XXIII - O mais puro dos sentimentos
"Eu pulo do trem, e vou sozinha. Eu nunca cresço, está ficando tão velho. Me ajude a me segurar a você" - The Archer, Taylor Swift
♥
Quando passou por John, Alison Grace era apenas um cometa, atravessando o horizonte em alta velocidade sobre o corcel preto que já não montava desde a infância.
Era como andar de bicicleta, nunca houvera desaprendido, e ainda era igualmente apaixonada pela sensação.
As patas estalando na terra batida, o vento bagunçando seus cachos, o sol aquecendo sua pele.
Liberdade.
Como ela jamais houvera se atrevido a sentir. Pelo menos não nos últimos dois anos e meio.
Ouviu ainda o garoto chamar por seu nome, mas resolveu apenas ignorá-lo, e fez o cavalo acelerar o trote, levando-a para se perder no horizonte arborizado, fugindo em direção ao grande lago que se escondia do lado oposto da plantação.
Não olhou para trás e, portanto, não viu John levar as mãos até a cabeça, tampouco o ouviu perguntando a si mesmo o que tinha feito de errado, e também não notou que ele a seguiu até lá.
A pé, ele demorou longos trinta minutos para alcançar Alison em seu esconderijo secreto, seguindo as pegadas e rastros deixados pelo cavalo. Quando estava perto o suficiente, pôde ouvir o som da música country chiada emanando em meio aos sons da natureza: Pássaros, água e folhas secas sendo arrastadas pela brisa fraca da manhã.
Quando finalmente atravessou o extenso caminho de terra batida, cercado por plantações de milho de ambos os lados, deparou-se com a bela garota deitada no gramado à beira do lago.
Seu vestido curto espalhava-se pela grama, assim como seus cachos dourados. Ela não notou sua chegada, e, por isso, John teve alguns instantes para apenas admirar a imagem que tinha dela dali.
Despida de todas as máscaras que se acostumou a vê-la usar para impressionar os clientes de seu pai no trabalho, era como se estivessem de volta na Geórgia, e o tempo não houvesse passado. Ela ainda era a garota ouvindo música country por quem ele se apaixonou dois anos e meio atrás.
Despido e todas as máscaras que ele acostumou-se a usar para não transparecer os sentimentos que ainda nutria por ela, apenas deitou o corpo ao seu lado e deixou sua mão acolher a dela.
A garota, é claro, recolheu-se do contato imediatamente.
— O que você está... — Mas foi impedida de concluir a frase.
Lábios quentes, um beijo urgente, uma queima lenta. Seria mentira se qualquer um dos dois dissesse que não houveram contido aquele desejo pelos últimos meses em que trabalharam juntos.
Longe de todos os olhos e medos, ambos sabiam o quanto precisavam daquilo. O quanto precisavam um do outro naquele momento.
E, com o coração acelerado pelo gesto imprevisível, Alison correspondeu, sem tempo ou discernimento para pensar com clareza sobre o que estava fazendo.
John afastou os fios dourados, sentindo a maciez dos cachos da garota enroscando-se em seus dedos, enquanto os dela deslizavam num toque aveludado pelo seu rosto.
— John, eu... — tentou sem sucesso, mas teve os lábios selados outra vez, e nenhuma energia para reagir ao beijo que queria tanto quanto ele.
— Alison... — Foi a vez dele de tentar, com as testas coladas, recuperando o fôlego. — Me desculpa se eu...
Mas foi a vez dela de selar seus lábios.
Sentiu suas mãos grandes escorregarem por entre os fios de cabelo, descerem pelo seu ombro, passando pelo seu braço, até chegar à sua cintura fina.
Apertou-a ali com força suficiente para lhe arrancar um grunhido baixo. Não sabia que era errado gostar tanto de ouvir aquele som, não sabia que era errado a maneira como seu corpo reagia ao beijo dela, pedia, implorava por mais um pouco. Pele, contato, calor, John precisava de tudo aquilo.
