Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 1|Aquele Olhar Azul

Rio de Janeiro
1980

O apartamento estava lotado, claro, como não estaria com aquela quantidade de pessoas espremidas dentro dele? Era impressionante como o dono do lugar conseguia realizar uma festa dentro de um espaço reduzido daqueles, mas era um amigo rico do Daniel, então, esse povo fazia quase tudo. Eu na verdade estava aqui há mais de uma hora e ainda não fazia ideia de quem fosse o proprietário. No momento, também não fazia ideia de onde o meu namorado estava no meio daquele povo todo.

A música, Baila Comigo, de Rita Lee, que estava sendo um sucesso aquele ano, tocava alto, abafando um pouco o som das vozes e das risadas das pessoas lá dentro. Nada que gritar um pouco não resolvesse, no entanto. Os tons coloridos da maioria das roupas e dos acessórios que quase todos usavam ali, faziam uma cacofonia geral no ambiente, mas o que era um apartamento cheio perto do frisson de um ginásio completamente lotado, que era de onde eu tinha vindo mais cedo?

Movi-me pelo meio dos jovens reunidos em grupos pequenos, a maioria com bebidas e cigarros nas mãos, procurando por Daniel. Desviei de um rapaz que me ofereceu um copo de bebida, sorri e afastei o meu longo cabelo loiro para apenas um dos lados, olhando em volta.

Ainda estava sentindo toda a adrenalina e a emoção de horas antes, quando estava no Maracanãzinho com ele, sendo espectadora de um momento sublime da música brasileira. E meu também, na verdade. As notas de Agonia, na voz inigualável de Oswaldo Montenegro, ainda estavam de alguma forma reverberando na minha pele, me fazendo sentir que aquela noite era especial para mim, de alguma forma. O coro das milhares de vozes, a empolgação com a canção, e principalmente, o calor das pessoas em volta cantando juntas... eu tinha certeza que eu nunca iria esquecer aquilo, enquanto vivesse.

Era bom que eu não esquecesse mesmo, pensei, uma leve pontada de apreensão me subindo pela espinha ao lembrar que eu tinha saído sem o conhecimento total dos meus pais, que estavam dormindo e não faziam ideia de onde eu estava agora. Bem, na verdade se você dissesse escondida, fugida, também poderiam ser termos adequados para descreverem a forma como eu saí de casa àquela noite. Mas o que eu poderia fazer? Mais uma vez papai não permitiu que eu saísse, e medidas desesperadas precisaram ser tomadas.

Andreia, minha ajuizada e querida irmã mais velha, tinha me avisado para não desobedecer ao nosso pai, coisa que ela própria nunca fazia, mas quem poderia ficar em casa com um festival de música popular acontecendo tão perto de você? Quem não queria viver em pleno ano de 1980 os momentos históricos daqueles lindos festivais da década de 60? Quem com 21 anos de idade estaria trancada em casa com um evento desses sendo realizado? Quer saber? Tinha valido a pena correr o risco, deduzi, empolgada.

Daniel achou que fosse melhor que saíssemos mais cedo do ginásio, antes que a multidão se dispersasse, mas em vez de ir para casa, que foi para onde eu prometi a Andreia ir assim que terminasse, ele me convidou para essa festinha na casa de um amigo. Nós não íamos demorar, e logo Daniel me levaria para casa... E aqui estava eu, ainda, mas o que era uma hora a mais ou a menos para quem tinha saído escondido e podia já estar encrencada?

Eu finalmente o avistei do outro lado da sala lotada, conversando com dois outros rapazes de costas para mim, então, só fiz um aceno rápido que ele retribuiu com uma piscadela e um beijo, disse algo para os rapazes com ele e riu, olhando novamente para mim.

Daniel e eu estávamos juntos há pouco mais de três meses, mas eu sentia-me muito bem com ele. Seu jeito despojado, tranquilo, sorridente, era o encaixe perfeito para o meu espírito inquieto, a minha vontade de ser livre e curtir a vida mais do que eu vinha fazendo até então.

Ajustei a alça do meu longo vestido verde, e neguei com a cabeça para a bebida que uma garota me ofereceu. Não que eu não bebesse vez ou outra, mas se pretendia chegar sóbria em casa, era melhor não cair em tentação, sem falar que aceitar assim bebidas de estranhos... Eu podia me considerar uma pessoa até liberal, mas o eco da criação de um pai militar estava sempre ali, na minha cabeça. E sair escondida já tinha sido o suficiente.

A música ficou um pouco mais agitada agora, no perfeito estilo dancing que não era muito a minha praia. Andreia sempre dizia que eu tinha nascido na época errada, e que tinha um espírito meio hippie. Eu não sei se era, mas eu preferia a calma e a tranquilidade das músicas cadenciadas do que o que as chamadas músicas de discoteca.

Fui me esgueirando entre os corpos das pessoas até parar ao lado dele, que imediatamente me puxou pelos ombros e depositou um beijo nos meus cabelos.

- Aby, meu bem, por onde você andava? - Daniel sorriu, e eu senti ele oscilar um pouco, causando-me uma leve sensação de preocupação. Achava que ele tinha bebido um pouco além no festival, mas ele me garantiu que estava bem, agora eu tinha quase certeza que ele na verdade não estava, e aquilo também me irritou um pouco. Era nessas horas que eu pensava se no fundo não era tão solta e despreocupada como eu queria ser, se não era um pouco careta, como ele próprio dizia que eu ainda era - principalmente por não ter permitido ainda que ele "avançasse o sinal" comigo, como ele queria há mais de um mês.

- Onde você me deixou, na varanda.

Ele levou a mão ao peito em um gesto dramático e sorriu daquele jeito quase infantil que costumava me aplacar quando ele fazia alguma bobagem. Daniel era bonito de um jeito quase relaxado, possuía cabelos escuros, ondulados, olhos verdes e um corpo magro e elegante que ele costumava cobrir com jeans e camisas simples.

Ele havia me conquistado quase imediatamente, com aquele sorriso constante e malicioso, e depois, com o seu estilo livre e aventureiro que me atraiu ainda mais. Ele era o tipo de pessoa que gostava de levar a vida sem a seriedade, a rigidez que eu estava acostumada na minha própria casa, e quando ele surgiu, foi como um sopro de leveza na minha vida.

- O que é isso, princesa? Eu só estava dando uma volta. Vem cá, deixa eu te apresentar aos meus amigos aqui.

Eu finalmente olhei para o lado, para os dois jovens que estavam com ele, e sorri aguardando ser apresentada.

- Vini, essa é a minha namorada, Aby. Gata, meu amigo Vini.

- Oi Vini, como vai?

- Aby, e aí? Posso te apresentar meu primo? - ele disse, apontando para o cara alto ao lado dele. - Esse é o Otávio.

Eu me vi sendo observada detidamente por esse rapaz de cabelos pretos e intensos olhos azuis, muito sério e com uma expressão que parecia entediada no rosto. Ele não se parecia em nada com ninguém que estivesse por ali, e até a suas roupas destoavam do ambiente. Usava uma jaqueta jeans de mangas longas, camisa branca e calça escura, que pareciam não ter um único vinco. O cabelo escuro também parecia tão organizado quanto tudo o mais na aparência dele. Seus olhos, no entanto, era de um azul impressionante. Eu dei um largo sorriso, mas ele não moveu um músculo, continuou apenas lá olhando para mim. Eu hein, que cara de mal-humorado.

O tal Otávio me pareceu um "chato de galochas", principalmente por causa da forma que olhou pra mim. Sabe aqueles olhares reprovadores? Esses. Foi assim que ele me encarou e depois olhou para Daniel, o motivo eu não fazia ideia, mas não gostei dele quase imediatamente. Até o nome dele era chato: Otávio, credo.

Ele estendeu a mão para mim, não me beijou no rosto como Vini fez. Chato, eu não disse?

- Aby? - Ele franziu os olhos azuis.

- Abigail. - Respondi, antes que Daniel o fizesse por mim. - Mas pode chamar de Aby, se quiser.

- Prazer, Abigail. - Ele enfatizou meu nome completo, para contrariar, só pode. Como a gente antipatizava com alguém assim logo de cara? E eu não era assim, era uma pessoa super da paz, tranquila, detestava julgar as pessoas sem conhecê-las, mas esse cara tinha algo... Não que ele não fosse bonito, por que ele era, muito bonito com aquele jeito sério. Mas era aquele tipo de beleza distante, e aqueles lábios pareciam não sorrir muito... Que coisa, para alguém tão jovem e que estava em uma festa daqueles, por que aquela cara de estava vindo de um enterro?

Quer saber, por que eu estava me importando com isso? Provavelmente nunca mais iria vê-lo na vida, era só não encostar muito nele para não pegar aquele mau-humor terrível e não me contaminar. Voltei o rosto para Daniel, depois encostei a cabeça em seu peito, mas por algum motivo que me desconcertou, senti que aquele olhar azul ainda estava sobre mim.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro