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I - Botas da Sorte

Alison Grace desembarcou em Savanah precisamente às 09:23 da manhã, caminhou rapidamente pelos corredores do pacato aeroporto, amaldiçoando a companhia aérea pelo atraso. No fundo ela sabia que a culpa não era da companhia, e sim das botas, se sua mãe tivesse permitido que ela viesse calçando suas botas da sorte tinha certeza absoluta de que o voo não teria atrasado.

Apanhou sua bagagem na esteira rolante às 09:29, e acelerou rumo ao saguão principal. Se não estivesse tão apressada, Alison teria parado alguns instantes para observar a arquitetura histórica impecável do pequeno aeroporto e se deleitar com a luz do sol penetrando pelo teto de vidro.

Ao invés disso, atravessou por entre os bancos de madeira como uma bala de canhão, até deparar-se com um senhor de cabelos brancos e uma expressão simpática, segurando um pedaço de papel branco com o seu nome escrito à frente do corpo.

− Desculpe pelo atraso. – Ela pediu checando o relógio de pulso.

− A senhorita é Alison Grace Jones? – Perguntou com um sorriso simpático e a garota assentiu. – Não está atrasada. – Ele afirmou. – São 09:30, foi este o horário que combinei com o seu pai.

Checou o relógio outra vez. Os ponteiros marcavam 09:32, comparou-os com os do grande relógio que pendia do teto e confirmou o que já desconfiava, seu relógio estava pontualmente acertado, ela estava atrasada, mas dada sua educação jamais discutiria com um senhor dessa idade.

− Podemos ir? – perguntou com um sorriso nervoso ao perceber que o senhor não fazia nenhum movimento em menção de mover-se dali, sabia que dificilmente recuperaria os minutos que havia atrasado.

− Claro. – Ele sorriu e apanhou a bagagem da garota, pra depois caminhar em passos lentos rumo à saída.

Alison acompanhou-o sentindo-se incomodada, sabia que se mantivesse esse ritmo jamais chegaria à casa da sua vó antes das 10:30, horário que haviam combinado. Não queria chegar atrasada, não era essa a primeira impressão que iria querer causar em sua vó depois de passar tantos anos sem vê-la.

− Tybee Island, hãn? – O senhor confirmou enquanto acomodava as bagagens no porta-malas do sedan preto, e Alison assentiu. – Vamos torcer para que não tenha trânsito na via expressa. – Disse batendo a porta do bagageiro. Alison sentiu o estomago revirar, não suportava a ideia de se atrasar ainda mais. – Algumas vias ficaram interditadas com árvores e alagamentos depois da passagem do furacão, muitas pessoas só estão voltando para casa agora.

Ele abriu a porta traseira do sedan e fez um sinal para que a garota entrasse, ela ponderou por uns instantes e o interrompeu.

− Espera. – pediu um pouco constrangida. – Eu esqueci uma coisa na minha mala, tudo bem se eu pegar?

Sem demonstrar qualquer sinal de incomodo, o senhor aproximou-se outra vez do bagageiro e voltou a abri-lo, permitindo que a garota arrancasse da mala um par de botas de cowboy em couro bordado. Ela arrancou as sapatilhas de verniz do pé e substituiu rapidamente pelos seus calçados favoritos.

− São as minhas botas da sorte. – confessou com um sorriso embaraçado.

Alison sabia o que sua mãe sempre lhe dissera sobre superstições, elas não tinham qualquer significado, mesmo assim a garota acreditava. Nunca passava sob uma escada, jamais houvera quebrado um espelho, evitava gatos-pretos às sextas-feiras, mas por outro lado, tinha uma simpatia incomum pelo número treze, afinal, era o dia do seu nascimento.

− São muito bonitas. – O senhor disse arrancando o primeiro sorriso sincero da garota no dia, então voltou a bater o porta-malas, e caminhou para o assento do motorista.

Alison afundou-se no banco traseiro de couro e enfiou os fones em seus ouvidos. Logo, a voz melódica de Tim McGraw preenchia seus tímpanos em volume máximo, afugentando, mesmo que por poucos instantes, as incertezas que a cercavam.

Ela fechou os olhos e deixou-se desaparecer do mundo, e esquecer-se dos compromissos por alguns minutos. A música sempre foi a sua fuga, o seu porto seguro, a única coisa que a mantinha sã em meio à sua vida quase sempre conturbada.

Ainda assim, sabia que ela e a música não foram feitas uma pra outra, era sua paixão proibida. Mesmo morando na cidade do country ela jamais houvera visitado os charmosos bares onde seus artistas favoritos haviam sido descobertos.

Clubes de música não eram lugares adequados para uma garota como ela frequentar, apenas pessoas desocupadas e desprovidas de educação frequentavam esse tipo de lugar, é o que sua mãe sempre lhe dissera. E Alison nunca fora nenhum desses dois.

Outra coisa que sua mãe sempre lhe dissera é que música mantém a mente vazia e relaxada, Alison sabia que ela estava certa, e gostava de relaxar, mas tinha que seguir seu cronograma à risca. Somente trinta minutos por dia, era o quanto ela podia ouvir, pois manter o cérebro sem trabalhar por tempo de mais diminui a capacidade de raciocinar.

Então, quando o seu tempo se esgotou ela desliou a música e arrancou os fones. Encarou pela janela e deparou-se com nada mais do que natureza e vastidão nas laterais da extensa pista.

Buscou em sua bolsa um pequeno caderno de anotações que sempre carregava consigo e uma caneta de tinta cor-de-rosa, e começou a anotar alguns pensamentos que se passavam pela sua cabeça. Alison tinha o hábito de anotar tudo aquilo quanto pensava, foi ideia de sua mãe, da primeira vez que ela confessou ter se esquecido de alguma coisa. Graças a este hábito Alison Grace nunca se esquecia de nada, o que sua mãe provavelmente não desconfiava, é que ela anotava algumas observações em forma de poemas.

− Acho que a senhorita estava certa. – O senhor irrompeu interrompendo os pensamentos de Alison que agora estavam muito além da linha do horizonte a perder de vista.

− Me desculpe. – Pediu encarando seu par de olhos pelo espelho retrovisor. – O que?

− Sobre as botas. – Ele sorriu. – Acho que elas funcionaram, o trânsito está fluindo bem, chegaremos logo.

Alison sorriu e sentiu uma sensação de alivio esparramar-se em seu corpo. Suas botas nunca falhavam. Garantiram o seu dez em física aplicada no ano passado, garantiram seu sucesso com o pedido de férias aos pais na semana anterior e agora estavam garantindo que ela chegaria no horário planejado à pequena cidade de Tybee Island.

A garota anotou uma observação em letras garrafais em seu pequeno caderno "Quando tudo estiver prestes a dar errado, use as botas da sorte". Enfiou o caderno de volta na bolsa e sentiu um cheiro curioso preencher suas narinas, poucas vezes houvera visitado o litoral, mas jamais se esqueceria do aroma delicioso do oceano.

Conforme se aproximavam da pequena cidade, Alison reparava nas casas altas de cercados brancos, com pequenas embarcações estacionadas nas garagens. Ela quase podia reconhecer aquele lugar, embora já fizesse muitos anos desde a última vez que estivera ali. Sete anos? Talvez oito? Ela era só uma criança.

Quando o motorista encostou sobre o gramado em frente à casa de madeira branca, Alison reconheceu-a das fotos que vez ou outra olhava no álbum da família. Sabia que já havia estado ali e, de alguma maneira, ao saltar do carro sentiu-se em casa.

O senhor entregou a bagagem, Alison agradeceu e checou o relógio de pulso, faltavam cinco minutos para o horário combinado, isso significava que ela houvera sido pontual. Respirou aliviada.

− Você tem algum compromisso? – Ele perguntou sorridente. – Parece preocupada com o horário.

− Eu... – Ela refletiu por alguns instantes, precisava de algum motivo especial para preocupar-se o horário? Ela houvera combinado e pra ela isso era compromisso o suficiente. – Não queria deixar minha avó preocupada.

