A viagem
Dia 10 de julho às 09:00. Aeroporto. Minha primeira viagem de avião.
Esses últimos dias foram difíceis para mim. Eu não sei bem como lidar com o luto ainda, mas tenho certeza que ficando aqui não serei curada.
Coloquei todas as minhas roupas em uma mala com a ajuda da minha melhor amiga e peguei a cara e a coragem e vim. Nunca imaginei que essa seria minha despedida desse lugar.
A melhor coisa dessa semana definitivamente foi poder olhar na cara daquele cretino e me demitir. Ele tentou novamente triscar as mãos em mim, mas eu virei seu dedo e nunca me senti tão alegre na minha vida, sem contar que dei início a um processo contra ele.
Ele vai pagar por fazer isso com as funcionárias dele, definitivamente vai!
O avião se aproxima e eu estremeço, acordando dos meus pensamentos que estavam longe. Olha o tamanho dessa máquina!
Eu não vou entrar nisso! Fico parada e mesmo quando chamam várias vezes, não consigo me mexer.
Não sei quanto tempo passei naquele estado de choque, me negando a entrar dentro daquele pássaro voador, até que uma mão pousa suavemente no meu ombro e eu me assusto.
— A senhorita vai embarcar? Estão chamando faz alguns minutos e como você não vai, eles não deixam ninguém ir.
Dou um sorriso amarelo para o homem que tem um ar misterioso, usa um boné preto, uma jaqueta preta também e calças... Adivinhem só, pretas!
— É...eu...
— Tudo bem, já entendi... — Ele me encara por alguns segundos e pega minhas malas. — Deve estar pesado esse tanto de coisa e não consegue levar, irei te ajudar.
— Oh, obrigada — digo constrangida quando ele começa a andar com minhas malas e vou atrás, esquecendo-me de meu medo.
Alguns minutos depois estou dentro de um avião e me acomodo na minha cadeira confortável, que mesmo assim me apavora.
O homem me abandonou há algum tempo para arrumar sua própria babagem e eu agradeci aos céus, porque ele era realmente muito estranho.
Mas quando eu penso esse tipo de coisa, parece que a vida retruca porque ele está vindo em minha direção nesse exato momento.
— Bem, ironia do destino. — Senta na cadeira ao meu lado e coloca seus fones de ouvido.
Alguns minutos se passam até que ouço um aviso de que já vamos decolar e congelo. Sem perceber, estou apertando a manga da blusa do homem que me encara.
E se eu estava sem ar por medo, agora estou sem ar por admiração. Meu Deus, que olhos mais lindos e que rosto mais incrível...
— Você está bem? — Pergunta e eu não respondo nada, ele retira minha mão suavemente da sua blusa e entrelaça à minha. — Se vamos parecer namorados quando mal nos conhecemos, preciso que me diga o seu nome e o que está acontecendo.
— Meu nome é Alice e eu morro de medo de avião. Prazer. — Começo a retirar minha mão da sua, porém o avião balança, fazendo-me voltar ela e apertar a mão do homem.
— Meu nome é Cristian e você está apertando muito minha mão. Prazer. — Respiro fundo e solto sua mão. Não gostei da grosseria dele ao falar aquilo.
— Muito obrigada, vou ficar quietinha agora. — Empino o nariz e olho para o lado.
Não ter nada para fazer as vezes é bem entediante. Fico roendo minhas unhas enquanto penso nas possibilidades desse avião cair.
— Nem sempre um avião cair é uma coisa ruim. — Christian comenta e eu arqueio a sobrancelha, ignorando o que ele diz. — Pode ser que algumas pessoas aqui desejem isso... — fala em um tom de voz malicioso e eu o olho com raiva.
— Nem fale uma coisa dessas. Essas pessoas aqui têm família e precisam voltar para ela.
— Eu estava apenas brincando. — Dá de ombros.
— Não se brinca com esse tipo de coisa. — Balanço a cabeça e ele me avalia, pelo menos é o que parece.
— Só me chame se precisar de algo — diz e novamente coloca seus fones de ouvido.
Que pessoa irritante!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro