Capítulo 4: A culpa é do sósia.
Lúcia Helena retorna para São Paulo. Indo direto para a sala do diretor presidente da Organização de Negócios Americana do Livre Comércio (ONALC). A super-ser sabe que esta empresa é uma fachada para um grande cartel industrial de inúmeras multinacionais. Estas empresas estão ligadas num projeto de produção em massa de super-seres através de aplicação de vacinas transgênicas que alteram o DNA de suas cobaias humanas e esperam a geração seguinte para observar os resultados.
Como foi apresentado no capítulo anterior, há vinte e cinco por cento de chance de o feto nasça morto, também de vinte e cinco por cento de ser sem poder algum e vinte e cinco por cento de ser um monstro devorador com super poderes.
A nossa protagonista é uma das agraciadas de ter um poder relativamente grande e sem ônus. Ainda mais sendo uma agente conhecida e experiente. Usando os seus contatos na empresa que a treinou e investiu, Lúcia Helena tem intimidade suficiente para ir ao topo da pirâmide.
Títere não quer intermediário, quer logo o responsável por todo o projeto.
Alberto Clano.
— Ele irá te atender dentro de alguns minutos, Senhorita Becker — diz a secretária com os seus óculos estilosos, rabo-de-cavalo e roupas provocantes e sensuais. Típica fantasia sexual de qualquer patrão tarado e bem sucedido.
Lúcia Helena nem responde.
A sua fúria limita a se concentrar para manter o autocontrole.
Sua entrada foi autorizada e a sua roupa esvoaçante e negra lhe dá uma aparência de uma ave de cor escura e noturna. O seu cabelo loiro e cútis branca destoam da aparência de "Mulher Maligna".
Todavia via, Lúcia Helena é uma mulher que não podemos chamar de "boazinha".
— Ora... Se não é a ex-amante do senhor Dionizio Vitorello! Que bons ventos a trazem aqui? — ironiza o diretor Alberto Clano.
— Vou ser direta! Quero destruir a reputação do Topogigo! — revela a mulher de braços cruzados e em pé.
— Acalme-se... Sente-se na cadeira. É confortável e anatômica — oferece o homem de terno e de face oculta pela iluminação precária e opcional.
Lúcia Helena se senta da cadeira e mantém os seus braços cruzados.
— Nossa, senhorita Becker... Até parece que é uma menina birrenta. O senhor Vitorello está quebrando uma dúzia de acordos estabelecida há mais de trinta anos. O Projeto Megido proibia a manifestação pública dos super-seres. Todavia, a Estação do Inferno autorizou devido ao desejo da maioria dos membros de acelerar o projeto. Alguém o alertou sobre isso... Félix é um espião muito incomodo — diz o homem pegando o seu charuto e usando uma guilhotina de tabaco para cortar a ponta.
— Félix não apoia a ação do Dionizio, mas a amizade de ambos ultrapassou qualquer interesse de nossa empresa. Esses idiotas querem estabelecer uma supremacia pública na criação do Advento dos "Super-heróis". Eu mesma li o plano de que eles seriam os controladores dos super-heróis de um lado e os supervilões do outro — revela a mulher com um mau humor explícito.
— É um sonho infantil. Mas prevejo lucros. Estamos montando seguradoras e empresas de construção civil para reparo de danos. Isso nem estou dizendo sobre Seguros de Vida coletivos de empresas e individuais. Conto com combates épicos e destrutivos. Sabendo da revelação do Senhor Vitorello, comprei ações de inúmeras empresas de seguro e ligadas à construção civil. O Vale do Rio Dourado e a Votorantel Siderurgia já são parte da ONALC — diz o homem acendendo o seu charuto.
— Então o senhor votou a favor da revelação da existência dos super-seres ao grande público? — questiona indignada Lúcia Helena.
— Ser membro da Estação do Inferno é um privilégio, mas também uma responsabilidade. Gosto da ideia, mas isso não impede de "fechar os olhos" para ações independentes de membros ou colegas revanchistas do Senhor Vitorello. Se eu votei a favor ou contra... Não é a questão. O que você quer saber se nós vamos interferir em qualquer ação de vingança com o seu colega? — E o homem com a face oculta pelas sombras traga uma grande parte de fumaça do charuto.
— E irão? — pergunta ansiosa a mulher.
— Se existe heróis, por que não vilões? Ou vilãs? — E o homem aponta o seu charuto para a super-ser e o seu nariz expele a fumaça do charuto como um Dragão no interior de uma caverna.
Lúcia Helena sorri.
Depois de alguns dias, o homem voador faz uma entrevista coletiva revelando o seu "nome de guerra". Giotto. O mesmo nome de um pintor renascentista, um dos primeiros do movimento artístico. Um simbolismo. Para indicar que é o primeiro e sua origem italiana. A surpresa da máscara que cobre todo o rosto provocando curiosidade a respeito da forma que o super-ser respira.
Lúcia Helena observa de longe a entrevista. Usando um dos seus inúmeros disfarces faciais, através dos seus "tentáculos orgânicos" que modificam a sua aparência. Houve um sorriso diabólico da mulher, quando um jornalista o acusa de ser feito um assassinato utilizando o seu poder e mostrando o seu biótipo e poderes similares. Este jornalista se chama Alex Faixas e trabalha para a Revista Caminhos do Brasil, a mesma revista com a edição da odiada Samanta Vargas.
No dia seguinte, Lúcia Helena compra a revista "Caminhos do Brasil" e lê a matéria com as fotos. Mesmo com a escuridão e sendo um beco escuro. Títere reconhece a silhueta de Félix Gamões e do odiado ex-amante, Dionizio Vitorello. As fotos não são provas suficientes para identificar a dupla de super-seres. Mesmo mostrando os corpos sendo carbonizados pelo seu ex-amante.
A mulher nota que a venda da Revista aumentou muito e o livro da Samanta Vargas, "Os Gigantes", virou um "Best Seller". Muitas pessoas deram crédito às palavras da jornalista, por causa das acusações de "insanidade" ou "esquizofrenia" referente ao seu trabalho antes do surgimento de Giotto. Agora há um "sentimento de culpa" e o famoso "eu tinha razão".
O seu olhar diabólico e cogita um elaborado plano de vingança contra o seu ex-amante e da irritante jornalista difamadora daqueles que são da sua espécie.
— Uma bela tragédia grega... — comenta entre os dentes a mulher.
Lúcia Helena inicia a sua pesquisa de campo. Usa os seus "bonecos" para conseguir informações. Os seus fios não são "físicos" como as teias originais de organismos vivos. Na verdade, são impulsos bioelétricos que são "atraídos" ao "boneco". A sua experiência é tanta que a super-ser é capaz de operar dois ou mais bonecos ao mesmo tempo e usando ações distintas. O seu recorde foram operar seis "bonecos" ao mesmo tempo fazendo coisas diferentes.
Antigamente, Títere fechava os olhos para concentrar nas ações e ter a "consciência" do boneco. Atualmente, Lúcia Helena pode fazer as suas ações com o seu corpo e o seu cérebro pode controlar inconscientemente os seus bonecos. Dando a ilusão que são entes separados, mas são todos partes da mente da super-ser. Como fossem múltiplas personalidades, mas com a regência da consciência principal.
A grande questão, se ela pode transferir a sua consciência para outros bonecos depois da destruição do seu corpo original. E se mantém os seus poderes com este novo corpo.
Depois de alguns dias, Lúcia Helena conseguiu todas as informações necessárias para executar o seu plano de vingança. O próprio Alex Faixas convidou uma de suas bonecas para a festa de comemoração pelo sucesso das vendas da editora Vargas. Tanto pelo livro, Os Gigantes, quanto pela revista, Caminhos do Brasil.
O palco está armado...
No dia marcado, a sua boneca entra na festa e procura o seu "Affair" que estava a sua procura. O idiota parecia um pavão apresentando todos e indicando as pessoas certas para o ataque da super-ser. À medida que o tempo passava, o álcool alterava a percepção dos convidados.
Usando o seu uniforme negro e ela grudada na parede no lado de fora da mansão alugada como uma lagartixa. Lúcia Helena começa a produzir a sua versão do Giotto. O plano vai ser similar ao que foi feito com Rodrigo Mendes.
Mortes simuladas sempre causam um impacto enorme...
Quando o "sósia" do Giotto entrou na festa pela janela, os convidados ficaram assustados e indignados com o ilustre penetra. Fazendo ameaças e dirigindo-se ao Alex Faixas, o boneco da Títere usa os seus poderes de forma violenta e agressiva. A super-ser sabe que os poderes de Dionizio Vitorello são muito maiores, porém o que ela queria eram fotos. Muitas fotos. Uma prova incontestável que o Giotto é uma ameaça à sociedade.
Havia testemunhas que não eram ligadas aos jornalistas, convidados de vários setores da sociedade, por exemplo, políticos, como o Deputado Eduardo Vingança que, depois desse incidente, se torna o maior inimigo político dos super-seres no futuro. Porém, neste momento, Lúcia Helena queria provocar um assassinato, sobrou para a sua "boneca" que o Alex Faixas estava interessado e a sua "morte" foi chocante e impressionante. Uma explosão de sangue como fosse uma bolsa estourada.
— Na próxima vez, será você, Senhor Faixas... — ameaça o sósia do Giotto.
Depois disso, o "super-herói" voou para fora da mansão, deixando os convidados sujos de sangue e cheios de imagens diante a ameaça e violência do monstro sem rosto.
Lúcia Helena ria. Ria muito. Ela havia adorado ter destruído a carreira super-heróica dele, como ele havia destruído o seu Amor e suas ilusões de garota apaixonada. O seu próprio boneco de Giotto a levava para longe do local da tragédia. A "Vilã" alisava o rosto do seu boneco com carinho.
— Amor... Estamos juntos na desgraça... — gemia a mulher com um sorriso maligno nos lábios.
Fim do Capítulo Quatro.
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