Rascunho - Parte 1
— Tex! Tex! Por favor, me responde! — sentia uma mão quente e muito bem-vinda segurar o meu rosto. Longos dedos deslizavam pelo meu rosto me fazendo quase sorrir.
Pode continuar a me tocar assim, estou AMANDO.
Vou aos poucos me acostumando com esse toque. Eu acabei de ter o sonho mais maluco da história dos sonhos impossíveis!
Sonhei que um pássaro entrou pela minha janela, e junto desse pássaro um homem invadiu o meu apartamento.
Mas não somente um homem qualquer. Quem estava dentro do meu apartamento era o Lee, ele tinha ganhado um rosto humano, mas eu desenhei tantas vezes aquele homem, que o reconheceria em qualquer formato, até em carne e osso.
Um piado alto faz com que eu me sinta um pouco desconfortável.
Espera aí...
Esse toque eu que estou sentindo. Era real não era? Mas como personagem da minha história iria aparecer na minha casa? Não tem como isso acontecer...
Tem?
— Tex! Por favor, fala comigo. Abra seus olhos! — a voz rouca e masculina fica mais exigente. Alguma coisa em sua voz me faz fazer o que ele estava me pedindo. Ou pelo menos parte. Minhas pálpebras tremem antes de abrir.
E mais uma vez parece que eu estou sonhando. Existe essa coisa de sonho dentro de sonho, certo? E também existe a loucura.
Mas não tem como eu estar enganada. Aquele na minha frente era o Lee. Eu estava olhando nos olhos do homem que foi desenhado para acatar todo o meu fetiche pelo sexo oposto.
Fecho os olhos com força e tento não enlouquecer demais a minha respiração. Isso não está acontecendo. Não tem a menor possibilidade de ser real. Isso deve ser aqueles sonhos realistas que as pessoas têm tanto medo.
E pra ser sincera eu também estava com medo.
Belisco diversas vezes o meu braço, pra tentar despertar na dor mesmo, mas nem mesmo assim eu deixo de ver aqueles olhos maravilhosos.
— O que você está fazendo? — ele pergunta segurando os meus braços, mesmo firme, ele ainda consegue ser delicado. Seus dedos parecem inflamar minha pele.
Deveria gritar, sair correndo, fazer qualquer outra coisa, mas simplesmente não conseguia sair de perto dele. Olho para o relógio na parede e percebo que não passei muito tempo desacordada.
O pássaro ainda estava enrolado no pano e daqui não conseguia ver se ele estava respirando ou não. Minha mente estava querendo dar um nó. Daqueles bem feios.
Aquilo estava real demais para ser um sonho. Não tinha como ser. Também não tinha como ser alguma daquelas brincadeiras sem graça do Gus, já que ele não sabia da existência do Lee.
Ninguém sabia da existência dele. Apenas eu. Mas então como?
A sua pele era quente demais e fazia com que a minha se arrepiasse em contato com a dele. Sonhos não fazem isso, fazem?
— Lee? — pergunto, já tendo uma ideia da resposta, mas ainda desacreditada demais.
— Claro que sim meu amor! — ele sorri da maneira doce que eu sempre retratava nos desenhos e aquilo fez com que eu me mexesse em seus braços, saindo do seu abraço.
— Como isso pode estar acontecendo? — pergunto mais para mim mesma. Aperto de leve os seus braços e sinto a textura de seus músculos. Passo os dedos suavemente sobre o seu rosto, percebendo o quanto a sua pele era macia e perfeita.
— Acontecendo? O que está acontecendo com você Tex? — ele olha no fundo de meus olhos e vejo a preocupação estampada lá dentro, turvando de leve aquele mar azul e verde.
— Eu, eu acho que eu estou sonhando... Você não pode ser real...
— Que conversa é essa Tex? Claro que eu sou real... — ele me puxa para um abraço, e mesmo achando aquilo impossível, a minha taradice resolve acordar e entrar em êxtase por estar nos braços do meu guerreiro mais do que especial. Meus braços aprecem ganhar vida e abraço o Lee com vontade.
— Lee... — sussurro o seu nome, sem saber mais o que falar.
— Fiquei muito preocupado contigo! Quando te vi desfalecer, pensei que tivesse algo errado com você... — ele alisa o meu rosto e nem tive tempo de reagir quando os seus lábios tocam os meus.
Quer dizer, tempo de reagir eu tive, mas pra falar a verdade, não quis reagir. Não ousei me mover. Deixei que ele me beijasse e cada célula do meu corpo reagiu aquele beijo.
