Não sei qual é a ilusão das pessoas que faz elas acreditarem que mudar de cidade vai trazer uma vida nova. Eu acreditei nisso por exatamente uma semana, mas percebi que não é mesmo assim.

A vida não é nova se você continua o mesmo. Você só está vivendo a mesma coisa, em um local diferente. Mas até que prefiro sofrer na Inglaterra do que nos EUA.

Até tenho me divertido algo no meu novo emprego, tem alguns dias que estou lá. Porém, se tem uma coisa que eu detesto é a rotina.

Acordo cedo, tomo um banho quente pois aqui é muito mais frio que a Califórnia, me alimento com qualquer besteira que tiver no armário e fico o dia todo sem o que fazer até a hora do trabalho.

Envio uma mensagem para Maddie, não estou nada a fim de ficar em casa hoje, e ela é minha única amiga aqui. Confesso que sinto falta de Kim, mas não é porque sinto falta de alguém que irei voltar atrás.

Sei que meus amigos me amam, e por eles me amarem, sei que devo permanecer aqui. Não quero que eles me vejam triste.

Maddie topa o passeio e eu fico feliz por finalmente usar uma regata, pois hoje não está tão frio. Uso também uma calça jeans e um tênis all star e saio de casa sem comer mesmo, porque quero comer na rua.

Marcamos de nos encontramos em um estabelecimento para tomar café da manhã. É o "The fast break", nome super criativo, não é mesmo?

Durante o caminho fico pensando sobre o que irei fazer no futuro. Não quero me prender a este emprego, talvez eu faça faculdade, mesmo achando que não me encaixo nisso.

Uma coisa eu sei sobre mim: eu não desejo cantar novamente.

Cantar me lembra minha mãe, e minha mãe não me lembra de nada muito bom. Abandonou o marido com quem passou anos da sua vida só porque ele adoeceu.

É por isso que eu não engulo essa história de amor. Como ela dizia que o amava todos os dias e depois fez isso? Ou ela mentiu ou o amor não existe.

Andando distraída, tropeço em um meio-fio e sou segurada por mãos fortes. Estranhamente, conheço essas mãos agora e são bem precisas mesmo.

- Christian - digo baixo seu nome quando me recomponho. - Você precisa urgentemente parar de fazer isso.

- Isso o que? - Encara-me intrigado.

- De me salvar, senão vou ficar te devendo. E eu gosto muito de detestar você.

- Pode ter certeza que um dia vou te cobrar. - Ele dá uma piscada, porém, seus olhos não brilham hoje.

De alguma forma, isso me incomoda. Desde a noite em que ele encontrou aquela garota tenho visto ele com esse olhar. Ela realmente deve ter partido feio o seu coração.

Outro motivo para eu nunca querer amar ninguém assim. Você entrega seu coração inteiro para alguém e ele retorna em pedaços.

— Venha, Christian! – Um homem o chama e ele me encara.

— É sempre assim, não é?

— O quê? — Questiono sem entender sua pergunta. Na maioria das vezes, realmente não entendo Christian, mas é pelo sotaque.

— Sempre que nos encontramos alguém nos atrapalha. — Ele ri pelo nariz e eu o acompanho.

Christian é hipnótico. Deve ser cheio de mulheres.

— Realmente,  ninguém manda você ser um astro super famoso.

— Não é isso. Sua forma de pagar sua dívida vai ser... — Ele é interrompido pelo homem que o chama com pressa e começa a andar para trás,  indo embora.

— Você vai sair para conversar comigo. Hoje à noite!

— Se esqueceu que eu trabalho? — Berro de volta, pois ele já está muito longe.

— Então te encontro lá. – Manda um beijo e corre na direção do seu, provável,  acessor.