESTAMOS PRESOS AQUI, POR FAVOR, SOCORRO, SOCORRO, SOCORRO, SOCORRO, SOCORRRRRRRRRRRRRRRRRRO! VAMOS MORRER NOS AJUDE NOS AJUDE! AS PAREDES, AS PAREDES, ELAS ESTÃO FECHANDO SOBRE A GENTE, ESTÁ TUDO FICANDO MENOR, SOCORRO, POR FAVOR, ME AJUDA, EU VOU MORRER, ELE QUER ME ESTUPRAR E EU VOU TER FILHOS UCKERMANN, NÃO, ME AJUDEM! NÃAAAAAAAAAAAAO!
Como deu para perceber, não existiam mais saídas alternativas. Margot estapeava a janela de vidro do seu escritório, enquanto eu estava sentado no sofá tomando refrigerante em degelo, pois seu frigobar estava derretendo e observando a garota que provavelmente iria desintegrar o vidro e despencar até lá embaixo.
— Margot, chega. Sit down. – Falei e como um cachorrinho bicudo, ela simplesmente saiu de cima da cadeira em que estava e caminhou até o sofá, sentando-se ao meu lado. – Boa menina.
— Só quero sair daqui. – Disse manhosa.
— Eu também Margot, mas não tem como sairmos daqui agora. – Expliquei e ela suspirou antes de pender pro lado, apoiando sua cabeça no meu ombro.
— Você está calmo demais pelo fato de Katherine te matar por não estar no show. – Alisei os cabelos dela e dei os ombros.
— Eu sei, mas não consigo ficar com tanto medo. Estou triste, de verdade, queria estar lá, mas... Eu... Eu não sei.
— Como não sabe? – Ela se ergueu e pude ver os olhos dela pela claridade que vinha da janela.
— Eu queria estar lá, mas... Eu estou aqui e mesmo estando trancado, eu estou feliz por isso.
Margot abaixou a cabeça e desviou o olhar do meu rosto e de qualquer coisa que fosse referente a mim. Ela engoliu a seco e pareceu querer se afastar. Não tinha para onde fugir, literalmente.
— Será que você não entende que quando faz isso você me machuca? – Perguntou depois de um segundo, me encarou de um jeito que eu não esperava.
— Como? Dizendo o que eu sinto? – Ela assentiu. – Não tenho o que fazer.
— Tem sim. Para. Você gosta da Katherine, assim como ela é louca por você e sempre foi. Foram feitos um para o outro Joseph, para de procurar em mim o que ela não te dá, não me ilude.
— O que? – Questionei indignado franzindo o cenho. – Eu não estou te iludindo, não seja ridícula. – Ela fez bico e deu os ombros, como se quisesse cortar o assunto e desviou o olhar. – Ei, eu to falando com você.
— Ein? Abaixa o tom. Por que está brigando comigo? – Perguntou ficando em pé. – Olhe, eu não vou “brincar” de sentimentos com você, então, não você não está falando comigo.
— Não vou discutir com você, você quem tocou no assunto!
— Eu? – Apontou para si mesma, subindo as sobrancelhas. – Você que estava insinuando que prefere ficar comigo a ir ver a Katherine, quando todos sabem que você é louco por ela. Sou sua ex-namorada, não seu brinquedo.
— Para de ser doida! – Pedi apertando os olhos. – Margot, quem está falando de brincar aqui? Eu sei o que eu sinto, e se disse qualquer coisa, desculpas, mas não tem motivo para você gritar feito uma louca!
— Tem Joseph, por que eu estou cansada de sempre te ver com ela, não importa o que você faça! – Me levantei de supetão.
— O QUE? VOCÊ ESTÁ COM CIUMES?
— E se estivesse, o que você iria fazer? Iria me bater? – Perguntou aos berros.
— Não, te beijar.
Não dei tempo para ela pensar no que havia dito, apenas deslumbrei sua cara de assustada, como se suas forças estivessem indo embora e me aproximei apressado para pega-la pela cintura e trazê-la para perto antes de beijá-la de modo que acho que nunca havia feito antes.
