Ouçam esse capítulo com a musica da mídia, a experiência é fantástica.

Melancholy

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Como um aventureiro ludibriado a ter uma vida ideal aos olhos humanos eu danço

Como uma peça imperfeita me locomovo pelo local, girando e marcando minha integridade contra o vento

Ergo minhas mãos acima de minha cabeça, meus olhos encaram o teto sem cor e o ambiente repleto de melancólia. Como um pecador sujo pelos pecados de um mundo corrompido pela ganância, como um guerreiro após voltar da guerra e perceber as vidas que se foram por suas mãos.

Eu era um pecador

Um mentiroso

Da pior classe possível, o tipo em que as pessoas devem manter distância

Minhas mãos movimentam-se, pedindo por clemência

Meus pés ficam entre uma linha tênue, com as pontas esperando algum sinal de vida.

Meu coração bate freneticamente, em um nível desesperado que pede por um descanso, meu corpo reclama de dor, o cansaço domina cada fôlego meu.

Logo como um pássaro que procura por uma abrigo meus olhos automaticamente se fecham.

Minhas pernas tremem a medida que as faço ficar ainda mais pressionadas, as gotículas de suor escorrem por meu rosto.

Em gotas suaves que caem em linhas seguidas e definidas, mas eu não estava me importando com isso pois justo ali, somente nesse lugar, eu poderia ser Park Jimin, o garoto que aprecia a dança como uma bebida fragmentada de dor e melancólica.

Meu cabelo provavelmente está bagunçado e marcado pelo meus movimentos abruptos, meus dedos tremiam nervosos e minha boca se abria diversas vezes, a procura de palavras.

Aquelas que são usadas em despedidas

Palavras preciosas para um pedido de misericórdia

Engulo em seco, sentindo que estou preste a desabar sobre o chão gélido, o quase escasso vento percorre em meu rosto, soprando levemente e deixando-me cego pelo desejo de ter algo.

Era em semelhança a um inverno rigoroso que congelava todas as casas e escondia as árvores, era está em uma floresta cheia de labirintos sem algum resquício de razão.

Fugir de algo irreal era difícil, contudo tentar escapar de seus próprios pensamentos era declarar uma partida lenta e dolorosa para o além.

Possuímos limitações, que nos impedem de fazer alguma coisa ou nos limitam a um futuro deprecivo.

Em um último pedido, já estampado o meu destino, peço humildemente para que nada aconteça a mim e a Crystal, peço para que me deixe ficar ao lado dela e sempre me perder quando um sorriso é refletido em seus belos lábios, como um sujeito cheio farpas que me corrompem, em um último segundo antes de tudo acabar, desejo que antes da escuridão se tornar nossa inimiga pelo menos uma chance de enxergar seus enigmáticos olhos azuis.

Crystal Walker era como um quadro que necessitava ser emoldurado

Uma obra de arte

Ao contrário de seus pensamentos, as minhas percepções eram eternas quando se tratava de definir-la.

Rachaduras em maior parte do tempo afastam atrações e a atenção das pessoas, todavia foram todas as imperfeições que me colocaram no jogo arriscado e nocivo que era está profundamente apaixonado pela garota de olhos profundos.

Seus dedos percorrendo por minha pele eram como se chamas imprudentes junto a selares instáveis de seres celestiais, seus lábios atrevidos me faziam ser um viciado, enfeitiçado por cada detalhe seu.

Em meu último fôlego jogado contra o céu, abrangendo cada parte do universo no qual vivemos, despejo pecados e bons feitos apenas para que os anjos sintam empatia de um mero mortal.

Assim veio a queda

O cansaço me vence em frações de segundos e toda a armadura posta contra a tragédia se desfaz no vale deplorável da perdição.

Não lembro a quantos minutos estou jogado no chão, minha visão é tão nítida que poderia jurar que eu estava ainda dançando, paro por segundos e não ouso me movimentar, permito com que aos poucos a tranquilidade chegue mesmo que em migalhas.

Uma lágrima desce por meu rosto, percorre um caminho rápido e lesivo.

Abro meus braços sobre o piso do estúdio, meus olhos captam o dia virando noite e reparam que ainda sim, a luz não era acessível em minha vida.

Um barulho incômodo me tira dos meus devaneios, pego meu celular, possivelmente já sabendo que se tratava de minha madrasta.

─ Jimin!, querido, você está na linha?- perguntou a mulher animada, me forcei a afastar a negatividade e tentei soar feliz, ela não merecia meu pessimismo.

─ Estou bem Mi-Suk, desculpe por não ter ligado para vocês, estava tão ocupado no estúdio e com a Crystal.- falei tentando ser sincero, ela sabia do meu relacionamento, em uma das noites em que eu estava bêbado demais, contei a minha madrasta sobre meus sentimentos, sobre as minhas inseguranças, desejava fazer a garota feliz mas como faria isso? Se ainda estou perdido tentado desvendar o enigma que era se apaixonar ?

─ Está tudo bem Jimin, eu entendo, é só que sentimos muito sua falta aqui, a casa não está mais a mesma depois que você foi embora.- disse e sei o quão frustrante a mulher deve está, Mi-Suk sempre me viu como um filho, uma criança na qual deveria cuidar, ela continuou ao meu lado mesmo após eu ter desprezado sua companhia.

Existem coisas do meu passado que não me orgulho, tantas palavras e ações impulsivas, quando perdir minha mãe, meu mundo desabou, a dor foi algo tão insuportável que eu criei um mundo só meu, experimentei dos piores venenos da vida.

A morte

Mesmo ainda negando, uma parte minha se foi quando enxerguei o último olhar da mulher que cuidou e me amou por toda sua vida.

Respirar era como uma tortura, me culpei durante anos e minha única válvula de escape era beber descontroladamente e acabar com minha existência aos poucos.

─ Ainda está ai?- perguntou e notei a mudança abrupta de seu tom, sua voz saia anciosa, presumi que a sua ligação tinha outro objetivo.

─ Há algo que queria me falar, Mi-Suk? Aconteceu algo?- perguntei preocupado, eram raras vezes em que escutei seu tom aflito.

─ Seu pai quer conversar com você, Jimin.- diz nervosa e de repente um sentimento sombrio invade meus pensamentos.

Há ditados que dizem que a felicidade era como uma âncora, que assegurava a todos um resquício de segurança mas eu discordava completamte.

A dança era como uma galáxia ainda não descoberta, que quanto mais nos aproximamos nos encantamos por sua grandeza, lembro que ainda quando era criança, assistia pela televisão as competições, dizia a minha mãe que seria como aquelas pessoas, que faria com que meus movimentos tocassem o seu coração, minha progenitora riu e me abraçou, dizendo que não importasse as dificuldades eu ainda teria que trabalhar duro para alcançar meus sonhos.

Pois ter diversos sonhos é apenas uma tarefa fácil mas persistir ainda neles torna tudo mais complicado.

Naquela mesma noite contei a meus avôs sobre a dança contudo tudo foi exatamente diferente do que pensei, eles apenas riram, disseram que era apenas uma curiosidade minha e que quando atingisse a maior idade, veria que meu destino era assumir a empresa, quando minha mãe descobriu sobre suas palavras, antes o que era para ser uma noite comum virou um campo repleto de brigas.

Mesmo inseguro com minha escolha, meu pai enfrentou pela primeira vez meu avô, ele sorriu tentando esconder o medo mas enxerguei através de seus olhos seus sentimentos, sabia que ele queria passar o legado dos Park 's para frente mas eu desejava algo totalmente diferente.

Quando ela partiu sei que o meu pai se arrependeu de todas as suas atitudes, sei que ele se trancou em seu escritório por dias, também soube que no ápice de sua tristeza ele se afogou em suas lágrimas.

Nossa relação havia se tornado estável, mesmo possuindo a total certeza que a decepção passou por sua cabeça quando descobriu que seu filho usava heroína e era um dependente de alcoólico, sei que ele ficava me esperando todas as vezes que eu saía para festas e cometia diversos erros.

Minha situação era tão deprimente que até a bebida mais forte não me deixaria no estado em que me encontro.

Por algum motivo específico, sinto como se aquela conversa me levaria a um mundo desconhecido que me desconectaria dessa realidade.

─ Irei passar para ele, por favor, pense com cuidado, estamos tão felizes que você está se recuperando, continue assim.- se despede, provavelmente Mi-Suk está evitando chorar, apesar da minha mudança eles temem que meu lado inconsequente volte.

─ Filho, sou eu.- escutei a voz grave se pronunciar, em apenas alguns segundos sentir a inquietude do meu coração.

Voltei a encarar o teto, as cores frias realmente davam ao local um ar de mistério e calmaria, não evitei um sorriso discreto sair de meus lábios.

Tudo era tão estranho, está presente em um paraíso que a qualquer momento pode sumir entre a nebina, viver sobre um sonho intocável e irreal fazia com que minhas crenças relacionadas  a vida mudassem.

─ Algo aconteceu? Mi-Suk estava nervosa, vocês estam bem?- perguntei aflito, nossas ligações eram quase raras, ele queria me fornecer privacidade mas também tinha que afastar sua preocupação.

─ Como você está? Está de verdade fazendo acompanhando psicológico? Me diga que sua situação está melhor, filho.- suspirou em um tom nítido de súplica, uma das condições para a minha mudança para Phoenix foi procurar ajuda contra o meu vício, na época pensei em enganar-los porém agora ir ao Eyes of hope ajudava a afastar meus pesadelos.

─ Estou, frequento um grupo que me ajuda, tente ficar tranquilo, minha situação está melhor, estou tentado parar.- falo temeroso, ainda com a estranha sensação amarga.

─ Jimin, sei que nunca apoiei totalmente seu sonho, por mais que soubesse da sua paixão eu ainda me sentia inseguro sobre seu futuro, tenho receio que algo aconteça. Conversei com seus professores e eles me recomendaram algumas universidades prestigiadas que contém a dançar como principais investimentos, poderemos aproveitar o seu talento, contei que você estava buscando ajuda, após muita insistência permitiram uma uma segunda chance fosse dada, faça o teste e finalmente poderá voltar a fazer o que mais ama.- disse e sentir mesmo não querendo admitir que suas palavras trouxeram um impacto em mim, deixaram a desordem sobre minhas escolhas e me partindo entre duas cruéis tragédias.

─ O que está querendo dizer ? Seja direto, pai.- digo sussurrando, quase sem voz para pronunciar sequer alguma coisa, sentir amargamente o desgostoso sabor ácido do temível caos.

─ Que você tem uma nova chance, finalmente poderá voltar a Coréia.- falou apressado e contente, dissipando qualquer alívio ou momento alegre.

Era o veneno

Do mais deplorável sabor

Do mais viciante abismo

─ O teste será em uma semana.- completou deixando evidente sua felicidade.

─ Eu tenho alguém aqui.- argumento, atraindo seu silêncio, atraindo sua dúvida.

─ Mi-Suk me contou sobre ela, o que essa garota significa para você? Seu amor é forte o suficiente para desistir do seu sonho ?- questionou expressivo, arrancado minha respiração por segundos duradouros.

Então penso em cada palavra, sabendo que elas são tão profundas que atingem como adagas afiadas.

Tendo a plena convicção que elas podem estilhaçar meu destino, que podem partir em fragmentos transmissíveis a causar a dor.

Uma onda fortemente feita para acabar com tudo que está ao redor.

Em milésimos de segundos

Eu viro algo que nunca sequer imaginei que existiria.

Um tolo

Uma pessoa profundamente apaixonada

Rendido pelos olhos preciosos azuis como um mar tempestuoso.

Jogado contra as melodias mais suaves com ardor mais dramático e o inverno mais congelante.

Era dolorosamente fatal

─ Crystal Walker é tudo, ela é simplesmente tudo o que quero e preciso na minha vida.- concluo firme, sentindo que as paredes invisíveis cheias de ferimentos que estam prontos para me atacar, espalhando por cada canto do estúdio de dança que destruição existe.

E ela pode ser definida como a existência de Park Jimin e Crystal Walker.

A simplória resistência do garoto de olhos melancólicos e a garota de olhos enigmáticas.

(...)

Continua?

Gostaram do capítulo? Estam gostando da história?

Eita eita fogo no parquinho, gente do céu e agora?

Esses capítulos vão pegar muito sofrimento, preparem os lencinhos.

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Fiz um edit lindo demais em homenagem ao nosso garoto em TSI, me digam se gostaram pois eu amei.