Quando o homem dos seus sonhos, literalmente, vem te beijar, você seria maluca de virar a cara? Claro que não! Você vai pensar que tudo é apenas um sonho? Provavelmente que sim, mas ainda sim... Quando o homem dos seus sonhos vem te beijar, você simplesmente enfia a língua na boca dele e se joga de cabeça na felicidade!
Ah! E vocês podem estar se perguntando o motivo do Lee estar me beijando, e me chamando de Tex, correto? Acho que eu já cheguei a comentar sobre a Tex, mas ainda não tinha dito que ela é o par romântico do Lee nas minhas histórias.
E ela tinha os meus traços, era como eu imaginava que fosse o meu rosto se ele fosse transferido para um desenho. Eu tinha colocado o nome dela de Tex e não era uma coincidência.
Só que diferente de mim, a Tex era uma mulher cheia de confiança e que sempre esbanjava sensualidade, mesmo não sendo o objetivo dela. Éramos uma mesma casca, com recheios diferentes.
Se o Lee era a projeção de tudo o que eu queria num cara, a Tex acabou sendo a projeção da mulher que eu sempre quis ser.
Lee e Tex eram um casal lindo, que sempre tinham cenas onde eles demonstravam seu amor e força para todos. E pelo fato de eu ser a Tex, a versão original em carne e osso, e ser sua namorada, que os lábios macios e deliciosos dele estavam colados nos meus nesse momento.
Claro que eu já tinha beijado outras pessoas na minha vida, mas nunca, em nenhum outro momento o meu coração tinha disparado daquela maneira somente com um beijo.
Tinha sido assim que eu tinha descrito que a Tex tinha se sentido depois que rolou o primeiro beijo do casal na história. Coração disparado, mãos trêmulas, o mundo desacelerando....
Mas quer saber?
Não era assim que eu estava me sentindo agora. O beijo que estávamos compartilhando era bem melhor. Aquele beijo estava superando completamente todas as minhas expectativas. Não conseguiria pensar sentimentos para descrevê-lo. Tudo o que eu penso é em como aquilo parecia perversamente certo e eu finalmente tinha encontrado o meu lugar no mundo.
Sua mão deixa um rastro quente pelas minhas costas, mesmo estando separado por uma camada de tecido. Aquilo era bom demais.
Mas mesmo sendo o melhor beijo da minha vida. Eu tinha que parar. A minha taradice no momento que eu separo os nossos lábios deve querer me esfolar viva, mas eu tenho que fazer isso.
— E-eu não posso te beijar — digo totalmente sem fôlego e sentindo uma vontade quase desesperadora de ser beijada novamente por ele.
— Que história sem pé nem cabeça é essa? Quero saber desde quando você não pode me beijar? — ele diz de forma doce, acariciando a lateral do meu rosto e se aproximando novamente de mim.
Mesmo não querendo, me afasto dele e coloco um dedo sobre seus lábios. Decisão errada, pois ele beija meu dedo e aquilo envia um choque direto para o meu útero. Ele vai acabar matando alguma coisa dentro de mim.
Será que podemos morrer assim em um sonho?
— Eu não sou a Tex...
Acho que tenho que explicar para ele. Mesmo sendo um sonho, e aquela situação beirar o completo absurdo, eu não queria trair uma personagem minha. Mesmo ela sendo uma parte de mim.
Eu estava protegendo uma personagem que só existia no papel. Mas se bem que isso não impediu o Lee de estar aqui, me beijar e me encarar de tão perto.
— Que maluquice é essa minha guerreira? Por acaso isso é por causa de alguma coisa que você viveu e está voltando para te atormentar? Porque você sabe que eu posso te ajudar eu posso...
— Não é isso — a bondade do Lee me enchia de alegria. — Eu não sou a Tex... Eu só sou... Muito parecida com ela...
Na verdade, é ela que é parecida comigo, mas não preciso entrar nesses detalhes técnicos no sonho.
— Você bateu a cabeça? Você está confusa é isso? — ele pergunta me analisando ainda mais de perto.
Meu coração dispara descontrolado quando ele segura o meu corpo e me ergue do chão, onde estávamos. Ele me põe sentada em seu colo. Aquilo era muito bom e desconcertante. Ele me ergueu com tanta facilidade, parecia até que eu não pesava nada.
Não consigo falar nada. Meu cérebro está se superando dessa vez. Não tem como não acreditar que o que os meus dedos estão sentindo em mim não pertencem a um ser humano de verdade.
