Vermelho
Os anos se passaram muito rápido, em um piscar de olhos estávamos com quinze, você havia se tornado mais que uma parte da minha vida, havia se tornado uma parte de mim. Nós fazíamos tudo juntos, íamos a escola, ficávamos na mesma mesa no almoço, íamos juntos aos bailes. Na minha cabeça de palerma você era a irmã que eu nunca tive, estava suprindo uma carência com fraterna com você, Mari, por isso fui idiota de não ver o que estava óbvio.
Você começou a corar com mais frequência quando estávamos juntos, suspirava de vez em quando e sempre me olhava de canto de olho. Mas nunca percebi o que estava por trás de tudo isso, até a vez que você deixou seus sentimentos quase explícitos e eu fui idiota o bastante para não perceber.
— Adrien, como você me vê? – Suas bochechas estavam tão vermelhas que quase perguntei se estava bem, mas aquilo se tornou tão frequente que deixei para lá.
— Mari, você sabe que é minha irmã. – Sorri a abraçando de lado, você desviou seus olhos dos meus para encarar seus dedos de entrelaçando em um ato nervoso.
— Mas você não me veria de outra forma? – Sua voz estava tons mais baixo como se não quisesse perguntar ou receber a resposta.
Hesitei. Aquele deve ter sido o momento em que notei o sentimento que crescia dentro de você e talvez fosse o mesmo adormecido dentro de mim.
— Com certeza não, você é importante para mim, não quero te perder nunca.
Desculpa por ter sido tão medroso. Mas eu pensava que paixões atrapalhariam nossa amizade e eu não podia arriscar colocá-la em perigo. Te amava demais para ameaçar estar com você por conta de uma paixão então sepultei a atração que tive por você, sem perceber, naquele mesmo dia sepultei um futuro que estava traçado para nós. O meu medo nos condenou e nunca em toda a minha vida me arrependi mais do que não ter dito que a amava, de todas as cores possíveis e queria passar o resto da minha vida com você da forma que você quisesse, amigo, namorado, irmão, marido, merda! Eu seria até a droga do seu cachorrinho se você quisesse. Eu sou totalmente seu.
As consequências de minhas palavras veio mais rápido do que imaginava, você me afastou. Não dormimos mais abraçados no parque florestal em um piquenique como fazíamos antes, não andávamos mais de mãos dadas, sempre que eu tentava você me lançava um sorriso sem jeito e soltava a minha mão. Também começou a me ver menos, "lição de casa", "trabalho de verão', "projeto de ciências'. Esse último foi mais frequente no último ano do ensino médio, eu era seu parceiro em ciências até Luka Couffaine ser transferido para a nossa classe.
Você era a aluna com as notas mais altas, então foi encarregada de apresentar a escola a ele, consequentemente se tornou a parceira dele no projeto de ciências enquanto fui escalado para trabalhar com Nino Lahiffe. Ele era legal, fizemos amizade fácil, mas nenhuma outra pessoa se compararia a você my lady, e te ver rindo com Luka do outro lado da sala estava mexendo com a minha cabeça.
Ouvi os comentários e sussurros de outras garotas pelos corredores, elas amavam o estilo roqueiro e independente que ele tinha, me perguntava se você também gostava. Não sabia se você notava os olhares que ele te lançava quando estava distraído. Conhecia aquele olhar, você era uma menina incrível, eu via isso, bonita, inteligente, simpática e mais tantos adjetivos que arrastava admiradores por onde passava.
Nunca me importei com isso, mas aquela vez foi diferente. Parecia que você o estava deixando se aproximar e a nossa falta de conversa estava enchendo minha mente de paranóias.
Foi na festa de 18 anos do Kim que vi a outra cor.
Você estava linda com um vestido vermelho e bolas pretas, tão linda que meus olhos não saíram de você durante toda a noite, infelizmente, pois vi a cena que mexeu com todo o controle que me gabava. Ele estava tocando sua cintura e beijando seus lábios, os mesmos que eu queria provar a tanto tempo. Nunca a vi conversando por muito tempo com qualquer outro garoto, agora você estava beijando Luka. Queria pensar que era só uma fase, que logo voltaríamos a ser o que éramos antes, que Luka voltaria por onde veio e nunca mais chegaria perto de você outra vez.
Mas você não era qualquer garota, my lady. Se estava o beijando era porque o levava a sério. Deve ter sido por isso que vi vermelho naquela noite. Não me lembro bem como aconteceu, em um momento eu estava tenso com a possibilidade daquilo acontecer e no outro estava socando o rosto de Luka até sentir o sangue dele escorrer pelo meu punho.
Quando Nino me tirou de cima dele, vi o estrago que tinha feito e me arrependo até hoje da minha reação. Estar possesso de ciúmes e tristeza não me dava o direito de agredir uma pessoa, foi isso que você me disse e eu concordo plenamente. Principalmente quando vi o olhar de decepção no seu rosto, ali vi de primeira mão o resto de nossa amizade se quebrar em mil pedaços.
Não gostei de estar certo.
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