Sei que se alguém perguntasse com certeza ela falaria que não, mas ela respondeu aquele beijo. E ela respondeu de modo nem nos meus sonhos mais sórdidos eu imaginaria que ela faria. Foi algo selvagem, cheio de gana, como se estivesse com medo que os meus lábios sumissem.
Mas não durou muito, já que depois de me engolir em milésimos de segundos, ela me deu um empurrão e se afastou, apesar de suas mãos ainda estarem sobre o meu peito.
— Não, não, não! – Disse desesperada olhando para o chão. – Sai tentação, saaaaaaaaaaaaai. Eu não mereço isso, Zeus, me liberta! – Dizia em uma prece silenciosa, e eu queria realmente tirar uma arma e meter uma bala na minha cama.
— Nossa, cala a boca. – Disse a olhando com uma careta.
— Eu vou acordar, eu vou acordar. Pesadelos saem de mim. Carência, por favor, já tá em nível elevado isso, quero acordar, quero acordar, quero acordar...
Revirei os olhos, respirando fundo enquanto observava aquela cena, antes de beliscar o braço de Margot com toda a força que eu tinha, de modo que iria ficar em breve com uma tonalidade verde arroxeada.
— AAAAAAAAAAAH! IDIOTAAAA! Meu braço, Ucker! – Disse se afastando esfregando o braço, onde havia beliscado. – Por que fez isso?
— Você não está sonhando, criatura!
— Percebi, mas isso não quer dizer que você precisa amputar o meu braço me beliscando desse jeito.
— Então para de fingir que eu não estou aqui, que sou uma miragem ou algo do tipo!
— Olha, queridinho... – Interrompida.
— Eu já tinha te mandado calar a boca, não tinha? – Questionei antes de me aproximar novamente, para lhe beijar. Dessa vez minhas mãos foram além, pegando Margot no colo fazendo com que ela envolvesse suas pernas na minha cintura. Dessa vez ela não se interpôs.
Dei alguns passos para trás, tentando me equilibrar com o elefante no colo, e a joguei sobre o sofá de sua sala. A luz da rua parecia estar iluminando mais o lugar e pude ver seus olhos quando seu corpo pulou sobre o estofado.
— Se eu continuar, eu não vou parar mais. – Disse entre um sussurro olhando em seus olhos.
— Não pedi para que parasse.
O sorriso que surgiu em nossos lábios foi involuntário. Ou melhor, era conexão.
Voltei a beijá-la de modo que não era mais uma coisa forçada, não era algo selvagem, mesmo que o desejo estivesse presente, não era algo rápido demais, ou lento demais, era simplesmente no ponto. Sensível e com amor. Era engraçado pensar naquilo, mas era simplesmente O Nosso Amor. E quando ele estava presente, o resto fluía naturalmente.
***
Depois de tanto tempo, ter Margot comigo era no mínimo nostálgico. Ela mudara totalmente, não era aquela coisa ruim de todos os dias, era simplesmente doce. Enquanto nos abraçávamos nus no sofá, eu olhava em seus olhos e ela escondia o rosto vermelho no vão do meu pescoço com um sorriso nos lábios, tentando esconder a vergonha.
— O que foi? – Perguntei alisando os fios ruivos. Nossos corpos estavam tapados apenas por uma manda que cobria o sofá. Ela negou com a cabeça.
— Nada é que... Depois de tanto tempo... É estranho. – Deu os ombros. – Mas... É bom. – Sorri selando meus lábios nos dela.
— Eu sei que é bom. – Ela sorriu. Continuaríamos naquela conexão de olhares se não tivéssemos ouvido o ruído de algo se quebrando. Margot arregalou os olhos. – O que foi isso? – Perguntou em um cochicho, e neguei com a cabeça.
Ela se ergueu, pegando as roupas no chão e se vestiu rapidamente, enquanto eu fazia o mesmo. Tudo o que conseguimos encontrar no meio do caminho, foi um abajur e um prato de porcelana onde estava escrito “Feliz Natal” e tinha um pedestal para ficar em pé.
Parecia que tinha alguém se aproximando e a cada segundo estava mais perto e fazendo um grande barulho.