Isso deve ser o sonho mais real de toda a história da humanidade. Mas se o Lee for real mesmo, teria que concordar com a minha mãe e acreditar nessa coisa de cosmos e magia, ou qualquer outra coisa.
Aliso o rosto dele, e tudo ali estava do mesmo jeito que eu criei, alguns trejeitos adaptados para carne e osso, mas não tinha como eu estar enganada. Ele parecia, falava e pensava como o Lee.
Suas sobrancelhas marcadas e com um tom mais escuro do que o seu cabelo. A cicatriz perfeita acima da sua sobrancelha esquerda, que fazia com que os pêlos falhassem um pouco, estava ali com um tom calmo entre o rosa e o tom de sua pele.
Aqueles lábios finos e que agora eu sabia que eram macios, naquela tonalidade de vermelho que não deveria ser natural numa boca. Seu nariz que era um pouco torto para a esquerda, mas que nele era de um charme sem precedentes. E aqueles olhos.
Os meus lápis nunca conseguiram chegar nem perto da perfeição que era aquele olhar. Palavras ainda precisam ser inventadas para descrever aquela beleza e cor. O verde e o azul brigam numa mistura cheia de cor. Eram límpidos e cristalinos, e brilhavam de uma forma sobrenatural.
Claro que seria sobrenatural. Nada naquele homem era natural! Mas de alguma maneira o meu cérebro conseguiu aceitar que ele era real.
Mesmo não conseguindo pensar em nenhuma razão para isso comece a fazer sentido, minha cabeça resolveu aceitar que isso não pode ser um sonho. Não tem como sonhos serem tão malucos assim.
— Devo ter batido a cabeça mesmo, pois não consigo acreditar ainda que eu estou aqui olhando para você Lee — minha voz sai esquisita.
— E porque não acreditaria? Teve algum momento em que eu deixei você entender que eu não estaria do seu lado sempre que precisasse?
— Não, não é isso, é só que... — as minhas palavras morrem na garganta.
Se nem eu mesma estou conseguindo entender por completo a minha situação, como eu poderia tentar começar a explicar?
Volto a olhar o seu rosto e a guardar suas feições na minha mente. Ele era um homem lindo no papel, mas era quase de outro mundo ao vivo e a cores.
— Você ainda é bem mais incrível olhando assim de perto — as palavras saem da minha boca antes que eu possa ter qualquer tipo de controle sobre elas.
— Não me lembro de você falando coisas doces assim... Mas gostei — ele alisa a minha bochecha e sorri.
Ele se aproxima de mim e cola seus lábios nos meus mais uma vez. Não consigo pensar direito quando ele me beija. Eu tinha muita coisa a pensar, mas as coisas pareciam sem importância e ficavam em segundo plano quando eu estava nos braços dele.
Se as mãos do Lee estavam nas minhas costas, as minhas ganharam vida e foram direto para as costas dele. Eu o puxo para perto de mim, aprofundando o nosso beijo.
Aproveito a posição das minhas mãos e exploro sem pressa cada pedacinho daqueles músculos trabalhados e firmes. Se eu gostava deles no papel, pegar neles assim, em 3D era muito melhor do que eu poderia pedir ou imaginar.
Ele hesita por poucos segundos, acho que por surpresa pela minha iniciativa de colocar uma perna de cada lado e sentar de forma mais cômoda em seu colo, mas não reclama em momento algum.
Impressionante como eu consigo relaxar em seus braços sem nenhum esforço. Eu consigo sentir todo o sentimento que ele derrama em nosso beijo. E é quando eu começo a me sentir um pouco mal.
Afinal eu sabia que não é a mim que ele está beijando com toda essa paixão. Ele quer beijar mesmo é a Tex, e eu somente sou a criadora dela. Mas tentando me agarrar ao fato de ter sido eu a criá-la, me dou um desconto e me deixo aproveitar mais um pouco desse beijo tão bom.
Olá pessoal maravilhoso que está acompanhando o livro ❤ Olha quem finalmente deu as caras aqui na história... O Lee e a sua capacidade de fazer a Tessa incapaz de pensar em qualquer outra coisa hahahahahaha
Inveja que eu tenho da Tessa, hahaha tem alguns personagens por aí que eu também queria que ganhassem vida (e se me beijassem também seria lucro hahaha).
E então, o que acham que vai acontecer agora? Espero que estejam se divertindo. Não precisam colocar a língua na garganta da felicidade pra me fazer feliz, basta votar na história e deixar um comentário do amor aqui e eu fico com o coração palpitando de tanta alegria.
Obrigada a todos que estão acompanhando e até o próximo capítulo!
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