Melancholy

🍁

Eu estava completamente embriagado quando liguei para Crystal.

Minha voz saía embolada, minhas pernas estavam fracas e meus pensamentos completamentes tomados pelo álcool, minha visão estava embaçada, desliguei meu celular e encarei Aaron.

─ Cara, você está bêbado demais.- meu amigo disse me encarando com o olhar de desaprovação, um sorriso me escapa ao analisar toda a situação, ver Aaron sendo responsável era algo inusitado, já que ele sempre era o descontraído.

─ Não dava para esperar mais uns minutos?, eu estava conversando com a Crystal.- digo, aceitando sua ajuda.

─ Amanhã você fala com ela, Jimin, agora tire o álcool do seu corpo.- disse me levando até o banheiro.

─ Você acha que a atrapalhei?- sussurro.

─ Ligando nessa hora? Provavelmente atrapalhou mas ela atendeu, talvez também estava acordada.- Aaron falou pensativo.

─ Você acredita em destino?- digo divagando entre minhas ideias.

O garoto rir, provavelmente achando engraçado minhas palavras.

─ Jimin, você está completamente bêbado, tome banho e durma, amanhã conversamos, cara.- diz e se retira.

A água gelada castiga me castiga, automaticamente meu corpo se contrai, deixo a dor incômoda se acomodar, necessitava ficar sóbrio.

Havia duas coisas que eu poderia ter feito, beber até esquecer da realidade ou ligar para Crystal.

As duas eram escolhas arriscadas

Eu fui na mais perigosa.

A garota dos olhos enigmáticos, um verdadeiro exemplo de mistério e um pouco de fascinação.

Eu não poderia mentir que decidir ligar-la somente para ver se ela sentia os mesmos sentimentos que eu sinto.

Sem esperanças

Lembrei-me dos meus tão perdidos pensamentos, tirando conclusões precipitadas sobre Crystal.

Havia uma linha tênue que nos separava

Um único limite.

Eu não gostaria de ultrapassar-lo, pois tinha a certeza que ela se afastaria.

Partiria sem dúvidas.

As pessoas dizem que existe uma salvação, até esse exato ponto eu concordou mas as frases seguintes são irreais demais.

A vida não é um arco-íris e não é um conto de fadas, ela apenas é sincera.

Isso podia ser enxergado tanto como uma qualidade tanto como um defeito.

Meus olhos pesavam e meu corpo divagava sobre tais dores espalhadas, o cansaço era como um aliado que estava grudado a mim todos os dias.

A bebida não ajudava, eu sabia disso, mas precisava anular as lembranças traumáticas de minha vida.

Afinal o que seria de nós sem nossa consciência?

Eu gostaria que a minha estivesse intacta mas ao contrário do que pensei, tudo era um cruel caos.

Lembranças normalmente eram algo que deveriam ser como fotos mentais, para sorrir e dá risada sobre brincadeiras do passado, mas isso não se servia a mim.

Desde dos meus seis anos a única coisa que me tornava vivo era as mesmas palavras que minha mãe repetia.

Trabalhe duro.

Então enganado pela esplêndida idéia, me deixei levar por suas palavras não imaginado que em um futuro minha vida seria arruinada por elas.

Dançarinos são como bonecos, quando uma criança ver e deseja aquilo ela ama profundamente o brinquedo, cuida dele, sorrir e dá suas melhores gargalhadas.

Seu próprio entretenimento.

Mas quando o brinquedo quebra, tudo que era divino se transforma em banal, tudo que era perfeito vira algo comum.

Cheios de falhas;

O boneco que antes era seu item preferido é deixado de lado.

Totalmente esquecido;

As imperfeições surgem e são vistas como defeito, então o dançarino se despede do palco.

Não por vontade própria...

Mas porque deixou de acreditar em si mesmo.

As críticas eram destruidoras e doentias.

Palavras machucam

Ele dizia

Palavras machucam

Repetia desejando ser ouvido

Palavras machucam

Era tarde demais quando ele morreu.

Meus pés doíam, minhas mãos tremiam e o suor descia por toda parte.

Exausto
E
Entregue a dor.

Essa seria minha primeira morte, aquela que eu sempre temi.

A dança não aquecia
O medo me dominava

Meu corpo se move em um ritmo desconhecido

Onde está a vida?

Meus passos são rápidos mas possuem um efeito lento.

Onde está a vida?

Minha respiração se parte, atravessa como agulhas colocadas em minha garganta.

Onde está a paixão?

Minha dança se transforma de uma singela garoa para uma tempestade.

Onde está a paixão?

Me jogo sobre o ar, deixando o ar me guiar por segundos e levar meu corpo ao paraíso, fecho meus olhos automaticamente tentado degustar do sabor do celestial.

Até que vem a queda

A minha ruína particular

Sou jogado de volta à terra

Caio e enxergo novamente a realidade.

Eu não era mais o mesmo Jimin e nunca seria ele de novo.

Pois não posso;

A dança sempre foi minha paixão, meus pais me incentivaram e me ajudaram a enfrentar todas as preparações, crescir desejando tocar a face do sucesso mas isso foi brutalmente tirado de mim quando a trajetória tomou minha vida para si.

Após meses estava eu novamente tentando voltar a como era antes, encontrei por acaso uma escola de dança em Phoenix e quando vi a oportunidade não deixei escapar-la.

Mas ao encarar meu reflexo sobre o enorme espelho vejo claramente o quão louco sou.

Me deitei sobre o chão duro.

Faltava poucas horas para fechar o estabelecimento mas estava tão inerte a todos meus devaneios que não me importei.

Recordei de uma das poucas frases motivacionais que meu pai me disse.

- "O bailarino morre duas vezes - uma delas, quando para de dançar. E essa primeira morte é a mais dolorosa".

Essa frase pertencia a Martha Graham uma das maiores coreógrafas de todos os tempos.

Quando a escultei não entendi seu significado até que a vida a trouxe novamente.

Meus batimentos se perdem

Será agora o meu fim?

Meus gritos são como ruídos que são cortados, ninguém tenta ajudar tampouco ousar a se preocupar.

Eu seria sempre um mentiroso.

Invejava a verdade no olhar de Crystal e odiava a minha mentira perfeita.
Desejava poder enxergar muito além dos limites que foram colocados.

Talvez essa foi a razão de ter ligado

Eu queria Crystal Walker como um enigma
Eu a queria para saber em como ser verdadeiro comigo mesmo.

Isso era confuso e sufocante.

Manter o ritmo era doloroso e insano.

Lembro-me de quando vi a neve pela primeira vez, fiquei impressionado.

Meus pais me levaram para fora e montamos nosso próprio boneco de neve, minha mãe disse que aquele era o melhor dia de todos.

Eu era feliz e nem sabia.

Aqueles foram os únicos momentos em que fomos uma família, por um único instante éramos só nós.

Eu tinha doze anos quando meus pais se divorciaram.
Eu tinha quatorze anos quando ele se casou de novo.
Eu tinha dezesseis quando vi minha mãe se afundar em sua própria destruição.

Foi traumático.

Desenhei as estrelas em meus pensamentos, olhar-las sempre me fazia esquecer sobre meus problemas, o céu azul era como meu refúgio.

Um abrigo só meu.

Aos meus olhos mesmo tendo a melancólia em minha vida, sempre carreguei um sorriso em meus lábios, nunca foi minha vontade.

Apenas porque todos me diziam que eu deveria está feliz.

As minha preocupações eram inúteis e minhas idéias eram desnecessárias, aprendir desde cedo a odiar uma sociedade que define em como você deve se comportar.

As pessoas se tornaram inimigas possuíam o amargo em suas frases e o ácido em seus olhares.

Mesmo não pedindo por isso, eu tinha a atenção de todos.

Aguardando a minha queda e se entretendo com meu sofrimento.

Eu era um simples boneco em suas mãos.

Moldado a ser como eles queriam

A vida era tão bela mas como se tornou uma tragédia?

Era difícil e um trabalho árduo

Diziam que o amor era sublime mas não o valorizam

Não importa para que lugar eu vou sempre vai está alguém esperando minha ruína.

(...)

Eita eita gostaram do capítulo?

O que estam achando da história ?
Pode não parecer importante para alguns mas eu preciso saber se vocês estam gostando da história, comentem por favor, quero de verdade saber se alguém gosta de lê TSI.
Votem, isso isso me ajuda muito e me deixa feliz demais, viu?
É MEGA SUPER importantes para mim.
Gostaram da capa nova? Eu amei, ficou linda demais.
Com quem vocês mais se indetificam? Com o Jimin ou a Crystal?
O que estam achando de TSI? Uma leitura prazerosa?