Afinal, quando o peso do mundo todo não estava sobre as suas costas, ele ainda era um homem de 21 anos, com os mesmos anseios que qualquer outro jovem da sua idade.
Mas Alison, ela sim sabia o quão proibido era aquele sentimento.
Sabia quando sentiu sua mão escavar seu vestido. Quando sentiu os lábios deslizarem para o seu pescoço, descerem. Quando o beijo ficou quente de mais, e a chama lenta foi ganhando força, tornou-se um incêndio. Quando o peso do corpo de John estava sobre o seu. Quando abriu os olhos para fitar os azuis dele. Quando sorriu antes de ele afundar os lábios nos dela outra vez.
Ela sabia que era errado o tempo todo, mas não conseguiu se impedir de sentir. Não conseguiu se proibir de desejar mais. Não conseguiu obstar os próprios dedos de desabotoar os primeiros botões daquela camisa social alugada.
Mas, quando se afastaram um instante, quando se encararam, seus olhos azuis eram tão vacilantes quanto os dela. Ambos queriam, não negavam. Mas quão longe estavam dispostos a se arriscar nesse sentimento?
De um lado, John, despedaçado, não queria iludir-se com um amor que sabia não ter futuro algum. Ela o abandonou uma vez, faria de novo, isso era claro. E ele sabia do motivo.
John Rutherford era apenas ordinário. Um problema. Hipotecou a pequena fazenda da família para pagar as despesas médicas. Enquanto isso, a família Jones era dona de todas essas terras, até onde o sol se perdia de vista no horizonte, depois do lago.
Do outro lado, Alison Grace o amava em solo acidentado. Amava, sim, mas reprimia, se proibia, ou ao menos tentava. Mas, por mais que tentasse, o sentimento brotava, como a mais bela flor que insiste em brotar em meio ao asfalto.
Antes que pudessem tomar uma decisão, se iam, ou se paravam, ouviram o som do carro se aproximando pelo caminho entre a plantação.
John saltou rápido, ajeitou a camisa, seu coração estava acelerado. Ele estava beijando a única filha do homem que lhe arrumou um emprego, que ajudou o seu pai no momento mais delicado. Não queria estragar tudo.
Alison deslizou dedos pelos cabelos, levantou-se, puxou o vestido.
Ela era uma Jones, e, se queria ser respeitada a última coisa que precisava era ser pega no flagra os beijos com o seu colega de estágio. Seu irmão, mas que deus não lhe ouvisse dizendo isso.
Ambos seus corações ainda estavam acelerados quando um dos funcionários da fazenda saltou da Pick-up.
— Senhor Rutherford? — se assegurou antes de prosseguir. John assentiu em silêncio, tentando disfarçar o seu próprio nervosismo. — O senhor Jones mandou procurá-lo. Eu preciso que me acompanhe.
Ele encarou Alison. Apertou os lábios. Coçou os cabelos loiros. Por um instante pensou que Bennet pudesse ter imaginado o que aconteceu entre os dois. Olhou ao redor. Procurou câmeras entre as árvores. Não viu nenhuma.
Mas foi então que o seu mundo desmoronou.
— É o seu pai — explicou. — Ele teve um mal súbito e precisou ser levado as pressas para o hospital. Bennet está com ele. Ele me pediu pra buscar você.
Foi nesse instante em que teve certeza: O arco-íris sempre fora pra si uma ilusão. Nada na sua vida jamais seria tão colorido e simples quanto a luz sendo refratada pelas gotas de chuva.
Mas podia uma tempestade durar para sempre?
♥♥♥
Desculpem!! A intenção era ter postado esse capítulo dia 20 do mês passado, mas e o tempo??? Estava terminando de escrever meu outro livro e estava tomando todo meu tempo.
Se tiver algum errinho perdoem, escrevi correndo e não deu tempo de revisar!
Obrigada por não desistirem de mim, amo vocês!
Espero voltar logo. Não esqueçam de votar!!!
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