− Ah sim. – O senhor sacudiu os ombros. – Espero que passe uma boa temporada.

− Obrigada. – respondeu educadamente. – Me desculpe, eu estava tão atordoada, que não perguntei o seu nome. – confessou constrangida.

− Meu nome é Newton. – ele esticou a mão e cumprimentou-a. – E acho que a senhorita está ainda muito jovem para estar assim tão atordoada.

− Eu já tenho dezesseis anos. – Confessou apertando a mão do simpático senhor e riu um pouco, imaginando que ele não houvesse adivinhado sua idade. Que jovem aos dezesseis anos, tendo de preocupar-se com escola, faculdade, e com todo o futuro pela frente não estaria assim atordoado?

− Pois repito. – Ele sorriu. – Ainda é muito jovem, divirta-se um pouco.

Alison cedeu e acabou sorrindo também, talvez ela pudesse achar um pouco de tempo para diversão no seu apertado cronograma.

− Obrigada Senhor Newton.

Então arrastou a mala atravessando o jardim da avó, com cuidado, ela subiu os dez degraus pela escada de madeira, e parou em frente à porta de entrada. Não entendia o motivo de seu nervosismo, era apenas a sua avó, não é como se fosse sua entrevista de admissão para faculdade. Ela houvera praticado o que diria ao menos vinte vezes, além do mais, estava calçando suas velhas e boas botas da sorte, sabia que tudo correria bem, então respirou fundo antes de enfiar o dedo sobre a campainha.

Esperou alguns minutos e ninguém respondeu, então tocou outra vez. Nada. Olhou para trás e observou que Newton já havia desaparecido em seu sedan preto, será que teria a deixado no endereço incorreto?

Abandonou as malas na varanda, e desceu as escadas, ouviu um barulho nos fundos da casa, e resolveu dar a volta para checar. Deparou-se com a senhora de sessenta e poucos anos aparando o jardim. Alison analisou-a por alguns instantes, um pouco acima do peso, cabelos brancos curtos, e olhos tão azuis quanto os seus próprios, pigarreou para chamar sua atenção.

− Alison! – A senhora encarou com um sorriso de orelha a orelha, abandonou a grande tesoura de jardim sobre a mureta e caminhou em direção à neta.

− Vovó! – exclamou envolvendo seu corpo rechonchudo entre os braços, e sentiu a essência de lavanda de seu perfume infestar seus sentidos.

− Olhe só pra você! – A senhora disse se afastando um pouco para encará-la e deslizou seus dedos pelo cabelo loiro escovado da neta. – Está tão diferente, tão crescida!

− Eu senti tantas saudades. – confessa enfiando-se no abraço da avó outra vez.

Se pudesse, Alison ficaria assim pelo resto do dia, pois este abraço caloroso era o primeiro gesto singelo de afeto que ela recebia em muito tempo, seus pais nunca foram afetuosos.

− Venha querida! – A avó disse puxando Alison pelos dedos. – Vamos entrar, eu preparei biscoitos para sua chegada.

Alison checou seu relógio de pulso mais uma vez, daqui a pouco seriam onze. Ela havia tomado café no aeroporto as oito antes de pegar o voo, ela se alimentava precisamente de três em três horas, todas as refeições seguindo sua dieta balanceada. Sua nutricionista sempre lhe dissera que isso era o necessário pra manter os seus níveis de energia constantes durante todo o dia.

A garota sabia que os cookies de sua vó, com uma quantidade caprichada de gotas de chocolate amargo, não corresponderiam à maçã que ela costuma consumir esse horário, mas o cheiro de panificação caseira não a permitiu resistir, e ela aceitou provar um pequeno pedaço.

Alison achou que o biscoito tinha sabor de magia, de natal e de lar doce lar, fazia muito tempo que ela não comia nada assim, então acabou se dando ao luxo de comer um inteiro, e o segundo em seguida, depois desse se obrigou a parar, ou comeria toda a bandeja de uma vez só.

Buscou suas malas na varanda, e subiu as escadarias estreitas até o pequeno dormitório escondido no sótão, onde sua avó lhe informou que poderia se hospedar. Alison não pode deixar de reparar que, ao contrário do que estava acostumada em sua terra natal, tudo aqui era muito simples e compacto, e ainda assim era bonito e bem organizado.

Logo depois de organizar sua bagagem, Alison entrou em uma boa ducha para se recuperar da viagem. Deixou a água gelada escorrer por seu corpo esguio e por seu longo cabelo loiro, e sentiu-se aos poucos revigorar. Vestiu um vestido fresco de verão, calçou suas botas favoritas, e encarou sua imagem no pequeno espelho que pendia da porta do guarda roupa. Seus cabelos úmidos formavam cachos que pendiam até abaixo do seu ombro, ela gostava da sua aparência assim, mesmo sabendo que não deveria gostar.

Desceu as escadas e encontrou a avó outra vez no quintal, a senhora deu um largo sorriso ao vê-la se aproximar novamente.

− Grace, querida. – Ela disse enquanto arrastava algumas madeiras de um lado para o outro. – Eu preciso substituir essas tábuas que se partiram com a tempestade, eu fiquei de pegar alguns materiais com o pastor Frederick, você se importaria de caminhar até a igreja e busca-los pra mim?

− Vó a senhora não devia estar mexendo com isso, é muito pesado. – A garota alertou, e aproximou-se rapidamente ajudando-a a carregar um grande pedaço de madeira até o lado oposto do quintal – A onde está a equipe que vai cuidar da reforma?

Um riso alto escapou dos lábios da senhora.

− Equipe? – Ela perguntou divertindo-se. – É assim que vocês fazem reformas lá no Tennessee?

− Não tem uma equipe? – questionou sentindo-se envergonhada pelo erro, seu pai lhe dissera que haveria uma equipe, que ela sequer precisaria vir pra ajudar. Agora seu rosto estava corado e suas mãos tremiam um pouco, Alison Grace detestava errar.

− Ah, querida, eu moro nessa mesma casa velha há mais de cinquenta anos. – Ela contou e agarrou as mãos da garota tentando acamá-la. – Você não imagina a quantidade de tempestades, tornados e furacões que eu já enfrentei.

Alison engoliu seco, e encarou a profundidade dos olhos azuis de sua avó. Ela nunca havia presenciado um desastre de perto, nem um tornado, nem um terremoto, muito menos um furacão como o que passou por aqui no mês anterior. O tempo na cidade de Nashville era quase sempre tão previsível que ela poderia anotar em sua agenda os dias do ano que iriam chover.

− Mas meu pai disse que te enviou dinheiro suficiente para contratar uma equipe. – Ela insistiu. – Você não devia estar fazendo todo esse esforço.

− Dinheiro? – Ela riu fazendo as rugas nos cantos de seus olhos se destacarem. – Seu pai me manda dinheiro todos os meses. Todos os meses eu devolvo pra ele.

Alison encarou embasbacada por alguns instantes, ela não entendia a razão para sua avó receber o dinheiro e devolver. Ela morava em uma casa muito simples, sabia que esse dinheiro lhe faria falta, então por quê?

Antes que a garota tivesse tempo de abrir a boca para perguntar, a senhora tratou logo de interromper.

− Anda. – disse tomando todo o peso da tábua de madeira pra si. – Eu posso cuidar disso aqui. Corra e peça ao pastor Frederick pelos materiais que eu pedi pra ele separar.

Alison Grace sacudiu a cabeça concordando, afinal, ela era uma visita, e, além disso, uma adolescente, enquanto sua vó era uma anciã, não seria educado de sua parte argumentar.

− A onde é mesmo que fica essa igreja? – perguntou quando já estava na metade do caminho para o portão.

Nota da autora:

Oi meus amores, estão gostando do livro novo? Por favor, me deixem saber o que estão achando da Alison e da história por enquanto. No próximo capítulo vamos conhecer o John. Obrigada pela leitura, não se esqueçam de votar! Beijinhos.

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