🌙 14: jasmim
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#coisachata
Durante a semana que se passou, a capital virou um caos, como se o fim dos tempos estivesse próximo. Nas casas de entretenimento nobre, se ouviam cochichos por toda parte, sempre sobre a cerimônia da escolha, sobre os candidatos, sobre o príncipe, sobre o casamento real.
Park Jimin recebia a visita de instrutores e examinadores todos os dias, trabalhando e avaliando seu desempenho dia após dia. Quando a vizinhança soube que Jimin participaria, ele começou a receber presentes de boa sorte, hanboks, acessórios, flores, leques, sombrinhas, todo tipo de parafernália.
Ele andava calado, executando as tarefas que lhe eram dadas, discordando muito pouco, se esforçando na medida do possível. Tudo ainda era muito confuso. Mesmo que a Sra. Park estivesse radiante, o pai da família passava os dias trancado no escritório, e a cada dia sua pilha de relatórios aumentava. Jimin sabia que ele estava preocupado em relação às pessoas que se beneficiariam caso certos candidatos fossem escolhidos para o noivado.
Jimin, no entanto, não sabia o que fazer para ajudar o pai. Não queria ser o escolhido, e mesmo que quisesse, achava muito difícil conseguir. Mesmo que os ômegas fossem convidados a fazer uma tentativa, suas chances de vencer eram muito poucas. Houveram apenas 6 cerimônias da escolha durante todo o reinado Jeon, e dessas 6 vezes, apenas uma ômega foi escolhida, quase 200 anos antes.
A Sra. Park parecia sonhar, mas o Sr. Park com certeza era bem mais pé no chão. Jimin também pouco acreditava em seu sucesso.
Naquela tarde, enquanto as empregadas de sua mãe lhe vestiam com um hanbok elegante, e faziam seu cabelo se forma impecável, Jimin sentiu que poderia morrer caso tivesse que passar por isso todos os dias dentro de um palácio. Ele e a mãe foram convidados para um encontro de nobres, onde encontrariam outros candidatos que participariam da cerimônia. Um "mostre o que você pode fazer" como aquecimento para o grande dia.
Se Jimin preferia estar em casa equilibrando metódicas bandejas de conjunto de chá? Mil vezes.
- Só precisa replicar tudo que vem praticando - Sra. Park lhe disse, sentado ao lado dele na carruagem puxada por esbeltos cavalos de raça. - Não passe vergonha, ou todos vão pensar que você só está cumprindo tabela. E você não está. Você vai mesmo tentar conseguir ser escolhido.
Jimin nem respondeu, continuando a espiar por uma fresta na janela, passando por todos os lugares que costumava frequentar quando fugia de casa, lembrando das noites de música e festa. Sua mãe o cutucou. - HeiYang vai estar lá. Ela é... a favorita. Uma alfa, neta do embaixador de Qing.
- Uau - Jimin soltou, desinteressado, tentando se mexer sob o hanbok apertado.
- Não a provoque - mandou a mãe. - Nem olhe na direção dela.
Ele assentiu, sem prestar atenção de fato, se encostando no assento, incomodado pelas amarras da roupa. Quando chegaram, WooBin o ajudou a descer da carruagem, na porta de um conceituado restaurante, ele seguiu a Sra. Park pelo caminho determinado, com as mãos postas em frente ao corpo, a coluna ereta. Transparecia serenidade porque pouco se importava com aquela situação. Não precisava ir bem ali, somente no dia da cerimônia.
Sendo encaminhados até uma sala particular, eles se curvaram ao entrar, encontrando outros pares de mães, pais e filhos, filhas, um mais impecável que o outro. Pelo canto do olho, Jimin pegou a mãe analisando cada um deles, mesmo que seus lábios pintados de vermelho fingissem um sorriso educado. Se sentando ao lado de um pai ômega e sua filha alfa, Jimin se curvou brevemente para eles, antes de se ajeitar sobre a almofada, cruzando as pernas educadamente. Os últimos convidados chegaram em seguida.
Não era uma coincidência, mas a primeira pessoa a se pronunciar foi a mãe da famosa HeiYang. Jimin não as conhecia, mas soube quem eram porque carregavam um brasão de uma família Qing, suas jóias também eram certamente bem mais valiosas do que a de qualquer um ali. A alfa, mãe de HeiYang sorriu para todos ali, na ponta da mesa, levantou o copo de chá. - É um prazer estar aqui, e conhecer cada um de vocês. Não vejo a cerimônia da escolha como uma competição, desde que queremos todos a mesma coisa: o bem de Joseon. Tenho certeza de que, independente de quem for escolhido, dará seu melhor pela nossa nação. Correto? - todos assentiram. - Pelo que vejo, todos aqui vem de famílias muito respeitadas, todos de uma beleza indescritível. Nosso príncipe estará bem acompanhado. Bom, vamos desfrutar desse belo banquete, que eu mesma me dispus a oferecer para todos nós. Fiquem à vontade.
Os presentes só começaram a comer depois que mãe e filha puseram seus palitinhos ao trabalho. Jimin esperou que a mãe o liberasse, e esta só o fez depois que todos já se serviam. Ele não era do tipo que precisava de severas aulas sobre etiqueta à mesa, sempre soube se comportar na presença de estranhos e mais velhos, e no geral, sempre que era mal educado, era por vontade própria e não falta de noção ou disciplina. Era um menino inteligente, sabia quando suas brincadeiras e provocações vinham ao caso ou não.
Em silêncio, ele tentou não prestar atenção nas conversas baixinhas que surgiam em um lugar ou outro na mesa. O contrário do que sua mãe fazia. A ômega devia achar que quanto mais informações obtivesse, mais vantagens o filho teria. Mas Jimin sabia que nem que quisessem escolhê-lo, isso seria fácil. Não havia nada que o pusesse em uma boa posição, sabia que passaria praticamente despercebido, mas sua mãe estava empolgada, e nunca mais ela passaria por algo assim, então ele estava tentando parecer engajado, ou pelo menos... disposto.
Não conseguiria parar de pensar que se tivesse nascido alfa, como o irmão, nada disso estaria acontecendo. Se fosse uma garota alfa, aí sim sua mãe poderia sonhar alto... mas um garoto ômega? Improvável. O último rei ômega morrera antes mesmo de atingir os 26 anos de idade, sendo substituído rapidamente por uma mulher alfa.
- Park Jimin? - ouviu, e só então percebeu que estava distraído, preso nos próprios pensamentos e que pelo visto, já estavam o chamando há um tempo. Era a mãe de HeiYang.
Ele deu uma olhada discreta na mãe, somente para constatar que a mesma já estava ficando vermelha. Enfim, se curvou educamente para a anfitriã. - Sim, Sra. Qing.
Ela sorriu, o analisando. - Gostaria de falar sobre sua expectativa quanto à escolha? Você é um dos únicos ômegas.
Jimin sentiu todos os olhares sobre si, quase como se sua presença fosse um insulto. Ele abriu um sorriso simples. - Vou dar meu melhor. Mas acredito que a escolha é mais uma questão de destino do que habilidade... e visto desse ponto, qualquer um pode ser escolhido. - disse, gerando silêncio e um cessar de talheres automático. - Lee HakJoo diz em um de seus romances que a primeira cerimônia da escolha ocorreu quando os deuses ainda andavam por nossa terra. O quinto rei alfa, segundo as lendas, Kyun-ho, o mais velho descendente dos lobos, se casou através da cerimônia, surgiu a rainha SunHyong, uma ômega, ela nem mesmo vinha dos lobos... era uma coióte. Destino.
Ninguém moveu um dedo, até que a Sra. Qing se pronunciasse. - Fábulas.
Algumas risadinhas puderam ser ouvidas, mas Jimin sorriu e disse: - As favoritas dos Jeon.
Sentiu um beliscão na costela e sabia que era a mãe o repreendendo, mas ele não cedeu, apanhou a taça pequena de bebida e propôs um brinde. - Ao reinado.
Educada, a Sra. Qing e sua filha aceitaram, levantando suas taças, sendo então acompanhadas por todos na mesa. Jimin bebeu o brinde e tornou a sua refeição.
Assim que puseram os pés em casa, a Sra. Park o repreendeu: - Não devia ter dito aquilo!
Jimin soltou as joias do cabelo, sentindo dor de cabeça, entregou-as à criada mais próxima. - Queria que eu dissesse o que, eomeni? Que eu vou perder? Que com toda certeza a filha dela será a escolhida?
- Podia ter dito apenas que fará seu melhor, que é uma honra... mas você disse que acha que tem chances. Na frente da filha dela. - respondeu, possessa.
Jimin abriu um sorriso dissimulado. - Essa é a postura da mãe de um possível rei? - e continuou: - Eu sou um possível rei, certo? Eu posso ser escolhido, não é? - ela não respondeu. - É essa sua resposta, mãe? Se é tudo uma fachada, para que as pessoas acreditem que eu tenho chances... então me deixe em paz. Eu não pretendo envergonhá-la.
Dito isso, ele subiu as escadas e se trancou nos seus aposentos, com um silencioso WooBin no canto, trabalhando em pergaminhos. E em todo o momento em que esteve acordado, não conseguiu parar de pensar em toda a humilhação que estava prestes a passar. Se oferecer para o príncipe e agradecer mesmo se for rejeitado. Se fosse como o irmão, nada seria assim... estaria livre.
Livre.
Livre como o príncipe, que mesmo com o palácio caindo sobre sua cabeça, não dispensava as voltas por aqui e ali, fingindo que todo o reino não passava de imaginação, um sonho ruim. Jeon arrastava seu hanbok real pelos jardins, acompanhado de pelo menos mais 10 criados, que além de estarem a postos para fazer suas regalias, também permaneciam de olho a cada passo dado.
Só ganhou algum ar quando se juntou a Hoseok em uma caminhada a cavalo, que obrigou os criados a se afastar. - Eu sinto que vou morrer sufocado, oficial Jung.
- Que pesadelo, por Deus - zombou, com seus cabelos escuros flutuando a favor do vento, sob o chapéu. - Com dezenas de alfas e ômegas prestes a se matar para conquistar o principe herdeiro, eu imagino que o senhor esteja mesmo vivendo um pesadelo...
Balançando sobre o cavalo que trotava, príncipe Jeon olhou para o amigo e servo. - Acho isso tudo uma tolice.
- Bom, devia ter escolhido uma noiva ou noivo, então - Hoseok lhe respondeu.
O mais novo deu de ombros. - Nenhum dos candidatos me agradou...
- Agora vai ser obrigado a casar com alguém, queira ou não.
Suspirando, Jeon mirou o grande palácio. - Eu nunca tive muita escolha.
Hoseok o arrancou um galho de uma árvore enquanto passava e provocou o lorde, cutucando sua orelha. - E se você realmente gostar do escolhido?
Jungkook riu, achando realmente engraçado. - Você quer dizer, entre todos esses nobres desesperados para casar comigo? Acho pouco improvável.
- Ah, o herdeiro gosta de desafios - brincou.
- Eu gosto de qualquer um - respondeu. - Eu não dispenso nada. Mas... para viver comigo uma vida toda, ou ser tragicamente morto... eu gostaria de alguém com personalidade.
Alguém que não tivesse sido criado para ser somente esposa ou esposo. E isso era quase blasfêmia.
- Muitos dos candidatos têm personalidade - disse Hoseok. - Bom, na verdade... todo mundo acha que você vai casar com o jovem-mestre Qing.
- A neta do embaixador? - questionou, o olhando. - Pelos céus... casar com ela é a mesma coisa que casar com a família toda dela. E eu só preciso de um deles, não todos.
- Devia pensar nisso - sugeriu. - Pelo que vi, ela é a mais apropriada... uma alfa de família importante. É o que a rainha escolheria.
Jungkook fez o cavalo parar sob uma boa sombra, sendo seguido pelo oficial Jung. - Quem mais vai participar?
Hoseok pensou por um tempo. - A alfa do ministro Choi, a alfa da família Oh, donos do oeste inteiro, uma ômega sobrinha do conselheiro real... tem também um ômega da família Park. E acho que um ômega da família Min.
Jungkook tentou associar os nomes e referências, mas não conseguiu lembrar de muita coisa. - Um ômega... família Min. Min Yoongi?
Hoseok assentiu, forçando um sorriso. - Se interessou, meu lorde?
- Por que eu me interessaria pelo amor da sua vida? - provocou.
- Ah, céus - Jung girou os olhos, reagindo mais do que gostaria. - Como você lembra disso?
O herdeiro gargalhou. - Como eu me esqueceria de quando você pintou uma pedra para ele, e ele a atirou na sua cabeça?
- Tínhamos 11 anos - tentou arranjar justificativas. - Uma pedra foi tudo que me veio à mente.
- E depois veio a sua cabeça - zombou.
- É melhor você correr, lorde.
E dito isso, ambos descarrilaram em uma corrida sobre os cavalos, gargalhando e cuspindo xingamentos.
Mais tarde, voltando aos aposentos, deixou as criadas lhe darem banho, antes de se acomodar atrás da mesa de estudos, de pernas cruzadas, totalmente trajado. Se não abrisse a boca, ninguém diria que ela era o princípe mais idiota que já estivera ali.
Jungkook podia não ser a pessoa mais interessada pelo trono de rei, mas sabia muito bem que estavam cercados de escorpiões a postos para envenená-los, e para ele, estar ciente disso, era quase tão valioso quanto ser inteligente.
Ouvindo o barulho discreto de passos, e sentindo o cheiro característico da rainha, Jungkook apanhou um livro, fingindo ler o que quer que estivesse escrito ali. Assim que a majestade foi anunciada, ela adentrou o quarto do herdeiro. - É um ultrage a rainha ter que se deslocar da casa dela para a casa do príncipe para falar com ele, não acha? Geralmente é o contrário.
Jeon se curvou em saudação. - Nossas casas ficam dentro do mesmo palácio, vossa majestade, não é uma caminhada tão longa. Eu adoro quando a senhora vem.
Pouco paciente, ela se sentou em frente a ele, com suas quatro criadas logo atrás, e o eunuco SongHa de pé ao lado do príncipe. - Quando uma rainha dá uma ordem, ela precisa ser acatada, príncipe herdeiro.
- E quanto às vontades do herdeiro ao trono? - questionou, intercalando o olhar entre ela e a mesa. - Serei rei também, vossa majestade.
Respirando fundo, ela estendeu a mão a uma de suas criadas lhe entregou um pergaminho. - O príncipe precisa cortar participantes que julga inúteis. A cerimônia começa em uma semana.
Jungkook apanhou a lista, desenrolando o papel, deu uma olhada geral. - Qual o mínimo de nomes que devem ficar?
- Quinze, meu lorde - respondeu. - Pode cortar qualquer um, exceto a alfa Qing.
Jungkook deslocou o olhar do pergaminho até a rainha. - Se já temos um favorito... qual o sentido de tudo isso?
A bela alfa quase o cortou com um olhar severo. - Nada está decidido, príncipe herdeiro, só não podemos eliminar uma Qing na fase de pré-seleção. Seja razoável, eu sei que consegue.
Respirando fundo, Jungkook apanhou o pincel e o molhou no nanquim. Pulando o nome de Qing HeiYang, começou a riscar nomes sem sequer olhar as descrições. A rainha, mesmo pouco incomodada quanto a quem seria eliminado, o aconselhou. - Sugiro que faça isso com um pouco mais de cautela. Assine no fim do papel. Vou me retirar.
Assistindo a mãe se afastar, Jungkook se viu novamente cercado de silêncio, exceto pelo eunuco SongHa, que espiava o que ele fazia. - É melhor ponderar suas decisões, mestre, o senhor acaba de riscar o nome do filho do ministro Park. O rei confia muito no ministro Park.
Jeon largou o pincel e se levantou, apanhando um leque. - Refaça a lista e escolha os participantes, me avise quando terminar, eu irei assinar.
- Mestre... - o eunuco SongHa tentou chamá-lo, mas o mesmo já havia sumido pelas portas que davam a varanda.
Se sentando de pernas cruzadas sobre o chão da varanda, Jungkook acendeu um cachimbo de ópio, o tragando lentamente, enquanto o céu trocava de cores, sendo aos poucos manchado por um azul profundo, enquanto estrelas começavam a apontar. Respirou fundo, escutando o cantar as corujas, e quando se deu conta, não sentia o cheiro do ópio queimado, e sim um leve aroma floral que vinha carregado por uma brisa intensa.
Fechando os olhos, ele reconheceu aquele perfume.
Jasmim.
E então, naturalmente aquele ômega surgiu em sua mente. Lembrou do jovem-mestre com quem brigara na última vez que fugiu do palácio. Lembrou dos olhos pequenos, esticados e astutos, dos lábios vermelhos, fortemente coloridos pela adrenalina, sua pele macia e seus cabelos longos. O cheiro. Cheiro de jasmim.
Sorrindo, tragou o cachimbo mais uma vez, sem abrir os olhos, sem afastar os pensamentos, se proibindo de esquecer. Não queria esquecê-lo.
//Olá povo animado! uma atualização pra vocês ✨ eu não esqueci da fic tá 👺
O que estão achando?? Quero muito saber
Eu sei que essa entrada da lenda na história pode parecer meio aleatória, mas é algo que eu estou experimentando e sinceramente, estou gostando muito, então espero que vcs consigam aproveitar esses capítulos 💕
Tt @ namjowl
Ig @ baobei.zi //
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