— O que é isso? – Ela cochichou segurando o prato.
— Não sei. – Respondi no mesmo tom. – Um ladrão talvez, deveria estar roubando o prédio e agora chegou ao nosso andar.
— AI MEU DEUS, AI MEU DEUS! – Exclamou entrando em desespero e eu fiz um “Shiu” pra ela, e ela ficou quieta.
Os passos se aproximavam e então ouvimos quando a maçaneta começou a girar, e a porta se abriu. Eu segurava o abajur e Margot o prato. Ela o jogou no chão causando um grande barulho e então eu bati com o abajur na cabeça do ladrão. Que na verdade, era simplesmente o zelador.
O que aconteceu depois foi com um borrão na minha mente. Foi tudo tão rápido que se resumiam em corte, sangue, gritos, pedidos de socorro, correndo para sair dali, hospital, curativos, sentimentos de culpa, carro e show.
Katherine iria me matar. Margot não parava de me lembrar daquilo. Eu pensava que quando saíssemos do escritório o que havia acontecido lá dentro seria levado para frente e não que ela voltaria a ser uma grossa. Não estava tão seca como o sertão do agreste, mas estava caminho pra chegar até lá.
Corria para o show e quando entrei, ela estava nas últimas músicas. Corri pro nosso lugar, que ficava bem lá na frente e eu pude perceber que ela havia arrasado, mas não havia sido de coração. Eu me senti culpado mais uma vez. Margot ao meu lado ficava de cabeça baixa e evitava cruzar o olhar comigo, o que piorou quando Katherine me viu e sorriu.
Ela cantava e estava arrasando antes de enfim, terminar o show e agradecer a todos, seguindo pro camarim. Havia um batalhão de paparazzi atrás dela e Margot e eu seguimos para o camarim sozinhos. Nós nos sentamos no sofá que tinha ali e nenhuma palavra foi trocada durante um tempo.
— Vamos fingir que nada aconteceu mesmo? – Perguntei depois de um minuto olhando para frente. Ela se ajeitou.
— Talvez. Depende do que vai acontecer... – A interrompi.
— Se eu fiz qualquer coisa com você não foi em vão, Margot. – Disse a olhando nos olhos. – Eu posso ter errado, mas você sabe que eu nunca fui assim. – Me levantei, pois ouvia pessoas se aproximando e Katherine abriu a porta do camarim sorridente.
Katherine seguiu até mim saltitando e me abraçou apertado. Ela disse que havia sido incrível, e eu apenas concordei, evitando olhar para Margot que olhava para o outro lado.
— Desculpa Kat. – Disse encolhendo os braços. – Eu iria vir, sério. Mas aconteceu que ficamos presos no escritório, literalmente, sem luz e trancados, porque o zelador esqueceu da gente. Ai, quando ele lembrou, nós o confundimos com um ladrão e ele acabou no hospital.
— Não tem problema. Você estava aqui quando eu precisei, mesmo que tenha demorado. – Respondeu sorrindo e eu engoli a seco.
— Sim, eu sempre estou. – Disse sorrindo e ela abaixou o rosto, coçando o nariz. Só havia nós três ali. Katherine limpou a garganta.
— E então... Vão me falar o que aconteceu ou eu terei de estripar alguém? – Perguntou com maldade divertida, antes de ir até a penteadeira.
Eu e Margot tentamos explicar o que tinha ou não acontecido para a Katherine, mas nós falávamos tudo muito rápido e nervoso, de modo que não era possível direito ela entender nada, muito menos nós dois.
— É que...
— Não aconteceu nada, mas...
— Acontecer algo? Que isso...
— Não, mas...
— Nunca me passou pela cabeça.
— Do que está falando...? Puf.
— Eu e ela?
— O que poderia ter acontecido?
Katherine se virou com sua melhor cara irônica e ficou séria. Eu engoli a seco e me sentei ao lado de Margot que suspirou me olhando de esguelha.
— Vocês estão juntos de novo, é isso? – Perguntou subindo a sobrancelha grossa.
Eu não sabia o que responder, então olhei para Margot. Ela respirou fundo antes de assentir devagar com a cabeça.
NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOSSA. EU JURO QUE POSSO SOLTAR FOGOS! ELA DISSE QUE SIM, ELA FEZ QUE SIM, MEU ZEEEEEEEUS, GENTE, KD O DAVE PRA EU CONTAR O BABADUUUUUUUM. MORRENDO DE PODER E AMOR.
Ok, menos.
— Repete, por favor? – Pedi olhando seriamente para ela. Margot me deu um tabefe na cabeça e eu voltei a olhar para Katherine.
— Sério? – Katherine perguntou. Eu não soube decifrar a expressão dela. – Sério mesmo?
— É... Sim! – Disse franzindo o cenho. E então ela se levantou e... Simplesmente nos abraçou com um sorriso enorme. Parecia que tinham tirado uma Margot das minhas costas, vulgo, elefante.
— AAAAAAAAI, FINALMENTE! – Disse contente. – Parabéns, sério! Pensei que nunca iriam se acertar! Eu até tentei me afastar de Joseph para não pensarem nada de nós dois, mas ele é o meu melhor amigo apesar de tudo, e não tem como, mas awwwwwwwwwn, que lindos!
— Desculpa, pode repetir? – Perguntei enquanto ela me abraça e Margot me beliscou. – E espera, eu não consigo respirar.
Katherine nos soltou e eu jurava que o sorriso que eu vi nela era o mais sincero que eu já tinha visto na vida desde que a conheço.
— Nossa Katherine... Sério? – Margot questionou ainda sem entender. – Não vai ficar grilada e nem...
— Grilada? Eu? – Perguntou rindo. – Claro que não, eu sempre torci por vocês. Gosto da Sun, mas... Você sempre esteve com ele quando precisou e eu posso ver ele sendo idiota e sofrendo um pouco na sua mão ainda.
Aí, depois disso, houve um momento das duas falando no quanto eu merecia sofrer, e que Margot deveria pisar em mim, e tudo aquilo que todo homem adooooooooora ouvir. Um segundo depois, Margot saiu para tomar água e nos deixou sozinho. Katherine sentou-se ao meu lado.
— Espero realmente que vocês sejam felizes. – Disse me abraçando.
— Espero realmente que você esteja certa. – Respondi suspirando. – Tô com medo. – Confessei, e ela franziu o cenho.
— Medo? – Assenti.
— Margot sempre me deixou confuso. E eu não quero que isso seja igual da última vez, quero que seja intenso e real, sem nenhum tipo de complicação, sem nenhum tipo de mal entendido. Que dure. Como nós duramos... – Disse e ela sorriu junto comigo.
— Como nós dois, não. Vai ser para sempre, eu sei que vai. – Sorri, antes de abraçá-la. – Eu te amo. – Disse depois de um segundo e eu me afastei encostando minha testa na dela.
— Eu te amo. – Fiz biquinho e ela selou os lábios no meu, antes de me abraçar de novo. Depois disso, ela se arrumou e descemos. Margot estava lá embaixo. Katherine foi levada para casa e eu fui com Margot para a minha.
Quando chegamos, ela jogou a bolsa no sofá e se sentou. Eu fiz o mesmo, sentando ao lado dela, deitando no seu colo. Ela alisou meu cabelo por um momento e não dizemos nada.
— Saudades disso. – Disse depois de um momento e ela concordou com um murmúrio.
— Katherine estava sendo sincera? - Assenti.
— Por que não voltou como disse que faria?
— Queria deixar que conversassem. – Deu os ombros. – Sabia que se ela estivesse magoada não falaria na minha frente e nunca iria demonstrar nada. Ela é uma ótima atriz.
— Eu a conheço e sei que ela está felizes por nós dois. – Margot sorriu, antes de olhar nos meus olhos.
— Não é só ela. – Sorri.
— Não.
Puxei-lhe pela nuca antes de lhe beijar. Margot foi escorrendo até estar deitada no meu colo e não mais o contrário. Enfim, aquela noite não acabaria tão cedo. E eu estava mais feliz do que um dia eu imaginaria que estaria.
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