41. Sombrio
Música enredo: Chasing Cars - Sleeping at last
Nós vamos fazer tudo
Tudo
Sozinhos
Nós não precisamos
Qualquer coisa
Ou qualquer um
Se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria o mundo
Addison Narration__________
24 horas antes...
Minha casa estava movimentada, todos estavam aqui. April, Jack, Callie, Mark, Arizona e Lexie... Todos eufóricos e falantes em um delicioso jantar. Minha cabeça até tentava acompanhar tudo o que eles diziam porém minha mente só sabia mapear tudo o que estava preparado, amanhã seria um dia único e muito importante em minha vida e na vida dela.
O telefone tocando do George me tirou do pensamento e me assustei ao ver sua reação naquela ligação.
- Liga a TV!
Ele pediu. Callie alcança o controle da televisão e a liga atendendo ao pedido desesperado do George.
- Olhem isso! A polícia encontrou o atirador da boate!
- Ai meu Deus!
- Que notícia maravilhosa!
Eu disse sentindo um alívio gigante por saber que a morte do meu amigo não viraria estatística.
- Ele vai pagar por todo mal que nos fez... Pela morte do Derek, por todos os dias que a Mer ficou naquele hospital.
Callie falava.
- Eu vou pra delegacia. Vou me interar de tudo e ligo pra vocês para mantê-los informados. Addie, Mer... Conseguimos! Esse pesadelo enfim acabou!
Eu olho para Mer e a abraço forte, não sei dizer para vocês o motivo, mas aquela maldita sensação de que algo irá acontecer me ronda naquele instante me fazendo lembrar do dia que ela e Derek sofreram o atentado. Era a mesma intuição, aquela que deixou minha garganta apertada e respiração pesada, mas a alegria de nossos amigos e da minha vida ao ver que a polícia tinha finalizado o caso e prendido o bandido me fez desligar dessa coisa toda que estava fazendo voltas aqui dentro. O jantar seguiu feliz, falante e muito mais eufórico... Mal sabia eu que deveria acreditar neste maldito pressentimento que me tomava.
No momento do pedido...
Meu celular não para de tocar com a Rita aparecendo na chamada. Será que houve alguma coisa na minha casa? Se houve poderia esperar, nada iria atrapalhar a magia destes minutos que estamos vivendo. Após inúmeras ligações entreguei meu celular para Callie pedindo para ela atender notando sua face mudar ao ouvir Rita do outro lado da linha.
Voltando a realidade...
Aquelas palavras entraram por meus ouvidos sacudindo tudo. Celine parou de cantar encerrando a transmissão e eu fiquei paralisada assistindo a polícia me pegar grosseiramente pelo braço me tirando da Mer.
- Espera aí! Cadê o mandato?
George entrou na frente do policial exigindo uma resposta. Assim que o homem lhe entregou o papel, ele olhou para mim com os olhos temerosos.
- Peraí! Você não vai algemar minha amiga!
Mark gritou enquanto George argumentava o motivo dele não ter sido avisado sobre o que estava acontecendo na investigação. Eu somente olhava para Meredith, em silêncio, assistindo seus olhos pasmos e marejados me fazendo dilacerar.
- Addison! Addison!
Violet gritava acompanhando os policias me levarem até a viatura e antes deles me empurrarem para dentro daquele carro, vejo minha vida correr entrando em minha frente.
- Meu amor, meu amor... Eu te amo! Eu te amo! Eu vou te tirar desse engano!
Ela falava olhando no fundo dos meus olhos enquanto eu não conseguia mencionar nenhuma vogal sequer.
- Licença Meredith! Addison! Eu vou seguindo vocês e já vou ligar pro sr. Thompson ok?
Eu balanço a cabeça em sinal de positivo.
- Caiam fora da frente!
Os policias gritam afastando Mer e Violet abrindo a porta do carro praticamente me jogando pra dentro. Na minha cabeça tudo passava como se fosse uma miragem, parecia que eu estava dormindo ou coisa parecida quando o barulho estridente da sirene tocou, um clique me despertou e eu comecei a gritar me debatendo dentro aquela viatura. Estacionamos na porta da delegacia e um bando de urubus já estavam a postos com suas câmeras fotográficas prontos para documentarem a minha desgraça, saí rapidamente direto para a sala do delegado me sentando logo a sua frente exigindo uma explicação para aquilo tudo.
Meus amigos chegaram juntos conosco e ficaram em uma sala de espera aguardando George que estava comigo. Alguns minutos depois, Violet bate na porta e entra, Sr. Thompson estava em chamada de video pelo celular dela. Não sei se já mencionei, mas o dono da Victoria Secrets também é o melhor advogado criminalista mundialmente conhecido por defender grandes nomes da política e famosos.
- Sem chance alguma dessa arma que foi encontrada na casa da Addison ser dela senhor delegado. Isso foi uma armação das grandes, você não pode prendê-la por isso.
- De acordo com a confissão do réu Juliano Arantes, ele afirma que foi contratado pela a senhorita Addison Montgomery para executar Meredith Grey. Ele nos deu as coordenadas e nos contou que a senhorita guardou a arma do crime em seu escritório residencial.
- E aí vocês invadiram minha casa fazendo a maior bagunça!
- Seguimos provas senhorita. Esse é o nosso trabalho.
- O trabalho de vocês é investigar e tirar de circulação quem realmente é uma ameaça para as pessoas.
- É o que estamos fazendo agora tirando a senhorita de circulação.
- Isso é loucura! Como que eu vou mandar matar o amor da minha vida? Eu? Isso só pode ser um pesadelo.
Eu gritava estapeando a mesa.
- Se a senhorita continuar gritando eu vou acrescentar nos atos desacato.
E esse debate continuou durante horas. George e Sr. Thompson tentando argumentar, Violet tentando me acalmar e eu desesperada tentando me conter para não piorar minha situação.
- Você não pode prender minha cliente sem provas reais senhor. Cadê as digitais dela na arma?
- Não só posso, como irei fazer isso agora. Por favor, levem a senhorita para cela.
Dois dos policiais me puxaram para fora.
- Amanhã pontualmente às nove horas será o confronto dos réus caso os defensores queiram acompanhar. Agora me deem licença que tenho uma pilha de coisas para fazer.
- Mas minha cliente tem grau superior! Eu exijo pelo menos cela especial ou individual.
- Caro colega, você sabe muito bem que as coisas não funcionam tão rapidamente aqui no nosso país. Exige cela especial para uma mandante de assassinato? Então corra atrás de toda a documentação autorizando a mesma certo? Vamos, vamos... Já encerramos esse assunto por hoje!
Sou arrancada dali aos berros passando ao lado da sala onde minha vida e meus amigos aguardavam. Abaixei a cabeça, não quis encontrar os olhares daqueles que eu amava.
- Violet, amanhã mesmo estou chegando para resolver essa merda que Addison se enfiou.
- Ok Sr Thompson. Addie, tente manter a calma pra não piorar tudo. Amanhã vamos resolver tudo viu.
Violet me disse e eu senti um certo alívio ao ouvir sr. Thompson dizendo que estava vindo pra cá, porém segundos depois esse alívio se dissipou quando me deparei com a minha ida mais uma vez ao inferno sendo jogada em uma cela com outras cinco mulheres de expressão rude.
- Pelo amor de Deus não me deixa aqui!
Eu gritei para os policiais que fingiram demência saindo caminhando rindo me deixando ali jogada a própria sorte.
- Olha, olha, olha Eloah... Carne fresca no recinto.
- E o que a donzela fez?
Eu permaneço calada, imóvel sentindo o ar diminuir com aquelas duas mulheres avançando em minha direção até ficarem bem próximas.
- Como é cheirosa! Tanto tempo que não sinto uma mulher cheirosa assim. Já consigo imaginar o quanto você deve ser gostosa também.
O pavor me fez tremer ao sentir a respiração dela em meu pescoço dizendo aquelas palavras.
- Arrume um canto para dormir donzela, hoje nós seremos gentis com você.
Elas se afastam rindo e meu coração para. Abaixo a cabeça e gentilmente agradeço, sabia eu que naquela situação deveria manter a calma e tentar usar a sabedoria ao meu favor. Eu era novata no território delas. Caminhei cuidadosamente até chegar em um colchão jogado no chão. Nem preciso descrever pra vocês a situação daquele lugar desumano. Me sentei encostando as costas na parede fria, as risadas das detentas me tiravam a concentração na busca em conversar intimamente com Deus, e as longas horas ali naquela cela imunda repleta de baratas por todo lado me fizeram repensar e questionar algumas crenças minhas.
Com as lágrimas descendo por minhas bochechas eu só me perguntava o motivo... Mais uma vez, qual era o motivo daquilo, só que dessa vez a minha ida ao abismo trazia não só a tristeza, a raiva e a dor... Agora para meu espanto ela também me trazia a dúvida. E implorando por proteção e justiça amanhece junto com o despertar daquelas pessoas que tanto me amedrontavam só com o olhar gélido que possuiam.
As nove em ponto eu estava frente a frente com o assassino do meu amigo. Foram duas horas de confronto e exaltação, eu não entendia, eu nunca tinha visto aquela criatura...
- Isso é armação! E você sabe que é! Eu nunca te vi na vida! Implantaram essa arma na minha casa!
Eu gritava chorando desesperada. Porém a minha verdade ali não fazia nem cócegas, a justiça não era movida por palavras e sim por provas e eu estava totalmente suja neste caso.
- Então me diga por qual motivo eu paguei você pra matar minha namorada? Me diga qual o motivo que eu dei?
- Você não se lembra madame? Disse que queria se livrar dela por ela estar te botando chifres com um médico aí.
Ouvir isso foi o mesmo que levar um tapa na cara, quando percebi já estava estapeando esse imbecil sendo segurada pelo George e mais outro policial. Após esse momento George ainda ficou comigo por mais algumas horas me orientando e dizendo os próximos passos.
- George ouça eu não posso voltar pra lá. Por favor me tira daqui!
Eu dizia repetidamente com as lágrimas me sufocando.
- Addie, eu vou te tirar daqui. Sr. Thompson está chegando e juntos vamos descubrir quem está por trás disso.
- Nathan... É o Nathan. Você ouviu aquele infeliz dizendo o motivo se referindo a um médico. Só quem sabe da existência do Nathan é que poderia dar esse detalhe a ele.
- Sim eu pensei a mesma coisa. E já vou chamá-lo pra depor.
- Eu não posso ficar mais essa noite aqui George... Eu não posso!
- Eu já solicitei um habeas corpus. Nós vamos te tirar daqui.
E ali junto com ele tentando me acalmar eu fui respondendo suas perguntas sobre a movimentação da minha casa. Alguém tinha entrado lá e colocado essa arma em meu escritório, mas quem? Tanto tempo trabalhando com meus empregados que eu era incapaz de indicar qualquer um, havia muita confiança e discrição entre nós.
Quando eu me levanto para voltar a cela, Meredith chega me trazendo o sopro de ar fresco que eu tanto necessitava.
- Meu amor...
Ela me abraça e eu sinto uma calmaria percorrer minha alma.
- Eu não fiz isso vida... Eu não fiz. Você acredita em mim? Acredita?
- Eu acredito Addie. Eu sempre vou confiar e acreditar em você. Eu te amo. Não se esqueça disso... Olha só eu trouxe roupas limpas e comida.
- Ok ok agora bora pra dentro madame. Já estrapolou sua regalia de visitas hoje.
- Sr. delegado por favor, deixa ela comer antes de voltar a cela.
- Você tem 15 minutos.
O delegado diz e eu volto a me sentar começando a comer. Meredith faz carinho em minha cabeça tentando trazer idéias sobre quem poderia estar fazendo isso. Me despeço do George e do amor da minha vida com um beijo e com o coração sangrando. Volto pra cela e em silêncio me sento no colchão. O marmitex já havia chegado e meu estômago embrulha só de ver aquela comida. Logo após o almoço o silêncio naquele lugar me permitiu cochilar, minha cabeça doía pela ausência de sono e foi inevitável não fechar os olhos.
Como ali era uma delegacia, usávamos nossa própria roupa e adornos, a única coisa que nos tiravam era o celular e os documentos pessoais. Despertei com o barulho da cela sendo aberta, era hora do banho de sol com o lanche no pequeno pátio. Eu optei em ficar ali quieta, fechei os olhos novamente porém uma voz tremeu meus ouvidos...
- Ora, ora, ora... Olha quem está no lugar certo agora? Quer café Addison Montgomery?
Eu não sei bem
Como dizer
Como eu me sinto
Aquelas três palavras
São ditas demais
Elas não são suficientes
E se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria o mundo?
Esqueça o que nos dizem
Antes de ficarmos muito velhos
Mostre-me um jardim que está explodindo na vida
Vamos perder tempo
Perseguindo carros
Em torno de nossas cabeças
Meus olhos ficam incrédulos quando vejo Ellis Grey e Nathan na minha frente.
- Como você entrou aqui?
- Você não aprende não é vadia. Eu entro onde eu quiser.
- Satisfeita? Veio conferir se sua armação deu certo? Veio ver se havia me destruído?
- Eu? Não... Eu vim foi rir mesmo.
Ela diz deixando a xícara de alumínio na grade.
- Vim rir e registrar na minha memória a alegria de te ver neste lugar podre, aliás Nathan olha que lindo ver essa vadia no lixo.
Eu avanço pela cela batendo na grade, o ódio que percorre em minhas veias era tão forte que mal conseguia respirar.
- Ah tadinha Ellis, ela não pode estapear a gente. Que pena...
- Eu juro que vou matar vocês! Eu juro!
- Vocês estão ouvindo né... A ameaça da assassina aqui.
Ellis e Nathan riam e eu poderia matá-los na unha.
- Saiam daqui!
- Vamos Nathan, já nos divertimos por aqui. Vamos por que você tem uma certa loira pra consolar...
- Não ouse chegar perto da Meredith!
- Tchau vadia. Boa estadia viu.
Eles caminham e eu noto Ellis cochichar algo no ouvido daquele imbecil. Meu peito subia e descia com a força da minha respiração, minha garganta estava fechada e minha cabeça latejava. Nunca em minha vida eu havia sentido tanto ódio, como eles conseguiam manifestar em mim os piores sentimentos... Esse desejo de acabar com eles, de destruir eles acabava comigo. Nunca em toda minha vida eu imaginaria viver isso, em ter sangue nos olhos ao olhar para essas duas pessoas.
Deslizei meu corpo pelas grades chorando compulsivamente. Eu tinha que sair dali, eu tinha que sair dessa sujeira que me enfiaram o mais rápido possível e ter a minha vida de volta. Em torno das dezenove horas era hora do banho geral. Todas num banheiro grande nuas tomando banho em uma água gelada em chuveiros individuais porém próximos um do outro sem qualquer divisão. Constrangimento era a palavra certa para o que estava sentindo, fiquei de costas o tempo todo tentando ser o mais rápida possível e ainda assim eu nunca havia me sentido tão invadida, tão amedrontada.
Os olhos daquelas mulheres me perfuravam e a sensação que eu tinha era que logo elas iriam vir para cima de mim. Sensação essa que desapareceu ao sentir as mãos da "chefe" da turma percorrer por minhas pernas passando nas laterais até chegar na minha cintura. Fiquei imóvel com o pavor atravessando minhas células.
- Você é muito gostosa donzela... Muito mesmo.
Ela diz colando seu corpo ao meu. Ali eu pensei que era o meu fim, doce ilusão pois o pior ainda estava por vir. Eu sabia que estava em total desvantagem, dando um passo para frente me afastando dela.
- Se comporte meu bem... Se comporte que todas nós sairemos felizes.
Eu nem pensei, saí correndo até o vestiário ouvindo os passos delas atrás de mim.
- Por favor... Não me façam mal. Eu peço a vocês não me façam mal.
- Tarde demais. Por algum motivo não querem que você saia daqui sem vivenciar uma festinha... Eu bem que queria me deliciar de você, mas me pagaram para brincar de outra forma.
E o show de terror começa ao sentir o primeiro soco em meu rosto me derrubando no chão devido a intensidade. A partir dali eu vivi os piores momentos, sentindo cada parte do meu corpo ser agredido desfalecendo minutos depois devido o volume da dor. Eu não sei por quanto tempo permaneci ali ou até mesmo por quanto tempo elas continuaram a desferir os golpes em mim, eu só sei que amanheci na enfermaria assustada com uma dor gigante.
- É garota, você deve ter aprontado algo muito feio pra irritar suas colegas desse jeito.
Eu apenas olhei pra moça que aplicava algum medicamento em mim. A dor que eu sentia era surreal e eu só me lembrava das palavras daquela mulher dizendo que havia recebido pra fazer isso. Um nó forma em minha garganta e algumas lágrimas começam a rolar de meus olhos inchados. Observo por cima os hematomas em meus braços, pernas e abdômen e volto a chorar navegando em meus pensamentos. Me revolto. Questiono Deus, questiono o universo, questiono todas as forças divinas existentes.
- Calma menina, eu imagino que esteja sentindo dor mas já apliquei medicação e logo estará melhor.
Neste instante George e o sr. Thompson adentram naquela enfermaria.
- O que houve Addie?
E eu começo a contar tudo o que houve nas últimas horas. O choro era livre a cada palavra dita por mim. Estava tão difícil de falar naquele instante, meu emocional estava no pico deixando a razão de lado tomando meu espírito por sentimentos misturados e confusos. Minha volta ao abismo estava difícil, eu não via luz, eu não via esperança, eu só enxergava dúvida e mais dúvida. Meus advogados saem depois de me ouvir, George demonstra emoção ao marejar os olhos, acredito que foram exigir explicações do delegado. E eu... Eu somente fechei os olhos permitindo mais lágrimas e minha alma percorrer por toda a lama fria que estava batendo em meus pés ao alcançar esse fundo do poço.
Fiquei ali por 24 horas. Minha liberdade provisória ainda não havia sido atendida, mas a solicitação de cela especial havia sido autorizada. Me levantei vagarosamente da maca, indo em direção a minha cela individual dando graças a Deus por isso. Não consigo imaginar o que seria de mim se voltasse para o convívio com aquelas mulheres, certamente morreria com outra surra. Eu sentia ódio e desprezo por Ellis Grey e seu amante e sabia que esse sentimento era recíproco da parte de ambos, eu só não acreditava que eles teriam coragem de tamanha barbárie.
Me deitei, agora eu tinha uma cama, um banheiro privado, uma mesinha com cadeira e um ventilador. Adormeci mais uma vez tentando entrar em outra órbita que não houvesse sofrimento. Despertei com a agente prisional me chamando, como dormi praticamente o dia todo o delegado sugeriu que as visitas viessem no início da noite. Me levanto e caminho devagarinho, ainda sentia muito o meu corpo e acredito que isso se agravava por ter essas dores - físicas e alma - estarem de mãos dadas dançando uma verdadeira valsa aqui dentro.
Cheguei na pequena sala me sentei e aguardei, estava certa que receberia as visitas dos advogados, Mer e de alguns amigos porém ao olhar pra frente um bolo de vergonha, tristeza, solidão me enforca me desestruturando de vez ao ver minha mãe cruzar a porta.
- Minha filha.. O que fizeram com você?
Eu abaixo os olhos, respiro fundo... O sentimento de revolta vem e me aperta me sufocando. Tento ao máximo segurar meu choro, tento em vão sentindo a revolta se transformar em ódio, em desespero, em dor súbita.
- Filha...
Eu busco os olhos cheios de afago de minha mãe e a primeira lágrima brota dando passagem para um rio a seguir. Comecei a esbravejar batendo contra aquela mesa, eu precisava gritar, eu precisava me libertar daquilo.
- Mãe... Mãezinha... Eu só quero ouvir da senhora que é assim mesmo, que quem ama também sofre, que vale a pena tudo que passamos por amar alguém mamãe.
- Filhinha, minha filhinha...
- Eu preciso que você diga mamãe. Eu preciso que você me diga pra eu continuar lutando! Eu preciso acreditar que tudo isso vai valer a pena sempre. Por favor me diga que sim mamãe.
Eu desabei diante dela. Eu necessitava das palavras de minha mãe me dizendo as respostas das minhas dúvidas. Ela era a única capaz de sanar aqueles sentimentos que estavam me torturando sentada ali naquele abismo e deitada em seu colo eu gritei tentando expulsar todas as sensações sombrias que me acercava. Ela não me dirigiu uma única palavra, minha mãe somente me deu seu alento e seu amor me deixando esbravejar por longos minutos tudo aquilo.
Algum tempo depois, quem eu imaginava chegou. George e Thompson foram direto para a sala do delegado, hoje o Nathan iria depor e eles iriam acompanhar enquanto Callie, Arizona, April e Mer vieram ao meu encontro.
- Meu amor! Meu amor!
Meredith veio me abraçando. Eu me mantive imóvel debruçada no colo de minha mãe. Como disse, minha emoção estava no topo impedindo a minha razão de enxergar e agir de acordo com a realidade.
- Eu não quero que me veja assim Meredith.
- O que aconteceu Addie?
Callie me pergunta com os olhos já cheios de lágrimas. E antes mesmo que eu pudesse responder, Nathan entra na sala abrindo um sorriso enorme ao me ver toda quebrada.
- Vejo que alguém lavou a minha alma hein Addison... Pronto estou me sentindo vingado pelo tapa que me deu.
- Foi você né seu ordinário! Foi você e aquela vaca que pagaram para elas fazerem isso comigo não foi?
Eu grito me levantando esquecendo totalmente da dor que sentia.
- Quer saber Nathan, se é a Meredith que você quer, então toma... Pode ficar! Eu cansei! Eu desisto! Eu abro mão! Pronto estou saindo do seu caminho!
Eu grito tão alto em meio ao choro tirando a aliança do meu dedo jogando em cima da Meredith que me olhava com pavor. Me viro saindo dali mancando indo em direção ao corredor que dava acesso a minha cela.
- Addie você está fora da razão. Olha o que está dizendo pelo amor de Deus!
Arizona me segura pelos braços meio que me sacudindo.
- Eu estou cansada! Eu não aguento mais! Eu não aguento mais sofrer e viver esse inferno por amar a Meredith! Eu não aguento mais!
E saio dali dilacerada, sangrando. Dali em diante eu me afoguei na minha própria desgraça sozinha, orando para que os dias nublados fossem embora.
Meredith Narration ________
Saio daquela delegacia amparada pelas meninas. Não conseguia acreditar nas palavras da Addie, eu respirava pausadamente tentando acalmar a loucura que se fez aqui dentro. Meu coração parecia que iria explodir e minha alma girava sem parar.
- Meredith, você não deve dar importância ao que ela disse.
- Você sabe que ela está nervosa com os sentimentos à flor da pele.
- Você viu a situação dela amiga... Por favor não acredite nas coisas que ela te disse.
Eu permaneço calada. Entro no carro e vou para o meu apartamento, fico por lá algumas horas e mudo de ideia indo pra casa da Addie, queria dormir na cama dela sentindo o cheiro dela. Durante o caminho aquelas palavras me atingiam repetitivamente e eu lutava contra elas, eu não podia me deixar contaminar. O anel que me foi jogado agora estava também no meu dedo, eu chorava e me perguntava se realmente ela havia se cansado de me amar. Adentro no condomínio e ao atravessar a porta principal da casa dou de cara com a mãe da Addison.
- Sra Montgomery... Me desculpe, achei que a casa estava vazia.
- Meredith... Eu desejei tanto te conhecer, saber quem é a pessoa que tinha virado a minha filha do avesso. Saber quem é a mulher linda e maravilhosa que fazia minha filha flutuar feliz.
- Senhora...
- Eu confesso que hoje ao encontrar minha filha naquela situação e depois saber que partiu da sua mãe toda a agressão, senti uma raiva de você enorme. Mas agora vendo seus olhos eu consigo te enxergar e saber que está sofrendo tanto quanto ela, você a ama Meredith, e eu espero que você releve as coisas que ela te disse hoje. Ambas sabemos o quanto Addison é impulsiva.
Eu permaneço em silêncio a olhando nos olhos sentindo as lágrimas caírem grosseiramente.
- Addie me disse o quanto sua vida ao lado de sua mãe foi complicada. Eu sei que você nunca teve amor, carinho e compreensão por parte dessa mulher cruel. E eu sei que você não tem nada, nenhuma característica dessa criatura.
- Sim senhora.
Ela se aproxima e pega em minha mão me puxando até o sofá se sentando me colocando ao seu lado.
- Filha... Chore. Chore limpe a sua alma, expulse suas fraquezas e se fortaleça! Você tem o meu colo para isso. Amanhã o sol voltará e a leoa que existe em você deverá lutar como nunca para proteger sua mulher e provar toda essa armação que fizeram.
E eu me deito naquele colo sentindo ser acolhida por um amor nunca antes sentido. Então era assim o amor materno... Quente, forte, protetor e revigorante. Mergulho nestes minutos descobrindo esse sentimento de mãe que nunca havia sentido na vida até então.
Acordo bem cedinho. Me arrumo e vou direto ao hospital, passo direto pela recepção eu sabia que minha mãe já estava por lá. Entro em sua sala e a encontro arrumando alguns papéis.
- Muito bem Ellis Grey, agora somos eu e você.
E se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria o mundo?
Esqueça o que nos dizem
Antes de ficarmos muito velhos
Mostre-me um jardim que está explodindo na vida
Tudo o que eu sou
Tudo o que eu sempre fui
Está aqui em seus olhos perfeitos, eles são tudo que eu posso ver
Eu não sei onde
Confuso sobre como bem
Só sei que essas coisas nunca vão mudar para nós
E se eu deitar aqui
Se eu apenas deitar aqui
Você deitaria comigo e esqueceria o mundo?
💔 Addison e Meredith
💔 Estou dilacerada
💔 Mandem a conta da terapia para a person
💔 Não me matem!
✅ Seu voto e comentário é muito importante para nós.
👉 Nos encontre no Instagram :
@greysthreebestfriends
@faidaorsida
👉 Nos encontre no Twitter :
@faidaorsida
@KaryLeneKarry
Até o próximo capítulo meus amores ❤️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro