XI - Todas as estrelas da Geórgia
"Volte aqui e me diga o porque, eu tenho a impressão de que senti sua falta esse tempo todo" Everything Has Changed - Taylor Swift ft Ed Sheeran
Após o jantar John conduziu Alison pelo amplo terreno no fundo de sua casa, dirigindo lentamente a caminhonete enferrujada, que sacudia um pouco cada vez que ele passava pelos buracos da estrada de terra.
Ele estacionou bem ao lado de um grande lago, e os olhos azuis de Alison brilhavam ao encarar tudo com curiosidade.
Após saltar do carro, ele deu a volta e abriu a porta, para que ela fizesse o mesmo. As botas de cowboy nos seus pés impediram que o mato alto enroscasse em suas pernas. Esse era um dos motivos pelo qual Alison adorava calçá-las, além, é claro, da sorte que elas lhe davam.
Surpreendentemente, Alison não questionou, ela confiava em John. Sendo assim, apenas o seguiu e sentou-se ao seu lado na caçamba do veículo, observando o reflexo da lua refletido na água, feito a luz de um grande holofote.
− Eu consigo entender por que você gosta daqui – ela admitiu ao aninhar-se em seu ombro largo.
Ele sorriu e deslizou os dedos pelos cachos loiros em um cafuné lento, que fez a garota se acomodar ainda mais.
− Esse é o meu lugar secreto – confessou.
− Aposto que é onde você traz todas as garotas que você beija, não é John?
– Não. – Ele riu. – Eu gosto de vir aqui pra ficar sozinho e pensar. Nunca trouxe nenhuma garota aqui, Alison.
− É um belo segredo pra esconder do mundo.
− O mundo é cruel, Alison. As pessoas são cruéis. Mas você me faz bem, você é diferente.
Ela também achava que ele era diferente, mas não disse nada. Nunca houvera conhecido ninguém como John Rutherford.
Enquanto ela havia passado a vida inteira tentando manter as coisas dentro do plano e sob controle, ele a fazia ter vontade de entregar a direção do trem da sua vida, e deixar o destino guiar.
− Essa fazenda é toda do meu pai – John começou a contar. – Um dia eu gostaria de ter dinheiro pra comprar esse pedaço, eu construiria uma pequena casinha de madeira bem aqui ao lado do lago, com uma mesa na varanda, e tomaria café todos os dias ouvindo o canto dos pássaros.
Alison conseguia imaginar aquilo em sua cabeça. John acordando numa manhã gelada de inverno, sem camisa, os cabelos loiros bagunçados, tomando uma caneca de café sentado na escada da varanda para observar a natureza. Ela conseguia se imaginar sentada ao seu lado.
− Parece um jeito maravilhoso de se viver – precisou confessar.
− Não é um apartamento de luxo no Tennessee, nem nada. – Ele riu um pouco envergonhado. Sabia que as suas expectativas não atendiam ao padrão social com qual Alison estava acostumada.
− Eu não imagino um luxo maior do que ir dormir toda noite sob esse céu estrelado, ou acordar com a vista linda desse lago.
Ela gostaria de viver daquele jeito. De ir dormir e acordar ao lado dele.
− Mas e você? Aposto que tem planos maiores para o futuro do que gastar suas botas caras em uma fazenda no interior da Geórgia.
Ela tinha. Tinha planos enormes, planos inesgotáveis, planos para cada um dos próximos vinte anos da sua vida, mas, de repente, morar em uma fazenda no interior da Geórgia com John ao seu lado parecia a única maneira certa de se viver.
− Primeiro eu tenho que terminar o ensino médio. Depois eu vou me formar em direito na Vanderbilt, estagiar no escritório do meu pai, fazer um mestrado antes de entrar pra carreira de magistrado.
Ela não contou isso de uma maneira muito animada, como costumava. Perto dos planos, ou da falta de planos de John, sua vida planejada parecia apenas sem graça e idiota.
− Aposto que vai ser uma advogada muito importante e ocupada. Não vai ter tempo pra se lembrar de aparecer pra me visitar e tomar um café comigo de vez em quando.
Sua voz soava um pouco pesarosa.
− É aí que você se engana. – Ela riu. – Eu nunca me esqueço de nada, muito menos de você.
John sorriu e deixou um beijo no topo da sua cabeça, mas sabia que não era verdade. Alison Grace tinha um futuro brilhante e planejado a frente, e ele temia se tornar nada mais que o garoto do interior com quem ela houvera passado aquele verão. Esquecido no passado.
Quando ninguém mais respondeu, tudo que puderam ouvir era o barulho das próprias respirações, e do canto alto das cigarras ecoando pela imensidão vazia que os cercava.
Tudo que podiam enxergar era a silhueta de seus rostos. A noite iluminada apenas pela luz da lua e de todas as estrelas da Geórgia no céu.
− Em Nashville o céu nunca fica tão estrelado.
John jamais cansava de fitar aquele rosto delicado. O nariz fino, a sobrancelha um pouco arqueada como se ela estivesse sempre desconfiada, os lábios bem delineados que ele não conseguia se cansar de beijar.
Ele tentava e não conseguia encontrar nenhum defeito. Alison Grace era perfeita, e ele sabia que era perfeita de mais para ficar com alguém como ele.
− E por que precisaria? A noite do Tennessee não precisa de estrela alguma, porque já tem os seus olhos pra iluminar.
Alison mordeu os próprios lábios tentando conter o sorriso, e sentiu as bochechas esquentarem um pouco ao corar. Não admitiria em voz alta, mas gostava da maneira como John a tratava, ele a fazia sentir-se especial, ou diferente, nas palavras que ele havia escolhido usar.
John parecia divertir-se com aquela timidez, então enganchou os dedos no queixo fino da garota e levantou seu rosto para encará-la no fundo dos olhos azuis refletindo a luz do luar.
Deixou que seus lábios se colassem rapidamente, e então se afastou e sorriu.
− Eu consegui deixar Alison Grace sem saber o que falar? – ele provocou.
− Não vai ficar se achando por isso, John.
Ela riu e ele a beijou outra vez. Poderia fazer aquilo a noite toda.
− Por que você não desiste de se esforçar pra ser uma babaca comigo?
− E qual seria a graça disso?
− Você poderia usar o tempo que gasta discutindo pra me beijar.
Seus olhos eram dois pares de faróis brilhando ao encarar um ao outro. Nenhum dos dois saberia explicar o porquê, mas ambos sabiam que suas vidas haviam mudado no instante em que seus olhares se cruzaram a primeira vez, e que, de alguma forma, agora elas estavam conectadas.
Nenhum deles queria romper aquela conexão. E, mesmo que quisessem, não poderiam.
− Parece uma ótima ideia – ela admitiu.
John deixou que sua mão se enroscasse em sua nuca e puxou-a em sua direção até que os seus lábios voltassem a se colar. Ainda que aquilo a deixasse com o coração acelerado, Alison achava que os beijos de John a faziam sentir tranquilidade, feito uma ducha quente depois de um longo dia no colégio, ou ouvir sua música favorita no último volume.
Embora ele dissesse que ela era perfeita, cada vez que o beijava, Alison tinha certeza justamente do contrário. Pois, toda vez que ele se afastava depois de um beijo, ela sentia como se lhe faltasse um pedaço.
Passaram horas assim, apenas aproveitando a companhia um do outro. Em alguns momentos com conversa, em outros momentos com silêncio, em outros ainda com beijos lentos. Fizeram isso até, sem querer, cair no sono.
O sol já começava a raiar no céu, quando Alison foi acordada pelas mãos de John deslizando uma mecha de seu cabelo para fora do rosto para depois deixar um beijo na sua testa.
− Ei, Ali – ele a chamou com um tom de voz quase sussurrado. – Eu acho que nós pegamos no sono. Tá na hora de ir, antes que sua vó me mate.
− Que horas são? – ela perguntou sonolenta e se espreguiçou dentro de seus braços.
− Quase seis.
− O QUÊ? – A garota saltou imediatamente, e deslizou as mãos pelos cachos que agora estavam amassados e desfeitos. – Eu estou muito atrasada John. Minha vó vai matar nós dois.
John apenas riu e saltou atrás dela, caminhou sem pressa até o lado de dentro do carro.
− Relaxa Alison. Sua vó nem vai ver você chegar.
Mas isso não foi suficiente para tranquilizá-la, ou para impedi-la de reclamar durante todo o longo percurso de volta. E, ainda que estivesse furiosa, quando John estacionou em frente à sua casa, ela deixou um beijo em seus lábios de despedida antes de entrar.
Mesmo que estivesse encrencada, ela não conseguia parar de sorrir sozinha enquanto subia as escadas para o seu quarto.
Desculpem o atraso no capítulo, estive realmente sem tempo para escrever.
Estou preparando algo muito especial para o próximo capítulo.
Não desistam de mim e da Alison Grace. Amo vocês! <3
E, por favorzinho, eu estou dando todas as estrelas da Geórgia pra vocês, não custa nada dar só uma estrelinha pra mim aqui em baixo!
Obrigada!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro